17 de abr. de 2011

Manual do sexo manual.



A tempos transporto de um lado para o outro a veleidade de escrever um manual para o sexo manual. O onanismo antes confessável e passível de penas - duas ave-marias e três padre-nossos, dizia o Pe. Josep Maria Meyer, enquanto traçava sobre a face o sinal da cruz – hoje livre , desimpedido.

 A maior preocupação não deveria estar centrada nos homossexuais sim com os manissexuais, posto que esta engloba todas as opções e nos nivela. Somos maioria. De alguma forma, se me permitem, o que  mais manuseamos está entre-coxas. Seja em pensamentos, atos e omissões.

Tenho feito grande progresso nesse sentido, que  por vezes me espanto. A coisa começou faz alguns meses. Uma polução. Casual. Um sonho visceral, pleno de mucosas e líquidos. Digo isso para botar alguma concretude nesse vício, pois não havia sexo – de genitálias – havia sensações úmidas e quentes e envolventes, por todo o corpo. Se fosse freudiano, diria: nascimento, placenta estourada. Mas me interessava não a explicação, senão a possibilidade de repetir-se o feito. Busquei bibliografias, e me deparei com um manual do século XI, escrito em ocitano – parente próximo do francês – por Francesc Pi de la Serra, que ensina a produzir poluções. A coisa se diz afatus.

... liberet fines metu abeatque tuta. fert gradum contra ferox minaxque nostros propius affatus petit. arcete, famuli, tactu et accessu procul, ...

Deve-se deitar em decúbito dorsal. Acalmar a respiração. Pensar em alguém. Eu penso na Jaqueline. É como fazer yôga deitado. Pálpebras caídas, delicadamente. Pense em seda. Corpos envoltos em tecidos suaves, insinuando silhuetas em movimentos delicados, lentos. Pensar em todos os beijos, carinhos, abraços através dele. Deixe o tecido desaparecer, sinta a sua pele, ou antes dela, sinta o calor do corpo que se avizinha, depois no toque mais suave, pétalas de rosas vermelhas num ofurô de espuma. Pense numa mão que te toca sem tocar. Inspire profundamente. Solte o ar, lentamente. Relaxe, primeiro a barriga, depois o diafragma, solte o ar dos pulmões. Manuseie-se sem excitar-se. Repita o procedimento até adormecer. Então na vigília se encontrará com um orgasmo magnifico, não se deixe acordar, não se espante, pois assim pode ocorrer um efeito cascata.


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