Eu
vou dizer: Por quue há tudo o que há? Por que há filosofia? Música? Literatura? Pintura? Escultura? Arquitetura? Por que de tudo isso? Por
que há a arte? Porque em todas as formas de expressão o homem tenta
se imortalizar, transcender-se a si mesmo. Todas estas tentativas
existem porque o homem é um ser finito. Porque o homem morre. Quando
digo homem digo mulher também. Deveríamos fazer uma revolução e
usar a palavra mulher, mas de alguma forma daríamos no mesmo. Então
o homem é um ser finito, tem os dias contados, e ainda que mortal,
tem fome de imortalizar-se, ou de imortalidade. Ninguém quer morrer!
Shakespeare houvera trocado Hamlet, Macbeth por dois anos a mais de
vida. Otelo por mais seis meses, se houvesse uma garantia. O homem
sente pavor da morte. E mesmo assim finito e mortal se pergunta por
ela. O por quê da finitude? A enfrenta, afronta sem a negar. Há
entretanto negações como a droga, o sexismo e um montão de
cerimônias para ocultar o fato de saber que se morre. Mas a
filosofia bota essa questão adiante e sabendo-se um ser
finito sabe, que e por isso se angustia. E se angustia porque morre.
Quando a angustia revela ao homem que seu destino é o nada, ou lhe
aparece a ideia do nada e a ideia do nada o leva a saber que ele,
homem, vai ser nada por muito tempo, ser nada na eternidade.
É
nisso que reside a grandeza do homem, e essa grandeza se revela não
somente na filosofia, mas em muitas manifestações, nos romances, na
pintura, na música e em tudo que termina, e quando termina a
partitura, a música, nos angustiamos. Por isso também existem os
livros, montanhas de livros escritos sobre isso, a morte, mas não
só, muito há para que possamos pensar nossa situação nesse
mundo. E aqui e agora precisamos pensar nossa situação. Como país
precisamos pensar. Não pensar o que querem que pensemos. Não
estamos em outro lugar que senão o Brasil. E é no Brasil e como
brasileiros que devemos pensar e devemos pensar agora, por que não
sabemos se vamos poder fazê-lo depois, mais adiante. Porque o homem
é aberto a milhares de possibilidades, mas em todas essas
possibilidades e em algum momento está a morte, mas ainda assim,
sem urgência, sem desespero temos que considerar que cada minuto é
absolutamente precioso, e agora, agora tem uma densidade de ser, da
qual temos que participar e nos comprometermos e que 'filosofar' é
necessário. Por quê? Porque este pais necessita pensar! Precisamos
abandonar tudo aquilo que nos distraia, toda a pataquada e
estupidez, tudo que trabalha para nos estupidificarmos, em todos os
meios, tudo quer colonizar nossa subjetividade. Toda gente se diz contra
a colonização, mas o que se dá, é justamente a colonização do
subjetivo do cidadão. Noutras palavras sujeitar o sujeito. Muitos
médias estão para, com seu infinito espetáculo triste de pataquadas, atar o sujeito, sujeitá-lo! E sujeitado, está impedido de
ver a própria situação.
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