9 de jun. de 2012

Trânsito.

 Vou e venho de ônibus e às próprias pernas, real e metaforicamente. Outro dia o sinal fechou e fiquei cravado em plena Fco. Junqueira, enquanto os carros e motos arrancaram a me 'tirar fina'. Na Vicente de Carvalho com Rui Barbosa o condutor me deu sinal para passar – na faixa - , enquanto a condutora, que estava atrás dele 'abriu' pela direita e ao ultrapassá-lo me atropelou. 'Atropelou' sei, é forte, mas tampouco foi menos. Caí, meu cotovelo bateu, amassou o capô preto lustroso, então 'fração de segundos' influenciado por dubles, rolei sobre o capô, enquanto ela avançava sem dar a minima pelota para o fato de eu rolar pelo asfalto. Aquele senhor quis saber, bati o pó e disse: foi mesmo um susto. Tarde quis, mas não pude anotar a placa e um transeunte juntava o que fora meu celular de R$ 599,00 reais em 6x, salvei chip, e bateria. Há um capô amassado em alguma garagem ou foi reparado. Tenho as restantes parcelas a pagar. Há uma pessoa 'habilitada' sem habilidades, mesmo cruel. Essa pessoa, pode ser, reclama da violência, da má educação, dos iletrados, dos letrados desavergonhados, dos corruptos. Essa pessoa é você e você sabe! Por hora basta. Não rezarei contra você, por ateu. Não te acionarei, por ignorar seu nome e paradeiro. Não me vingarei, por contra a justiça com as próprias mãos. Mas a gravidade e as estatísticas da imprudência – e você o é – são inegociáveis, portanto não trafegue pela Fco Junqueira, você pode cair no 'corgo' sem guardrail então a crônica será macabra!

7 de jun. de 2012

Escola e Educação


A educação é uma 'dependência' que carregamos como sociedade que abandonou o curso, e como tal não há mais recuperação a ser tentada, porque o que rui e continua a ruir é velha sociedade. Todavia, como toda dependência, é antes uma pendência. Devemos mirá-la com todo o carinho, sem contudo passarmos a mão em sua delicada cabeça (dela).
Antes de mais nada, toda exceção está contemplada no pensamento, assim, nossa sociedade está esgarçada, entre rotos e malvestidos, puídos todos. Não existe por pequena que seja, frustração facilmente assimilada ou simplesmente assimilada pelo tecido social. No babado, nas rendas algo sempre sempre reluz, mas isso está naquilo, contemplar exceções. Na USP SP, sem paralelos históricos, o estudantado foi horrivelmente reprimido. Primeiro policialescamente, seguido de linchamento público – redundância obrigatória – encabeçado pela grande média nacional, muito contraditório, e a palavra mais cara à Midia é justo esta, pois a vida é a busca pela liberdade, e nada mais ser senão pela cedência mínima.
Pequeno adendo: A vultuosidade da cessão é proporcional à corrupção contingente, mas não se pode confundir com perda de liberdade. O indivíduo sem liberdade é intrinsecamente corrupto, que mais não seja, o é com ele mesmo. No entanto é substancial ceder, para a vida em sociedade, isso implica na política e não na polícia, sendo esta, a mão armada defensora da propriedade alheia, e fazendo uso do Velho Testamento, ninguém, em pensamentos, atos e omissões, próprio de outrem.
Dito isso, a escola, como centro educacional, sempre primou no engendrar – palavra horrorosa – de peças de reposição dentro do sistema de produção de vida. Até pouco tempo os limites – graus de liberdade – eram muito bem definidos. O pai dizia: Calado. O professor dizia: Silêncio ( minha professora de Francês: Fait attention! Regarder!) e como em tempos de criação o silêncio se fazia. Por medo, crença ou vergonha. As ditaduras se foram, sejam paternais, demiúrgicas ou o porrete: e pagãos nos descobrimos defeituosos, fazendo uso novamente do sagrado, defeito original. De um lado à 'industria' já não faz falta sujeitos sujeitados; produto que a velha escola sabia “produzir” muito bem, por se tratarem de puros mecanicismos: horários, sinais, uniformes, etc. O aluno era 'criança' ( filologia barata – estado de criação – ) até a chegada daquele que a colocava noutro logos, o da formação, do silêncio, do fait attention, do respeito à autoridade. Duma escola de jesuítas ranzinzas, para dizer pouco, saiu James Joyce, Machado de Assis, Euclides da Cunha etc. De Tubingen e arredores Hegel, Einstein, Bohr, Schredingen, Maxxel. Como de Eaton ou da vizinha Southampton Ghandi, Virginia Wolf, Oscar Wild, Newton, Darwin pouco mais de MIT Noan Chonsky etc. Cito os bastante bons, mas não me esqueço dos muitos e Malvados, e muito menos daqueles que fazem o grande limbo humano, a massa mundial, que quando se diferencia o faz externamente, por exemplo, o perfume, a etiqueta – não a elegância –, mas sempre nas velhas castas docemente trazidas da Índia.
Assim a velha sociedade, com urgência, necessita de mentes abertas para poder se salvar no novo, mas não sabe como produzir, massivamente, a mente iluminada e criativa. Como o professor é obra da 'antiga' escola, continua a reproduzir-se mecanicamente, causando um descompasso, já que a 'novíssima' sociedade não quer mais 'robôs', quer indivíduos livres e imaginativos, mas tudo que produz com desleixo são corruptos robotizados.   

