Laura estava dentro do cristal de um vitral, melhor dito, estava dentro da própria luz que o varava. A luz a forçava a baixar a cabeça à fugir os olhos da luz. Também assim a luz a cegava. Então cerrava os olhos. Ainda assim a luz a cegava. Quer responder a uma pergunta que não foi feita. Tartamudeia ao responder: sim sou o que sou. Agora a luz parece mais leitosa menos aguda e tépida. como se estivesse dentro de um copo-de-leite cheio de leite que permitisse a ela levantar a cabeça e abrir os olhos, mas ela nada vê senão que o leitoso branco dentro dos olhos sendo os próprios olhos lácteos. Não ouve perguntas ela não pensa em respostas, nem o pensamento existe, apenas o leite por toda parte, parece não lembrar de nenhuma pergunta mas ela responde lentamente: sim, também. Os séculos passam entre uma não-pergunta e outra. A luz se apaga lentamente. O branco abruma demoradamente. Imêmore. Completamente.
31 de out. de 2012
30 de out. de 2012
O encafifado.
QUINTA-FEIRA, OUTUBRO 26, 2006
9. O encafifado. Original desde: luises.
Já que falava de Luis e devo ao leitor paciente o que pode dar alguma luz a Luis.
Seu avô (dele) Luis da Silva, fora traído pela noiva, matou o amante balofo estrangulando-o com uma corda que o destino lhe deixara sobre a mesa e nesta hora exata foi-lhe o: clique aqui. Clicou. Tencionou a corda com a força infinita dos fracos, no vasto pescoço. Vagou pelo mundo fugindo da vergonha que carregava até ser encontrado por Inês da Silva que procurava um asno que lhe atravessasse o rio da vida. Inês casou-o com ela mesma. Luis da Silva levava o rascunho de uma mulher traidora e sempre quis passar a limpo sobre Inês da Silva, terminou por entender seu caráter milenar, fossilizado e imutável. Inês da Silva uma solução do resigno. E como fruto desta milenaridade e resignação veio um filho a quem deram o nome de Luis da Silva Filho que sem ter por que se encolerizar ou mesmo resignar-se foi casado por sua mãe com Inês Pereira e geraram Luis da Silva Neto e teriam gerado mais se a carraspana crônica, a concupiscência e o tabagismo entranhado, este que incendiou o colchão onde dormiam torpes de suas atividades sólitas. Luis da Silva Neto foi levado pela vizinha Dona Inês que o tratou como filho igual aos outros que nos anos que Luis ali viveu viu nascer e morrer mais que seus pequenos dedos podiam contar, até o dia em que vazou da casa lotada de fantasmas e viventes. Perambulou por ai, andou, virou, mexeu, sem nada saber ou carregar que não fosse o nome e a pequena fábula que Dona Inês disse lhe pertencer. Até o dia da chegada a Campinas.
Entre a saída de casa de Dona Inês e a chegada a Campinas não existiu. Dormiu para acordar e acordou para dormir. E terminou por dormir num alpendre que dava para a calçada da rua Padre Vieira esquina com Ferreira Penteado. Não seria diferente das tantas outras vezes, e a cada ocasião um recinto distinto, se não passasse o que vou lhes relatar.
Era o ano de mil novecentos e sessenta. José Itaca havia desistido de tentar um filho, tinha ainda forças para tanto, mas sua Inês não. Respeitoso pelos não-poderes de sua esposa, também não mais quis. Ela propôs: vamos adotar um menino. José um doce sem viés de azedume relutará, com argumentações pontuais, vencedoras. Bom marido, trabalhador. Igual a este? Mais nenhum. Dizia Inês à vizinha: você vê Dona Inês, ele dorme cedo, não vai a bares, acorda cedo, melhor não contrariá-lo.
Tal qual disse dona Inês, Jose acordou cedo. Ia à padaria e assustou-se com a visita. Depois do susto ao abrir a porta, José Itaca não acordou Luis. Sereno, retomou o afazer, foi à padaria União, como diariamente, pensou em gastar o tempo, para que este resolvesse, mas quando nisto pensou apertou-lhe o peito, mudou de idéia comprou dois filões a mais, um tanto de mortadela e uma lata de manteiga Aviação. Tens visita seu José, perguntou a mulher do Manoel. Com a voz embargada José Itaca respondeu - vamos dizer que sim. Sem mais nada dizer, senão que uma certa umidade no olhar, partiu célere. Ao chegar, abriu o portãozinho de ferro sempre engraxado, contemplou sem planos o menino, mas decidido troou. Acorde José Itaca Filho.
Atarantado Luis Silva Neto ao abrir os olhos vê o homem a sua frente, tudo em seguida, senta-se onde dormia, e com as mãos espalmadas posta onde sentava, empurrou-se para trás cerrando-se contra a parede. Muitas outras vezes fora flagrado dormindo em próprios alheios. Havia algo diverso.
Quis sair, mas José Itaca interveio.
- Acalme-se meu menino, disse José olhando-o meigamente. Luis da Silva Neto desceu das mãos e com uma delas, mas precisamente com o punho limpou as remelas. Então tentou se explicar.
- Estava com sono, dormi! Diz o menino.
José Itaca pode entender aquela naturalidade. Desde a casa de Dona Inês dormia não onde, sim quando. Quando vinha o sono, dormia. Sempre aos montes, ou no meio às suas beiradas. Nem disso era dono, lugar fixo para dormir.
Eu sei filho, eu bem que sei! Disse José Itaca, acho que tens fome.
Seu avô (dele) Luis da Silva, fora traído pela noiva, matou o amante balofo estrangulando-o com uma corda que o destino lhe deixara sobre a mesa e nesta hora exata foi-lhe o: clique aqui. Clicou. Tencionou a corda com a força infinita dos fracos, no vasto pescoço. Vagou pelo mundo fugindo da vergonha que carregava até ser encontrado por Inês da Silva que procurava um asno que lhe atravessasse o rio da vida. Inês casou-o com ela mesma. Luis da Silva levava o rascunho de uma mulher traidora e sempre quis passar a limpo sobre Inês da Silva, terminou por entender seu caráter milenar, fossilizado e imutável. Inês da Silva uma solução do resigno. E como fruto desta milenaridade e resignação veio um filho a quem deram o nome de Luis da Silva Filho que sem ter por que se encolerizar ou mesmo resignar-se foi casado por sua mãe com Inês Pereira e geraram Luis da Silva Neto e teriam gerado mais se a carraspana crônica, a concupiscência e o tabagismo entranhado, este que incendiou o colchão onde dormiam torpes de suas atividades sólitas. Luis da Silva Neto foi levado pela vizinha Dona Inês que o tratou como filho igual aos outros que nos anos que Luis ali viveu viu nascer e morrer mais que seus pequenos dedos podiam contar, até o dia em que vazou da casa lotada de fantasmas e viventes. Perambulou por ai, andou, virou, mexeu, sem nada saber ou carregar que não fosse o nome e a pequena fábula que Dona Inês disse lhe pertencer. Até o dia da chegada a Campinas.
Entre a saída de casa de Dona Inês e a chegada a Campinas não existiu. Dormiu para acordar e acordou para dormir. E terminou por dormir num alpendre que dava para a calçada da rua Padre Vieira esquina com Ferreira Penteado. Não seria diferente das tantas outras vezes, e a cada ocasião um recinto distinto, se não passasse o que vou lhes relatar.
Era o ano de mil novecentos e sessenta. José Itaca havia desistido de tentar um filho, tinha ainda forças para tanto, mas sua Inês não. Respeitoso pelos não-poderes de sua esposa, também não mais quis. Ela propôs: vamos adotar um menino. José um doce sem viés de azedume relutará, com argumentações pontuais, vencedoras. Bom marido, trabalhador. Igual a este? Mais nenhum. Dizia Inês à vizinha: você vê Dona Inês, ele dorme cedo, não vai a bares, acorda cedo, melhor não contrariá-lo.
Tal qual disse dona Inês, Jose acordou cedo. Ia à padaria e assustou-se com a visita. Depois do susto ao abrir a porta, José Itaca não acordou Luis. Sereno, retomou o afazer, foi à padaria União, como diariamente, pensou em gastar o tempo, para que este resolvesse, mas quando nisto pensou apertou-lhe o peito, mudou de idéia comprou dois filões a mais, um tanto de mortadela e uma lata de manteiga Aviação. Tens visita seu José, perguntou a mulher do Manoel. Com a voz embargada José Itaca respondeu - vamos dizer que sim. Sem mais nada dizer, senão que uma certa umidade no olhar, partiu célere. Ao chegar, abriu o portãozinho de ferro sempre engraxado, contemplou sem planos o menino, mas decidido troou. Acorde José Itaca Filho.
