A
inocência não convém, em Política.
Num
país longínquo derrubaram a presidenta da presidência.
Não era improvável que sucedera, mas não
queríamos crer, porque esse país tão longínquo,
como qualquer outro país longínquo, está à porta
de casa.
A
história, longe de se comportar dialeticamente, se move a
golpes e espasmos, e se faz notar novamente. A história,
ainda que não nos goste acreditar, é, sobretudo, isso:
O de repente.
Os
rins da história são propensos às cólicas;
é comum ao se expulsar a pedra, que se salpique de sangue.
Esses sujeitos que expulsaram a presidenta, não os
encontraremos nos ônibus que costumamos ir, mas são
nossos vizinhos, perseguem o poder com bombas atômicas. Mas,
nós aprendemos a pensar em outras coisas. Não que não
damos a menor bola, porque, certamente, Dilma não seja uma
pedra no rim, mas talvez nos tranquilize um pouco o bom aspecto
desse nosso vizinho, que não viaja com a gente de ônibus.
Faz
tempo que renunciamos a fazer política, exatamente desde que
nos fizeram acreditar nas mãos limpas. Os grandes países
têm interesses ideológicos para serem defendidos fora de
suas casas; a países como o nosso só permitem ter
interesses comerciais.
De
fato, o país dessa presidenta deposta a golpes nos rins, é
um país assim, que deveria se manter somente com seus
interesses comerciais; e para defender interesses comerciais basta
ter as mãos impolutas e assistir aos coquetéis que vai
gente com muita grana ( a grana sempre cheira bem, ainda que proceda
de bolsos tenebrosos).
Ouvirei
esta noticia no domingo, voltando de algum passeio, talvez já
a noitinha, porque à noite não se vê o que está
alem do nariz, talvez me encante, nesta noite, contemplar o próprio
nariz.
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