27 de ago. de 2012

Globalização II, a Educação.


A tecnologia rompeu a barreira do tempo e do espaço, aproximando pessoas e povos.
Deslocando a vida das pessoas das suas localidades originárias e convertendo o mercado de massas em 'nichos' especializados. Nos quais as possibilidades de 'escolhas' para a compra de produtos, e a sensação de liberdade para tanto, nunca foi tão intensa.
O mundo se tornou habitado por: empresas, clientes, lugares, idades, classes sociais, sexualidade, enfim identidades e culturas que se comunicam de um modo jamais visto.
Estas mudanças atravessam fronteiras em âmbito mundial, integrando em novos arranjos sociais: comunidades e instituições. Tornando o mundo em realidade e experiências mais conectado.
É um processo que produz efeitos em quaisquer sujeitos e em diferentes culturas nos confins do mundo. Processo que produz efeitos que permite constatar que os países ricos e os pobres, têm aberto um fosso cada vez mais abissal entre os que têm e os que não têm e acma de tudo valorizando a informática, as imagens, o consumismo, o individualismo e o particular, em troca do espaço público.
Cabe lembrar que não se trata de um fenômeno recente, pois está enraizada na origem do capitalismo que desde o seu inicio foi um elemento de escala mundial, não se limitado às fronteiras dos Estados. Bastando atentar ao processo de colonização imperialistas nos últimos três séculos.
Contemporaneamente as tentativas são de homogeneização dos comportamentos, das identidades culturais, extirpando primeiro as identidades nacionais.
Abro um parêntesis para uma questão 'anedótica' que diz respeito à ideologia e o nacionalismo e sua  crueldade é tamanha que um estadunidense empunhando uma bandeira da sua pátria  faz dele um patriota, enquanto um outro indivíduo num outro rincão do planeta ao exibir a bandeira de seu pais, quando pouco é um nacionalista racista, populista, mas na maior parte das vezes sem mais nem menos é visto, ou quer que se o veja como um terrorista.
Voltando às tentativas e aos processos reais de homogeneização e regulação dos comportamentos dos indivíduos, deve-se inserir na discussão o papel da escola.
De um lado o que se vê é a quase total incapacidade da escola, em geral, no processo de humanização do jovem, adolecnete etc. Porque a escola se transformou no local de preparação do sujeito para o mundo do trabalho, ou seja, atuar na sociedade, mas na sua bem determinada forma de ser.
E o modo de ser da sociedade globalizada é ter comida indiana, não só na grande metrópole mas em quaisquer rincões, e quem diz indiana diz Tai, e vemos o Mini inglês perambulando em Manga, lá no extremo norte de Minas Gerais, ou um Skoda tcheco em Bonfim Paulista. Hábitos forçados, que alteram os locais e os habitantes.
Mas e a educação? Há uma profusão de horários alternativos para a consecução de cursos e os cursos à distância. Tudo para atender as necessidades do mercado,  alem da variedade de cursos ofertados, há instituições que oferecem cursos que se iniciam as 5:45 h da manhã ou às 23 h. Esses alunos frente a necessidade de adequação dos seus horários de trabalho acabam por elaborar outras formas de comportamentos, suas horas de sono, alimentação, transporte, a sistematização dos seus estudos e as relações que estabelece: amorosas, de amigos, parentais, de lazer etc tudo é alterado. Não só o indivíduo que vê o mundo de ponta cabeça,  mas  toda a localidade, que acaba por se adaptar aos novos horários, afins de prestarem os serviços 'fora de hora' – há infinidade de ambulantes satisfazendo as necessidades dos 'fora de hora' – mas também o serviço público, em geral em descompasso, também é obrigado a atender as necessidades dos 'fora de hora', como o transporte público, aumentando assim o custo operacional dos serviços, pois tudo se transforma em demanda social. Porque tudo e todos devem se enquadrar nessas mudanças, que primeiro foi pessoal, mas logo dada sua intensidade: são mudanças sociais, logo deslocamentos culturais, para terminar em novas identidades.
São políticas de âmbito globais incidindo na vida de todos, pois tudo e todos devemos nos enquadrar nessa lógica contemporânea . E quanto mais as identidades são mediadas pelo mercado mundial de 'estilos' e 'imagens' divulgadas pelas mídias, mais 'as identidades' são desalojadas, se deslocam de suas tradições e suas posições de origem. Nesse jogo de imagens, sedução somos confrontados a uma serie de 'imagens' de identidades culturais diversas, que nos fazem crer que só fazemos e  o fazemos porque  nos convém, sem nos darmos conta aos apelos que são feitos a cada 'parte' de nós. Então o consumismo se instaura, realidade ou desejo, nos condicionando ao supermercado global.
Ao mesmo tempo há também as resistências à globalização, pois no jogo humano, sujeição e recusa é presença obrigatória, desde o Senhor e o Escravo fundacionais. E as resistências têm encontrado voz tanto na extrema direita nacionalista, e também no fundamentalismo religioso e em ambos os casos há pouca ou nenhuma possibilidade da diversidade. Estabelecendo uma espécie de violência contra o 'outro cultural'.
