Verdadeiro o fato e, é
certo também que existe a discriminação da mulher em nossa
sociedade. São alarmantes as cifras anuais de violência sexual, e a
situação de assedio sexual, nem sempre devidamente atendida pelas
autoridades competentes. Persiste ainda as diferenças salariais
entre homens e mulheres. E há testemunhos frequentes de diferenças
no trato pessoal no trabalho, que as vezes se estendem além do grau
de capacitação profissional exigível na prática, assim como as
condições requeridas para ascender a postos de responsabilidade.
Além do mundo do
trabalho, existe e persiste a desigualdade entre homens e mulheres na
distribuição das tarefas domésticas. É real o sexismo na
publicidade, onde a mulher é considerada, a miúde, um objeto
sexual. São igualmente verdadeiras as atitudes paternalistas de
alguns homens relativamente às mulheres, seja dentro o fora do
trabalho, e muitos outros signos sociais de desigualdade ou de
discriminação, que por vezes são denunciados, mas ainda
timidamente.

Neste contexto existem
numerosas instituições mundiais advogando pelo uso de uma linguagem
não sexista.
Dizem estas
instituições: É necessário estender a igualdade social de homens
e mulheres e conseguir uma maior visibilidade da mulher, para além
do sexismo. De tudo que li as palavras que se fizeram notar é:
visibilidade, invisibilidade, visível e invisível. Isto é: tornar
a mulher visível numa frase ou oração em que também participe
uma mulher, grosso modo: João e Maria vivem “juntos”, nesse caso
o advérbio faz referência masculina: Juntos. Estas instituições
pedem, de forma exagerada, neste caso que se inclua a mulher.
Entretanto
não se pode negar que esta frase é sexista: Até os
acontecimentos mais importantes de nossa vida, como escolher nossa
esposa ou nossa carreira, estão determinados por influencias
inconscientes. É introdutória
de uma perspectiva bem caracterizada do androcentrismo, como se fosse
uma perspectiva geral dos seres humanos. Ou ainda: nós brasileiros
preferimos café a chá, como preferimos loira a morena. Não se
trata do uso de artigos ou possessivos como: todos nós, os que
vivemos num grande centro.... Mas sim frases tolas como esta: Elas
nos fazem de bananas! Querendo parecer um alisamento do ego feminino.
É
certo que o uso 'genérico' do masculino para designar os dois
sexos, tem raízes profundas no sistema gramatical de nossa língua,
e é, pode-se dizer, que quase impossível no caso aplicar censura.
Leia
isto: uma cientista depois de fazer um discurso favorável, quase
panfletário defendendo a mulher, e a necessidade de se abolir a
discriminação de toda sorte, assim termina: Nós 'os' cientistas
temos a obrigação de fazer com que a difusão da ciência seja
acessível... Acrescenta ainda: um aspecto importante para a
participação da mulher no mundo profissional é que haja
facilidades para o cuidado 'dos filhos...' e agradece ao final: …
'aos amigos' e seu apoio e amizade...
Este
tipo de texto está em toda parte, e produzidos por mulheres
jornalistas, escritoras, artistas e muitas das vezes comprometidas
com a defesa dos direitos das mulheres.
De
todas as maneiras o movimento existe, principalmente na Europa, muito
nas línguas românicas, português, espanhol, italiano e francês;
mas sem esquecer do alemão onde 'man' é 'um que, alguém' e que
ainda se relaciona diretamente com 'Mann' “homem” exemplo: Das
sagt man. Que quer dizer: É o que dizem (notadamente masculino). Ou
como 'on' em francês, 'hom' catalão que tem origem no latim
“hominem”. Mas tudo isso é fóssil. O importante é saber usar a
linguagem para expressar exatamente o que se deseja, desenvolver-se
intelectualmente, defender as próprias ideias, tê-las, realizar-se
pessoal e profissionalmente, em plena igualdade. Ainda que
supostamente.
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