26 de jul. de 2011

Ranho ou Moco.

Mesmo em meio a uma das refeições e em presença de outro comensal, conheci um povo que é capaz de assoar o nariz, num lenço de papel, para extrair o ranho incomodante. Assim em tempo de constipações, é comum comprovar, o que digo, em bares e restaurantes, daquele país, muito frequentados, pela presença ostensiva do lencinho de papel descartável sobre a mesa, aliás mais obrigatórios que os celulares. Há que se assinalar ainda que sendo os demais comensais seus compatriotas, deles nada ou quase nada poder-se-á observar, senão que algum comentário respeito ao clima e o excesso de polens que ultimamente povoam a atmosfera. Todavia se ao menos um dos comensais fosse um brasileiro médio ( honesto, trabalhador, respeitador bla, bla, bla) ele minimamente se incomodaria e até chegaria a sentir nojo. Já esse mesmo brasileiro médio em meio a maior ranhosidade não assoa o nariz em um lenço, na presença de outro, por educação, o faz normalmente se recolhendo ao lavabo, ou coisa que o valha, como se se tratasse de um confessionário e um pecado. Entretanto até que ele venha a tomar a decisão de o fazê-lo, há um decurso de prazo aonde o moco vai se acumulando e por gravidade insiste em descer pelo canal nasal, chegado por vezes a ser visto pelo outro. O dono do nariz sempre acredita que só ele sofre pelo fato, mas que sempre chegará o momento de se retirar e desentranhar das ventas tão viva ostra, mentre que ao conviva resta a sonoridade das sucções e o medo de um espirro.

21 de jul. de 2011

A falsa vitória paraguaia verdadeira.


Anseio pela “vitória” do Paraguai, não pelo futebol paraguaio, mas que vença sem vencer o Uruguai ( assim campeão, sem derrotar nenhuma seleção com a bola rolando), por gozo, pela simples possibilidade de experimentar a frase: O melhor ataque é a defesa. Que dê novas cores à pálida aquarela da nossa triste crônica esportiva, seus baluartes, consortes e bufões. Uma vitória que a estes mundifique, e junto deles, jogadores cerejas de bolo, que muitos e dignos são os representantes de tal categoria, tendo como verdadeiros bustos tupiniquins esculpidos a erres ressonantes: Robinho, Ronaldinho e tantas fulgurantes e fantasmagóricas promessas – país de fantasmas - tudo e mais que modelos constituídos ontologicamente, a própria pergunta e resposta, ossificadas: Há algo para tanta bajulação? Sim um bolo de cereja, com glacê arenosa “típica” “chez nous”, enfeitado e embebido em marasquino de cereja artificial, com licor “tipo” de cereja.

19 de jul. de 2011

Tri Paraguai. Tripartite: Paraguai.



Ganhar do Brasil como Paraguai, como joga desde sempre o mesmo Paraguai, dentro da própria trincheira. Aliás o estilo de jogo paraguaio nasceu antes do futebol. Aprendeu a se defender com a tristeza que só o amor tem. Assim como o Paraguai defende em lágrimas, o Brasil sempre atacou, de alegre, inconscientemente, excetuando Pelé, Didi, Tostão, Zico, Romário e Ronaldo. Mesmo Sócrates, Rivelino, acreditavam que atacávamos por direito adquirido, pela exigência mediática autóctone e mundial. Desde a tríplice aliança foi assim: os atacamos sem saber o porquê, já o quê deles... só lhes falta o Cisplatino.

13 de jul. de 2011

A BOLA. Como se previa é redonda.

