O velho, sempre vociferando contra a acanhada formação de nossos
mestres, seus preconceitos, essa capacidade repugnante de botar todos
num mesmo saco, e suas absurdas surdezes. Mas naquela noite no bar,
no Dionisio's Bar, entre uma Colorado e outra, disse-lhe: “É a
coisa mais fácil ser bonita. Você deveria estar contente, feliz por ser tão linda, mas vejo que fez uma opção mais feroz, de ser uma
mulher critica, independente, inteligente e que me parece gostar da
igualdade entre homens e mulheres”. Ela morena de 26 anos, metade de minha idade, açodada em vaidades, olhou-me com aquelas amêndoas, apartadas por nariz adunco, fino, da
aquilínea adequação dessa miscigenação. Quis falar e ia falar, sei que
ia, mas seu coração impediu, aparecendo junto a sua língua, e a engasgou. Com o
indicador o empurrei, a que voltasse para o lado esquerdo do palpitante peito.
14 de out. de 2012
Abaixo o INSTITUTO DA REELEIÇÃO.
A democracia custa muito dinheiro. Custa tanto que a maior fatia da arrecadação estadunidense, ou mesmo quase toda ela, se destina à democracia, seja nos matizes belicista, propagandista, intervencionista – frente a países ditos não democráticos – e principalmente na manutenção do sistema – no caso, o capitalista – no seu sentido mais amplo a democracia custa, entretanto, menos que outros regimes.
Tirante os excessos, o subsídio da vereança não se constitui em fator gerador de problemas à democracia ou ao erário nacional, estadual ou municipal. Somado, que esta remuneração está na base da piramide remuneratória dos três poderes, e é sempre bom lembrar, que os juízes estão no topo desta piramide, com decaimentos de pontos percentuais, partindo-se do máximo subsídio nacional que os têm os ministros do STF, até chegar ao menor dentro do judiciário, o dos juízes das primeiras instâncias. Mesmo assim andam atolados em montes de processos, que tardam décadas, isso também serve de ponto de partida para discussões onde o soldo é levado em conta..
O político não se torna profissional pelo subsídio que percebe, óbvio, também por ele, que seja dito, mas pela possibilidade da eterna reeleição. Esta, sim, é de fato o cerne da questão.
A reeleição gera um enraizamento do político, a tal ponto que temos, no caso ribeirãopretano, político com dez reeleições. Imaginemos este caso em particular. Tal vereador – como é sabido, e faz parte dos pactos, acordos ( que os não-democratas tendem a chamar de barganha) e da legalidade – nomeia cargos de confiança – dentro da lei orgânica e da CF 1988 – e os ocupantes destes cargos se perpetuam dentro da Administração Pública. Gerando o famoso e inexorável, ao menos em nossa casa, patrimonialismo.
Não devemos esquecer que a CF 1988, originalmente, não previa tal deformação, coube entretanto ao grande democrata, tal invenção, por intermédio de um verdadeiro golpe, trata-se, e é importante se lembrar, da Emenda Constitucional 16. Famoso Instituto da Reeleição.
E é esse golpe acachapante, que hoje sai pela culatra, e eterniza o PT no governo federal, já que no horizonte próximo e democrático, não há liderança política nacional para “desalojá-lo”. Assim como do PSDB no governo do estado, e deus sabe o que se fará para a troca em ambos os casos e palácios.
Se quisermos defender a democracia, acabando com o profissionalismo, deveríamos fazer desaparecer o Instituto da Reeleição, porque o demais é maquiagem.
