13 de out. de 2010

DISCRIMINAR. parte I

E o Fafafa
– este deu lances altos, todo lado comigo, no combate velho do
Tamanduá-tão: limpamos o vento de quem não tinha ordem de
respirar,

joão guimarães rosa. GSVeredas.


Grande faculdade humana ao longo da história ( humana) – pode que exista outra - é a discriminação, com o subjacente juízo de valor. O se deparar com um indivíduo de outra tribo, concorrente direto por alimentos, por exemplo, não implicou obrigatoriamente na solução, é dizer, extermínio do outro, ou de toda a tribo. Pode que se fez cara feia, ou lançaram-se uns contra outros com berros e caretas, ou ainda pintou-se e por qual motivo não se insinuarem em processos sedutores, afinal a cooptação também é um modo de submeter o outro. Que se dava que se deu? Uma resposta fácil: aquilo deu nisso.
Discriminar com a suficiente adequação do juízo de valor foi e é um instrumento necessário – nem sempre suficiente – à sobrevivência. Seu primeiro uso e de uma necessidade absoluta é nos permitir saber: o outro não sou eu – ainda que o outro seja uma representação da minha vontade – o que significa dizer que este sempre será outro até a minha morte. Na adolescência, na esquizofrenia e em outras psicopatologias, certos indivíduos dessas classes se confundem com o outro, por mera ociosidade da vontade tendem a querer – querer este a constar: de uma “fervorosa” morbidez – ser o outro.
Salvo tais psiques em seu pathos – dificilmente curáveis - o que concerne à idade passará com o tempo, sem prejuízo das exceções para que se tenha a regra, os incuráveis adolescentes tardios.
Em rigor a discriminação evoluiu tal qual a circunstância em que se produz a vida, seja seu modelo de produção e a natureza e as atividades naturais do planeta. De outra maneira, a discriminação é intuitiva. A intuição por sua vez é o salto que se dá desde o conhecimento inconsciente. Trata-se de um salto qualitativo, longe de ser um salto no escuro, inconsciente, mas sim fruto que é de uma sabedoria primeira, anterior. Um analfabeto diante de uma oração sintática e gramaticalmente correta nada intui. A intuição implica uma sabedoria, um conhecimento prévio e posteriormente a conceptualização.
Se a discriminação é intuitiva, e a intuição é baseada em um conceito e este conceito é pré-estabelecido por uma sabedoria, dizer da discriminação: preconceito, é dizer o próprio conceito da coisa em si. Tal redundância é mais que um problema de semântica. Tal redundância está no centro de grande parte das questões atuais, tanto quando dizem respeito ao questionamento em si, quanto às suas soluções. Posto é que se o problema é mal formulado, quaisquer respostas são possíveis e desnecessárias a uma só vez

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