2 de mai. de 2013

A Morte é a morte do desejo?




Dizem que formar-se é questão de desejo. Sendo isso, tudo aquilo que aprendemos, sobretudo nos primeiros anos da vida, a infância e na primeira adolescência, penetra e forja-se no nosso interior através dos impulsos, da curiosidade para nos expandirmos os sonhos de possuir os objetos do nosso anseio. Um espirito passivo se coloca justo do lado contrário da aprendizagem pessoal, o intimo, porque alguém que se abandona à quietude quer tornar-se impermeável e deixar de crescer e evoluir: frequentemente é gente com medo às mudanças, estas sempre comportam instabilidade. Mas o desejo, o desejo no estado puro, é, e há de ser, inconsciente, uma fagulha em constante brilho em busca de uma atmosfera por explodir.
Vejam se não, numa criança ao se despertar depois de belo sono; o universo já está lá, nele, com tão somente a chegada da consciência, um terreno para explorar, os objetos dançam em torno dele, como se existissem tão somente para ele, as caras, as vozes que o rodeiam tudo surge um dia para ali estar, aqui e agora, ao seu serviço, e da sua felicidade.
Como perdemos o desejo? Porque, pouco a pouco perdemos o desejo que alimenta nossa aprendizagem, a primeira comida, a bebida, o primeiro livro, o primeiro sexo, a beleza, o primeiro amor... e passamos a nos ocupar com a perseverança da passagem do tempo e a experiência desse passar do tempo.
Com a literatura transformamos a fascinação, a curiosidade em formas de indagar do pensamento, mas tudo desemboca em quietude outra vez.
Desaparecido o desejo, o mundo se apequena, e as coisas não são outras que perfis clonados que se encadeiam com previsão matemática. Ser adulto é isso! Quem sabe?
Os jovens se deixam seduzir por personagens inverossímeis, por uma simples rima, por uma melodia, por um ritmo, pela simplicidade de um argumento, mas o adulto se sente cansado tanto pelos desejos falhados, como pelos conseguidos e pelos que acabamos de conseguir. É um estágio mais próximo da morte! Porque o desejo, sai de nós e projeta-se fora! Ao mesmo tempo e por outro lado o tempo se encurta e o desejo do mundo nos toma e nos conduz! Pode ser, que recuperemos um pouco da criança que aprende e desaprende, afim de voltar a se maravilhar com um mundo rejuvenescido!
É certo, assim, que o desejo nos forma, por bem ou por mal! E se somos levados pela sua mão, acabamos sendo o que somos, sabendo o que sabemos. Sem ele, não somos nada, ou espectros acinzentados, pasteurizados das todas outras cores.   

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