Sic transit gloria
mundi.
Os que em plena
trajetória vital, quer dizer que ainda não passaram pelo crivo da
morte, que marca a distância que transforma todos em modelos de
virtude, heróis da moral, paradigmas da cidadania, exemplo de
santidade, por mais bem dotados que sejam de bondades, sempre se
sujeitam ao capricho do azar, pelo império da contingência e da
mutabilidade. É sempre possível que padeçam de mudança, mutações,
metamorfoses, evolução, transformação de caráter, de pensamento
e ação. Necessitamos nestes tempos líquidos, incertos, de
pensamentos frágeis, de falta de referencias e de dissolução das
utopias, de grandes lideres. Ansiamos por pais e mães. A tendência
– flor de obsessão – é destacar alguém por cima do normal,
sobretudo no mundo do futebol e dele fazer um santo de meia pataca
antes mesmo da beatificação. Mais ainda, mitificá-lo. Mas, um dia
desgraçado, acontece que este santo humano, flor da virtude, muda,
sofre uma transmutação, e submetido a forças incontroláveis,
indizíveis e ocultas, ou mesmo subconscientes, o que pode acontecer
com qualquer um, fala um monte de bosta.
A virtude não pede
extremos. Nem pouco ou muito. Nem pouco ou nada. Nem poucas ou
picuinhas. Nem raposa ou burro... Nem rei que nos governe ou papa
que nos excomungue. Nem sim nem não, senão tudo ao contrário. Os
ditos populares são sábios... mas teimosamente ignorantes. Quando
temos tanta necessidade de endeusar pessoas, em vida, acima dos
ditados, somos fracos como a comunidade. Uma coisa é a consideração
pela obra feita, a gratidão pessoal e social pelos fatos, o
reconhecimento pontual, a solidariedade concretada em méritos
objetiváveis, mas uma outra o endeusamento, deificação. A
sublimação. Neste mundo, nosso, tudo que sobe, desce,
irremissivelmente. Espuma da champanhe.
Sic transit gloria
mundi, que são efêmeros os êxitos desse mundo.