21 de ago. de 2011

Ceci n´est pas un loup. Ou nem te ligo vitiligo.




Talvez morrer de fome seja tão angustiante quanto comer uma ostra seguida de Prosseco bem gelado, como antepasto a parrilhada de frutos do mar. Mas pelo fato de culturalmente, ao longo de todo o processo civilizatório, termos carregado de valores e fetiches: a ostra, o Prosseco, a trufa. a picanha com alho então morrer de fome é ruim. E assim e só assim posso compreender como vitória, a pasmaceira gandhiana, ou a passividade permissiva brasileira, a paz dalai lamista do Tibete.
O mundo nos oferece alguns discursos em condições bastante objetivas que podem balizar nossos comportamentos de tal modo conseguirmos uma boa correlação de forças entre os pares. Tirante obviamente, seculares e eternos ditos sofistas e não casuisticamente conservadores, como: “oferecer a outra face”, “nem te ligo vitiligo”, a resignação e o silenciar-se como fonte de superioridade e sabedoria, como quis Lao Tsé no seu “quem sabe não fala”, que nos tem derrotado desde sempre, senão que no silêncio do réu, para fintar os óbices da lei e obstar do incriminar-se, onde diga-se de passagem, talvez fosse a grande, única e pedagógica punição possível, justamente narrar a malfeitoria até sangrar-se, como forma de encontrar-se consigo mesmo, na raiz e na flor da maldade. Ou seja toda essa não atividade, não reação diante dos fatos, seguem sendo anunciados pelas governantas e mordomos como: o melhor dos mundos possíveis, a oferecer na bandeja como canapês a maneira “sofisticada” de comportar-se. Dê a outra face, e agradeça a deus. Mas não é isso, e nem só isso, pois trata-se a olhos vistos de um sofisma.
O inconsciente – se instinto - nos faz iguais, não a essência que nenhuns sabemos sequer do que é feita e sequer se é feita, tal igualdade quando muito é DNA de uma origem comum, que não nos remete ao barro bíblico.
Porque e enquanto isso, no mundo real, no meio da praça a personagem, Corrupção, se esgoela numa grita infernal, pedindo e clamando por um inquisidor, uma fogueira que a queime ali, catarticamente.
Não podemos nos silenciar. O silêncio só serve ao réu. Mas todo aquele que prega o silêncio como forma de grandeza e sabedoria, o faz grandiloquentemente de Lao Tsé, passando por Jesus, Gandhi, Dalai Lama até chegar aos contemporâneos manuais de autoajuda. As gritas, as acusações, o silenciar-se etc, são formas de exercício ou abdicação do poder, no caso: abdicação

A leitura do artigo da escritora Ely Vieitiz. O silêncio dos Lobos no Caderno C do Jornal A Cidade 21\06, num primeiro momento me deixou intrigado. Reli-o. E não se aclarava; atentamente frase por frase; parágrafo traz parágrafo; nenhuma incongruência na conotação metafórica (lobo em pele de cordeiro): silêncio\sabedoria em oposição a respostas ásperas, pareceu-me tão só estética a diferença, onde subjaz mais o caráter chá das cinco, (sofisma\sofisticado) que qualquer razão mais positiva ou civilizatória do instinto entre elas, das diferenças: a sabedoria. Pensei então tratar-se de uma personagem, que os via malogrados, a explicar os tais silêncios, superiores. E talvez nisso estivesse a contradição. A resposta áspera na elucidação: a publicação. A Metalinguagem. Como a frase de Magritte sob o cachimbo desenhado: Ceci n´est pas une pipe.

Ajuntado os fatos. Outro dia circulou por Ribeirão Preto a primeira edição da revista Revide que anunciava as 100 pessoas mais influentes no município. Adoro as listas de 10 melhores ou 100 melhores para quaisquer atividades. Tanto que outro dia comecei uma lista das 10 canções que mais gosto da MPB, mas logo lembrei do Luiz Melodia que havia ficado fora Salve linda canção sem esperança, logo supus 15, 20 e fácil fácil chegava a 100. Então entendi a ausência de Júlio Chiavenato.          

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