2 de mai. de 2013

Lobão (racista) que extraio da entrevista à Ilustrada.



Na entrevista, Lobão disse que "Emicida, Criolo, todos têm essa postura, neguinho não olha, não te cumprimenta. Vai criar uma cizânia que nunca teve, ódios [raciais] estão sendo recrudescidos de razões históricas que nunca aconteceram aqui. Estão importando Black Panthers, Ku Klux Klan. Tem essa coisa de "branquinho, perdeu, vamos tomar seu lugar". Como permitem esse discurso?".









“Cizânia que nunca teve”.

Pode ser que tenha a ver com o caráter de uma gente acostumada a calar e abaixar a cabeça, a não subir o tom de voz, a conseguir ínfimas margens de liberdade, esperando, obviando, sibilando orações, para não molestar ninguém. Também pode ser por entremear frases com suavizadores, sinhô, sim sinhô, dotô, diminutivos a mancheia dando uma patina de discrição ao conteúdo, uma humildade discreta e proletária às orações simples de sujeito, verbo e predicado em diminutivo; incapazes de uma subordinação, a tal hipotaxe preterida à paratática, talvez por sentimento atávico de reticência à submissão, e por isso talvez, tenham sempre se dedicado às insignificâncias, quando minguavam de sentido aos demais, umas acabariam por tornarem-se alvo do alto interesse de outros, como o samba, o ritmo em si, a bola, o jogo da bola em si, mudado, mas para os então humilhados não era mais que um calor cotidiano de familiaridade advinda da comodidade dessa gente assim recolhida e ensimesmada.  Sendo gente que tinha mais siso que oclusão,  não quer dizer, entretanto, que a ''coisa'' assim devesse permanecer, ou que fosse natural.
O grande espanto de Lobão, neste sentido não é nada diferente do pensamento – cultura – conservador – diga-se de passagem que isto não é inerente tão somente às classes sociais – e tanto desse espanto e é assim, porque descobre que a ex “gente humilde” tem sua própria cultura, ou leitura, consumo e da posterior ruminação tem industriado sua, por exemplo, música cheia de arestas e areias e ruídos, que geram mesmo, isso sim, muito atrito; talvez porque vivamos numa sociedade toda ela atrito. Talvez Ipanema e Leblon pensavam que os habitantes do morro existiam para engraxar seus sapatos e para alegrar o 'dotô' tiravam um samba com a flanela.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem defende ditadura e racismo é completamente sem noção. Devemos defender a liberdade e a felicidade de todos. É triste ver pessoas votando em Bolsonaros da vida, loucos que são contra a democracia e contra as regras de convivência (entre elas as leis contra o racismo, a intolerância religiosa, a homofobia, discriminação da mulher e a xenofobia). Qualquer coisa que vá contra o ser humano é prejudicial a todos, embora alguns loucos que se consideram "elite iluminada" não entendam isso.