Desapiedadamente
Macluhan em seu livro: Understanding Media, e seu nó afirmativo:
The medium is the message ( o meio, o veículo é a mensagem) matou a
hipnótica discussão entre forma e conteúdo; definitivamente a
forma é a mensagem. Décio Pignatari diz a proposito também de
discussões circulares modernistas como “poesia inefável” “
incomunicável” ao que Oswald de Andrade respondera “Como
inefável?”
“ Como incomunicável?”
“... Se a poesia está aí, nas palavras, e nelas se comunica!”,
Marshall Macluhan deu razão a Flaubert contra os “conteudistas”
em: “a forma nasce da ideia”. Ainda afirma tratar-se do fim de
uma era que nascera com a criação do código fonético e a
sistematização dos tipos móveis de imprensa. Com isso decreta o
fim da cultura tribal. É o advento do individualismo, militarismo,
nacionalismo, a tecnologia ocidental e mesmo o fordismo (hoje
superado, nos países de fronteira). Decreta a implosão da
informação complexa, dando lugar a informação antiverbal, àquela
descontínua e que se manifesta em mosaico. Com isso o que se afirma
é que não importa o conteúdo, se de baixo ou alto nível, pois é
o veículo que molda, altera o comportamento, condiciona a
participação, a percepção no sentido do envolvimento, o que
importa é estar na rede, sendo o demais, linearidades soporíferas...
Estamos
na rede. Somos seres estendidos, porque a rede é o puxadinho de nós,
onde depositamos nós que não se desenlaçam. Quem amassou um
sulfite A4 arrancado com fúria da máquina de escrever e atirou ao
cesto, inventou coisa melhor, o Basquetebol! Jogamos tudo na rede, no
começo confesso que me envergonhava das publicações, depois passei encarar tais leviandades levianamente; ainda sou coerente. Prefiro
ser leviano a impostor, ainda que tenha muito deste. Havia passado
incólume ao Orkut, mas isso diz mais de ignorâncias que convicções.
Assim
como o fenômeno televisivo incomodara muita gente, nas últimas
décadas do século XX, hoje é moda as discussões sobre a “rede
social”. Se depositamos muita ênfase nas suas possibilidades, é
que continuamos a pensar como antes, nas possibilidades da rede
social tal e qual depositávamos na TV, Rádio...
O
grande ser da TV é o bebedor de cerveja e comedor de pipoca, e o retém
diante dela; a rede social tem diante de si o homem interior
se remordendo, passivo, ademais como o anterior, incapaz de mover um
dedo, porque brevemente não fará falta tocar nada, talvez o
pensamento movimente a rede, com essa mistura degradada, degradante
de psicologismos e velhos métodos audiovisuais e Public Relationship
ao borde da farsa. Essa coisa se dá tanto na chamada camada cultural
inferior quanto nas superiores, em ambos âmbitos socioculturais se
observa o fenômeno massivo da degradação da informação, dada a
dificuldade de criação, de perceber e criar informação realmente
original, posto que as informações são de epifenômenos (sintomas
de uma doença declarada, a evolução desta) ou de fenômenos
setoriais, quando a informação de primeiro grau é de estrutura e
essa não circula.
Chego
a desconfiar numa certa existência da tal incomunicabilidade, esta seria o
resultado de uma saturação da informação.
Por
quê? Por haver uma comunicação num só nível, e dentro de um grupo
ou classe dada, e os significados vão se automatizando.
Isto
é bacana demais, porque é o berçário da formação de slogans, e como tudo envelhece, pui; tais slogans acabam remendados e com dentes pintados de preto como se vivêssemos uma imensa festa junina. Olha a cobra... é mentira!