22 de abr. de 2011

Sexta-feira da paixão. Ditadura. Democracia. Lista tríplice.


Todo mundo sabe que ditadura é a ideia – muito praticada – da impossibilidade de conformar-se em um governo todos os interesses individuais, na prática é governo de minorias. A democracia afirma o contrário, mas contraditoriamente pratica a ditadura da maioria. A lista tríplice sempre foi coisa da ditadura, botando nas coisas um ar democrático. Desde menino, na escola, sabia quem ia ser escolhido para recitar quadrinhas em homenagem a Tiradentes – quanto vexame, incompetência se viu – o filho de alguém, nunca o filho de algum. Marcelo, o filho do sitiante abastado, ajudado pela professora Teresinha, engasgava logo de cara no nome próprio. A dona Teresinha dizia: meninos! Não zombem! Ajudem o seu coleguinha! Eramos todos rurais, mais que urbanos. Lembro-me do Nico Quaglio: mas professora! a senhora pede para o carroceiro puxar a carroça pelo burro! Já para a diretoria! E da classe ouvíamos a diretora Josefa Castro aos berros. Tudo isso para dizer que as eleições têm seu caráter premeditado, previsto, entrevisto, etc. As pesquisas de opinião são tão somente mais um tipo de produto, consumido, por pura gula, desnecessário. Por isso Pôncio Pilatos conformou aquela lista tríplice, sabia qual deveria ser escolhido, e sabia como age o rebanho encurralado. A massa sempre prefere a via da preguiça mental, não gosta que lhe roubem os bens, mas o prefere àquele que lhe rouba o sossego, a preguiça, a inércia; noutras palavras, a sabedoria.

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