Se quero refletir a
respeito da realidade, por incrível que possa parecer, devo recorrer
a grandes artistas. Nesse caso em particular, encontrei numa charge
de Dalcio Campos, um dos maiores cartunistas do país – que publica
no Correio Popular de Campinas – o material pronto. A síntese de
nosso momento político.
O pelotão, o
fuzilamento subjaz, e a justiça cooptada, alinhada às baionetas e
tudo sob a batuta do Ministro Joaquim. Por um momento me lembrei do
processo de Danton. Só o clima, nunca a essência, por esgarçamento
da putrefação dos ideais revolucionários. Sou homem do meu tempo e
isso é pura imagem, não imaginação.
No entanto El Paredón
e este Juízo são fatos que se retroalimentam nas ranhuras, nas
brechas, nas frestas do nosso tempo. É a luta de classe encarnada,
ou desencarnando, como queiram, e qualquer que seja a escolha, é na
carne que se sente toda vingança, e toda vingança pede outra, e
para quem não sabe, isso é retroalimentação.
É um julgamento que
começou e terminará jorrando sangue e lama. É no demais, repetição
de histórias, como dizia Hegel, o primeiro a terminar com ela,
sempre serão levados ao cadafalso os mesmos, pelos mesmos. Dirão:
começa uma nova história! O Brasil passado a limpo! Tá! E os
outros?
É uma velha pergunta que me ocorre. E os outros?
E a resposta é e será sempre a mesma: você estava com as pedras na
mão e a vidraça está rompida!
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