Atarantado Luis Silva Neto ao abrir os olhos vê o homem a sua frente, tudo em seguida, senta-se onde dormia, e com as mãos espalmadas posta onde sentava, empurrou-se para trás cerrando-se contra a parede. Muitas outras vezes fora flagrado dormindo em próprios alheios. Havia algo diverso.
Quis sair, mas José Itaca interveio.
- Acalme-se meu menino, disse José olhando-o meigamente. Luis da Silva Neto desceu das mãos e com uma delas, mas precisamente com o punho limpou as remelas. Então tentou se explicar.
- Estava com sono, dormi! Diz o menino.
José Itaca pode entender aquela naturalidade. Desde a casa de Dona Inês dormia não onde, sim quando. Quando vinha o sono, dormia. Sempre aos montes, ou no meio às suas beiradas. Nem disso era dono, lugar fixo para dormir.
Eu sei filho, eu bem que sei! Disse José Itaca, acho que tens fome.
O acepipe.
TERÇA-FEIRA, JANEIRO 16, 2007
37. O acepipe. clique em Original para ir ao livro Luises!
A geada resistia aos primeiros raios de sol que pelas frestas dos pinheiros iluminavam as sombras de onde deveriam aparecer os fungos. Cada um escolheu seu caminho. Eu a mote de norte tangenciei o curso de um arroio de águas cristalinas, que descia rumo ao Segre, gelado e fumarento. Estaquei diante de um cogumelo. Admirado, pesquisado e por fim colhido. Com uma faca de cabo longo e lamina curta, cortei o talo acima dos esporos, regra a ser cumprida nessa micologia. Um passo a frente e toda uma família que muito reduziu o tamanho do primeiro. Mas, guardei o primeiro qual indez.
Continuei subindo por uma escarpa que dava em um grotão, que dava para mais além e fui subindo nessa busca infinita do desconhecido e quando consegui chegar ao topo um algo mais ensolarado, dei de frente com um Amanita vermelho com pintinhas brancas. Pesquisei. Alucinógeno. Psilocibina. Dei uma mordida. Achei-me sentado à beira do arroio e contávamos um ao outro o deslumbramento recíproco que sentíamos sua dele transparência indiscutível seu barulhinho ao passar o pequeno estreito formado por grandes calhaus em seu pequeno leito onde pousa o meu retrato colado em suas gneisses de fundo e ele o rio dizia de minha imobilidade, minha coisa nenhuma de alarme de nele se me ver refletir meu saber de que não sendo ele o mesmo e nem mesmo eu sendo no que me transformo sou ainda confiável sem me achar infértil por não ter peixinhos vermelhos a subir por mim meu não lhe tocar para me ter mesmo que o abuso de fulgor que lhe reflito que eu começo a pensar peixes feixes de luz e a ser eu rio eu peixes brilho o que vê e o visto sendo o sol refletido a fonte do calor que me queima e eu a banhar-me em mim beber-me...
Então você também se ausenta?
A todo pulmão aqui.
Recusas?
Qual recusa?
Que somos iguais. E que tampouco esteja inteiramente aqui, seguindo a tal de essência do ser.
Vale! Tenho momentos de fuga à inglesa, e você não é assim?
Sou. Mas penso que isso tudo faz o essencial. Sem projetar-me no futuro ainda que o pretenda e o projete.
Eu não disse que fugia rumo ao futuro.
Eu sei. É que parti do seu -fuga à inglesa- e acabei por complicar, o fato é que, se estou em você é porque eu quero estar em você.
Aqui estamos nós!
Desde Vasco da Gama!
Desde antes!
Andando em círculos!
Desde o inverno da Alexandria!
Se aqui estamos, pra onde iremos?
Que diferença faz inventarmos um dialeto?
Andar em volta de nós mesmos?
Eu quero uma festa sem fim.
Continuaremos aqui?
Vamos na busca da virgindade do mundo!
Sem sabedoria?
Só curiosidade!
Como?
Os sábios estão velhos. E nós seus legados.
Sim, mas, e o mínimo futuro?
O futuro mínimo que vira o máximo?
Nada se esgota em nós, ou fora de nós.
Então que tal a surpresa que enriquece!
Calle Luna.
La rambla.
Porta de Alcalá.
O buraco negro.
O sol.
O centro.
O cerne.
O sal.
Levanto-me e o frio corta minha carne embaixo de musgos e folhas grudadas a pele. Inês pousada sobre uma pedra a beira do arroio. Está nua sentada na pedra, um Buda assanhado que massageia os seios, agora torce a cabeleira e deixa explodir sobre eles. Tem os olhos cerrados, comanda meus movimentos, caminho para ela e sou sua presa dissimulada e ela serpente no deserto cingida, a cabeça saída deste rolo com a boca gretada na direção do sol, eu ratinho metediço corro esquivo em círculos concêntricos num acostamento curioso, ela inerte, eu cativo aproximo-me, tanto mais perto, tanto mais hesitante, mais a fortuna é aguda mais cumprirei o meu fado. Vitorioso entro na boca aberta que se fecha, sua boca engulo até o nariz, mordo sua língua, deixo minha língua ser sorvida, os dentes se tocam, as salivas se baralham, distingo a dela na minha, adocicada, ela desce sua boca pelo meu queixo, lambe o colo, eu sinto os pelos da sua vulva tépida lanosa na minha coxa, a umidade espessa vai se disseminando pelo corpo, sua no meu pé, a boca no meu, engole-o, liberta-o, aboca a glande libertada nos lábios, passa a língua, sua foi-se do meu pé, brota sobre minha boca, minha língua mais viscidez. Venha. Diz Inês. E eu vou. Oh! Inês, minha. Como Eco entro em sua gruta úmida, beijo a sua boca. Vibro harmonicamente como a corda de um arco. Tudo é umidade quente, um frêmito percorre-me, morde a minha boca. Mordo forte seu lábio puxando-o sinto um gosto de sangue então mordo mais violentamente e ela luta e com a palma da mão quer me rechaçar afastando meu focinho então cravo uma dentada e trincho o músculo de seu polegar masco sua carne, um copo se parte, uma espada entra na pedra, um véu é rasgado, relampagueia num mar tempestuoso, gozo. Desfaleço, tombo. Pleno. Durmo. Amo. A satisfação do desejo findo, ali onde já não existe o desejo, e por isso sou feliz. O amor pelo desejo que inventamos é uma sorte de parafernálias, o amor, a posse do desejado, passei a vida a ornamentar o desejo, pentear suas melenas, perfumar os seus odores, o que me impedia de voar sobre o abismo. Inês sabe disso, minto com o eu te amo, mas todo o corpo desmente. Entro por uma horta de quiabos quibebe papa de abóbora grelo de aboboreira refogado com azeite de oliveira, alho e cebola. Vou acordar. Salva-me um caruru, quiabo baba de quiabo, quiabo picado aos centos desde o dia anterior, picado miudinho, Caymi com prosa e cerveja ou água nestes tempos de cuidar do hardware quase acordo. Nina-me um cosme-e-damião. Quiabo picado, cozido afins de livrá-lo de um tanto de baba, camarão seco batido no liquidificador, ou pilado ou macerado com as mãos, castanhas de caju, do Pará e outras que encontrar picados na mesma forma que fizestes com o camarão, no mais, salsa, cebola e alho tudo picado e misturado ao quiabo, dendê de polpa e apure tudo em fogo que queima e os suores vão me acordar vem me o arroz solto ou empapado do jeito que for. Antes de acordar me salva uma boa soneca. Uma quiabada pode seduzir, no que há de baba. Frango com quiabo. Quiabo frito e arroz de alho papado. Vou acordar. Salva-me um par de tomates inteiros recheados com tomilho por um orifício feito onde o tomate se liga a planta, cozinhados no meio do arroz e dois ovos com uma bela pitada de sal sobre cada gema, fritos naquela frigideira que só você usa e que fica escondida no forno debaixo do fogão pra dona Inês não arear até virar espelho. Sarrabulho, sangue de porco e arroz ruins como um tabefe. Vou acordar. Transijo. Folha de taioba picada, tampouco, tanajura, também não. Tatu, tatupeba, teiú, tacacá, tucupi, monte de tarecos, tartufo, não isso lembra corretores, vendedores de carro, tira-gostos tépidos em vitrines prisões de moscas, moço quanto custa essa mosquinha? Mercado municipal. Pordeus! Vou acordar! Só pordeus não acordo! Ver-o-peso. Ribeira! Vou acordar! Vou acordar!.
