30 de ago. de 2016

A Morte.

A Morte.

A Advertência.

Advirto que não se deve ler este conto assim como ele se apresenta. Creio que se deva saltar linhas, ou palavras, mesmo parágrafos, ainda que isso retire algum sentido, se acaso nele existir. É um gedankenerfahrung cujo intuito é matar o leitor. Lembre-se de que a curiosidade matou o gato. De acordo com os saltos, ele poderá ser engraçado, triste, angustiante, ou se não seguir a advertência: mortal. Portanto, pense com cuidado antes de atuar, ser independente pode ser divertido, mas também muito perigoso. Boa sorte e riobalde.

A Introdução.

Está na casa da vó Vicenza com seus dois melhores amigos, e teu cachorro Pitbull. Há três anos visitou a casa pela última vez, quando a avô ainda vivia. O fato de haver uma máquina de engrenagens engraxadas cheia de polias, bicicletas sem selins e peles de vaca no pátio, é algo que te preocupa sobremaneira. Um duende vestido de azul turquesa, com um logotipo no peito no qual, depois de bastantes esforços, consegue decifrar as letras EPLOG, o duende dotado de três bundas, que antes dela falecer, atiçava os rotweillers a avó Vicenza. Ele está atento a um relógio e Você lhe diz: necessito que me aperte esta porca. Noutras palavras, ele lhe passa uma receita com instruções que dizem de que maneira acionar umas alavancas, uns pedais, e os botões de um dial que chia como um rádio velho numa velha radionovela sobre chupar cana e assobiar . O duende, obediente, morosamente, lê as instruções que lhe dá. De muito, merda, que bosta, que vai-vem, que ruína, sai da máquina uma banana dourada de sol, perfeita, simétrica, similar àquela outra que, por obra de Bloon, Dédalus, enfrentou Aquiles e os filisteus de filamentos filhas gretadas.
Você acaba de resvalar em algo, e está caindo até as profundezas da mente de Paulo. De certo modo te atrai a possibilidade de analisar tudo desde esse outro ponto de vista, de outra maneira não poderia apreciar todos os detalhes do processo, mediante o qual haverá, com certeza, uma saída. De qualquer forma, Você pensa num impacto, e pensa em amortecer sua força. Todos estes pensamentos desfilam por tua mente com a velocidade de um relâmpago. Se você ainda não pulou nada, creio que deva ser essa a hora.

O Compilador.

O que é um compilador? O compilador é um bicho, que de raro tem outros bichos, que converte tudo que estou escrevendo em um ato, um fato, uma ação, como converte uma bola de parenteses numa tira como se fosse a grama de um campo de futebol. Eu olho para ele e se parece a uma centopeia, e vou contar as patas, não sei se me atrapalho, mas chego só a noventa e oito.
O que acontece nas entranhas do compilador? Quando Você dá uma série de instruções, é como se Você ingerisse um pedaço de bolo. Um compilador adora parenteses; ele vai quebrando em pedaços menores. Há algum tempo os zoólogos que cuidavam dos compiladores, adoravam esta fase. De certa forma é coisa linda, claro, complexo. Mas não é de fato, relevante. Hoje sabemos que a verdadeira transformação começa no estomago do bicho onde o bolo alimentar fica dando voltas. Em vez de escrever as coisas na ordem natural, de fora para dentro. O bolo se transforma em um fio, onde aparecem, antes, as partes que estavam mais internas. Alguns lugares do bolo, aonde as enzimas têm que ir e voltar, são marcados por uma bandeirinha. O estômago deixa as bandeirinhas assim como estão, penduradas no fio. Mais tarde o intestino se ocupará de tirar as bandeirinhas.

A Mente.

Você decidiu submergir diretamente nas profundezas de minha mente. A medida que adentra, a luz fica cada vez mais ténue, e Você começa a sentir tonturas e perde a consciência.

O inferno.

Você não chegou até aqui de vontade própria, nem seguindo instruções, apesar de tudo está aqui, em Janaína.
Habitualmente, as mitologias e lendas tratam de substantivos fantásticos, sejam animais, lugares, monstros, espadas cravadas em pedras, o pote aonde caiu Obelix ou semideuses. As lendas de Janaína Mayara falam de verbos mitológicos. Por exemplo, se conta da existência do verbo funarer, metade nascer e metade morrer. O verbo reflexivo pinoter, que corresponde a ideia de voltar sem ter ido. Se diz que a primeira pessoa que se pinote uma noite de lua cheia, funerará.
O verbo fantástico gromosar significa “pronunciar gromosar”. Os professores de mitologia Janaína Mayara costumam gromosar quando fazem referência a este verbo. Um grupo de verbos mitológicos relacionados, provavelmente inspirados em gromosar, são os três verbos conhecidos como placinados: placir significa “pronunciar cofer”, cofer significa “ pronunciar roscoir” e roscoir significa “pronunciar placir”. É muito frequente, que aquele que trata de descrever o que é o que está dizendo mediante o uso destes verbos desperta a confusão nos que estão atentos às diferenças entre “uso” e “menção” e “ menção “ e “uso”.
Outro verbo ligeiramente relacionado com estes, é atutir, cujo significado é “ compreender o verdadeiro significado de “atutir”. A lenda diz que no instante em que alguém por fim atute, seja, por fim compreenda o verdadeiro significado do verbo atutir, o verbo voltará a ser novamente um príncipe, e o afortunado descobridor se converterá em pedra.

A Paciência.

Agora que Você está nos cantos mais profundos da mente, você deverá decidir se sua paciência esgotou ou se já é hora de voltar para casa. Sem preguiça, você está na casa da avó Vicenza.
Felizes por teu regresso, ainda que nem tanto, o duende vestido de azul turquesa, teus dois melhores amigos, e teu cão te perguntam: aonde esteve? Por mais que insista e Você insiste em que estava na minha mente, te dizem que Você cheirou peido debaixo do lençol.

O Fim.

Depois do fim, uma continuação. Você despertou num quarto aonde há um dragão. Então aparece o centauro Aloísio e o fauno magno Malta, uma corte de bufões, arlequins com calças furadas, reis de são joão del rei, guerreiros visigodos, desamores da adolescência, dragona a primeira namorada do Lesmão, a turma que não sabe inglês, Les Luthiers, diego Hipólito e sua irmã, poemas em catalão, demostradores de peidos coloridos, a turma da mônica, a menina veneno, gisele bündchen e um grupo de jaz cantando ma mama cu sá, e a Sá coça o saco e saca essa: Afrodite, rapaz, me dá logo esse pomo da discórdia. E se não der? Te mato. Ah! Bom! Então te dou.
Ai tem um problema de continuidade das geografias porosas: a maçã ficou no outro mundo, longe paracaralho, longe do caos perto do coração. Mas Você, Você ou afrodite? Bom estamos num descontinuísmo. Há uma receita de maçã em conserva que Você conserva. No entanto, aonde andará o duende? E a máquina? E o asteróide? E a avó Vicenza? E o B-52? Todas essas coisas já não te atraem proporcionalmente ao produto da massa e inversamente ao quadrado da distância.

A comida.

O mais curioso é que a receita não é a mesma coisa que a comida. Tem uma porrada de arestas, e por não serem a mesma coisa, apresentam outros aspectos, que são na realidade o mesmo: toda receita é toda comida receitável.
O intestino delgado ou delicado consta de duodeno, íleon, cólon, estribo, refogado, sal e pimenta a gosto, duas asas de frango e batata na manteiga. Ah! Bastante salsinha picadinha.
O Sancho.

Donde se conta como Sancho Pança apareceu com intestino solto e outras muitas coisas dignas de contar e de saber.
Valha-me, Sancho promete mostrar sua máquina e que se as instruções precisas são imprecisas, é capaz de construir uma maçã e acabar com a discórdia da simetria ou esta maçã é para a mais bela.
Lamentavelmente, a máquina do fiel escudeiro não se parece com a do duende. Não passa de um tubo de papelão reciclado. Pançisancho diz:
não se preocupe dom cidão, já esta desmonstrado... quê? Livre de monstros. Porra por que não cala essa matraca? Alan turing?
Não passa pela tua cabeçorra que está perdido?
Não creio, afinal, não foi Noé quem botou na sua barca um casal de Aedes aegypti, e o E. Coli?
Veja, o bicho é mamífero, mas ovíparo, anda pelado e é ávido e não há havido mais maçãs, nem duendes, então bispo da dama c 3.




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