E maquiagem por maquiagem pediria que os juízes fossem impedidos de ministrar aulas, por excesso de petições, juízos, e o acumulo das funções de juiz de comarca com o de juiz eleitoral, etc e mais, como pode viajar, o juiz, depois de um largo dia de trabalho, que exige concentração e estudos. Afinal é a vida política, econômica, biológica e a liberdade do outro que está em jogo e nas mãos dele (juiz). Depois a volta pelo mesmo caminho, nas altas horas da noite para o recesso do lar, cansado, despertar-se para uma longa jornada (dupla) de trabalho! O que se vê é que salário não é solução para nenhum dos três poderes. Porque é menos viável um juiz, com segundo emprego, que um vereador assalariado. Mas operar mudanças em ambos os casos seria mero make-up, seja, lançar impedimentos. A revolução francesa acabou com a inamovibilidade, anteriormente se estendia a todo o funcionalismo público, hoje só os Juízes são inamoviveis, e os MPs! Entretanto me parece salutar.
Salta aos olhos que discussão política, nesse momento pátrio, não é argumentativa, é histérica esterilidade. Entretanto, meus amigos, “filosofar” “hoje em dia” é tão fundamental quanto foi para a Grécia de Sócrates, talvez mais ainda, porque é na esteira da histeria que corriqueiramente, na história brasileira e mundial, se dá vez ao aparecimento de falsos milagres e por conseguinte de falsos santos. Um juiz, não só ele, deve ser contra o linchamento, nem deve ouvir clamores, principalmente os populares, porque históricamente, muitos caudilhos, duces e fuhres foram fruto da demagogia, do populismo.
11 de out. de 2012
Mensalão | Paredón via charge de Dalcio Campos.
Se quero refletir a
respeito da realidade, por incrível que possa parecer, devo recorrer
a grandes artistas. Nesse caso em particular, encontrei numa charge
de Dalcio Campos, um dos maiores cartunistas do país – que publica
no Correio Popular de Campinas – o material pronto. A síntese de
nosso momento político.
O pelotão, o
fuzilamento subjaz, e a justiça cooptada, alinhada às baionetas e
tudo sob a batuta do Ministro Joaquim. Por um momento me lembrei do
processo de Danton. Só o clima, nunca a essência, por esgarçamento
da putrefação dos ideais revolucionários. Sou homem do meu tempo e
isso é pura imagem, não imaginação.
No entanto El Paredón
e este Juízo são fatos que se retroalimentam nas ranhuras, nas
brechas, nas frestas do nosso tempo. É a luta de classe encarnada,
ou desencarnando, como queiram, e qualquer que seja a escolha, é na
carne que se sente toda vingança, e toda vingança pede outra, e
para quem não sabe, isso é retroalimentação.
É um julgamento que
começou e terminará jorrando sangue e lama. É no demais, repetição
de histórias, como dizia Hegel, o primeiro a terminar com ela,
sempre serão levados ao cadafalso os mesmos, pelos mesmos. Dirão:
começa uma nova história! O Brasil passado a limpo! Tá! E os
outros?
É uma velha pergunta que me ocorre. E os outros?
E a resposta é e será sempre a mesma: você estava com as pedras na
mão e a vidraça está rompida!
9 de out. de 2012
Santinhos?
Para
melhorar a qualidade do voto, antes temos que melhorar a qualidade de
nossa charcutaria.
É
básico. Se não sabemos escolher a calabresa, a pergunta já vem
implícita, vou redundar, como poderemos escolher políticos? Há
vários caminhos e argumentações possíveis para seguir a analogia.
Fazer
do político calabresa, é fazer do seu fabricante o povo - seu
gerador-. O político nasce, emerge do e no seio da sociedade. Os
políticos não vêm de outro planeta. Assim como a calabresa tem
origem bem conhecida – ou deveria ter procedência, ingredientes
etc conhecidos – o quê nem sempre é verdadeiro. E por incrível
que pareça é mais que analogia, é a origem – como muitas outras
situações – da falta de qualidade do voto. Excetuam-se as raras
butiques, de luxo, onde algum produto nacional é diferenciável pela
qualidade, além do rótulo, no demais a escolha se dá pelo preço,
porque todas são ruins.