1 de jun. de 2012

Sacola sem transparência.



Não sei precisar quanto tempo faz que começaram a dizer o que já se sabia, que as sacolas de plásticos eram um perigo para nosso microcosmo, para a vida do planeta, para o futuro da humanidade.
Todos têm conhecimento da existência de plásticos biodegradáveis quais basta os olhar, para que se convertam em adubo de jardins, pois tudo já fora dito. A propedêutica ou prolegômenos mediáticos fizeram sua parte, assim que não nos pegaram desprevenidos, mais que isso, estavamos bem dispostos, à força ou de bom grado a assumir o pagamento pelo uso para que não pague quem fabrica as horrendas sacolinhas.
Assim as grandes superfícies começaram a 'vender' sacolas plásticas desde 25 centavos a até três ou mais reais. Mas como sempre a boa fé míngua diante da realidade. Porque se é verdade a questão do plástico, o consumo em geral arrebenta com a ecologia e o futuro do planeta, posto que o mercado só pensa mesmo é no dia de hoje, quando muito no futuro imediato, e também, que o não uso da 'sacolinha' só tem efeito psicológico, coisa ridícula diante do problema ecológico, se não se tratar de coisa trágica, já que tudo dentro destas 'grandes superfícies' está engarrafado ou embalado em plástico, e sem ir mais longe, há até alguns seios são de plástico, o sexo é de plástico e cúmulo da 'elegância' é sair do 'shopen' com sacolão com volume de 20 litros, mas recheado de um frasquinho de desodorante com olores da primavera chinesa...
De tudo que tenho visto o fato marcante é que as sacolas biodegradáveis, ou nem, querem significar um passo a frente, a própria evolução da espécie Humana e que usar a cor verde é estar na mais pura sintonia com a natureza.


31 de mai. de 2012

Eu não tenho a bomba.



As vezes – sempre, mais vezes, recorrentes nesses tempos bicudos – penso como é, e tem sido lastimosa a fragmentação em tantos campos do conhecimento – poderia se dizer cultura, mas me parece que há sempre que se definir ou redefinir tal sintagma – ou da informação e o fato de que muitos se salvaguardem em multiplicidades de interesses e perspectivas com as quais nos vemos e vemos o mundo; a miúde, nada mais que inevitáveis modos de sobreviver à hostilidade externa e por que não à própria, interna, coisa que nos têm conduzido a uma atomização pessoal e social, com a qual nos tornamos incapazes de ter prioridades, em quaisquer dos campos da nossa curta história individual e coletiva.

