22 de abr. de 2016

Poeta e Ladrão, Nobre Deputado.

Poeta e Ladrão, nobre deputado.


Ao que me consta, ele advertiu numa entrevista: “...não creio que alguém possa viver de escrever poesias. Empresa romântica e quixotesca”. Mas ele vivia bem. O delegado Menezes o deteve no Hotel Asturias no Rio de Janeiro no verão de 1989. No momento que se aprontava para assistir à entrega do prêmio Machado de Assis de poesia, do qual dizia ao delegado ser jurado. Era o seu habitat. Concurso ao qual havia apresentado seu último livro: “Tanajuras, o vértice”. Levava consigo a arma incriminadora, a esferográfica. Não é que escrevesse tão mal que merecesse ir preso. Tinha uma certa fama, de fato. Ainda o encontramos na Amazon e no sitio Domínio Público do governo federal. Jaboti, Jaboticaba, fora publicado em 1985. O problema é que quando não fazia versos falsificava cheques. Ninguém suspeitaria desse maranhense de formas divertidas; Jusmari Negromonte poeta e romancista ganhador do premio Ribeirão das Letras de Literatura entre outros galardões e Sarnem, o Deputado, fossem a mesma pessoa que alimentava uma capivara, uma folha corrida delitiva mais extensa que seu corpus poético. Qualquer cronista da época citava uns versos de seu poema “ Pardeus, que Máscara!” , que rapidamente adquiriam um novo sentido.
Rasgue o seu disfarce,/
rasgue e pronto,/
o carnaval já terminou/
o carnaval se foi tonto” .
Dele foi retirada a máscara, e para ele a festa estava acabada; no entanto, não sofria pelos milhões de cruzados estafados, porque logo ao sair da prisão em 1996 foi preso novamente, depois de mais um golpe do colarinho branco, esse sim, deixou uns bancos cariocas com um buraco de milhão de dólares, toda uma fortuna. Se fizermos caso da crônica que assinava Julinho Chiavenato no A Cidade, o delegado que levava o caso, mostrou-se admirado. “Me deu muito trabalho, quer dizer, novamente me deu muito trabalho, senhor Sarnem. Cada vez o faz melhor e é difícil pegá-lo”. Continua Julinho, O poeta agradeceu o elogio “ Isso quer dizer que nós dois temos sido bons profissionais” .

Moral da história, Sarnem roubava porque havia, ele próprio, que editar seus livros de poemas, e acima de tudo queria ser poeta, sem ter que se importar com o preço.  

Nenhum comentário: