8 de mar. de 2012

À Mulher.




Verdadeiro o fato e, é certo também que existe a discriminação da mulher em nossa sociedade. São alarmantes as cifras anuais de violência sexual, e a situação de assedio sexual, nem sempre devidamente atendida pelas autoridades competentes. Persiste ainda as diferenças salariais entre homens e mulheres. E há testemunhos frequentes de diferenças no trato pessoal no trabalho, que as vezes se estendem além do grau de capacitação profissional exigível na prática, assim como as condições requeridas para ascender a postos de responsabilidade.
Além do mundo do trabalho, existe e persiste a desigualdade entre homens e mulheres na distribuição das tarefas domésticas. É real o sexismo na publicidade, onde a mulher é considerada, a miúde, um objeto sexual. São igualmente verdadeiras as atitudes paternalistas de alguns homens relativamente às mulheres, seja dentro o fora do trabalho, e muitos outros signos sociais de desigualdade ou de discriminação, que por vezes são denunciados, mas ainda timidamente.
Há uma crescente preocupação com o uso da linguagem, principalmente na Europa. Há instituições que afirmam que há comportamentos verbais sexistas. Sendo que a linguagem, pode ser usada com propósitos múltiplos, entre outras coisas: ordenar, descrever, perguntar, enaltecer ou insultar; assim e desde já também pode ser usado para discriminar pessoas ou grupos sociais.

Neste contexto existem numerosas instituições mundiais advogando pelo uso de uma linguagem não sexista.
Dizem estas instituições: É necessário estender a igualdade social de homens e mulheres e conseguir uma maior visibilidade da mulher, para além do sexismo. De tudo que li as palavras que se fizeram notar é: visibilidade, invisibilidade, visível e invisível. Isto é: tornar a mulher visível numa frase ou oração em que também participe uma mulher, grosso modo: João e Maria vivem “juntos”, nesse caso o advérbio faz referência masculina: Juntos. Estas instituições pedem, de forma exagerada, neste caso que se inclua a mulher.

Entretanto não se pode negar que esta frase é sexista: Até os acontecimentos mais importantes de nossa vida, como escolher nossa esposa ou nossa carreira, estão determinados por influencias inconscientes. É introdutória de uma perspectiva bem caracterizada do androcentrismo, como se fosse uma perspectiva geral dos seres humanos. Ou ainda: nós brasileiros preferimos café a chá, como preferimos loira a morena. Não se trata do uso de artigos ou possessivos como: todos nós, os que vivemos num grande centro.... Mas sim frases tolas como esta: Elas nos fazem de bananas! Querendo parecer um alisamento do ego feminino.
É certo que o uso 'genérico' do masculino para designar os dois sexos, tem raízes profundas no sistema gramatical de nossa língua, e é, pode-se dizer, que quase impossível no caso aplicar censura.
Leia isto: uma cientista depois de fazer um discurso favorável, quase panfletário defendendo a mulher, e a necessidade de se abolir a discriminação de toda sorte, assim termina: Nós 'os' cientistas temos a obrigação de fazer com que a difusão da ciência seja acessível... Acrescenta ainda: um aspecto importante para a participação da mulher no mundo profissional é que haja facilidades para o cuidado 'dos filhos...' e agradece ao final: … 'aos amigos' e seu apoio e amizade...
Este tipo de texto está em toda parte, e produzidos por mulheres jornalistas, escritoras, artistas e muitas das vezes comprometidas com a defesa dos direitos das mulheres.
De todas as maneiras o movimento existe, principalmente na Europa, muito nas línguas românicas, português, espanhol, italiano e francês; mas sem esquecer do alemão onde 'man' é 'um que, alguém' e que ainda se relaciona diretamente com 'Mann' “homem” exemplo: Das sagt man. Que quer dizer: É o que dizem (notadamente masculino). Ou como 'on' em francês, 'hom' catalão que tem origem no latim “hominem”. Mas tudo isso é fóssil. O importante é saber usar a linguagem para expressar exatamente o que se deseja, desenvolver-se intelectualmente, defender as próprias ideias, tê-las, realizar-se pessoal e profissionalmente, em plena igualdade. Ainda que supostamente.

Nenhum comentário: