21 de abr. de 2011

Dia de Lava pés.


Eu era coroinha, ás vezes levava a bacia com a água com que o padre fazia o teatro do lava-pés. Uma vez fiz de Pedro, o apóstolo, bastou-me para toda a vida. Disse eu – então Pedro - : Mas se vais, Senhor, lavar-me os pés, porque não me lavais todo o corpo! Pedro era assim. Bruto. Povo. Prático. Tirou o corpo fora, quando quiseram ligar-lhe a Jesus. Não! Estou de boa. Disse. Nunca o vi, ele está no óleo. Pensei que houvesse por aqui uns comes e bebes. disfarçou. Voltando; Jesus então disse: não há servo maior que o Senhor, por isso lavava os pés a seus discípulos. Mas também lavaria os pés de um traidor. Talvez tenha-lhe sido fácil, pois cria em um desígnio. O nó é esse: sendo Senhor; é o maior dos Servos, mas em sendo somente servo; não é  Senhor algum, em não sendo senhor algum é servo, que tem como essência, justamente lavar os pés a seu senhor, ato fim, meio que o caracteriza. Desta maneira o servo e o traidor de alguma forma sentam-se à mesa do senhor, nivelam e balizam-se, por mutua necessidade. Machado de Assis põe o canário preso na gaiola a dizer: o mundo é uma gaiola velha e um brechó empoeirado e um serviçal que me dá de beber e comer, mas quando escapa-se diz: o mundo é infinito, coberto de azul e um sol a brilhar.

3 comentários:

Romulo disse...

Boa, muito boa!

cidoGalvao disse...

O senhor lava os pés do servo, para depois lavar as mãos(próprias)

cidoGalvao disse...

o senhor lava os pés aos servos, para depois lavar as mãos. (próprias)
obrigado.