Gasterea! Gasterea! Chamo e ela não responde. Lembra a tal história do rio que entramos não ser o mesmo do qual acordo. Desperto. Vaguei pelos Pirineus, esquecendo, amargurando, fugindo.
Luis foi preso por canibalismo, cumpriu oito anos de pena. Sem nunca ter recebido uma visita de qualquer conhecido. Tudo que tinha era um livro ensebado lido e relido ao infinito até ser deportado para Campinas, onde foi acolhido no Candido Ferreira. Depois de uma visita da anistia internacional ao presídio de Lérida
29 de out. de 2012
Queimada.
Somos uma sociedade
frágil e impotente diante dos desmandos. Há semanas que estamos
assando sob o sol. Culpas passadas, dizem! Se é passado ou não
pouco tem importância se agora, onde vivo está literalmente dentro
de uma nuvem de fumaça devido a queima da cana-de-açúcar. Em pouco
tempo começarão a chegar voando as palhas queimadas, a fuligem. Me
sinto dentro de um cinzeiro, tal é o cheiro. Uma ligeira dor de
cabeça, pois há mais de hora não sei o que é ar puro. Moro em
Bonfim. Olho para Ribeirão e parece que a fumaça a alcança. Por
momentos chego a pensar que estou só nesse canto do planeta.
Será que temos, como ribeirãopretanos, alguma contrapartida por
conta desse descalabro? Se temos, será que vale a pena tanto
sacrifício? Não amigos, não vale, não vale sequer a água que
haverei de jogar no quintal amanhã pra me livrar dessa neve preta e
brutal.
Baixa per caducitat de la inscripció padronal!
No havent-se pogut notificar als interessats que es relacionen a continuació, dacord amb el que disposa lapartat 4 de larticle 59 de la Llei 30/1992, de 26 de novembre, es notifica amb aquest anunci la baixa per caducitat de la inscripció padronal del municipi de Tornabous, acordada per Decret dAlcaldia 01/10, de 15 de gener de 2010, dacord amb el que es preveu la Resolució, de 28 dabril de 2005, de la Presidència de lInstitut Nacional dEstadística i del director de Cooperació Local, per la que es dicten instruccions tècniques als ajuntaments sobre el procediment per acordar la caducitat de les inscripcions padronals dels estrangers, no comunitaris, sense autorització de residència permanent que no siguin renovades cada dos anys.
Baixa per caducitat de la inscripció padronal del municipi de Tornabous:
- Aparecido Donizeti Galvao, Abdelkrim Alaoui, Jose Fernando Abad, Marya Pyzhyk, Sara Filip, Mariana Grigore, Ladislau Stefan Pap, Cristian Ciucas, Floarea Grazilea Pop, Uladzimir Pyzhyk i Larysa Savanovich.
Tornabous, 18 de gener de 2010 Lalcalde, Amadeu Ros i Farré
Baixa per caducitat de la inscripció padronal del municipi de Tornabous:
- Aparecido Donizeti Galvao, Abdelkrim Alaoui, Jose Fernando Abad, Marya Pyzhyk, Sara Filip, Mariana Grigore, Ladislau Stefan Pap, Cristian Ciucas, Floarea Grazilea Pop, Uladzimir Pyzhyk i Larysa Savanovich.
Tornabous, 18 de gener de 2010 Lalcalde, Amadeu Ros i Farré
Um Tico, um teco.
Trecho de um livro escrito em 2006, diariamente neste blog luises. o livro
TERÇA-FEIRA, OUTUBRO 31, 2006
10. Um Tico, um teco.
Outros no entanto não tiveram tal sorte......Era uma vez Tico. Que fora pititico. Ainda menor que Luis. Hoje é grande. E dizem que já é demaior. Ninguém sabe. Certidão nem tem. Corre risco de morrer sem mesmo registro de nascido ter. Tem da vida todos tais anos que não podem ser medidos, senão que via um carbono raro. Mas quantos? Todos? Sim muitos! Queiloses todas pelo corpo, mais que anos? Ou mais que raros carbonos. Quem pode saber! “A mãe disse que me teve com treze, ou foi o Lico que morreu? A mãe não sabe, lembra de uma novela, qual seja, Vale-tudo, não foi em antes? Mas a mãe dizem que o pai matou! E matador fugiu para São Paulo, ah! Se achasse o pai! Juro que matava”. Ficam as marcas. Uma aqui é vacina, ali perto do fígado só pegou por fora, no bucho mesmo, nenhuma. Essa ai na perna é tiro? É. Policia? Tico não sabe se fogo amigo. Menino. Um montão de fugas pelo brejo, descampado, saltando muro, caindo e rasgando a pele em quiçaças. Hoje! Agora mesmo, entra na boca com quinze mangos enrolados apertados na palma da mão fechada e sai dela com papel no lugar do quinlão e uma luz diferente pisca na entrada do beco, “não moço dá um tempo, dá volta, sujou”, mas não era nem e assim de rápido se pá! Limpou. Mais quinze para Tico dar para Lilica, depois Lilica distribui. Agora o papel é para o moço conhecido. “Caprichado” diz esse sendo ele muitos, Caco, Caico, Caíque Kiko, Tatá, até mesmo doutor advogado João Alberto, candidato ao erário, do tanto que ainda não foi abiscoitado, músicos sem e com música, os que acham e os que são, os que não são e os que não acham, só por folia, só aos sábados, de domingo, de segunda, de terça, papel papéu, papér, excelente e tar. Se quisesse era só armar uma rede e ir pescando. E Tico cantava.
... Vida me levar
Vida leva eu,
Deixa vida me levar
Vida leva eu.
Frio que faz olha que frio fazia e Tico descalço num calção e numa camiseta “Rezaistes para senador”. Muita suja a camisa, mas não de hoje, já lavada e ainda suja, encardida, mas isso não é ruim, ruim mesmo é estar rasgada e torta por causa do pano ruim do corte ruim e tanto ruim que quase que saia pelo ombro esquerdo a gola alargada e torta. Está mesmo frio e Tico põe os braços por dentro, ficam as mangas tortas balançando sem os braços que se cruzam sobre a boca do estomago dentro da camisa, rasgada encardida e torta. Frio. O cão na barriga e o cano no púbis. Frio. Tico esfregando a sola de um pé no peito do outro, esquentando, distraído, olhando o olho do gato ou ratazana rebrilhando farol de mais um carro. Sujou diz, dá uma volta, limpou, quinze, papel, papéu, papér, excelente e tar. Moço atenção! Todo cuidado é pouco, Tuim morreu ontem, “os home?” “‘m se sabe” “fogo amigo?” “Pode se”. Então agora do topo falta Lilica para Tico ser patrão. Isso põe caraminholas na cabeça do menino. A mão no cano dentro do calção, Tico sorri, vai ser patrão do Branda, desce mais as mãos dentro do calção, pega segura, passa no cano do três oito, fica um pouco excitado, tem uma vontade de fazer uma zoeira, fazer uma barca no Cambuí e descer com a Samanta para Ubatuba e depois faz outra barca lá e subir. Mas Samanta ainda é de Lilica. Pode ser amanhã. Medita Tico e conclui: “Não essas coisas não se deixam para depois, tem que ser hoje, mas hoje ainda vai longe, quase até amanhã e dizque Lilica lê intenções nos olhos”. E pensativo pensa. “Advinha tudo tem parte...”. Pondera em si, e pergunta: “Já pensou ele desconfiar de mim?”. Só para responder: “Não eu não seria siso de fazer sem nenhuma de boa de chance”. Conclui: “Melhor sossegar os pensamentos”. Farol no olho do gato, “não moço”, “apaga a luz de dentro”. Todo sussurros diz e rediz: “Sujou, olha os home lá éivem, agora não”. Agora Tico tem umas contas desacertadas comendo miolos de dentro da cabeça dele. Dizem que numas assim tem que ter o dedo leve e coração frio qual barata! Ou os nervos nervosos de aço? Tico não sabe e fica nervoso, de não saber. Dá um rolê brou: Kiko, Nico, Caco, Caico, Caíque tanto faz. Nervoso orienta com sinais. Rolê, Rolê mano, soletra sussurra, com cara de ódio medo. A policia chega e pára, desce na toca, Tico entra na toca e pá pá pá pá pá pá. Dois na cara, dois no peito bem no meio para não estragar a peita de botões abertos e dois nos pés descalços dele também para se acaso morto ande. Lilica de deitado na cama com Samanta, deitado ficou meio para sempre. Samanta não chora, é mulher do patrão da hora, do outro, desse e do próximo é só se manter assim gostosuda apertada dentro do short vaginal. Samanta sabe o que ninguém sabe e que não dirá a ninguém e mesmo que quisesse, não poderia. No mais as pessoas daqui ninguém mesmo liga ou dá ouvido pensa ela. Então é prática e revira os bolsos de Lilica. “Isso é meu pertence”. Samanta diz a Tico. Ele nem discorda, mas tira o da mão dela, nem palavra falada dita foi ouvida nem da outra parte nem da uma.