Mas de modo geral o que se tem constituído são identidades híbridas, fluídas e descentradas.
A escola deve se adaptou às realidades de mercado pós fordista, e  a remuneração, hoje, se dá pelas horas trabalhadas, acabando de vez com os contratos coletivos, e conseguinte fim do salário mensal e das garantias sociais.
O mercado pós fordista é caracterizado pela instabilidade. Novas demandas do trabalho: novas habilidades e flexibilidades a ponto de a mudança de emprego ser a constante no decorrer da vida do trabalhador; mão de obra cada vez mais internacionalizada e competitiva, conceito de equipe como norma; maior uso da força de trabalho; produção intensiva do capital. Tudo levando a desespecialização e desemprego. Criando uma grande polaridade, onde há a grande especialização e melhor remuneração, e a pouca especialização a baixa remuneração. Basta ver um caderno de emprego – basta folear o A Cidade em Ribeirão Preto – para nos darmos conta da alta demanda em setores como limpeza e segurança.
A intensificação da busca pelo capital intensificado, produção intensiva de capital, exploração máxima não combinou com os ganhos salariais dos trabalhadores com o advento dos sindicatos, a crise do petróleo, a guerra ideológica dos anos 70, a 'necessidade de diminuir custos' fizeram o Estado ceder em arrecadação de destino social, nos países desenvolvidos, e a consequente geração de uma verdadeira guerra entre os que são atendidos pela segurança social e os que não são, como temos visto, a destempo, no Brasil.
Salta aos olhos que a escola pública tem se especializado em certificar profissionais para as demandas de baixa especialização.
Apesar do discurso que aponta para altas tecnologias, a verdadeira demanda de trabalhadores é para as linhas de montagens que exigem pouca ou nenhuma especialização. Esse descompasso proposital, ideológico, faz o jovem sonhar e no sonho se põe a aprender idiomas, por exemplo, e tudo que fará é montar um aparelho cuja especialização exigida é a paciência, rapidez e trato fácil, seja manso. Talvez essa seja a falha na escola pública, pois não tem conseguido a contento amansar os adolescentes nacionais.
Diante dos baixos salários os trabalhadores têm se dedicado a mais de um trabalho, junto com um sistema de prestação de serviços públicos que não consegue satisfazer as necessidades, pode-se observar um aumento de doenças. Em contrapartida, e ideologicamente, se prega a pratica de exercícios, que nada mais é que a ampliação de um nicho de mercado, o mercado esportivo.
Diante da 'falência' do Estado, que distribui a maior parte das riquezas às empresas, que no bem estar social; há empresas, estadunidenses como a Burguer King, Apple etc, criam suas próprias escolas, com intuito de produzir profissionais capazes de reproduzir a lógica neoliberal, de mercado à perfeição.
No Brasil, o Bradesco, Sesc etc seguem desde os anos 60 esta mesma lógica.
A lógica do G7, Banco Mundial e das corporações transnacionais. Para quem quiser ver, pode-se buscar por uma conferência do estadunidense Noam Chomsky por World's Corporations, e pra quem não sabe, Noam Chonsky é um dos fundadores do MIT, ou ainda procure por Eduardo Galeano e Jean Zigler. El orden criminal del mundo.
Finalizando ocorreram e ocorrem, no país, mudanças no nível Econômico, Politico e Cultural.
No âmbito Econômico há eliminação de impostos, a prazos determinados, mas dada a incidência, pode-se contar como eliminado o IPI, sem reforma tributária, a grita pelos autos impostos, eliminação de tarifas de exportação e outras, criação de zonas de livre comércio, a presença em nível mundial de instituições como Visa, a disponibilidade a qualquer tempo e lugar dos capitais financeiros, a bolsa de Tóquio abre quando fecha as Europeias, e ao fechar Tóquio abre Nova York, etc. Fusões de emprego, enfraquecimento dos Sindicatos com a nomadização das empresas, que vem e vão como tempo, vento, a magnificação do consumo primando mais pela conveniência que pela qualidade.
No âmbito político o Estado deve equilibrar  quatro imperativos: capital financeiro transnacional, as organizações nacionais e não nacionais e não governamentais, pressões e demandas domesticas e aos grupos que lhe dão apoio.
No âmbito Cultural. Os meios de comunicação, TV a cabo, internet, a maior mobilidade das pessoas por países diferentes pela ventura da industria do turismo, as religiões globais, o mundo dos esportes, Olimpíadas, Copa do Mundo, ou o marketing esportivo que faz multidões saírem para seus passeios vestidos no rigor esportivo, tudo feito pelos patrocínios e patrocinadores.
Mas há nisso tudo um discurso que tenta traduzir a inescapabilidade da globalização, mas há ainda no planeta países intocados por ela, portanto a escola deve estar atenta para discutir e planejar suas práticas pedagógicas, que visem a ética e a cidadania para que possamos atuar com dignidade.  