Se procurarmos pelos esportes de público massivo e apaixonado, encontraremos que todos se baseiam em alguma coisa que roda ou é redondo, a bola o pneu. Não sem espanto nos assalta o relâmpago da percepção: o corpo não é o bicho. A olimpíada tem de certo modo grande apelo, já os esportes olímpicos fora da Olimpíada, Não. Ao que parece, a obsessão básica está no sistema de jogo: velocidade regulada em certa geografia. O espaço de jogo é, de maneira elementar, o espaço\ tempo infinito e continuo: o vazio. Como bem disse Joan Farrè. Nesse vazio é que se dá de forma ritualizada a reconstituição de um passado. Acontece que o passado continua constituído e aparentemente o jogo deveria substituir um ponto traumático dele. Desse modo, no jogo o que vemos é o passado reconstituir-se. A derrota é o ponto do passado cujo não queremos ver reapresentado, mas é comum esta reprodução, como um sonho a reiterar o trauma. A vitória, essa, é um salto sobre este ponto do passado, um desvio que produz excitação e alegria, mas também não cura. No mundo destituído de herói ou deus, o mito ainda sobrevive pela extensão, mas dado o seu caráter mundano, ele treme, treme a olhos vistos anteriormente a nós, diante da possibilidade do fracasso. Dai este sentimento: sabia que ia perder. Claro, a vitória não consegue substituir traumaticamente a derrota no mundo inconsciente. Quer dizer a vitória não traumatiza. Dai que em muitos casos nossa tristeza é um tipo de piedade para com o desportista, por não nos representar, mas na maioria das vezes é nosso o fracasso, da sua derrota. É justamente onde começa o nosso jogo, terminado o do mito, vem a hora e a vez do traumatizado torcedor, com a derrota do nosso mito estendido, nos encontramos com àquele a quem descarregar culpabilidades, podemos analisar o outro, coisa que fazemos com maestria, posto que falamos de nós, mas principalmente do eu que não se põe a prova, podemos reescalar, trocar os culpados, ou minimamente discutir uma melhor tática ou estratégia, para o melhor desempenho dele, muito embora saibamos que cada jogo é uma martelada no prego, uma volta no parafuso.  

12 de jul. de 2011

URUBU!

 Urubu, rejeitam-te, como se mais não fosse, ave tão esplêndida! O vejo no céu em pleno gozo, a voar. Um ás! Tens um fraco, assumido, pela carniça, é que sim! Dizemque: agora competes com os aviões. Houve quem dissesse que: lutaremos com unhas e dentes pela internacionalização, mas se o céu é teu e de outros, Urubus! Outros podem ser Cômicos. Oh, Urubu! Tu és Cósmico, quando algo se dissolve no ar, tu sabes meu amigo! Se fede! Pura práxis. Houve aquela ameaça de levar os discos do Pixinguinha, por fim, foi só birrinha, ficou a ler, não o Neruda de Anaconda Cooper and Co, ou de Matilde, justo ela, a desfalecer nos braços de outro, nem aquele que sentiu - em si - o porrete, comendo solto no lombo do velho, da velha, cansados, curtidos e exauridos, desinfelizes. Algo fede nessa terra, Onde reinam brucutus. Onde nós homens já somos fantasmas, antes de virarmos carniça. Contudo, diga-me, será o contrário? Quem fede? Se o que há no ar é só tu! Urubu.             

9 de jul. de 2011

ÁPORO. Uma Leitura.

ÁPORO
Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.

Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?

Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto
 se desata:

em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.



Carlos Drummond de Andrade em:
In Reunião (10 livros de poesia). 5ª. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, p. 92.

ÁPORO
1- Um inseto cava
2- cava sem alarme
3- perfurando a terra
4- sem achar escape.
5- Que fazer, exausto,
6- em país bloqueado,
7 - enlace de noite
8 - raiz e minério?
9 - Eis que o labirinto
10 - (oh razão, mistério)
11 - presto se desata:
12 - em verde, sozinha,
13 - antieuclidiana,
14 - uma orquídea forma-se.

Drummond é, o, poeta da modernidade. Por vezes esse poeta responde às questões políticas que o envolvem, e vai ser gauche na vida, noutras se afunda no interior do indivíduo drum mond, zabumba du monde do umbigo vasto ruidoso do ruinoso mundo. Em Áporo, estes mundos se entrelaçam neste druso mundo mudo, é quase Raimundo, insectiforme, criminalizado, por ignorância. Carlos grampeia o individual ao político. O politico é todo Raimundo que rime ou não com inseto. Queredor sem querência, por tanto, cava mudo, por não cavar para construir, mas cavar a escapar, cava em fuga, e a fuga é silenciosa, e o produto de sua escavação é labiríntico, feito às escuras, as escondidas, sem projeto, só desejo, sem saída. Em 1, 2, 3, 4 s s s ch x s, zune insssseto desordenado construtor de dedáleo país que exaure seu arquiteto sulcador, que em lugar de firmamento: raiz e minério.
O inseto cava e cavava antes que o poeta o botasse em marcha, assim o poeta é extrator por meio desse cavar, imbrica-se poeta no inseto, e mesmos, nessa metamorfose que se complica, que impede solução fácil, pois não há escape dentro da lógica. Mas misteriosamente o áporo, poeta insectiforme ou inseto poetificado, problema insuperável, pois aporia, só encontra solução em si, Euclides é inútil, como a geometria. Dessa maneira o poeta-inseto-problema é orquideáceo, e o é solitariamente, pois não encontra solução no mundo fora do intrincado labirinto escuro, mineral e tuberoso. O poeta, inseto, problema, orquideácea solução, é poema, Áporo, e como tal não é solução nem rima, nem problema, mas o poema como antessalas de si mesmo, com corredores que saem e voltam para si. Creio que Áporo é o concreto entendimento de comer luz – em Chico Buarque -.