Tico rei canta:
“Vida leva eu,
Deixa vida me levar,
Vida leva eu”
Tico vestido tudo de marca, não o patinho voando, mas sim bumerangue parado no ar no tênis, camisa de Lilica, calça de Lilica, e o tênis. Lilica tem pé muito grande, mas vestiu o naique pegou Samanta pela mão e saiu da toca e Boca disse “vai fazer uma zoeira patrãozinho, vai hoje é o seu dia, aproveita” Boca é mais velho tem quarenta, e nunca foi patrão, diz que não quer, mas Tico quer e Tico fez o que queria fazer. Foi para Ubatuba. Tudo isso antes de saber que ia matar o prefeito, depois não matar, e depois nem sabe se matou, nem acha que foi ele, podia matar, mas não lembra se pediram, se pediram! “Fui eu”, porque não conhecia o prefeito, mas se pedissem, mas foi e não foi e Tico anda confuso. Pra uns diz que sim e que não pra outros. Mas antes de estar confuso está em Ubatuba com Samanta e passa peróxido cremoso no corpo inteiro grande de Samanta, Samanta jamanta podia ser artista e riscando na areia úmida faz um coração e uma flecha que o atravessa, deixa Tico ver não, Samanta apaga tudo de sua arte nuvem mudou quimera o que foi não era e o que era não foi, não bailarina não poderia ser, ela é muito grande, Tico fica menor ainda perto de Samanta, ela borcada com a cara socada na areia, sem canga, sem toalha, rola e é um croquete, com o buço, muito buço, mas muito brancos, os pelos das pernas, dos antebraços também peroxidados, correm para água gelada e Tico nem Samanta sabem nadar. Tico mergulha no raso, rala a barriga na areia preta do fundo que também entra no calção, no cabelo. Enquanto Tico se livra da água que lhe entra pelo nariz, balançando a cabeça atirando a água retida nos cabelos. Samanta olha pra um coroa branquelo sentado numa cadeira plástica do quiosque e ele tomando caipirinha. Tico pergunta sem consciência negra: “ você vai preferir a coca laiti?” Samanta diz que não. Ela gostou do ciúme. Ele quase se arrependeu do zelo. E mesmo dentro do mar gelado o dele ficou grande, ficou duro, beijou, passou a não por dentro da asa delta verde limão dela, foram mais pro fundo ele afastou para o lado a asa delta e amou melhor que Lilica escolheram um outro carro que não o que os trouxe a praia.ela disse: “ era brabo, mas na hora do vamos ver...” Ele não disse que era a primeira vez dele. Ela sabia. E calou.
Eles voltaram?
Não.
Foram enterrados e desenterrados, para que a perícia lesse em seus corpos os escritos deixados pelas balas, e o capsógrifo desse pergaminho nunca foi traduzido...
... Vida me levar
Vida leva eu,
Deixa vida me levar
Vida leva eu.
Frio que faz olha que frio fazia e Tico descalço num calção e numa camiseta “Rezaistes para senador”. Muita suja a camisa, mas não de hoje, já lavada e ainda suja, encardida, mas isso não é ruim, ruim mesmo é estar rasgada e torta por causa do pano ruim do corte ruim e tanto ruim que quase que saia pelo ombro esquerdo a gola alargada e torta. Está mesmo frio e Tico põe os braços por dentro, ficam as mangas tortas balançando sem os braços que se cruzam sobre a boca do estomago dentro da camisa, rasgada encardida e torta. Frio. O cão na barriga e o cano no púbis. Frio. Tico esfregando a sola de um pé no peito do outro, esquentando, distraído, olhando o olho do gato ou ratazana rebrilhando farol de mais um carro. Sujou diz, dá uma volta, limpou, quinze, papel, papéu, papér, excelente e tar. Moço atenção! Todo cuidado é pouco, Tuim morreu ontem, “os home?” “‘m se sabe” “fogo amigo?” “Pode se”. Então agora do topo falta Lilica para Tico ser patrão. Isso põe caraminholas na cabeça do menino. A mão no cano dentro do calção, Tico sorri, vai ser patrão do Branda, desce mais as mãos dentro do calção, pega segura, passa no cano do três oito, fica um pouco excitado, tem uma vontade de fazer uma zoeira, fazer uma barca no Cambuí e descer com a Samanta para Ubatuba e depois faz outra barca lá e subir. Mas Samanta ainda é de Lilica. Pode ser amanhã. Medita Tico e conclui: “Não essas coisas não se deixam para depois, tem que ser hoje, mas hoje ainda vai longe, quase até amanhã e dizque Lilica lê intenções nos olhos”. E pensativo pensa. “Advinha tudo tem parte...”. Pondera em si, e pergunta: “Já pensou ele desconfiar de mim?”. Só para responder: “Não eu não seria siso de fazer sem nenhuma de boa de chance”. Conclui: “Melhor sossegar os pensamentos”. Farol no olho do gato, “não moço”, “apaga a luz de dentro”. Todo sussurros diz e rediz: “Sujou, olha os home lá éivem, agora não”. Agora Tico tem umas contas desacertadas comendo miolos de dentro da cabeça dele. Dizem que numas assim tem que ter o dedo leve e coração frio qual barata! Ou os nervos nervosos de aço? Tico não sabe e fica nervoso, de não saber. Dá um rolê brou: Kiko, Nico, Caco, Caico, Caíque tanto faz. Nervoso orienta com sinais. Rolê, Rolê mano, soletra sussurra, com cara de ódio medo. A policia chega e pára, desce na toca, Tico entra na toca e pá pá pá pá pá pá. Dois na cara, dois no peito bem no meio para não estragar a peita de botões abertos e dois nos pés descalços dele também para se acaso morto ande. Lilica de deitado na cama com Samanta, deitado ficou meio para sempre. Samanta não chora, é mulher do patrão da hora, do outro, desse e do próximo é só se manter assim gostosuda apertada dentro do short vaginal. Samanta sabe o que ninguém sabe e que não dirá a ninguém e mesmo que quisesse, não poderia. No mais as pessoas daqui ninguém mesmo liga ou dá ouvido pensa ela. Então é prática e revira os bolsos de Lilica. “Isso é meu pertence”. Samanta diz a Tico. Ele nem discorda, mas tira o da mão dela, nem palavra falada dita foi ouvida nem da outra parte nem da uma.
Tico rei canta:
“Vida leva eu,
Deixa vida me levar,
Vida leva eu”
Tico vestido tudo de marca, não o patinho voando, mas sim bumerangue parado no ar no tênis, camisa de Lilica, calça de Lilica, e o tênis. Lilica tem pé muito grande, mas vestiu o naique pegou Samanta pela mão e saiu da toca e Boca disse “vai fazer uma zoeira patrãozinho, vai hoje é o seu dia, aproveita” Boca é mais velho tem quarenta, e nunca foi patrão, diz que não quer, mas Tico quer e Tico fez o que queria fazer. Foi para Ubatuba. Tudo isso antes de saber que ia matar o prefeito, depois não matar, e depois nem sabe se matou, nem acha que foi ele, podia matar, mas não lembra se pediram, se pediram! “Fui eu”, porque não conhecia o prefeito, mas se pedissem, mas foi e não foi e Tico anda confuso. Pra uns diz que sim e que não pra outros. Mas antes de estar confuso está em Ubatuba com Samanta e passa peróxido cremoso no corpo inteiro grande de Samanta, Samanta jamanta podia ser artista e riscando na areia úmida faz um coração e uma flecha que o atravessa, deixa Tico ver não, Samanta apaga tudo de sua arte nuvem mudou quimera o que foi não era e o que era não foi, não bailarina não poderia ser, ela é muito grande, Tico fica menor ainda perto de Samanta, ela borcada com a cara socada na areia, sem canga, sem toalha, rola e é um croquete, com o buço, muito buço, mas muito brancos, os pelos das pernas, dos antebraços também peroxidados, correm para água gelada e Tico nem Samanta sabem nadar. Tico mergulha no raso, rala a barriga na areia preta do fundo que também entra no calção, no cabelo. Enquanto Tico se livra da água que lhe entra pelo nariz, balançando a cabeça atirando a água retida nos cabelos. Samanta olha pra um coroa branquelo sentado numa cadeira plástica do quiosque e ele tomando caipirinha. Tico pergunta sem consciência negra: “ você vai preferir a coca laiti?” Samanta diz que não. Ela gostou do ciúme. Ele quase se arrependeu do zelo. E mesmo dentro do mar gelado o dele ficou grande, ficou duro, beijou, passou a não por dentro da asa delta verde limão dela, foram mais pro fundo ele afastou para o lado a asa delta e amou melhor que Lilica escolheram um outro carro que não o que os trouxe a praia.ela disse: “ era brabo, mas na hora do vamos ver...” Ele não disse que era a primeira vez dele. Ela sabia. E calou.