Releio o parágrafo anterior. Convicto, comigo, sei que nem os mais ferrenhos seguidores da crônica humanista se perdoariam do uso de tanta subordinação sem conclusão. Faço uma pausa. Me despenalizo sem fazer juízo de mim, para dizer pouco. No mais como acontece – e como se justificam políticos, a “alta” elite, responsáveis de todas as cores, sejam nacionais, internacionais ou dos arredores - àqueles que se têm permitido cantar este império do absurdo e que feliz ou infelizmente nem existente...
Pergunto: por que não eu?


Me suspendo na suspensão do parágrafo anterior, porque sei da inutilidade de continuar e ainda mais diversificá-lo. Ao mesmo tempo, começo a me envergonhar por compartilhar com outras pessoas esta inutilidade, que tem sido apontar caminhos diferentes às rotas inevitáveis das reações coletivas e talvez definitivas, porque amanhã continuarei incapaz de qualquer ação também não inercial. Falarei da ditadura encoberta da mídia, da falácia própria da democracia, da arte ditatorial da arte, da música tornada verme, das palavras obrigatórias ou da dualidade partícula-onda, dos orbitais sp, dos entrelaçamentos de nuvens eletrônicas, irei mais fundo no spin como momento angular intrínseco, mas não terei definitivamente o artefato explosivo.


28 de mai. de 2012

CONTO.


Conto.


Aparentemente, disse ele ao médico, tudo começou na pelada da semana passada, quando o brutamontes do Dudu, no campinho da praça perto de casa... Uma bola alçada pelo goleiro adversário, que vinha na minha direção, descreveu sua parábola costumeira, mas antes mesmo do ponto de inflexão fui tomado de antiga fantasia, que não seja outra que a de dar uma matada a Ademir da Guia, o que implica em inclinar o corpo todo a frente, enquanto o pé de apoio se mantem vertical o outro que receberá a bola, que primeiro tangenciará o meu peito e assim seguirá até o outro que alinhado com o restante do corpo haverá será afastado uma mica e o pé receberá o balão como se fosse uma colher e a com a bola ali segura e morta se deslocará ainda mais para trás. Como dizia o Dudu pisou no dedo menor que tenho no pé. A unha não caiu, ao contrário, ficou negra na hora, ou preta se preferir. Segui as instruções do Dudu. Água quente, água fria, gelo, beladona e enfaixei. No dia seguinte quando tirei a faixa todo o peito do pé estava preto, ou negro se preferir. Continuei com as compressas, que o Pedrão da farmácia, um farmacêutico prático recomendou. Trabalhei todo o dia e quando cheguei em casa e fui a ducha estava negro, ou preto até a cintura. Tomei diclofenaco, que me recomendou Júlia, e que me acariciou, me acalmou, e que me pareceu disfarçar certo contentamento. Fizemos amor, como a tempos não fazíamos. E voltamos ao sexo na madrugada, ela irradiava prazer. Quando despertei estava, assim! Como vê, totalmente negro. Mas, e ela? Perguntou o doutor. Ela! disse ele, ela disse, bem, tire o dia de folga, mor!  

3 de mai. de 2012

Uma resposta para a pergunta: Por que há algo e não, mais bem, nada?

