26 de jul. de 2015

Felicidade.


Para Renato Andrade. 
Felicidade é uma palavra/conceito muito, grandiloqüente. Prefiro pensar que felicidade é se levantar cedo no domingo, dar uma pedalada até a biquinha da Invernada, ler o jornal da cidade, aproveitar esse calor invernal sentado numa cadeira espreguiçadeira à calçada, tomando um arábica da Alta Mogiana, enquanto uma menina de não mais que sete anos com um bebê de colo, organiza a brincadeira de outras tantas, que discutem quem deve procurar quem!
Depois sair para comprar ingredientes faltosos e ter em mente todos. Mas, aí, sair do super e dar de cara com um amigo, que ao ver bananas na caixa de compras, te passa a receita de uma farofa que as incluí, e de súbito e seduzido,  ter que alterar o menu, para a incluir. Pimenta biquinho, a tenho num vaso, pensei. Uma farinha em flocos que me chapam o côco, idem. É só dar uma enviesada e mantenho a vagem com bacon.
Por que penso essas coisas?  Enquanto frito o bacon, depois a cebola, e um noroeste agradável passa pela cozinha, cozinho os ovos, ao mesmo tempo em que penso nos fracassos bem intencionados, os olhares de superioridade que me possam ter sido endereçados, o medo de  ciomprometerem-se, tão boas pessoas, a viagem da esquerda ao status quo, o sabor acre-doce da política a todo momento, na força destruidora que o poder esconde, e como sua visão se desfoca. Então me dou um conselho, que por sinal não o aplicarei, querer estar em tudo é uma fraqueza, pior ainda, é ridículo. 

24 de jul. de 2015

Poder tripartido.

Legislativo, Executivo e Judiciário.

Democracia é, antes de mais nada, a garantia de proteção que todos os cidadãos têm, igualmente, por intermédio da lei, e que estes mesmos cidadãos possam eleger seus representantes, entretanto, sabemos que há regimes, não democráticos, que celebram eleições com make up democrático.
Sabemos todavia, que uma democracia sã, requer a formação de opinião independente,que permite aos cidadãos saberem o que acontece no poder, e assim formarem opinião livremente sobre os assuntos públicos.
Então, leis, eleições, informação independente, são meios e partes de uma maneira que possibilitam à cidadania estar protegida, e que se cumpram as leis em todos os casos, ser informados livremente e escolherem seus representantes sem condicionantes.
Há contudo, meios, que podem tirar a democracia de seus loopings, entre eles o direito de expressão, de manifestação. Maiorias parlamentares é outro meio.
Um governo, municipal, estadual ou federal não pode passar por cima da lei, ainda que para fazer bem à cidadania.
Então, para se superar uma situação, aonde a maioria a pensa injusta, não é o bastante botar os tribunais à frente, carece-se também da política, muita política e sabedoria jurídica, posto que se os políticos não podem passar nos desvãos das leis, o mesmo acontece com o Judiciário.


23 de jul. de 2015

Tonto.

Tonto.

Fora dia agitado, rever parentes, ouvir crepitar a fogueira da herança, cinzas de um fogão de lenha, num tempo de salvar árvores... e que Skol é a melhor cerveja. Já estava deitado, enquanto o cérebro ainda fazia a faxina e a arrumação, o que guardar desse dia? Só fez lixo! Acesa a luz, novamente,  abro o livro Imponente, o gordinho Buck Mulligan vem andando com a cabeça no mundo da lua
tendo a mão uma tigela de gosmenta espuma, um espelho e uma navalha cruzada entre os dedos, por que será que não posso dormir sem ter lido um bocado? Isso de literatura ser soporífera! —Come up, Kinch! Come up, you fearful jesuit! Execrável ter abandonado hábitos mundanos, bares, boates, cinemas...talvez o pior de tudo tenha sido abandonar o sexo antes de dormir. Em todo caso, o que se chama prazer, só nos tonteia e nos amolece para o sono. É o turno do livro, esse, esse é interminável, por sorte! 

22 de jul. de 2015

Umas linhas.

Umas linhas.

Um amigo, Ricardo,  fez questão de publicitar e vindicar coisas que escrevi neste blog. Normalmente os elogios me catatonizam, então resolvi acabar com isso e não sem  esforço escrevo estas linhas, para que não vá este dia vão em vão. Almocei em casa dos Clementes em Cravinhos. Fizemos um passeio comprido, até a fazenda Buenópolis, a que meu avô galego passou uma uma vida. Solidão. Passo mentalmente revista parentes, outros, disponíveis. Não há nenhum que me apetece ver. Volto para fazer a sesta em casa. Leio, o que me muda o ânimo. Curto e compartilho tolices. Então saio com Luiz Mequetrefe, não há como me interessar na conversa, mudo de cerveja e o papo continuava acidificando meu humor, não tenho mais prazer em explicar meus gostos, confrontá-los? Muito menos. Espero que amanhã seja melhor que hoje, tão tedioso que nem merece despedidas, nem um até amanhã! 

