10 de ago. de 2016

Um curta que vi.

Um curta que vi.

Um homem está só dentro de sua pequena e impecável casa branca. Subitamente vê aparecer uma barata correndo pelo piso um dos cantos da casa. Ele pensa em atacá-la com o uma vassoura, ela foge e se esconde, desaparece. Pouco depois retorna, e uma outra, e mais uma. Pouco a pouco elas vão tomando a casa, saem pelas torneiras da cozinha, pelo ralo da pia, pela louça do banheiro, pelo ralo do banheiro, pela fresta da janela, por uma trinca na parede, pelo buraco aonde havia um pendente de luz. Saem de baixo da geladeira, do sofá, pela fresta da porta. De repente, o homem está encurralado, foge para um canto da casa branca, agora elas avançam na direção dele. Agora elas começam a subir por suas pernas, elas começam a cair do teto sobre ele, como uma catarata de baratas… um corte, e vemos o homem deitado placidamente sobre a cama. A casa está outra vez branca, perfeita. Pensei, era um sonho. Então a câmara faz um primeiro plano do seu rosto, e uma barata sai do seu nariz, e outra, e outras, e outras saem pela boca, e um monte delas pelas orelhas, pelos olhos. Ele está vazio, elas o esvaziaram desde das entranhas. O homem jaz, vazio e morto. Este, neste âmbito, foi um dos meus poucos descuidos.

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