Verdadeiro o fato e, é
certo também que existe a discriminação da mulher em nossa
sociedade. São alarmantes as cifras anuais de violência sexual, e a
situação de assedio sexual, nem sempre devidamente atendida pelas
autoridades competentes. Persiste ainda as diferenças salariais
entre homens e mulheres. E há testemunhos frequentes de diferenças
no trato pessoal no trabalho, que as vezes se estendem além do grau
de capacitação profissional exigível na prática, assim como as
condições requeridas para ascender a postos de responsabilidade.
Além do mundo do
trabalho, existe e persiste a desigualdade entre homens e mulheres na
distribuição das tarefas domésticas. É real o sexismo na
publicidade, onde a mulher é considerada, a miúde, um objeto
sexual. São igualmente verdadeiras as atitudes paternalistas de
alguns homens relativamente às mulheres, seja dentro o fora do
trabalho, e muitos outros signos sociais de desigualdade ou de
discriminação, que por vezes são denunciados, mas ainda
timidamente.
Há uma crescente
preocupação com o uso da linguagem, principalmente na Europa. Há
instituições que afirmam que há comportamentos verbais sexistas.
Sendo que a linguagem, pode ser usada com propósitos múltiplos,
entre outras coisas: ordenar, descrever, perguntar, enaltecer ou
insultar; assim e desde já também pode ser usado para discriminar
pessoas ou grupos sociais.
Neste contexto existem
numerosas instituições mundiais advogando pelo uso de uma linguagem
não sexista.
Dizem estas
instituições: É necessário estender a igualdade social de homens
e mulheres e conseguir uma maior visibilidade da mulher, para além
do sexismo. De tudo que li as palavras que se fizeram notar é:
visibilidade, invisibilidade, visível e invisível. Isto é: tornar
a mulher visível numa frase ou oração em que também participe
uma mulher, grosso modo: João e Maria vivem “juntos”, nesse caso
o advérbio faz referência masculina: Juntos. Estas instituições
pedem, de forma exagerada, neste caso que se inclua a mulher.
Entretanto
não se pode negar que esta frase é sexista: Até os
acontecimentos mais importantes de nossa vida, como escolher nossa
esposa ou nossa carreira, estão determinados por influencias
inconscientes. É introdutória
de uma perspectiva bem caracterizada do androcentrismo, como se fosse
uma perspectiva geral dos seres humanos. Ou ainda: nós brasileiros
preferimos café a chá, como preferimos loira a morena. Não se
trata do uso de artigos ou possessivos como: todos nós, os que
vivemos num grande centro.... Mas sim frases tolas como esta: Elas
nos fazem de bananas! Querendo parecer um alisamento do ego feminino.
É
certo que o uso 'genérico' do masculino para designar os dois
sexos, tem raízes profundas no sistema gramatical de nossa língua,
e é, pode-se dizer, que quase impossível no caso aplicar censura.
Leia
isto: uma cientista depois de fazer um discurso favorável, quase
panfletário defendendo a mulher, e a necessidade de se abolir a
discriminação de toda sorte, assim termina: Nós 'os' cientistas
temos a obrigação de fazer com que a difusão da ciência seja
acessível... Acrescenta ainda: um aspecto importante para a
participação da mulher no mundo profissional é que haja
facilidades para o cuidado 'dos filhos...' e agradece ao final: …
'aos amigos' e seu apoio e amizade...
Este
tipo de texto está em toda parte, e produzidos por mulheres
jornalistas, escritoras, artistas e muitas das vezes comprometidas
com a defesa dos direitos das mulheres.
De
todas as maneiras o movimento existe, principalmente na Europa, muito
nas línguas românicas, português, espanhol, italiano e francês;
mas sem esquecer do alemão onde 'man' é 'um que, alguém' e que
ainda se relaciona diretamente com 'Mann' “homem” exemplo: Das
sagt man. Que quer dizer: É o que dizem (notadamente masculino). Ou
como 'on' em francês, 'hom' catalão que tem origem no latim
“hominem”. Mas tudo isso é fóssil. O importante é saber usar a
linguagem para expressar exatamente o que se deseja, desenvolver-se
intelectualmente, defender as próprias ideias, tê-las, realizar-se
pessoal e profissionalmente, em plena igualdade. Ainda que
supostamente.