Estamos
equidistantes do golpe e da revolução. Há que se fazer boa
escolha.
Se para alguma coisa
pode servir o que está se passando desde julho 2013, seria para de
uma vez por todas, nos darmos conta, que nem a ditadura acabou; nem
o império e o escravagismo morreram e foram enterrados
definitivamente. Sempre se ressuscita algo. À caserna há sempre
alguém desperto. Porque estas estruturas estão enraizadas,
somatizadas por todo o território, mais enraizadas, que nós alegres
cidadãos pensávamos. E pensar o tanto que nos custou construir a
democracia recente, não era para se ver o que se tem visto. Já, por
agora, de uns meses cá, com rápidos movimentos, e demolidores
gestos, se nos arrastam o véu da inocência, graças sobretudo ao
impagável trabalho dos meios de comunicação. O poder podre por
natureza, se retroalimenta do seu despudor, tudo em nome do
enriquecimento desmedido dos já detentores da fortuna desde sempre,
umas quantas famílias que se repartem o botim enquanto nem sequer
aceitam que a escória mal viva. E assim sendo, querem que se
deprimam , e que se humilhem por uma quimera. Estas gentes que não
fizeram mal algum e que se dedicaram a pôr em prática os princípios
elementares da convivência e dedicação ao trabalho, agora
recompensados com a vexação social e a solidão do impotente.
Entretanto não
creia, não tornarão a ser como eram. Ainda que a tal parcela, com
princípios bem diferentes, fazem do uso e abuso da posição,
contatos, ocultação de bens e prevaricação, sempre atrás de um
discurso impoluto, pense bater à porta do céu. Estão ai os tiques
da ditadura, da falsa aristocracia, dos estratos de sangue real, de
senhores de engenho, de capangas, de novos-ricos, de nova e velha
classe média. A arquitetura deste arcabouço é largo, longo e
sólido em suas genealogias, e na sua onipresença. Isso que digo se
manifesta tanto em palavras, como em fatos, como ainda pouco na
Paulista, sem a oposição veemente e necessária, outrossim, com o
beneplácito dos meios de comunicação social, dos partidos
oposicionistas aliados. Poderia se dizer que quem cala consente,
mas é mais que
isso, na verdade contam com sua vênia, em troca de continuarem
‘insuspeitos’ a espreita, para ver que cai da mesa, para então
se apropriarem. Mas não creiam, que se não aceites os resultados
dessa falácia democrática – a que nos sujeitamos a lustros sem
conta – tampouco aceitar-se-á um governo advindo de um golpe.
Porque os tempos são outros, por todos os lados. E se olharmos por
este prisma, está tão perto um golpe, quanto uma revolução.