Entretanto há quem acredite, via
publicidade, que há diferenças significativas entre uma e outra,
sendo todas produzidas a toneladas, cozidas pra dedéu, lotadas de
sal via nitrito de sódio uma infinidade de produtos químicos ora
reguladores, potenciadores de sabor, corantes, aromatizadores,
extensores (que ligam água e gordura) etc.
Quero
dizer com isso que a escolha, como ela se dá hoje, é mero exercício
de consumo. E volta-se à partida. Como consumidores não sabemos
escolher embutidos!
Desta
maneira é fácil compreender como as grandes industrias gastam mais
em publicidade que no desenvolvimento da qualidade, para realmente
diferenciar o seu produto. Não precisa ir muito longe, uma das marcas de
cerveja mais cobiçadas pela massa, de memória, nada fez senão
mudar sua apresentação, chegando ao cúmulo, para vender o mesmo
como melhor, diz que antes todas empanzinavam, incluso ela mesma. Aonde
isso nos leva?
Aos Santinhos.
Passei
o dia 'ajudando' meu candidato. À porta da zona eleitoral, montes de
santinho, santinhos aos montes, fica melhor.
Por
que? Porque o eleitor,
parte dele, de todas as classes, pesquisa visual, empirismo, pois o
colégio onde 'trabalhei' é secção dos moradores dos condomínios
que circundam Bonfim. Vi muita gente agachar e colher uma 'santa'
criatura e ir por ele votar. Havia disfarces. Enfim detalhes
novelescos. Somos um povo novelesco, atuamos como se fossemos
personagens dessa grande novela. Não sabemos dizer o não ou o sim,
sem intercalar uma novela. A prova cabal é a quantidade de votos
totalmente fora de contexto, votos em candidatos que nem sequer
colaram cartazes, ou vieram aqui, ou distribuíram santinhos antes,
somente no dia forraram o asfalto, passou um eleitor, pegou, votou.
O
desinteresse em participar da vida política, o que é em si fatal,
leva a que o eleitor seja tratado como consumidor, o que é
absolutamente real. Antes da eleição escrevia sempre pedindo a
participação. Devemos participar, nem que seja com o espírito
festeiro, porque é uma festa.
Um
delegado de partido, ficou i-n-d-i-g-n-a-d-o com a montoeira de
papeis, encontrou uma vassoura e começou a varrer, santa crueldade,
o homem vestido pelo seu partido no limite da legalidade, teve a
pachorra de ir buscar sua pick-up, também ela toda adesivada,
estacionou bem na boca do colégio... eu estava lá, e disse-lhe,
pouco, sendo do partido que era!
Agora
para um povo que joga tudo na rua, restos de sorvete, copos de água,
vasilhames em geral etc, coisas que fazem essa indignação
novelesca, como já disse, é uma atitude hilariante por postiça.
O
sujeito – verdadeiro suíço! - a se espantar com os santinhos, é
para c. de rir.
5 de out. de 2012
YHVH.
Há muito tempo um povo
esqueceu-se de como se pronuncia o nome de Deus. Na origem dos
tempos, não há provas, esse povo pronunciava seu nome, mas com o
passar dos tempos, deixou de fazê-lo. Dizem que era de difícil
pronuncia. De tal modo que, delas, havia muitas. Mas sempre houve
quem a soubesse fazer corretamente. Este, dizem, houve, por bem,
espalhar a norma qual não se podia errar a pronunciação do nome
divino. O povo que já não sabia corretamente, passou a não dizer
seu nome. Para não dizer em vão. Passou então a representá-lo por
YHVH e nem sempre, oralmente, o faziam integralmente, YHVH, mas ora
Yha, Yoh , Ye ...Ie-hovah, ou em composição Jah (substituiu-se em
português o Y por J) Jah é o Ser; Iao, iu-piter, com a mesma
significação; ha-iah, hebr., foi; ei, grego, es; ei-nai, ser; an-i,
hebr., e em conjugação th-i, Eu; e-go, ich, i, m-i, t-ibi, t-e e
todos os pronomes pessoais nos quais a vogal i, e, ei, oi, representa
a personalidade em geral, e as consoantes n, s ou t, servem para
indicar o número de pessoas. No mais se discute acerca dessas
analogias; eu não me oponho a isso, porque nessa profundidade, e
com minha abissal ignorância, a filologia é uma nuvem ou puro
mistério. O que importa é que a relação fonética dos nomes
parece traduzir uma relação de ideias, não de pessoa.
