28 de abr. de 2011

O livro infinito.

Diante do visto\vivido pela vida afora, à leitura de um texto qualquer se interpõe, digamos assim, o DNA-sociocultural ,adquirido pelo leitor no seu trajeto de vida, somado a circunstância contemporânea da leitura. De uma maneira, seja, de um velho modo: não há uma segunda leitura de um mesmo livro; haverá outra leitura de outro livro; o mesmo livro. Se o livro muda, posto que as palavras não estão mumificadas, e mesmo as múmias cambiam - em geral deterioram -, digo que será uma leitura outra.   Assim sendo o próprio autor\escritor lerá um livro diferente daquele por ele escrito, ainda quente recém saído do forno da razão sensível. Partindo do acima dito; pergunto, poderia inferir? Infiro; é impossível ensinar “uma”leitura de um livro (não sendo este um objeto estático) que não seja uma visão\entendimento\aprisionamento efêmera de algo cambiante\cinético (algo que por si só é impossível, pois o livro não cabe no intervalo de um piscar de olhos, como a pintura ou a escultura, e mesmo estas ainda que não alterem o significante com o passar dos anos, se não levarmos em conta o envelhecimento, nos oferecerão variedades de leituras, segundo as visitemos ), ainda somada à possibilidade de: partindo de um trecho lido de um texto, tal leitura alterar o futuro discernimento do “o ainda não lido”.   O que nos levaria a eterna leitura\outra-leitura - nunca releitura - do mesmo livro, criando com isso o livro infinito, o que não deixa de ser os livros todos que existem, todos e o mesmo. Assim me parece e me interessa como futuro “educador” é que se leia, inclusive, teorias da literatura. Pergunto: é possível ensinar a ler, algo além dos significados “estáticos” dos significantes?

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