13 de mai. de 2013

Pecados Capitais.

Filme, Feios, Porcos e Malvados  Nino Manfredi em Giacinto Mazzatella. Obra Prima de Etore  Scola.



Os vícios privados fazem a virtude pública, é a mensagem irônica do poema: A fábula das abelhas, escrito 

por Bernard de Mondeville em 1714. Bernard, um médico holandês descreve aí um paradoxo econômico, 

delicioso. A avareza, a luxuria e a gula, que são pecados capitais, resultam úteis e contribuem ao bem geral, 

da colmeia. Se não fosse pelos gulosos, como iam ganhar a vida as doceiras? Se não fosse pelos 

mulherengos, os pródigos, que gastam com flores e presentes o que não têm, como ganhariam a vida as 

floristas, os proxenetas? Se não fosse pelos avarentos que ganham dinheiro com o trabalho dos outros, 

quem daria emprego aos desempregados? O que beneficia a sociedade, então, não é outra coisa senão os 

vícios dos seus membros.

No ano de 1759, Adam Smith publicou A teoria dos sentimentos morais. Ali sustem com cândida beatitude 

que o estado não deve fazer qualquer regulação da economia, que disto se encarregaria a ''mão invisível do 

mercado”, a qual, como um anjo da guarda, organizaria a diversidade dos interesses humanos. Ainda 

segundo Smith, não faria falta leis estatais sobre as condições de trabalho, salários, preço ou qualidade dos 

produtos, porque a livre concorrência, a lei da oferta e da procura, a luta entre produtores para vender a 

melhor preço, e as disputas entre operários e empresários pelos salários acabariam em um copioso 

equilíbrio que a todos beneficiaria. Confesso, crédulo leitor, que começam a rolar as lágrimas da mais pura 

emoção, entre os vincos da minha cara de taipa, diante deste retrato tão maravilhoso da coisa.



O caso é que estas prédicas do arcanjo Adam Smith, e que se tornaram o novo testamento dos neoliberais 


dos últimos dias, levaram-nos às práticas e consequências quais todos conhecemos. Será por isso que há 

este ruído ruinoso a pedir mais selic, menos direitos aos ''domésticas” etc.


Hoje por motivo abolicionista, O Estado, oferece o resultado de fatos – relatados pela Justiça do Trabalho -  

ocorridos até ontem no Brasil, que diz respeito a trabalhadores que viviam em regime de verdadeira 

escravidão, e não se trata do Acre ou da Bolivia, mas de São Paulo no empoado quarto posto na lista que 

enumera empresas com regime escravista de trabalho.


Que lástima que os tribunais de Justiça do Trabalho não sabem da estreita relação entre os vícios privados e 

as virtudes públicas, e assim punam estes senhores, porque bem que poderiam esperar pela autorregulação, 

assim manteriam estes abusos tão delicados, tão perfeitamente injustos, tão despojadamente liberais.             
















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