Eu sou Eu, disse deus a
Abraão, e trato contigo... E disse a Moisés: Eu sou o Ser. Falarás
aos filhos de Israel, e lhes dirá: O Ser me envia a vós. Estas duas
palavras o Ser e Eu, tem na sua língua original – a mais religiosa
que jamais falaram os homens – a mesma característica. Numa outra
ocasião YHVH, fazendo-se legislador por intermédio de Moisés,
atesta sua eternidade e jura pela sua essência, diz, em forma de
juramento: Eu: ou melhor redobrando energias: Eu, o Ser. Assim o Deus
do hebreus é o mais pessoal e o mais voluntarioso de todos os
deuses, e nada melhor que Ele para expressar a intuição da
humanidade.
Esse isolamento e a
falta de comunicação, manteve a alma humana absorvida no egoismo
animal, e a ausência de movimentos divinos, foi mudando pouco a
pouco a vida social que ficou rotineira e mecânica, eliminou a ideia
de vontade e de providência divina. Isso foi mortal.
Os chineses por sua
vez, conservaram em suas tradições a recordação de uma religião
que havia deixado de existir entre eles desde o século V ou VI da
nossa era. Coisa mais surpreendente ainda, é que esse povo –
singular –, ao perder, esquecer o culto primitivo, parece ter
compreendido que a dinvindade não é outra coisa que o eu coletivo
do genero humano; de tal sorte que desde a mais de dois mil anos,
China, nas suas crenças vulgares, já havia chegado às últimas
novidades do ocidente. No I-Ching se diz: O que o céu quer e
entende, não é mais o que o povo quer e entende. Ou ainda: O que o
povo julga digno de recompensa e de castigo, é o que o céu quer
castigar ou recompensar. Há uma comunicação íntima entre o céu e
o povo; que os governantes estejam atentos e sejam reservados.
Confucio disse o mesmo
de outro modo: Ganha o afeto do povo, e ganhará o império. Perde o
afeto do povo e perderás o império. Essa a razão geral.
Em Tao-te-King, que não
é mais que a critica da razão pura, ou seu esboço, Lao Tsé
identifica com o nome de Tao a razão universal e o ser infinito.
É estranho, mas a
religião morre pelo progresso e também, vide China, pela
imobilidade.
Sem prejulgar a
realidade ou não realidade de deus, admitamos, que deus seja outra
coisa que a razão universal ou o instinto coletivo, é preciso saber
o que é a razão universal. Porque a razão universal não está na
razão individual, melhor, só existe empiricamente, quer dizer, não
é possível deduzir, a priori, ou induzir ou sintetizar.
Noutras palavras, se
tivesse nascido em Java, falava javanês, ainda mais desconcertante é
o fato: se ainda houvesse nascido no Brasil, e desmamado levado a
Java a uma família javanesa, falaria javanês. Supondo que ao
contrário de ser levado a uma família humana, fosse levado a uma
família de hipopótamos – e sobrevivido – não falaria coisa
alguma, que não o hipopotamês.
Noutras palavras: Se
toda humanidade desaparecesse, e deixasse vivo alguns casais de bebês
e que estes sobrevivessem, e constituíssem sociedades, tardaria,
talvez, uns milhares de anos para se estabelecer a ideia de deus,
concordando que a tal sociedade repetiria os nossos passos, sem os
saber.
30 de set. de 2012
A manipulação do voto pela mídia e seus auxiliares luxuosos, OAB-RP e ACIRP.
