Globocracia.
De
alguma forma a TV sempre esteve no centro da vida política.
Mas de uns tempos para cá, o país vive sob o regime –
e ao ritmo - dos estúdios televisivos. Mais concretamente,
vive-se sob o que transmite a Globo und konsorten. A qual encontrou
um filão de audiência na espetacularização
da política, e de sua banalização, é
disso que se trata na realidade; a banalização. A
plenária do STF é um exemplo do que chamam, no jargão,
de externas. Não serei quem os critique, cada um ganha a
vida como pode, mas não me encontrarão no bando dos
seus entusiastas. De fato, como espectador ou telespectador carrego
muito pouca paciência no meu embornal. Consigo ver um jogo de
futebol, um programa de geografia, um turismo feito de
avião...desligar a tv, totalmente, ainda não pude.
Talvez não devesse dizer, digo, me são fastidiosos os
debates circulares em que estamos mergulhados, nunca fui muito
chegado a novelas, a maioria são de tamanha pobreza, que nem
Lula as pode mandar para a classe média, com uns roteiristas cubanos, ou minha novela minha vida. Acontece que
esta não está baseada em fatos reais, mas parte de
muitos fatos irreais e os torna reais e verdadeiros. Com o amparo
dessa tv, determinadas figuras adquiriram proporções
gigantescas, como Sérgio Moro, Eduardo Cunha, Luiz Inácio,
Zé Dirceu, seus próprios âncoras, a corrupção,
o Lava-jato objeto que virou personagem, o impeachment sim porque
sim. Por quê? Simplesmente, porque a corrupção,
principalmente, como vem sendo tratada, não terá fim.
Assim botam o impeachment como clímax. Experimentada em
novelas, a Globo, entende de roteiro, as outras acompanham com
facilidade. O telespectador idem. O próprio Sérgio
Moro, criado nessa lide, como todos nós, tem se mostrado um
grande roteirista, para “meio de novela”, mas tem mostrado
dificuldades jurídicas para botar fim ao enredo, devido ao
entrelaçamento, que se deixa, sem querer, transparecer, como
se fosse uma metalinguagem, aonde a barafunda é tanta, que
mesmo o veículo está envolvido no conteúdo da
trama. O espectador de novela é desta consumidor há
muito tempo, a ponto de fazer harmonização de
ingredientes, como muitos enólogos de ultima safra, mas só
aprendeu uma forma de final, o de sempre, o esperado, aquele que lhe
arranque lágrimas dos olhos, de cumplicidade, felicidade, ou
mesmo de prazer. Como o Lava-jato não tem fim, o vilão,
odiado por uns, que gritam: Golpe, amado por outros, pode fazer
acontecer um gran finale, mesmo que tenha que sair algemado do seu
set de filmagens.
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