21 de jul. de 2015

De gole em gole.

De gole em gole.

Íamos de Bonfim a Dumont, de quermesse em quermesse, de gole em gole, de Dumont a Pradópolis, atrás do chapéu mexicano, das quase músicas de altifalantes estridentes, de Pradópolis a Rincão, de Rincão a Cravinhos de cacharrel em cacharrel, e a proto música, parece que sabia...  de mocassim e anarruga, de Cajuru a Brodósqui de baile do Havaí a Debutes, entre a multidão, festa da Manga, de Brodósqui a Jardinópolis, o Tema de Lara, quando a juventude era um glorioso clamor do nada. Do nada ao nada, pelo caminho, pelos caminhos, celebrávamos a pura inconsciência ou a consciência de sermos  vivos. Na superfície vibrante de todas as coisas, da luz sem luz, da música quase sem música, um eu quase sem eu, e não obstante tão cheio de mim. A procura tão só do quê, afinal, já tem, e se o polir desaparece. Pelos caminhos, cantando aquelas quase músicas, que de tanto, eram antes hinos, tão músicas quanto aos hinos de agora, que já lá estavam prefigurados. Enteléquias que de tanto impostadas ardiam como ferro quente.  No meio do meu caminho, sempre haverá uma pedra. Memorável. Para ser memorável tem que ser assim. Ir além da inteligência, coroar a emoção tonta e absurda.  As vezes ouço uma canção, sim aquela  quase música virou canção, e a pele quase ressuscita àquela da juventude, os ideais, aquelas quimeras, que de tão estúpidas, só podem ser tuas. 

19 de jul. de 2015

Ada, ou o ardor. A crônica de uma família.

Nada de Ada ou o ardor, mas Cunha ou o condor, e o caracter rapinador do nobre flamante deputado. Com a palmada nasce o espírito de porco do tempo, Nabokov trata sempre de temas espinhosos, mais complica que soluciona. A tal palmada espanta funestos presságios. Um amigo o reivindica, pela Realpolitik, seja,  pelo mal que possa fazer ao PT.
Abordar a atualidade política não é fácil, e fazendo e dizer tudo que se pensa, ficaria muito mal com todo mundo, e estou sem vontade, ainda mais com um churrasco por vir.
A candura de Cunha mal suportou seus cem dias, reclamará no travesseiro não haver usufruído melhor da temporada, porque nem a direita da terra lhe dá suporte, feroz, não deixa passar uma, e se não a tem, a inventa.  Ao PT  crucificaram  sem dó nem piedade. E ainda o fazem, no caso de aparecer algum de boa fé, e se estabeleça comparações com o vivido e se conclua que não está tão mau assim como pintavam umas vozes mais interessadas, que objetivas. Agora quanto a candura de Ada, opa, o condor rapinador de Cunha, não se esqueça de Diógenes, que ia pelo mundo com sua túnica, e não havia que procurar mictório, não se lhe podia pedir polidez, santos inocentes. Como a santa ingenuidade dos que não gastam sinapses com política. 

17 de jul. de 2015

Impostura.

Impostura.
Quando vejo o céu escuro, carregado, não é que pense se ou não choverá imediatamente, mas temo que tudo aquilo caia de uma vez sobre minha cabeça, ainda que saiba que "isso não acontecerá amanhã". Devo explicar  o que está entre aspas? Explico. Era uma brincadeira de juventude. Lia, por vezes, um gibi. E algumas " tiradas " das personagens faziam a minha cabeça, a tal ponto que as decorava para usá-las aonde quer que fosse. "Isso não acontecerá amanhã" é de algum Astérix que em algum momento usei com frequência suspeitosa, aonde pudesse usar "isso é pra já ", antônina de " não se afobe não, que nada é pra já ".
Quando comecei a escrever este blogspot Mancada me ocorria a pergunta de Obelix a Astérix:" não tem medo que se lhe acabem as idéias?", que vinha sempre depois de "Tenho uma ideia!" dita por Astérix. Cada "artigo" se apresenta como o último que serei capaz de escrever. A angústia, se tanto, dura poucos segundos. Porque a culpa, o doentio  sentimento de culpa dura menos, que é o tempo de me sentir impostor.,como se os textos fossem fruto de uma feliz casualidade.
Entretanto, tirante esse tribunal interior tirano e desejoso de me desterrar  qual  Adão desse meu paraíso, vejo que o tempo acabará antes que as idéias. E quando me dou conta  sou  o náufrago, prestes a enviar mais uma mensagem, quem sabe se esta garrafa chegará a algum porto? Então, algum - ignoto ou conhecido -  escreve um comentário, que de pronto se transforma num navio, que vem  me resgatar.  Este é meu elogio ao leitor.