Eles voltaram?
Não.
Foram enterrados e desenterrados, para que a perícia lesse em seus corpos os escritos deixados pelas balas, e o capsógrifo desse pergaminho nunca foi traduzido...
Guarani Kaiowá..
É impossível,
desumano e reputo de estupidez abissal se colocar contra os
autóctones. Todavia devemos sair dessa coisiquinha bonitinha de
palavras ao vento. Tais como as de que: Eles são os brasileiros
verdadeiros. Eles são ou foram as civilizações guaranis,
tupinambás, tapuias, aimorés, tupis etc que perderam a guerra para
a civilização do homem branco. E guerra no sentido lato e
civilização no sentido estrito.
Hoje, para eles o que
está em jogo é a propriedade – o que restou dela – e o modo de
vida deles – o que restou dele –. Em ambos os casos tudo anda muito rarefeito, e a nossa civilização - lato senso - quer o que resta.
Sendo, a posse da terra – aqui do lado de fora das aldeias, no mundo capitalista, esse que circunda todas as terras indígenas e não indígenas - nada mais que apossar-se de terra ou de qualquer propriedade alheia, e é o modo mais simples existente para se passar do capital zero a
sujeito de posses – é nada mais nem menos que roubo. Como já
disse um monte de vezes, que o Vicente Golfeto disse outro tanto de
vezes: – todos somos repetitivos – no ladrão está a gênesis o
catalizador do capitalista e do acúmulo de capital e ambas as coisas
querem dizer o mesmo ( capitalismo), isso não acontece com os
comunistas, que pensam de outra forma, dizem que pensam, mas os comunistas não existem, tampouco o comunismo, somente dentro das aldeias, quiçá. O tal do cogito ergo sum, não serve para a relação de posse e de produção material de vida, nisso a coisa tem que ser material, não basta sonhar ou pensar em ter, tem que ter.
Ocorre, porém, ser o
silvícola, individual ou tribal, ser tutelado pelo estado. Como
autóctone não têm o certificado, carteirinha de cidadão. Quer-se
dizer com isso, entre tantas outras, que não têm capacidade de
posse da terra, não no sentido capitalista da coisa, com direito a
vender, trocar etc. Têm-na para usufruir, um quinhão isolado, mas
esse isolamento é imperfeito. As fronteiras são abertas. Exige-se cuidados excessivos ao Estado, falta Estado, sobra deveres ao Estado
e sobra direitos ao cidadão...
Muitas vezes, os
caramurus, são seduzidos por colares de contas, falsos brilhantes ( o primeiro me
chegou, como quem chega do … trouxe um...) inclusivamente vindos do
exterior, lembrem do espinho.
A igreja católica apostólica romana de Ribeirão Preto, naquele antão, se
apossou das terras do quadrilátero das avenidas e cobra laudemio até hoje,
essas terras eram, também, daqueles ou de outros índios –.
O posseiro quer a terra, quer tomar
posse, capitalizar. Existem muitas técnicas, dizem que umas humanas outras
desumanas. Para mim ou são todas humanas, se
cometidas por humanos?
A
pergunta séria nesse âmbito é:
Os índios devem permanecer
isolados, ou deve-se levar a cabo o processo de desnaturalização,
aculturamento que lhes temos impostos de 1500?
Ou ainda,
seremos quem decidirá essas e outras por eles?
Poderíamos
devolver-lhes um tanto de terra, e que nessa terra criem seu estado
livre. Pode que em pouco tempo estejam nas mãos do primeiro vendedor de
espelho, cachaça e gelo?
23 de out. de 2012
Bola de Sebo. Maupassant.
Os prussianos haviam
chegado a Ruão. Conquistado é a palavra. Os normandos são bons
negociantes. E meia duzia deles negociou com oficiais invasores, uma
fuga consentida. Três casais nobres, duas religiosas um republicano
e uma garota de programa. A puta, gorda, por tanto levou comida, os
outros, iriam comprá-la pela estrada. Nevou. Perderam tempo e a fome
veio antes da pousada. Comeram a comida de Bola de Sebo, era assim
seu nome. Chegados ao albergue onde passaram a noite, foram impedidos
de partir, por outros oficiais prussianos, invasores da Normandia. O
oficial queria, porque queria Bola de Sebo. Ela ensebou duas noites.
O estalageiro chegava à mesa do jantar e perguntava: Madame L mudou
de ideia?
E reiteradas vezes disse não. A nobreza reuniu-se e botou em prática
um plano de persuasão, com participação das freiras, que
salientaram que Abraão mataria toda família se deus assim quisesse,
e faria isso e era o bem, porque o fim justificava os meios. Mme.
Elisabeth Rousset, assim ela se chamava, por intermédio do anfitrião
mandou avisar de uma indisposição. No outro dia partiram
para Havres. Na carruagem não lhe falaram mais, na hora de comer,
como ela havia saído direto da cama do Oficial, não trazia
provisões, e eles não lhas deram. Ela chorou até chegar em Havres.
De vergonha e de fome.
22 de out. de 2012
Brainstorm. A tempestade do Poupa-Tempo da Saúde.
Brainstorm é uma ferramenta, o must na
criação publicitária; já a Sturmabteilung tem origem na mesma
tempestade: Sturm. Sendo a última, SA, quem levou Adolf aonde todos
sabemos. Nada disso tem importância aqui agora, ou sim, dado que o
Poupa-Tempo da Saúde deve ter sido fruto de uma dessas tempestades festejadas, que ocorrem nas oficinas de propaganda. E o cara sai gritanto Eureka! Eureka! Não teria importância, nenhuma, se não
tivesse se transformado na principal plataforma - programa de governo - do candidato a prefeito da cidade de Ribeirão Preto. Assim apresentada, a proposta, me remete aos tempos de candidaturas ao Grêmio do colégio, em que
uns vindicávamos, coxinha pela metade do preço e outros cortinas para as classes de cara ao sol, bom
lembrar que o sol era o mesmo, um pouco mais moço que esse de hoje,
mas brilhava com a mesma intensidade. Poupe o tempo e deixe o barco afundar.
Feche os olhos da TV.
Estou em campanha.
Desde menino já dava meus palpites no assunto político. Certa vez,
seu Osvaldo Sampaio, antigo tabelião de Bonfim, onde eu trabalhava,
me convidou para ir comer um lanche no Bar do Cipó, que ficava na
outra quina da esquina. Tomava minha tubaína mordiscando o pão com
mortadela, com a orelha comprida na discussão de seu Osvaldo com seu
Humberto Toni, eu fazia o segundo colegial, tive boas aulas de
revolução industrial, revolução francesa e modo de produção,
assim que já tinha a centelha 'rebelde'; eles estavam entre Ademar
de Barros e sei lá do outro, eu disse que sem liberdade não se
podia escolher nenhum, creio, de pronto veio um gancho de direita,
seguido de cruzado de esquerda do seu Humberto “ você não nasceu,
você veio a furo”, dei um gole de tubaína àquela massa de pão
que de pronto fechara minha glote. Não parei mais, apesar da ofensa
seu Humberto sempre que aparecia lá pelo bar, vinha ter comigo e
nunca mais lhe neguei fogo, nem ele me negou, nunca mais,
importância.