26 de ago. de 2012

Como nasce um meme? Ecce Homo.


'É proibido proibir' é um meme. Vale  o mesmo para: 'A censura é uma bobagem'. Outro meme : ' O cão é o melhor amigo do homem'. A única coisa efetivamente espantosa nesses memes todos é que os repetem e os reproduzem os que proíbem, censuram e abandonam seus cães.
Os fatos: A Europa em crise, a Espanha, particularmente afundada nela, a tal ponto que de amarguras econômicas e de seus apocalipses prometidos, andavam todos saciados. Nesse contexto à restauração birrenta feita por uma anciã ao Ecce Homo de uma igreja de Saragoça desse volta ao mundo. Uma velha tão beata, quão inocente e sua peripécia cômica concorriam com infinidade de fatos risíveis que aconteciam pelo mundo afora e os venceu.
Penso que vivemos o momento, 'que se foda', Snafu, situation normal, all fucked up, e nessa desrazão o Ecce Homo da Cecilia rodou por mais de 130 países, e tanto faz, roda como roda uma piada, catástrofe ou a prova de uma corrupção.
E tanto faz, snafu, se o mundo já não tem ordem moral ou cultural, e algo particular se transforma em epidemia mundial. Outro fato interessante é da autora ser uma avozinha. Se os jovens dizem, 'que se foda', a velhinha também o diz.
Ela uma humilde pintora aragonesa, que com sua audácia causa um dano inimaginável ao já desgraçado Ecce Homo, pintado por outro pintor medíocre e sem importância artística. O espanto está em que o fato tenha sido estampado no NYTimes, Le Monde, ElPais, A Folha, O Estado, A Cidade, ou seja a vitória da banalidade no centro “mesmo” do 'sublime'.
Ah, o mundo da estética. Oh, o fechado círculo da estética, onde o feio muito feio deriva em grotesco, e o grotesco se assemelha ao risível, ao final, um mal-estar oferece bem estar, e da repulsa vai-se à simpatia.
Foi o que a velhinha, de um Cristo carcomido pela umidade e o salitre, com a força de sua audácia inocente, fez um filho de deus mais feio que a Araci de Almeida.
O meme é imprevisto, como aqui na Rede nos tornamos imprevistos, ainda que inicialmente parecíamos mais infantis, ou adultos se comportando como crianças, não nos transformamos em seres pueris, mas mais bem em cínicos.      

Voto Obrigatório.