O biênio 2011\12 tem
se mostrado um período rico para quem gosta de explorar esse
terreno, o âmbito da influência mediática, local, regional e
nacionalmente. Mas é, desde logo e a qualquer nível, um
experimento difícil de ser comprovado, porque a pergunta a ser feita
interfere na resposta, posto que ninguém em sã consciência
responde que planejou isso ou aquilo. Primeiro pela possibilidade de
falência do pretendido, antes da total realização da coisa. Depois
pela improbabilidade de haver declarações que negariam a
imparcialidade na narrativa dos fatos. Sendo esta uma característica
– caráter – próprio da nação, o quê deixa somente à
interpretação e o pressuposto virtuoso desta pelo interpretador, se
existir.
Foi notória a
participação da OAB, da ACI seccionais ribeirão-pretanas e do
Jornal A Cidade e da EPTV, sendo os últimos os mesmos.
Uma verdadeira
manipulação de massas, que exigiram a participação popular em
temas como a repaginação do centro – aliás de interesse mais da
elite comercial frente aos que não tem sequer asfalto, esgoto e
água – , da manifestação, outra vez, popular quanto a diminuição
do número – legal diga-se de passagem – de vereadores, fato, e
tem-se que dizer, por meio de uma pesquisa – não questionada por
nenhuns – que mostrou a indisposição dos 'eleitores' em ver a
câmara aumentar sua demografia, e esta suposta 'delegação' de
poderes – via pesquisa estatística – e com ela 'em mãos',
supostamente, negociou-se com a mesma câmara um outro número.
Entendo que negociação
é assim mesmo, eu 27, tu 20, bla,bla, bla... enfim 22 ou 23 sei lá,
mas foi honestidade rarefeita, e tanto foi que os postulantes ao
cargo, sabedores da lei eleitoral, garantirão na justiça eleitoral
a posse dos 27, por fora de prazo, apressada e inconsequente
trambolhoso pacto.
Na sequência dos
fatos via 'panelaço', movimento 'pseudo-popular' – poucos
estudantes, por sinal, com lideres, sim, e os vi na câmara
exercendo-a, tanto que hoje buscam na mesma câmara seus assentos, e
não custará ver algum deles lutar pelas vagas negociadas! –
buscou-se a reversão do aumento de subsidio auto impostos pela
vereança.
Uma manobra cuja
pedagogia, terrível, ajuda solidificar a ideia de uma suposta
separação entre o cidadão e a vida política, e esse tiro sempre
sai pela culatra como veremos. O contrário disso deveria ser a
afirmação de que somos “Zoom Politikom” como quis o grego.
Mas os liberais e
conservadores, mais que ninguém, têm ojeriza às grandes
manifestações, por incontroláveis, sempre as forjam dentro do
limite claro do controlável, da verossimilhança, aliás a base de
muitas atividades nacionais.
Voltando ao biênio,
depara-se, ao longo dele, com a 'indiciosa' ( há que haver termo o
exercício de julgar pelo indício) atividade de questionamento da
gestão da água, com o apelo: do Aquífero Guarani, por que apelo?
Porque a Natureza – jardinagem, paisagismo, me parece ser essa a
concepção de natureza que se tem – e os animais – sempre
domésticos e os domesticáveis, sem ironia - dificilmente podem
ser debatidos sem que isso gere isolamento político. Há um
progressismo obrigatório.
A
gestão da Água em Ribeirão Preto desde muito é problemática por
fatores reais. Um deles é o de a população, apesar de reconhecida
cidade rica, o cidadão é pobre, senão basta observar, ler os blogs
do professor e economista Vicente Golfeto, que está sempre a mostrar
– dados oficiais dos setores da industria e do comércio – que
a média salarial do ribeirão-pretano é inferior à de todos os
municípios extraterritoriais como Franca, Sertãozinho, São Carlos,
Araraquara etc, e dessa maneira a conta de água 'pesa' no bolso do
usuário.
