1 de mai. de 2012

Alegoria da Caverna.


Penso que quando partimos para julgamentos morais e éticos entramos num mundo de sombras, e as sombras são incertas, por dependerem da fonte de luz. Basta com se olhar a própria sombra ao sol e se verá o quanto ela muda com o giro da terra. Até bem pouco tempo, em termos de civilização, era o sol que transladava e houve quem escapou dessa mesma fogueira, tendo que, como se diz hoje, engolir as palavras proferidas. Hoje nos assombramos, quando tais julgamentos vêm à luz, porque a amplidão do espectro da moralidade depende da manipulação desta. O toco de vela ilumina menos, mas faz sombra maior, imprecisa e tremulante.
Os tocos de velas estão apontados para pontos de interesse de quem os manipula, de modo que todo o demais, na escuridão ai desapareça. Licitação do lixo. Plano diretor. Licitação da mobilidade social. Educação. Asfalto. Água. Natureza. Saúde. Dinheiro público a recuperar propriedades privadas. Etc. São importantíssimos os vereadores. Quanto devem ganhar? Não sei. Quantos devem ser? Não sei. Sei que deixamos essas crianças à merce dos mágicos lobistas, com suas cartolas cheias de guloseimas e surpresas.
O erro não está em eleger palhaços, mas em exigir que palhaços façam mágicas.
Muitos dos que estão na Câmara, foram para lá catapultados, graças a imensa popularidade, que os mesmos veículos, que hoje lhes fazem oposição, proporcionaram. E “pagamos o mico”, “o sapo”, enfim, nessa linguagem que nos é particular, “pagamos um pau”. Sabe por que? Porque nos dizem em quem votar. Votamos. Então dizem, que não sabemos votar. Se esquecem, para então recordar, tão só para dizerem que “nós” não temos memória. Assim acabamos por fazer essa estupidez, que é lutar para rebaixar o salário dos outros, quando é pelo aumento dos nossos que devemos sair pelas ruas, sejamos professores, policiais, enfermeiros, médicos, cozinheiros ou balconistas. Não devemos andar a olhar as estrelas para saber se há vida lá, e cairmos no buraco da calçada.


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