22 de ago. de 2016

Chapeuzinho

Os lobos, principalmente os maus, porque por incrível que pareça há lobos bons, andavam insolentes e fora de controle no velho condado, chegavam a roubar os caminhantes que se aventuravam pela matinha de Santa Teresa. Saiu a lua cheia. A matinha se tingiu de ouro pálido. Nesse instante, Chapeuzinho viu sair das trevas uma silhueta que ia se tornando cada vez mais precisa. Vestia camisa branca com suspensório, calça preta no estilo advogado trabalhista. Caminhava sobre duas patas, mas era um lobo. Abriu abaixo de seu formidável focinho preto sua boca baba vermelha e disse: “ Oi, boneca, que te traz tão tarde por aqui? Chapeuzinho não respondeu. O lobo agarrou a cesta. “ Tá boba?! Vou levar esta cesta”. De debaixo do pano com motivo quadriculado, igual ao de toalhas de mesas de cantinas italianas no Brasil saiu uma vozinha,: “ Que amável é você, jovem, e deu um rizinho selvagem.” Num sobressalto, o lobo deixou cair a cesta. Uma cabeça de mulher saiu rolando. A cabeça deu um salto e mordeu com fúria o entre-coxa do lobo que uivou de dor. “Saude a vovozinha, seu lobo” disse Chapeuzinho, que tinha os olhos vermelhos donde saiam horríveis fachos de fogo. Sua boca se abria e mostrava horripilantes caninos desmedidos. O lobo corria e ao seu encalço iam a cabeça e Chapeuzinho.

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