A palavra "áporo" é nome de inseto, de orquídea e é um termo utilizado em filosofia e matemática para designar um problema difícil, algo de complicada solução.
Aporia é uma dificuldade lógica insuperável.
É também uma hesitação calculada.
Aporema: arrazoado sem saída lógica, porque inclui duas proposições contraditórias.
Euclides da Alexandria é o criador da geometria, ou melhor dito de suas leis.

Em 11. Presto se desata. Júlio Prestes. País bloqueado
na Era Vargas.  

8 de jul. de 2011

Tengo Miedo explica Karl Marx.

Disse que conheci a Vívia de La Rua y Perra no exato dia que experimentou um texto de Tengo. Mama, era assim que ele se dirigia a ela, por causa da origem. Mama Seva ascendes, pulsata, brulans, kitzelans, dementissima. Hanc nisi mors mihi adimet nemo! Juncea puellula, jo pensavo fondissime, nobserva nihil quidquam, Mauris tempus eros, et vade invicum bracchia.aperta pilam volvens, frui mele, tegeret,lac, lambent libet amor. Quisque ac lorem, naturalmente ela não sabia, apenas leu o bilhete sob o imã da geladeira, e de subto veio-lhe o desejo irrefreável de saciar essa coisa insaciável. Justo neste momento apareço com minha volupia azulada. Ela tinha munição e eu drágueas azuis e algum dinheiro. Ela ficou para o desjejum, almoço, jantar e novamente café-da-manhã a cuidar carinhosamente do meu priapismo inconsequente da tensão dos engonços do títere. Quando a levei a sua casa, por peças interiores, numa profissão cuja idumentária reduz-se a essa sumariedade, lhe fazia falta, limpas. Ela voltou para a rua, enquanto me entendia com Tengo Miedo. Tengo Miedo sentado exatamente nesse mesmo lugar, estava e permaneceu. Donde, parecia um personagem cujo destino o todo-poderoso se olvidara de escrever, e ele fazia de tudo para deixar a margem e se afogar no caudaloso lento, em cujo fundo rolam os seixos.

Como pretendia ele?
Escrever textos que atuassem sobre a profundeza dos seres e estabelecer neste seres comportamentos, apesar do caráter ou da sua falta.

Era possível?
Sim. Sua grande cobaia, Mama, ignorava, mas já a fizera sentir, além da ardência, uma pequena diarreia.

Algo para além de manifestações fisiológicas, por exemplo ideológicas?
Ainda improvável, pois os comportamentos sociais, culturais estão em círculos menos profundos, e são amiúde potencializados por manifestações intestinais. Mas sem poder provar - pois para tanto teria que acreditar no que disse Vivia como verdadeiro - crê que tenha influenciado diretamente no voto que Vivia depositou em Marina Silva para presidenta.

Como Tengo Miedo explicava Karl Marx?
Para Tengo, como se lê acima, a cultura, a ideologia, etc dependem mais da flora intestinal que das profundezas espirituais ou da psique. Tengo Miedo sabia que isso não refutava Marx, afirma e ultrapassa. Por isso Tengo Miedo afirma que, o começo do Manifesto Comunista é bastante dinâmico, alegre, vibrante e pra cima, uma verdadeira ode à burguesia e do meio para o final a coisa azeda. Azeda pelas simples manifestações hemorroidais, cujas Karl as tinha cronicamente. Pensando bem é o pior mal que havia de padecer um sujeito que vivia numa biblioteca. Para Tengo Miedo, Karl Marx sem hemorroidas estaria esquecido, e muito mais lido, e faríamos mais e melhores ( esteticamente) criticas e mais inteligentes ao sistema capitalista, sendo que estas não ncarregariam a subjacência do mal vermelho.