Fizeram cagadas
homéricas com o patrimônio cultural e arquitetônico bonfinense,
por exemplo, a praça no lugar da Estação 'Inglesa' da Fepasa, o
viaduto, a pintura interior da igreja entre outras tantas. Hoje rui o
prédio da CPFL sem dó e sem pena.
Hoje passei a manhã
panfletando pelo Gustavo, rapaz vigoroso, potente e cheio de
ideias e ganas de realizar tanto as ideias como a ele próprio, é
assim, quem tem sonho, quem não tem sonho, não sei o que tem, nem o
que é.
Já mudei de partidos,
minha primeira filiação foi em 1981, e sigo filiado até hoje e
penso que é de suma importância a participação política, é das
últimas heroicidades que restaram aos homens e mulheres, fora a
criminalidade. Com política ainda se pode mudar o mundo, para o bem
ou o mal, os outros heróis só mesmo no gibi.
É um trabalho hercúleo
ser candidato diante de uma massa amorfa, que diz simplesmente, “Eu?
Eu não! Eu não gosto de políticos nem de política!”
Bestagens meus amigos,
vá para a rua, encontre o candidato que 'ainda que aparentemente'
tenha as 'ideias' próximas das suas, vá com ele e os outros,
encontre outros e defenda as ideias coincidentes, debata, enfrente
elegantemente quem se opor, é uma atividade que oxigena. Você verá
quanta gente pensa diferente de você, quanta gente quer coisas
diferentes daquelas que você encontrava como perfeitas, as melhores.
Você verá que nem todos, ou nenhuns querem o quê você oferece,
defende.
Depois de passar a
manhã nesse exercício físico, primeiro, pela caminhada, mental
pelos debates, é hora de um bom churrasco, para contar o que se
passou, como fazíamos depois do jogo de futebol.
Tire o cu da cadeira, e
descadeire-se de tanto caminhar, sua noite será melhor, você
entenderá um pouco das dificuldades políticas a que estamos metidos
até o nariz. E todas as decisões até agora se deixou a cargo dos
outros, sim o político é o outro, e tomará decisões com ou sem a
sua participação, mas participando você poderá influenciar, se ao
menos tiver como contrastá-lo, encontrá-lo, cobrá-lo.
15 de out. de 2012
Futebol brasileiro inventa “a roda” a cada partida.
Tenho visto algumas
partidas do campeonato brasileiro, mas não consigo assisti-las até
o fim, me cansam. Me cansam os passes errados, me cansam os
analistas, me cansam os ufanistas, me cansam as triangulações que
quase, sempre quase, a todo momento, quase, e quase dão certo.
Quase também não há
ladrão de bola, porque as bolas são retomadas via passes errados,
fintas impossíveis, em que o cara pensa que é o Bip Bip. Me cansam
os mergulhos. O novelismo, quer dizer, a péssima arte cênica
praticada e em demasia, são tapas na cara que não existem, e
acabam me acertando, o tapa na cara da encenação exagerada, à moda
cine trash, caras e bocas de novelas ralés.
Quando era menino e me
aventurava com a camisa 8, dizia o seu Justo nosso treinador: Olha a
segunda bola. A segunda bola tradicional é aquela que o goleirão dá
o balão para o meio de campo, e salve-se quem puder, normalmente o
becão dá uma cabeçada para onde o nariz aponta. É essa a segunda
bola, anda meio desaparecida, porque os goleiros já não dão tanto
chutão, se bem que na última rodada eles abundaram. Pois bem, essa
segunda bola deve ser marcada, porque é a retomada da posse que
interessa. Outra segunda bola muito comum é o rebote da gorducha
alçada na entrada da grande área, e o aproveitamento desse esférico
é importantíssimo, porque recoloca o time que o alçou ao ataque
novamente e muito próximo do objetivo e com a zaga bagunçada. O
Corinthians tem praticado de alguma maneira essa retomada. Mas, o
Palmeiras, ontem, por exemplo, nada fez para reconquistar a pelota.
Entretanto há uma infinidade de segundas bolas, de rebotes que a
equipe não está preparada para eles, como se não soubessem de tal
possibilidade. De tal forma que nestas zonas intermediárias se dá o
linchamento da esfera. A bola é mastigada, pisada, maltratada até
que alguém “não” acerta um tapa na cara do outro, mesmo assim o
outro se atira como nenhuns dos adversários de Cassius Clay ousaram.
Assim me parece uma
verdadeira farsa: o treinador; o professor; o engambelador. Era o
caso do Palmeira de Luiz Felipe Scolari. Uma, sozinha, jogada, e
quando o Marcos Assunção acusou a idade, a jogada foi para o
beleléu. Digo farsa pelo fato que o fundamento de recuperar a posse
é fundamental no futebol, sem a posse, salvo em inexistente caso,
não há gol. Então, o treinador que vai, pouco, além de
psicologismo motivador, deveria motivar e treinar posicionamentos que
viabilizassem a retomada da criança. Mas não existe este treinador,
salvemos as exceções, sempre, é regra.
Outra jogada endeusada,
pelos cronistas esportivos e consortes, é o aparecimento do
'homem-que-vem-de-trás, o elemento-surpresa. Sempre tivemos esses
elementos surpresas, mas surpreso me coloco quando tal elemento
produz, que seja pífia surpresa, porque na maioria dos casos é um
canudo sem rumo e sem direção. Vide Dunga, Mauro Silva, e outros,
já que há infinidade desses elementos sem surpresas e não caberia
num mega.
No futebol brasileiro,
hoje, quem tem se destacado com essa jogada é Paulinho, no
Corinthians. E parece obvio, posto que a jogada que favorece seu
aparecimento é justamente a retomada da posse de bola no momento em
que o adversário pensa tê-la, e se relaxa, e se desarranja, se
desarruma, abre espaços etc. O São Paulo dos últimos jogos,
explorando a velocidade de Lucas e o posicionamento avançado de Luiz
Fabiano, tem se aproveitado dessa retomada, mas esta jogada
são-paulina se assemelha mais ao contra-ataque.
O Grêmio de
Luxemburgo, que tem aproveitado das características gauchas, tem
imposto pressão. Seus jogadores, sem a bola, ocupam sim o campo
adversário, mas é atabalhoadamente, sem organização, é no
folego; na raça; no arrocho, tanto que quando a reavêm, a perdem
com a mesma intensidade e frequência, como já disse não há
planejamento estratégico, da Arte da Guerra só aprenderam os berros
e o acosso e das simulações: os mergulhos, as caras de dores e um
troiano e pouco mais.
Tal desorganização
tática e a falta de treinar fundamentos, como roubar a bola, retomar
a segunda bola tem nivelado os times no campeonato, excetuando o
Fluminense que tem um esquema de jogo alem de Deco e Fred, o São
Paulo se destaca mais pela diferença patrimonial de Lucas e Luiz
Fabiano. E o Santos é o que mais caracteriza esta ausência
estratégico-tática, se valendo alguns momentos da inspiração de
Neymar.
As partidas ocorrem
dentro de um clima de absoluta casualidade, logo após o toque curto
do centro-avante, depois do apito inicial, esta é a única certeza.
Pois dai em frente não há uma triangulação que termine em jogada
clara de gol, sempre há um capote forçado, a busca incessante para
receber uma falta na entrada da área, ou mesmo à beira da
linha-de-fundo. Os pontas não cruzam na cabeça, mesmo na direção
de alguém, planejadamente, simplesmente alçam-na à área, quando
não, chutam-na no adversário, em busca do esquinado, que se posta
na linha lateral da área grande, e lá dentro da pequena quando ela
passa é onde se dá verdadeira rinha de galos, com mais cristas que
esporas.
A qualidade de nossos
jogadores é indiscutível. Porque são capazes de criar a partir do
nada, partindo da não referência. O Barcelona com pouco mais que
Messi, consegue ser hegemônico internacionalmente nos últimos anos.
E quê o Barça faz?
Segue à risca os fundamentos do futebol. Segundo meu amigo José
Gabriel a jogada perfeita é aquela perpetrada e eternizada por
Clodoaldo na copa de 1970 no México, o 'roubo' da bola, o drible, o
passe, o chute a gol, claro o gol.
