14 de out. de 2010

DISCRIMINAR. hora do recreio.

“Zé-Zim, por que é que você não cria
galinhas-d’angola, como todo o mundo faz?” – “Quero criar
nada não...” – me deu resposta: – “Eu gosto muito de mudar...”
joão guimaraes rosa grande sertão,v...




Alguém pode pensar que eu sou favorável à discriminação. Não é bem isso. Eu quero aprender, ou estabelecer critérios discriminadores, enfim puerilmente ensinar a discriminar.
Por exemplo: Henry Ford apregoou incerta feita que: Você pode escolher o Ford T da cor que quiser desde que seja preta. Essa piada mercadológica pode parecer singela, mas é coisa séria. Não duvide que todos que compraram Ford T tenham discriminado a cor preta dos seus sonhos ou da preferência familiar.
Agorinha deve estar toda uma família às voltas com a cor preta do seu novo carro preto. Note que as cores que circulam são: preta, cinza (no fundo é preta), prata (cinza disfarçada=preta).
A cor da maioria dos botecos de Ribeirão Preto é amarela. A cor da maioria dos revestimentos de fachada na Avenida 9 de julho é amarela.
A maioria dos bares de Ribeirão Preto tem o mesmo desenho, deve ser o modelo comum do auto Cad.
Lembro-me de uma época que algumas pessoas temiam o comunismo pelo simples fato de que fossemos vestir roupas iguais (não a mesma). Observando bem podemos dizer que somos comunistas. Pior ainda somos Maoístas, pois, as roupas, ademais de serem iguais são de igual cor.
Neste recreio poderia inserir uma série infinita de escolhas idênticas desejosas de diferenças. E outra de diferenças querentes de igualdades.
Por quanto tange estas ociosidades da vontade, nada a temer. A questão tem sizo no que é assaz pertinente às questões vitais humanas. Liberdade de pensar, criar, expressar DIFERENÇAS.
O jeans único, o carro único, as cores únicas geram economias de trabalho, FACILIDADES.
O que pode acontecer em níveis menos quiméricos, que o mesmo perfume ( o verdadeiro, o falso, o de grife e o chinês), nos âmbitos da coisa intangível que é a liberdade de escolha.
Um programa de arquitetura substituiria todos os arquitetos menos um, o que cria o programa. E assim por diante um programa cronista, historiador, tocador de piano, enfim essa coisa binária (sonho de Leibniz) substituindo este quase apêndice que é a capacidade de discriminar, eleger entre coisas diferentes quando há diferenças, pois quando diferenças não há, não há diferenças a discriminar.

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