A cidadania implica em direitos políticos, seja participação política ativa ou passiva, elegendo ou sendo eleito. Este conceito é constitucional, desde a revolução francesa, e da carta dos EUA. A estadunidense foi mais longe a cada homem vinculou um voto. Os franceses e o resto do mundo tardou um bocado mais, e a paridade só foi conquistada no âmbito de muita luta, na França revolucionária só votavam os proprietários, e sendo machos, se preferirem não femininos. Chego a identificar a falácia da democracia, mas a prefiro aos outros sistemas. Aqui o voto é duplamente obrigatório, seja normatizado na carta de 1988 e na própria definição do conceito de cidadania. Quem não tem direitos políticos, não é cidadão, nem lhe cabe a obrigatoriedade legal. Cidadão vota ou é votado. Mas vejo uma terceira obrigatoriedade, esta deve vir do fato de o humano ser essencialmente “Animal Politico”. Pode-se discutir as formas, direta, indireta, pois a não participação política importa no mais absoluto esvaziamento humano. Dado que os outros animais, também têm seus líderes, mas o processo de escolha é nada dialogado. Se ausentar do processo político é se aproximar dos outros animais, ainda que em detrimento deles, digo eu, antes que o digam.
Entretanto, se alguma voz se levanta contra a obrigatoriedade do voto, mais das vezes, não fala ´só por si'. Carrega sempre uma esperança absurda, de, sendo um que sabe votar, a não obrigatoriedade levaria  àqueles que 'não sabem'  a não o fazerem, aumentando assim a porcentagem dos votos “mais lúcidos”. Seria leviano adjetivar tal pensamento. Ele existe sem pressupostos. Lendo o caderno Especial do jornal A Cidade: Eleições 2012, onde há uma pesquisa detalhada da escolaridade do eleitor ribeirão-pretano, concluo, que mesmo se o escrutínio fosse como já foi na Inglaterra – ou ainda é – onde o eleitor com 'nível' superior vale por dois, ainda assim a diferença permanece abissal. No mais, se não se tratar desse mero 'prejuízo' descarado, a multa por não votar é insignificante, e além dela não trazer sequelas ou contraindicações.    

24 de ago. de 2012

Dia do Leitor. Dia de Borges.


A Argentina estabeleceu dia 24 de agosto como o dia do leitor, dia do nascimento de J.L.Borges.
De
Siete Noches.