O
Barça se movimenta em busca da segunda bola, mais que pressionar
individualmente cada jogador adversário que tem a posse de bola,
marcam exatamente a bola, querem a bola e a retomam geralmente
interceptando passes, muitas vezes, curtos devido ao avanço de suas
linhas. O Barça se apodera da maioria das segundas bolas, seja na
entrada da área, na intermediaria e no meio campo. Depois
triangula, à beira de um ataque de nervos, mesmo porque seu jogador
mais insinuante é o Quixote Iniesta, seguido pelo Sancho Messi que é
quem faz a síntese, Messi não tem devaneios. O futebol brasileiro
anda discutindo a posse de bola, faltosamente, o futebol moderno não
discute, dá botes certeiros, planejados, rarefazendo as faltas, pois
não se chega atrasado na disputa, ou se chega em condições de
equilíbrio e retomada ou então se cerca sem agredir. Esse modo de
praticar o futebol em que estamos encalacrados, inclusivamente, tem
dificultado a ação da arbitragem, excetuando sempre os árbitros
fracos, e os sem caráter por vezes. Flamengo e Cruzeiro fizeram um
tipico jogo disputado, um perde e ganha sem fim e cansativo, onde os
gols saem por birra e espirros e embustes malogrados. E quando houve
uma jogada planejada, Wagner Love de espantado perdeu a chance, dado
que mesmo a jogada concatenada e planejada lhe estava fora do
escript, a verdadeira surpresa é a jogada arquitetada.
Assim
a cada jogada o jogador brasileiro tem de reinventar a roda do
futebol, procurar um companheiro em posição, decidir se sai pela
direita para receber, se avança, e quando avança a bola lhe vem ao
calcanhar – houve uma infinidade de bolas passadas no dito
contrapé, ou atrás, aos calcanhares do próprio companheiro, como
se tivessem se conhecido naquele dia, e dissessem: hei vamos bater
uma baba, uma pelada. E assim vamos criando mitos.
14 de out. de 2012
Zeus e Hera.
O velho, sempre vociferando contra a acanhada formação de nossos
mestres, seus preconceitos, essa capacidade repugnante de botar todos
num mesmo saco, e suas absurdas surdezes. Mas naquela noite no bar,
no Dionisio's Bar, entre uma Colorado e outra, disse-lhe: “É a
coisa mais fácil ser bonita. Você deveria estar contente, feliz por ser tão linda, mas vejo que fez uma opção mais feroz, de ser uma
mulher critica, independente, inteligente e que me parece gostar da
igualdade entre homens e mulheres”. Ela morena de 26 anos, metade de minha idade, açodada em vaidades, olhou-me com aquelas amêndoas, apartadas por nariz adunco, fino, da
aquilínea adequação dessa miscigenação. Quis falar e ia falar, sei que
ia, mas seu coração impediu, aparecendo junto a sua língua, e a engasgou. Com o
indicador o empurrei, a que voltasse para o lado esquerdo do palpitante peito.
Abaixo o INSTITUTO DA REELEIÇÃO.
A democracia custa muito dinheiro. Custa tanto que a maior fatia da arrecadação estadunidense, ou mesmo quase toda ela, se destina à democracia, seja nos matizes belicista, propagandista, intervencionista – frente a países ditos não democráticos – e principalmente na manutenção do sistema – no caso, o capitalista – no seu sentido mais amplo a democracia custa, entretanto, menos que outros regimes.
Tirante os excessos, o subsídio da vereança não se constitui em fator gerador de problemas à democracia ou ao erário nacional, estadual ou municipal. Somado, que esta remuneração está na base da piramide remuneratória dos três poderes, e é sempre bom lembrar, que os juízes estão no topo desta piramide, com decaimentos de pontos percentuais, partindo-se do máximo subsídio nacional que os têm os ministros do STF, até chegar ao menor dentro do judiciário, o dos juízes das primeiras instâncias. Mesmo assim andam atolados em montes de processos, que tardam décadas, isso também serve de ponto de partida para discussões onde o soldo é levado em conta..
O político não se torna profissional pelo subsídio que percebe, óbvio, também por ele, que seja dito, mas pela possibilidade da eterna reeleição. Esta, sim, é de fato o cerne da questão.
A reeleição gera um enraizamento do político, a tal ponto que temos, no caso ribeirãopretano, político com dez reeleições. Imaginemos este caso em particular. Tal vereador – como é sabido, e faz parte dos pactos, acordos ( que os não-democratas tendem a chamar de barganha) e da legalidade – nomeia cargos de confiança – dentro da lei orgânica e da CF 1988 – e os ocupantes destes cargos se perpetuam dentro da Administração Pública. Gerando o famoso e inexorável, ao menos em nossa casa, patrimonialismo.
Não devemos esquecer que a CF 1988, originalmente, não previa tal deformação, coube entretanto ao grande democrata, tal invenção, por intermédio de um verdadeiro golpe, trata-se, e é importante se lembrar, da Emenda Constitucional 16. Famoso Instituto da Reeleição.
E é esse golpe acachapante, que hoje sai pela culatra, e eterniza o PT no governo federal, já que no horizonte próximo e democrático, não há liderança política nacional para “desalojá-lo”. Assim como do PSDB no governo do estado, e deus sabe o que se fará para a troca em ambos os casos e palácios.
Se quisermos defender a democracia, acabando com o profissionalismo, deveríamos fazer desaparecer o Instituto da Reeleição, porque o demais é maquiagem.
E maquiagem por maquiagem pediria que os juízes fossem impedidos de ministrar aulas, por excesso de petições, juízos, e o acumulo das funções de juiz de comarca com o de juiz eleitoral, etc e mais, como pode viajar, o juiz, depois de um largo dia de trabalho, que exige concentração e estudos. Afinal é a vida política, econômica, biológica e a liberdade do outro que está em jogo e nas mãos dele (juiz). Depois a volta pelo mesmo caminho, nas altas horas da noite para o recesso do lar, cansado, despertar-se para uma longa jornada (dupla) de trabalho! O que se vê é que salário não é solução para nenhum dos três poderes. Porque é menos viável um juiz, com segundo emprego, que um vereador assalariado. Mas operar mudanças em ambos os casos seria mero make-up, seja, lançar impedimentos. A revolução francesa acabou com a inamovibilidade, anteriormente se estendia a todo o funcionalismo público, hoje só os Juízes são inamoviveis, e os MPs! Entretanto me parece salutar.
Salta aos olhos que discussão política, nesse momento pátrio, não é argumentativa, é histérica esterilidade. Entretanto, meus amigos, “filosofar” “hoje em dia” é tão fundamental quanto foi para a Grécia de Sócrates, talvez mais ainda, porque é na esteira da histeria que corriqueiramente, na história brasileira e mundial, se dá vez ao aparecimento de falsos milagres e por conseguinte de falsos santos. Um juiz, não só ele, deve ser contra o linchamento, nem deve ouvir clamores, principalmente os populares, porque históricamente, muitos caudilhos, duces e fuhres foram fruto da demagogia, do populismo.
11 de out. de 2012
Mensalão | Paredón via charge de Dalcio Campos.
Se quero refletir a
respeito da realidade, por incrível que possa parecer, devo recorrer
a grandes artistas. Nesse caso em particular, encontrei numa charge
de Dalcio Campos, um dos maiores cartunistas do país – que publica
no Correio Popular de Campinas – o material pronto. A síntese de
nosso momento político.
O pelotão, o
fuzilamento subjaz, e a justiça cooptada, alinhada às baionetas e
tudo sob a batuta do Ministro Joaquim. Por um momento me lembrei do
processo de Danton. Só o clima, nunca a essência, por esgarçamento
da putrefação dos ideais revolucionários. Sou homem do meu tempo e
isso é pura imagem, não imaginação.
No entanto El Paredón
e este Juízo são fatos que se retroalimentam nas ranhuras, nas
brechas, nas frestas do nosso tempo. É a luta de classe encarnada,
ou desencarnando, como queiram, e qualquer que seja a escolha, é na
carne que se sente toda vingança, e toda vingança pede outra, e
para quem não sabe, isso é retroalimentação.
É um julgamento que
começou e terminará jorrando sangue e lama. É no demais, repetição
de histórias, como dizia Hegel, o primeiro a terminar com ela,
sempre serão levados ao cadafalso os mesmos, pelos mesmos. Dirão:
começa uma nova história! O Brasil passado a limpo! Tá! E os
outros?
É uma velha pergunta que me ocorre. E os outros?
E a resposta é e será sempre a mesma: você estava com as pedras na
mão e a vidraça está rompida!
9 de out. de 2012
Santinhos?
Para
melhorar a qualidade do voto, antes temos que melhorar a qualidade de
nossa charcutaria.