Eu vou dizer: Por quue há tudo o que há? Por que há filosofia? Música? Literatura? Pintura? Escultura? Arquitetura? Por que de tudo isso? Por que há a arte? Porque em todas as formas de expressão o homem tenta se imortalizar, transcender-se a si mesmo. Todas estas tentativas existem porque o homem é um ser finito. Porque o homem morre. Quando digo homem digo mulher também. Deveríamos fazer uma revolução e usar a palavra mulher, mas de alguma forma daríamos no mesmo. Então o homem é um ser finito, tem os dias contados, e ainda que mortal, tem fome de imortalizar-se, ou de imortalidade. Ninguém quer morrer! Shakespeare houvera trocado Hamlet, Macbeth por dois anos a mais de vida. Otelo por mais seis meses, se houvesse uma garantia. O homem sente pavor da morte. E mesmo assim finito e mortal se pergunta por ela. O por quê da finitude? A enfrenta, afronta sem a negar. Há entretanto negações como a droga, o sexismo e um montão de cerimônias para ocultar o fato de saber que se morre. Mas a filosofia bota essa questão adiante e sabendo-se um ser finito sabe, que  e por isso  se angustia. E se angustia porque morre. Quando a angustia revela ao homem que seu destino é o nada, ou lhe aparece a ideia do nada e a ideia do nada o leva a saber que ele, homem, vai ser nada por muito tempo,  ser nada na eternidade.
É nisso que reside a grandeza do homem, e essa grandeza se revela não somente na filosofia, mas em muitas manifestações, nos romances, na pintura, na música e em tudo que termina, e quando termina a partitura, a música, nos angustiamos. Por isso também existem os livros, montanhas de livros escritos sobre isso, a morte, mas não só, muito há para que possamos pensar nossa situação nesse mundo. E aqui e agora precisamos pensar nossa situação. Como país precisamos pensar. Não pensar o que querem que pensemos. Não estamos em outro lugar que senão o Brasil. E é no Brasil e como brasileiros que devemos pensar e devemos pensar agora, por que não sabemos se vamos poder fazê-lo depois, mais adiante. Porque o homem é aberto a milhares de possibilidades, mas em todas essas possibilidades e em algum momento está a morte, mas ainda assim, sem urgência, sem desespero temos que considerar que cada minuto é absolutamente precioso, e agora, agora tem uma densidade de ser, da qual temos que participar e nos comprometermos e que 'filosofar' é necessário. Por quê? Porque este pais necessita pensar! Precisamos abandonar tudo aquilo que nos distraia, toda a pataquada e estupidez, tudo que trabalha para nos estupidificarmos, em todos os meios, tudo quer colonizar nossa subjetividade. Toda gente se diz contra a colonização, mas o que se dá, é justamente a colonização do subjetivo do cidadão. Noutras palavras sujeitar o sujeito. Muitos médias estão para, com seu infinito espetáculo triste de pataquadas, atar o sujeito, sujeitá-lo! E sujeitado, está impedido de ver a própria situação. 

Por que há algo, e não, mais bem, nada?


Estou aqui, você ai. Estamos nesse mundo e há o mundo e caminhamos nele daqui para lá e de lá para cá. Poderia ter ocorrido de não haver nada. Absolutamente nada. Não posso conceber o nada. Nem imaginá-lo. O que sabemos é que há algo, está tudo isso, está a terra, o céu, os miramos, estão as estrelas! Dai surgem as perguntas, e algumas são definitivas. Só os humanos podem fazer estas perguntas. Estamos aqui, imperfeitos em meio a tanta perfeição do universo. Somos seres finitos diante da temporalidade infinita do universo. Somos carentes em meio a abundância que nos rodeia.
Me sinto por demais pequeno ante tanta grandeza. E talvez a única amostra de grandeza possível para mim seja justamente afrontar esse sentimento de coisa pequena. Por que há algo?
Se a terra é um mero peão que gira em torno de si e do sol. E sobre este peão estamos nós esses serzinhos metafísicos. E este ser metafísico é o homem. O homem metido sobre um peão, pequeno, finito, mortal, cheio de angustia, é mortal e mesmo assim segue vivendo e tem ademais a grandeza de perguntar por tudo, tudo é tudo o que há, e tudo o que há é a totalidade, por que há algo e não mais bem nada? Faço-me essa pergunta e me enche a angustia, porque, quiças, não tenha resposta.
Porque tampouco haverá resposta se a pergunta for: qual o sentido do universo? Um universo em expansão. Wood Allen, em algum filme dele, um garoto não quer ir mais a escola, e diz que não adianta estudar se o universo está em expansão, para que estudar se ele nunca o alcançará, porque ele segue expandindo. Wood Allen gosta disso, em outro momento, quando lhe dizem que Einsten disse que Deus não joga dados, então Wood Allen diz que Deus não joga dados, mas sim a escondidas. E isso podemos tomar como o silêncio de Deus. O que Wood Allen pode ter querido dizer é que Deus está pavorosamente ausente de nossos queixumes.