Os lobos,
principalmente os maus, porque por incrível que pareça
há lobos bons, andavam insolentes e fora de controle no velho
condado, chegavam a roubar os caminhantes que se aventuravam pela
matinha de Santa Teresa. Saiu a lua cheia. A matinha se tingiu de
ouro pálido. Nesse instante, Chapeuzinho viu sair das trevas
uma silhueta que ia se tornando cada vez mais precisa. Vestia camisa
branca com suspensório, calça preta no estilo advogado
trabalhista. Caminhava sobre duas patas, mas era um lobo. Abriu
abaixo de seu formidável focinho preto sua boca baba vermelha
e disse: “ Oi, boneca, que te traz tão tarde por aqui?
Chapeuzinho não respondeu. O lobo agarrou a cesta. “ Tá
boba?! Vou levar esta cesta”. De debaixo do pano com motivo
quadriculado, igual ao de toalhas de mesas de cantinas italianas no
Brasil saiu uma vozinha,: “ Que amável é você,
jovem, e deu um rizinho selvagem.” Num sobressalto, o lobo deixou
cair a cesta. Uma cabeça de mulher saiu rolando. A cabeça
deu um salto e mordeu com fúria o entre-coxa do lobo que uivou
de dor. “Saude a vovozinha, seu lobo” disse Chapeuzinho, que
tinha os olhos vermelhos donde saiam horríveis fachos de fogo.
Sua boca se abria e mostrava horripilantes caninos desmedidos. O lobo
corria e ao seu encalço iam a cabeça e Chapeuzinho.
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