LAS MIL Y UNA NOCHES
SEÑORAS, SEÑORES:
Un acontecimiento capital de la historia de las naciones occidentales es el descubrimiento
del Oriente. Sería más exacto hablar de una conciencia del Oriente, continua, comparable a la
presencia de Persia en la historia griega. Además de esa conciencia del Oriente —algo vasto,
inmóvil, magnifico, incomprensible— hay altos momentos y voy a enumerar algunos. Lo que me
parece conveniente, si queremos entrar en este tema que yo quiero tanto, que he querido desde la
infancia, el tema del Libro de Las mil y una noches, o, como se llamó en la versión inglesa —la
primera que leí— The Arabian Nights: Noches árabes. No sin misterio también, aunque el título es
menos bello que el de Libro de Las mil y una noches.
Voy a enumerar algunos hechos: los nueve libros de Herodoto y en ellos la revelación de
Egipto, el lejano Egipto. Digo “el lejano” porque el espacio se mide por el tiempo y las
navegaciones eran azarosas. Para los griegos, el mundo egipcio era mayor, y lo sentían misterioso.
Examinaremos después las palabras Oriente y Occidente) que no podemos definir y que son
verdaderas. Pasa con ellas lo que decía San Agustín que pasa con el tiempo: “¿Qué es el tiempo? Si
no me lo preguntan, lo sé; si me lo preguntan, lo ignoro”. ¿Qué son el Oriente y el Occidente? Si me
lo preguntan, lo ignoro. Busquemos una aproximación.
Veamos los encuentros, las guerras y las campañas de Alejandro. Alejandro, que conquista
la Persia, que conquista la India y que muere finalmente en Babilonia, según se sabe. Fue éste el
primer vasto encuentro con el Oriente, un encuentro que afectó tanto a Alejandro, que dejó de ser
griego y se hizo parcialmente persa. Los persas, ahora lo han incorporado a su historia. A
Alejandro, que dormía con la Ilíada y con la espada debajo de la almohada. Volveremos a él más
adelante, pero ya que mencionamos el nombre de Alejandro, quiero referirles una leyenda que, bien
lo sé, será de interés para ustedes.
Alejandro no muere en Babilonia a los treinta y tres años. Se aparta de un ejército y vaga por
desiertos y selvas y luego ve una claridad. Esa claridad es la de una fogata.
La rodean guerreros de tez amarilla y ojos oblicuos. No lo conocen, lo acogen. Como
esencialmente es un soldado, participa de batallas en una geografía del todo ignorada por él. Es un
soldado: no \e importan las causas y está listo a morir. Pasan los años, él se ha olvidado de tantas
cosas y llega un día en que se paga a la tropa y entre las monedas hay una que lo inquieta. La tiene
en la palma de la mano y dice: “Eres un hombre viejo; esta es la medalla que hice acuñar para la
victoria de Arbela cuando yo era Alejandro de Macedonia.” Recobra en ese momento su pasado y
vuelve a ser un mercenario tártaro o chino o lo que fuere.
Esta memorable invención pertenece al poeta inglés Robert Graves. A Alejandro le había
sido predicho el dominio del Oriente y el Occidente. En los países del Islam se lo celebra aún bajo
el nombre de Alejandro Bicorne, porque dispone de los dos cuernos del Oriente y del Occidente.
Veamos otro ejemplo de ese largo diálogo entre el Oriente y el Occidente, ese diálogo no
pocas veces trágico. Pensamos en el joven Virgilio que está palpando una seda estampada, de un
país remoto. El país de los chinos, del cual él sólo sabe que es lejano y pacífico, muy numeroso, que
abarca los últimos confines del Oriente. Virgilio recordará esa seda en las Geórgicas, esa seda
inconsútil, con imágenes de templos, emperadores, ríos, puentes, lagos distintos de los que conocía.
J o r g e L u i s B o r g e s S i e t e n o c h e s
2 2
Otra revelación del Oriente es la de aquel libro admirable, la Historia natural de Plinio. Ahí
se habla de los chinos y se menciona a Bactriana, Persia, se habla de la India, del rey Poro. Hay un
verso de Juvenal, que yo habré leído hará más de cuarenta años y que, de pronto, me viene a la
memoria. Para hablar de un lugar lejano, Juvenal dice: “Ultra Aurora et Ganges”, “más allá de la
aurora y del Ganges”. En esas cuatro palabras está el Oriente para nosotros. Quién sabe si Juvenal
lo sintió como lo sentimos nosotros. Creo que sí. Siempre el Oriente habrá ejercido fascinación
sobre los hombres del Occidente.
Prosigamos con la historia y llegaremos a un curioso regalo. Posiblemente no ocurrió nunca.
Se trata también de una leyenda. Harun al-Raschid, Aarón el Ortodoxo, envía a su colega
Carlomagno un elefante. Acaso era imposible enviar un elefante desde Bagdad hasta Francia, pero
eso no importa. Nada nos cuesta creer en ese elefante. Ese elefante es un monstruo. Recordemos
que la palabra monstruo no significa algo horrible. Lope de Vega fue llamado “Monstruo de la
Naturaleza” por Cervantes. Ese elefante tiene que haber sido algo muy extraño para los francos y
para el rey germánico Carlomagno. (Es triste pensar que Carlomagno no pudo haber leído la
Chanson de Roland, ya que hablaría algún dialecto germánico.)
Le envían un elefante y esa palabra, “elefante”, nos recuerda que Roland hace sonar el
“olifán”, la trompeta de marfil que se llamó así, precisamente, porque procede del colmillo del
elefante. Y ya que estamos hablando de etimologías, recordemos que la palabra española “alfil”
significa “el elefante” en árabe y tiene el mismo origen que “marfil”. En piezas de ajedrez orientales
yo he visto un elefante con un castillo y un hombrecito. Esa pieza no era la torre, como podría
pensarse por el castillo, sino el alfil, el elefante.
En las Cruzadas los guerreros vuelven y traen memorias: traen memorias de leones, por
ejemplo. Tenemos el famoso cruzado Richard of the Lion-Heart, Ricardo Corazón de León. El león
que ingresa en la heráldica es un animal del Oriente. Esta lista no puede ser infinita, pero
recordemos a Marco Polo, cuyo libro es una revelación del Oriente (durante mucho tiempo fue la
mayor revelación), aquel libro que dictó a un compañero de cárcel, después de una batalla en que
los venec

23 de ago. de 2012

Globalização ! O Desapego.