É
básico. Se não sabemos escolher a calabresa, a pergunta já vem
implícita, vou redundar, como poderemos escolher políticos? Há
vários caminhos e argumentações possíveis para seguir a analogia.
Fazer
do político calabresa, é fazer do seu fabricante o povo - seu
gerador-. O político nasce, emerge do e no seio da sociedade. Os
políticos não vêm de outro planeta. Assim como a calabresa tem
origem bem conhecida – ou deveria ter procedência, ingredientes
etc conhecidos – o quê nem sempre é verdadeiro. E por incrível
que pareça é mais que analogia, é a origem – como muitas outras
situações – da falta de qualidade do voto. Excetuam-se as raras
butiques, de luxo, onde algum produto nacional é diferenciável pela
qualidade, além do rótulo, no demais a escolha se dá pelo preço,
porque todas são ruins.
Entretanto há quem acredite, via
publicidade, que há diferenças significativas entre uma e outra,
sendo todas produzidas a toneladas, cozidas pra dedéu, lotadas de
sal via nitrito de sódio uma infinidade de produtos químicos ora
reguladores, potenciadores de sabor, corantes, aromatizadores,
extensores (que ligam água e gordura) etc.
Quero
dizer com isso que a escolha, como ela se dá hoje, é mero exercício
de consumo. E volta-se à partida. Como consumidores não sabemos
escolher embutidos!
Desta
maneira é fácil compreender como as grandes industrias gastam mais
em publicidade que no desenvolvimento da qualidade, para realmente
diferenciar o seu produto. Não precisa ir muito longe, uma das marcas de
cerveja mais cobiçadas pela massa, de memória, nada fez senão
mudar sua apresentação, chegando ao cúmulo, para vender o mesmo
como melhor, diz que antes todas empanzinavam, incluso ela mesma. Aonde
isso nos leva?
Aos Santinhos.
Passei
o dia 'ajudando' meu candidato. À porta da zona eleitoral, montes de
santinho, santinhos aos montes, fica melhor.
Por
que? Porque o eleitor,
parte dele, de todas as classes, pesquisa visual, empirismo, pois o
colégio onde 'trabalhei' é secção dos moradores dos condomínios
que circundam Bonfim. Vi muita gente agachar e colher uma 'santa'
criatura e ir por ele votar. Havia disfarces. Enfim detalhes
novelescos. Somos um povo novelesco, atuamos como se fossemos
personagens dessa grande novela. Não sabemos dizer o não ou o sim,
sem intercalar uma novela. A prova cabal é a quantidade de votos
totalmente fora de contexto, votos em candidatos que nem sequer
colaram cartazes, ou vieram aqui, ou distribuíram santinhos antes,
somente no dia forraram o asfalto, passou um eleitor, pegou, votou.
O
desinteresse em participar da vida política, o que é em si fatal,
leva a que o eleitor seja tratado como consumidor, o que é
absolutamente real. Antes da eleição escrevia sempre pedindo a
participação. Devemos participar, nem que seja com o espírito
festeiro, porque é uma festa.
Um
delegado de partido, ficou i-n-d-i-g-n-a-d-o com a montoeira de
papeis, encontrou uma vassoura e começou a varrer, santa crueldade,
o homem vestido pelo seu partido no limite da legalidade, teve a
pachorra de ir buscar sua pick-up, também ela toda adesivada,
estacionou bem na boca do colégio... eu estava lá, e disse-lhe,
pouco, sendo do partido que era!
Agora
para um povo que joga tudo na rua, restos de sorvete, copos de água,
vasilhames em geral etc, coisas que fazem essa indignação
novelesca, como já disse, é uma atitude hilariante por postiça.
O
sujeito – verdadeiro suíço! - a se espantar com os santinhos, é
para c. de rir.
5 de out. de 2012
YHVH.
Há muito tempo um povo
esqueceu-se de como se pronuncia o nome de Deus. Na origem dos
tempos, não há provas, esse povo pronunciava seu nome, mas com o
passar dos tempos, deixou de fazê-lo. Dizem que era de difícil
pronuncia. De tal modo que, delas, havia muitas. Mas sempre houve
quem a soubesse fazer corretamente. Este, dizem, houve, por bem,
espalhar a norma qual não se podia errar a pronunciação do nome
divino. O povo que já não sabia corretamente, passou a não dizer
seu nome. Para não dizer em vão. Passou então a representá-lo por
YHVH e nem sempre, oralmente, o faziam integralmente, YHVH, mas ora
Yha, Yoh , Ye ...Ie-hovah, ou em composição Jah (substituiu-se em
português o Y por J) Jah é o Ser; Iao, iu-piter, com a mesma
significação; ha-iah, hebr., foi; ei, grego, es; ei-nai, ser; an-i,
hebr., e em conjugação th-i, Eu; e-go, ich, i, m-i, t-ibi, t-e e
todos os pronomes pessoais nos quais a vogal i, e, ei, oi, representa
a personalidade em geral, e as consoantes n, s ou t, servem para
indicar o número de pessoas. No mais se discute acerca dessas
analogias; eu não me oponho a isso, porque nessa profundidade, e
com minha abissal ignorância, a filologia é uma nuvem ou puro
mistério. O que importa é que a relação fonética dos nomes
parece traduzir uma relação de ideias, não de pessoa.
Eu sou Eu, disse deus a
Abraão, e trato contigo... E disse a Moisés: Eu sou o Ser. Falarás
aos filhos de Israel, e lhes dirá: O Ser me envia a vós. Estas duas
palavras o Ser e Eu, tem na sua língua original – a mais religiosa
que jamais falaram os homens – a mesma característica. Numa outra
ocasião YHVH, fazendo-se legislador por intermédio de Moisés,
atesta sua eternidade e jura pela sua essência, diz, em forma de
juramento: Eu: ou melhor redobrando energias: Eu, o Ser. Assim o Deus
do hebreus é o mais pessoal e o mais voluntarioso de todos os
deuses, e nada melhor que Ele para expressar a intuição da
humanidade.
Esse isolamento e a
falta de comunicação, manteve a alma humana absorvida no egoismo
animal, e a ausência de movimentos divinos, foi mudando pouco a
pouco a vida social que ficou rotineira e mecânica, eliminou a ideia
de vontade e de providência divina. Isso foi mortal.
Os chineses por sua
vez, conservaram em suas tradições a recordação de uma religião
que havia deixado de existir entre eles desde o século V ou VI da
nossa era. Coisa mais surpreendente ainda, é que esse povo –
singular –, ao perder, esquecer o culto primitivo, parece ter
compreendido que a dinvindade não é outra coisa que o eu coletivo
do genero humano; de tal sorte que desde a mais de dois mil anos,
China, nas suas crenças vulgares, já havia chegado às últimas
novidades do ocidente. No I-Ching se diz: O que o céu quer e
entende, não é mais o que o povo quer e entende. Ou ainda: O que o
povo julga digno de recompensa e de castigo, é o que o céu quer
castigar ou recompensar. Há uma comunicação íntima entre o céu e
o povo; que os governantes estejam atentos e sejam reservados.
Confucio disse o mesmo
de outro modo: Ganha o afeto do povo, e ganhará o império. Perde o
afeto do povo e perderás o império. Essa a razão geral.
Em Tao-te-King, que não
é mais que a critica da razão pura, ou seu esboço, Lao Tsé
identifica com o nome de Tao a razão universal e o ser infinito.
É estranho, mas a
religião morre pelo progresso e também, vide China, pela
imobilidade.
Sem prejulgar a
realidade ou não realidade de deus, admitamos, que deus seja outra
coisa que a razão universal ou o instinto coletivo, é preciso saber
o que é a razão universal. Porque a razão universal não está na
razão individual, melhor, só existe empiricamente, quer dizer, não
é possível deduzir, a priori, ou induzir ou sintetizar.
Noutras palavras, se
tivesse nascido em Java, falava javanês, ainda mais desconcertante é
o fato: se ainda houvesse nascido no Brasil, e desmamado levado a
Java a uma família javanesa, falaria javanês. Supondo que ao
contrário de ser levado a uma família humana, fosse levado a uma
família de hipopótamos – e sobrevivido – não falaria coisa
alguma, que não o hipopotamês.
Noutras palavras: Se
toda humanidade desaparecesse, e deixasse vivo alguns casais de bebês
e que estes sobrevivessem, e constituíssem sociedades, tardaria,
talvez, uns milhares de anos para se estabelecer a ideia de deus,
concordando que a tal sociedade repetiria os nossos passos, sem os
saber.
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