19 de out. de 2010

DISCRIMINAR. a natureza da propriedade privada

Disse Calderón de la Barca que a vida é sonho.
Degustaçao.
Sueña el rey que es rey, y vive
con este engaño mandando,
disponiendo y gobernando;
y este aplauso, que recibe
prestado, en el viento escribe,
y en cenizas le convierte
la muerte, ¡desdicha fuerte!
¿Que hay quien intente reinar,
viendo que ha de despertar
en el sueño de la muerte?
A vida é uma invenção humana e como se apresenta, desumana.
Se alguma força vem assomar meu pequeno reino e me despoja de tudo que pensava meu, e por força passa a outro pertencer. Tanto não era meu, como dele tampouco será, havendo alguém mais forte, e é regra a existência de um mais forte a exceção é a que não me despojassem.
Qualquer norma regulamentadora para o dito acima será a regra de uma exceção. Dito de outra maneira seria generalizar o particular em detrimento do geral, exceção pela regra. Tal coisa faz parte do mundo do pesadelo. Sendo um pesadelo um gênero da espécie sonho.
Recreie-se com jgrosa Ah, naquele tempo eu não sabia, hoje é que sei: que, para a gente se transformar em ruim ou em valentão, ah basta se olhar um minutinho no espelho – caprichando de fazer cara de valentia; ou cara de ruindade!Suavemente digo que as tais regulamentações estão ai por toda parte como moldura barata para pintores despojados das minimazissimas orgulhosidades humanas necessárias e suficientes.
Deus foi um dos regulamentos. O poder divino. Depois como o pessoal passou a não dar muita bola para deus, veio o tal do cercamento, lá na Inglaterra gloriosa. A cambada foi expulsa do campo, preterida a ovelhas. Começava o estado de direito. O estado de direito é o direito do estado. Temos de saber quem é o estado. O estado é a propriedade. Não existe propriedade sem estado nem estado sem propriedade.
Recreio. Machado de Assis. Memórias Póstumas. - Não, senhora – replicou a Razão -, estou cansada de lhe ceder sótãos, cansada e experimentada, o que você quer é passar mansamente do sótão à sala de jantar, daí à de visitas e ao resto.”A mim toca dizer: Deus e o Estado de Direito não se afogam. É mais provável o pato Donald se afogar que tais entidades impiedosas.
Dai o pesadelo que é viver na vida da exceção. Se viver é sonho, quantos sonhos podemos sonhar. Quantas formas com suas cores e seus sons e seus pães de queijo poderíamos sonhar quantos recheios para estas formas! Mas não.
Não.
Recreio. Albert Camus. O Mito de Sísifo.
Nunca vi ninguém morrer por causa do argumento ontológico. Galileu, que sustentava uma verdade científica importante, abjurou dela com a maior tranquilidade assim que viu sua vida em perigo. Em certo sentido, fez bem. Essa verdade não valia o risco da fogueira. É profundamente indiferente saber qual dos dois, a Terra ou o Sol, gira em torno do outro. Em suma, uma futilidade.”

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