O novíssimo sujeito.
Impacto avassalador dos processos econômicos globais, incluindo processo de produção, consumo, comércio, fluxo de capital e interdependência financeira.
Surgimento de instituições multinacionais transnacionais, cujas decisões moldam e limitam as decisões politicas dos Estados Nações. Impossível pensar o governo brasileiro se se deixar de lado as pressões de tais instituições, vide Banco Mundial, G7, G20, FMI etc.
Ascensão do neoliberalismo, como discurso politico dominante. Aonde a ideia é: trabalhar-se mais, produzir-se mais, com a menor forma de controle e gastos sociais.
Surgimento de novas formas culturais, de meios e tecnologias de comunicação globais que moldam as relações de afiliação, identidade e relação entre as pessoas.
Resultando que:
600 empresas multinacionais controlam 25% da economia mundial. Ainda 86% do comércio mundial.
O dinheiro dos 447 bilionários mundiais é equivalente a renda da metade mais pobre da população mundial. 2.800.000 de pessoas.
A concentração de capital desde 1994 mais que dobrou. A consequência desta apropriação de capital, começa a aparecer em mudanças nas relações de produção, que enfraquecem e minam a capacidade das nações mais antigas e das emergentes de determinarem seu modo de ser ou controlar seu ritmo de desenvolvimento.
Estas corporações interferem na política, na cultura tanto global, quanto local, tudo na busca de consumidores. Tendo como consequência o “super” acúmulo de capital. Isso, indistintamente, tem gerado um desapego às relações pessoais, lugares, geografias, tradições étnicas, religiosas, políticas e da própria história pessoal.
A identidade do sujeito globalizado é marcada pela presença da lógica do consumo. O que desenraíza o sujeito de si mesmo, pois aquilo que se consumia ainda agora, é prontamente substituído por outro 'produto', gerando novas formas de identidades a serem consumidas.
Nada mais natural que a desintegração das identidades nacionais.
Tudo isso tem contribuído para surgimento de um novo modelo de identidade que é o: ENXAME, o enxame se junta, zune e logo desaparece. Deste modo há os “Enxames” ligados aos variados estilos de música, ao sexo, à defesa animal, ambiente etc. Seguem o modelo da moda de consumo e se repetem nos 'movimentos' sociais.
Subjaz a criação de um sujeito 'ideal' para o consumo, por meio do controle e regulação da vida privada. Um sujeito cosmopolita, capaz de conviver com a diversidade e dela usufruir suas características tais: alimentação, música, seus estilos e linguagem. Para tanto esse sujeito não deve se incomodar com o estranho, estrangeiro e não se apegar em nada, a não ser no desapego.





Política: O velho do Restelo.




Assim começa a fala da personagem de Camões:
- "Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama! … segue atirando suas visões. Tinha alguma razão, mas descabidas, um humanista nascente e conservador. Me lembrei disso ao ver um candidato a prefeito de nossa cidade falando pela TV. Na verdade é um bricabraque, uma colagem da memória, que juntou essa a outra imagem da adolescência. Trabalhava como oficce-boy na Caprichosa Modas e quando o JM da JMG Leal às vezes me convidava a acompanhá-lo à Única para um café. Lá me deparava com todos os tipos da cidade. Muitas personagens, escritores, jornalistas, corretores, vendedores de bilhete e vendedores de toda sorte, até os que vendiam o que não entregariam, e mesmo os de bilhete premiado. Já naquele 'então' aparecia um jovem de “boa” verve, mais alta que boa, com a indumentária mascada que ainda traz, pisando a São Sebastião, baixando pela General, zanzando pela Duque, como um profeta sem bastão e sem Canudos. Ribeirão lhe deu tribuna donde diz nos momentos mansos: vou ilustrar esse povo.     

21 de ago. de 2012

Sonhos.

