26 de abr. de 2011

Todo o poeta, um pedaço de rua.

A rua com nome de poeta de repente, desaparece. Olho no mapa e lá está ela, reta, contínua e finita, mas vai além. É sempre assim e o que tenho de rua não me basta, necessito justamente o pedaço de rua que falta. Pergunto; não sei! me diz o dono da loja de autopeças, com sua cara ovoide, como se lhe houvesse acusado de roubar o troço de rua com nome de poeta modernista. Tenho notado que triamos mal, ou ao escolher um interlocutor, preterimos justamente aquele que estaria interessado em nos dar a informação. Ou ainda, o preterido ao se sentir assim, prescindido aguça olho, orelhas e fareja e quer por todos os meios se meter onde não foi chamado. O homem que não mora no bairro, que antes mesmo de ser molestado, disse-me para fugir da insulação: pode ser que ela continue ali atrás. Não agradeci, já que a satisfação foi só dele. Fui à paralela daquela que lhe era perpendicular. Lá encontrei uma senhora, que me disse que nasceu em São Paulo e moro aqui quando ainda não tinha asfalto mas olha moço que eu nunca dei a volta no quarteirão por que vou daqui para a igreja para o trabalho que eu trabalho no supermercado mas Ricardo do que mesmo. Ronaldo disse eu. Pergunte àquele senhor... muito agradecido. Subi a Manoel Bandeira e desci a Artur Ramos então encontrei meu pedaço de poeta, de rua, onde todo o bairro tem nome de poetas e narradores em cada quadrante, uma verdadeira biblioteca, uma aula de literatura brasileira, faltava-me uma estante do Carvalho.     

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