Não
é possível seguir sem incluir no debate a radiofonia, que desperta
as trabalhadoras e com elas, berra impropérios 'contra' o DAERP –
autarquia gestora de água e esgoto – vertido pelas ondas médias
e curtas o mega populismo desses meios, que se de fato tivessem algum
interesse na causa popular, talvez fosse honesto deixar claro – à
massa – que se deve, sim, pagar pelo uso da água e sendo 'cara' a
consequente necessidade de se fazer economia, cuidar dos condutos
etc, mas não é assim, as ondas da radiofonia ribeirão-pretana
espalham a triste ideia de um aparente direito, a qualquer custo, da
boa água do aquífero Guarani. A contradição é notória, mas não
levará a nenhuma antítese, posto que, sintetizada, tais meios de
comunicação houvessem já deixado de existir, como são, sem a
manutenção da ignorância bilateral, que não fermenta nem ideias
nem novas ou velhas, só mesmo o ranço e a ignominia, de cujos se
tomará partido aquele radialista da circunstância; e uma vez
nomeado vereador se envolverá diretamente na questão água, fazendo
daquela população que o elegeu um problema para a autarquia, porque
ali representado, será o interlocutor – palavra bonita –, melhor
seria, despachante entronizado dentro dela, para diminuir e mesmo
suprimir 'contas'. Isso é um vicio para o qual seria necessário
criar a Associação dos Água dependentes Anônimos.
Por
outro lado, há o uso politico do orçamento da autarquia pelo
executivo, quer dizer, do legislativo despachante e pelo executivo em
suas eternas necessidades de criar orçamento, fora do orçamento
anual, muitas vezes engessado pela lei de responsabilidade fiscal. A
necessidade desse uso, é clarividente, mas a legalidade é
discutível. No entanto, nem políticos ou a elite já apresentada
tem algum interesse na discussão profunda da questão.
Pedagogicamente problemática.
No
entanto, a resposta a essas manipulações citadas não tardou a
aparecer, sobejamente. Porque por alvo se houve criar, ou reinventar,
ou na própria linguagem dele, a repaginação do candidato sem
brilho e sem luz própria, com as novas e já puídas e surradas:
“choques de gestão”, que palestrantes fanfarrões distribuem
pelos anfiteatros, sempre verossímil, porque grandes e competentes
empresas dele fizeram uso, mas aqui é só palavra, e as
terceirizações encarecem ao contrario de diminuir custos, e no
lugar de agilizar a prestação do serviço o faz desaparecer, claro,
dentro de uma oferta de qualidade digna.
-
E a massa? Respondeu.
-
O que disse? Não!
Há
uma sabedoria popular sobre a realidade. A massa vive de realidade.
Só sabe ler a realidade nela, que é seu único e gastado livro. Eu
vivo a fantasia, no mundo do discurso, no mundo das ideias, das
artes, da leitura e da cultura.
E
os médias? Os tais suportes têm alem dos meios, poderes e
capacidade de dizer, aliás aquilo que quiserem, e desde de Nietzsche
sabe-se como se constrói a verdade, não a verdadeira, pois é com
poder que se fabrica, e a tinta é o que menos custa. Não que tenha
havido fortes entorses quanto ao soldo e o número de representantes,
mas se percebeu, que não se tratavam exatamente de problemas dele,
povo, ainda que por sutilidade o fosse, por diminuir sua
representatividade e ao mesmo tempo que obriga a um aumento de custo
para se eleger um vereador.
Há,
sem dúvida, aquele 'bem' financiado por quem tem para “dar”, não
tendo a via de mão única é a corrupção. Se se fizer a leitura
razoável, percebe-se o vínculo imediato de uma coisa à outra. Os
que têm acesso ao financiamento 'privado', via doações, e
que-deus-os-ajude; mas os que não têm 'se viram' com as burras
públicas, isso de certa forma, 'obrigatoriamente',
pelasbarbasdoprofeta, como ulula. A menos que a massa abdique de ser
representada minimamente pelos seus, o TRE terá imensos trabalhos.