Freud disse que a meta da terapia era fazer consciente o inconsciente. Verdadeiramente fez deste postulado o núcleo do seu trabalho como teórico. E mais, definiu o inconsciente como algo muito desagradável. Para ilustrar isto, imagino o seguinte: um caldeirão de desejos estabelecidos, um poço sem fundo de desejos incestuosos e perversos, um leito de experiências aterradoras que ainda podem surgir, emergir à consciência, o que francamente não é que se deseja ter “consciente”.
Todo o trabalho de Jung foi destinado a exploração do 'espaço interno'. Se lançou a essa árdua tarefa com os pressupostos da teoria freudiana, que lhe precediam; o mais tinha um conhecimento inesgotável sobre mitologia, religião e filosofia. Mas era mesmo  versado no simbolismo de tradições místicas como o gnosticismo, alquimia, cabala e tradições paralelas do hinduísmo e budismo. Se há uma pessoa que tenha um sentido do inconsciente e seus hábitos como capaz de expressar-se só de forma simbólica, este é Jung.
Jung sonhava. Sonhava com uma capacidade de sonhar lúcida. Mas sonhava também ilusões ocasionais. No outono de 1913 sonhou, ou teve uma visão, uma inundação monstruosa, que engolia toda Europa. Estas águas chegavam na barras das minissaias brancas que vestiam as montanhas do velho Alpe suíço. Eram milhares de pessoas afogando-se e a cidade tremendo. Logo as águas desse dilúvio se transformam em sangue. E seguiu sonhando semanas a fio, então surgiram sonhos de invernos eternos e rios de sangue. Supôs-se psicótico. Mas logo e no mesmo ano começou a Primeira Guerra, Jung então começou a acreditar que de alguma maneira existia uma conexão entre ele – como indivíduo – e a humanidade que então não podia explicá-la ou ela se explicar. Então meteu-se num processo de auto exploração – doloroso – que viria a formar as bases de sua teoria, ou da futura teoria.
Cuidadosamente começou a anotar seus sonhos, fantasias e visões. Os desenhou, pintou e esculpiu. Deu-se com que suas experiências soíam tomar formas humanas. Começa por um velho sábio e seu acompanhante, uma pequena menina. O velho sábio evoluiu, por vários sonhos, até um tipo de guru espiritual. A menina se converte em “anima”, a alma feminina, que servia como vaso comunicante – medium – entre o homem e os aspectos mais profundos do seu inconsciente.
Um duende marrom couro apareceu como zelador da entrada ao inconsciente. Era “a Sombra”, uma companhia primitiva do Eu de Jung. Jung sonhou que tanto ele como o duende, haviam assassinado a preciosa menina loira, a que chamou então de Siegfred. Para ele, esta cena representava uma precaução com respeito aos perigos do trabalho dirigido somente em função da glória e o heroísmo que prontamente causaria uma grande dor sobre toda Europa, do mesmo modo acerca dos perigos de algumas tendencias da empresa heroica freudiana.
Jung sonhou também com questões relacionada com a morte, com o território dos mortos e o renascimento deles. Para Jung, isto representava o inconsciente mesmo, não o inconsciente miúdo que Freud fez grande demais, mas um novo, o inconsciente coletivo da humanidade. Um inconsciente que podia conter todas as mortes, não só os nossos fantasmas pessoais. Ele começou a considerar que os enfermos mentais estavam possuídos por estes fantasmas. Pelo simples fato de recapturar nossas mitologias, entenderíamos estes fantasmas, nos sentiríamos cômodos com a morte e assim superaríamos nossas patologias mentais.
Seus críticos sugeriram que Jung estava enfermo, por esta ocasião. Mas Jung cria que se queremos entender a floresta, não podemos nos contentar com passear pelos seus arredores. Devemos entrar nela, não nos importando quão estranha ou aterradora possa ser.
Sinto uma certa atração por essa história do inconsciente coletivo. Como se fosse uma herança psiquica, um reservatório de nossa experiência como espécie, um tipo de conhecimento com o que todos nacemos e compartilhamos, mas sem nunca ser consciente dele. Mas que a partir dele, se estabelece influências em nossa experiências e comportamentos, em especial as emocionais, mas sempre de modo indireto, inconsciente.
Gosto muito dos arquétipos junguianos principalmente da Sombra.
A Sombra parece derivar desse passado pré-humano, animal, quando certas preocupações se limitam a sobreviver e a reproduzir, de quando não éramos conscientes como sujeitos. É o lado escuro do Eu. Nossa parte “negativa” ou mesmo diabólica. Me chama atenção sua amoralidade, como os animais, nem bons nem maus. Mas que desde uma perspectiva humana pode parecer brutal quando um animal é um assassino implacável por comida. Mas temos isso na Sombra, que é a lata do lixo não degradável que carregamos, mas não aceitamos, admitimos.
Assim que se sonhar que está lutando com um adversário muito poderoso, pode ser que seja você mesmo.
Gosto ainda do principio de entropia, que é a tendência, para Jung, dos opostos se atrairem, com o fim de diminuir a quantidade de energia do sistema ao longo da vida. Jung tirou isso da físico-química, onde a entropia é a tendencia que têm os sistemas físico-químicos de solaparem-se.