Desde sempre gosto de futebol. De menino, aproveitava cada intervalo de outras atividades para meter ai no meio um bola. De pano. De meia. De plástico. De capotão. N° 3, N°4 e 5. No hora do recreio, na horta com os repolhos, quando o Vicente atirava o repolho e então, eu “fazia a ponte” e gritava enquanto caia com o repolho-bola: Mazuuuuuurkiewcs, grande porteiro cisplatino da copa de 70, aquele que Pelé, a coisa quântica: ora Pelé, ora bola. Diante de tamanho obstáculo, Mazurkiewcs, se separou em bola e Pelé, cada um sendo o mesmo, cindido “passou” cada qual por um lado do goalkeeper. Puro encantamento, poesia quântica EΨ = ḢΨ. Diferente de Maradona e Messi sendo que ambos os argentinos, aquele não conseguiu, este ainda não pode ser dual. Pelé\Bola. Pelé o Rei. Este também desconheceu o barroquismo praticado pelo Gaúcho, Neymar. Nomeio-os para estabelecer paralelo de retas, que contra a regra matemática se afastam, apesar de um certo paralelismo inicial. Note que não os boto na mesma frase. Não são dignos, nem sou louco de tal desrespeito. Nem sei tampouco se é gramaticamente possível ter um sujeito como Pelé junto a outros sujeitos de ordens inferiores. Enfim o sujeito não se matiza.
Jogava, ia ao estádio Alfredo Comacchio em Bonfim Paulista assistir o Bonfinense. Ia à Joia de Cimento Armado. Ao Santa Cruz fui ver o adeus Dele, Zé Mário e um Sócrates primevo. Ouvia os jogos do Bafo, do Corinthians e tudo em seguida os comentários das partidas. Na segunda-feira lia o jornal por mais comentários e análises.
Já adulto li as crônicas de Nélson Rodrigues sobre futebol.
Depois me desinteressou pouco a pouco qualquer comentário ou narração a respeito. Creio, que o primeiro passo foi justo terminar a Copa de 1982, em Espanha e então completamente antes da copa qual Zagallo foi guindado a treinador pela enésima oportunidade. A gota d´água foi vê-lo no Jô Onze e meia, dizer que desconhecia a partida beneficente pró Garrincha, em notória trajetória de choque com o Absurdo: Garrincha.
A crônica esportiva começara a ganhar toques de Contigo, bastidores, batom e blusch. Um que outro jornalista esportivo se ocupou das mazelas do futebol, tentando aparentemente dar-lhes caráter político, mas cujo viés, até hoje, não ultrapassa o moralismo de vigário pedófilo. Sendo que ainda que a este moralismo; estes tipos que dele se afanam e afamam, nas três formas de pretérito e presente do indicativo, sequer o tangenciaram apesar de tsunâmica azafama.
Isso que vou dizer merece nova postagem: A queda do futebol é concomitante à baixa qualidade da crônica esportiva.
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