5 de abr. de 2016

Globocracia. Minha Novela, Minha Vida.

Globocracia.

    De alguma forma a TV sempre esteve no centro da vida política. Mas de uns tempos para cá, o país vive sob o regime – e ao ritmo - dos estúdios televisivos. Mais concretamente, vive-se sob o que transmite a Globo und konsorten. A qual encontrou um filão de audiência na espetacularização da política, e de sua banalização, é disso que se trata na realidade; a banalização. A plenária do STF é um exemplo do que chamam, no jargão, de externas. Não serei quem os critique, cada um ganha a vida como pode, mas não me encontrarão no bando dos seus entusiastas. De fato, como espectador ou telespectador carrego muito pouca paciência no meu embornal. Consigo ver um jogo de futebol, um programa de geografia, um turismo feito de avião...desligar a tv, totalmente, ainda não pude. Talvez não devesse dizer, digo, me são fastidiosos os debates circulares em que estamos mergulhados, nunca fui muito chegado a novelas, a maioria são de tamanha pobreza, que nem Lula as pode mandar para a classe média, com uns roteiristas cubanos, ou minha novela minha vida. Acontece que esta não está baseada em fatos reais, mas parte de muitos fatos irreais e os torna reais e verdadeiros. Com o amparo dessa tv, determinadas figuras adquiriram proporções gigantescas, como Sérgio Moro, Eduardo Cunha, Luiz Inácio, Zé Dirceu, seus próprios âncoras, a corrupção, o Lava-jato objeto que virou personagem, o impeachment sim porque sim. Por quê? Simplesmente, porque a corrupção, principalmente, como vem sendo tratada, não terá fim. Assim botam o impeachment como clímax. Experimentada em novelas, a Globo, entende de roteiro, as outras acompanham com facilidade. O telespectador idem. O próprio Sérgio Moro, criado nessa lide, como todos nós, tem se mostrado um grande roteirista, para “meio de novela”, mas tem mostrado dificuldades jurídicas para botar fim ao enredo, devido ao entrelaçamento, que se deixa, sem querer, transparecer, como se fosse uma metalinguagem, aonde a barafunda é tanta, que mesmo o veículo está envolvido no conteúdo da trama. O espectador de novela é desta consumidor há muito tempo, a ponto de fazer harmonização de ingredientes, como muitos enólogos de ultima safra, mas só aprendeu uma forma de final, o de sempre, o esperado, aquele que lhe arranque lágrimas dos olhos, de cumplicidade, felicidade, ou mesmo de prazer. Como o Lava-jato não tem fim, o vilão, odiado por uns, que gritam: Golpe, amado por outros, pode fazer acontecer um gran finale, mesmo que tenha que sair algemado do seu set de filmagens. 

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