Penso que quando
partimos para julgamentos morais e éticos entramos num mundo de
sombras, e as sombras são incertas, por dependerem da fonte de luz.
Basta com se olhar a própria sombra ao sol e se verá o quanto ela
muda com o giro da terra. Até bem pouco tempo, em termos de
civilização, era o sol que transladava e houve quem escapou dessa
mesma fogueira, tendo que, como se diz hoje, engolir as palavras
proferidas. Hoje nos assombramos, quando tais julgamentos vêm à
luz, porque a amplidão do espectro da moralidade depende da
manipulação desta. O toco de vela ilumina menos, mas faz sombra
maior, imprecisa e tremulante.
Os tocos de velas
estão apontados para pontos de interesse de quem os manipula, de
modo que todo o demais, na escuridão ai desapareça. Licitação do
lixo. Plano diretor. Licitação da mobilidade social. Educação.
Asfalto. Água. Natureza. Saúde. Dinheiro público a recuperar
propriedades privadas. Etc. São importantíssimos os vereadores.
Quanto devem ganhar?
Não sei. Quantos devem ser?
Não sei. Sei que deixamos essas crianças à merce dos mágicos
lobistas, com suas cartolas cheias de guloseimas e surpresas.
O erro não está em
eleger palhaços, mas em exigir que palhaços façam mágicas.
Muitos dos que estão
na Câmara, foram para lá catapultados, graças a imensa
popularidade, que os mesmos veículos, que hoje lhes fazem oposição,
proporcionaram. E “pagamos o mico”, “o sapo”, enfim, nessa
linguagem que nos é particular, “pagamos um pau”. Sabe por que?
Porque nos dizem em quem votar. Votamos. Então dizem, que não
sabemos votar. Se esquecem, para então recordar, tão só
para dizerem que “nós” não temos memória. Assim acabamos por
fazer essa estupidez, que é lutar para rebaixar o salário dos
outros, quando é pelo aumento dos nossos que devemos sair pelas
ruas, sejamos professores, policiais, enfermeiros, médicos,
cozinheiros ou balconistas. Não devemos andar a olhar as estrelas
para saber se há vida lá, e cairmos no buraco da calçada.
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