E
aqueles que têm, ou pensam que têm, a fórmula e até se
'ofereceram' como governo paralelo? Salta aos olhos a dificuldade em
aplicar Machiavel.
28 de set. de 2012
Quimera.
Por muito que procurei,
na Ilíada, sua única aparição, não pude ouvir dos lábios de
Homero sua descrição. Se houvesse encontrado teria ouvido: Quimera
é de linhagem divina e quem a avistasse de frente viria um leão, de
lado uma cabra e pelo fim uma serpente; botava fogo pela boca e foi
morta pelo formoso Belerofonte, filho de Glauco, tudo pressagiado
pelos deuses. Cabeça de leão, barriga de cabra e rabo de serpente.
Mas não é o que vejo na escultura de Arezzo, pois ali tem três
cabeças, de leão, de cabra e de cobra, assim não é o rabo da
serpente, mas o rabo é a cabeça da serpente.
Joyce no seu Ulisses
usa essa metáfora: “Máquina é seu grito, sua quimera, sua
panaceia”. E isso é o homem, nada mais, nada menos, o homem que
somos todos nós, que não é nem anjo nem demônio, este prodígio,
este monstro, esta quimera. Marx n'O Capital: “Faz um momento, o
cidadão, levado pela quimera racionalista e de sua embriaguez de
prosperidade, proclamava o dinheiro, como ilusão uma vacuidade”.
Ou Cervantes no Quixote: “Y el portero infernal de los tres
rostros, com otras mil quimeras y mil monstros, lleven el doloroso
contrapunto; que outra pompa mejor no me parece que la merece un
amador difunto.” ou ainda: “... caballeros andantes parecen
quimeras, necedades y desatinos...”, “...grandes quimeras de
nonadas...”, então a coisa via de regra fica séria e Foucault
afunda o pé na lama em Ordem do discurso: “... para se cair não
importa quê discurso, não digo no erro, mas sim na quimera, no
sonho, na pura e simples monstruosidade...”, mas Kant quer que
economizemos esforços, botando franqueza em nossas tarefas,
simplesmente deixando de persegui-las.
Mas aqui na solidão de
mim, uma mão me toca o ombro e sussurra “sei que não é verdade,
sei que são as quimeras da noite, mas não te movas”. Confesso que
me envergonhei ao reconhecer o terror, o espanto que ela me inspirou,
de intensidade e insensatez tamanhas, que me pareceu real, por não
me ser dado o dom de tal coisa conceber. Ainda agora o tritinar de
grilos silencia um segundo antes do pio da coruja, o silêncio e a
loucura de todo pensamento sobre o grande problema das condições
sociais, não é impossível que o homem, o indivíduo, em certas
circunstancias insólitas e sumamente fortuitas possa ser feliz,
pequena,e essa pequena felicidade refutaria o dogma de que na
natureza humana se oculta princípio antagônico dela, porque a
miséria humana nasce da violação de umas poucas e simples leis de
humanidade, que possuímos, sim elementos de contentamento que se
possa aproveitar, ninguém em seu juízo perfeito pode duvidar.
Penso que acabamos por
nos entendermos, ele me diz, mas se em busca de quimeras afugento as
minhas lhe digo e faço sem a ajuda do nobre fidalgo, com sua pena de
galo no chapéu. Levanto a cabeça e posso erguer o braço e
elevá-la, acima de mim, afinal ela foi cortada por Perseu, ou
levá-la como uma baguete, debaixo do braço. Sempre, o afã, é
quimérico, ele me diz, aparecem e desaparecem num piscar de olhos.
Saúde a aquele que não
lhe agrada sentar-se junto de Sócrates e falar com ele, a quem não
condena a arte das musas e não olha desde acima com desprezo o mais
elevado da tragédia! Pois é vã necedade gastar ciúmes ociosos a
discursos vazios e quimeras abstratas. Aristófanes.
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