Estou
aqui, você ai. Estamos nesse mundo e há o mundo e caminhamos nele
daqui para lá e de lá para cá. Poderia ter ocorrido de não haver
nada. Absolutamente nada. Não posso conceber o nada. Nem imaginá-lo.
O que sabemos é que há algo, está tudo isso, está a terra, o céu,
os miramos, estão as estrelas! Dai surgem as perguntas, e algumas
são definitivas. Só os humanos podem fazer estas perguntas. Estamos
aqui, imperfeitos em meio a tanta perfeição do universo. Somos
seres finitos diante da temporalidade infinita do universo. Somos
carentes em meio a abundância que nos rodeia.
Me
sinto por demais pequeno ante tanta grandeza. E talvez a única
amostra de grandeza possível para mim seja justamente afrontar esse
sentimento de coisa pequena. Por que há algo?
Se
a terra é um mero peão que gira em torno de si e do sol. E sobre
este peão estamos nós esses serzinhos metafísicos. E este ser
metafísico é o homem. O homem metido sobre um peão, pequeno,
finito, mortal, cheio de angustia, é mortal e mesmo assim segue
vivendo e tem ademais a grandeza de perguntar por tudo, tudo é tudo
o que há, e tudo o que há é a totalidade, por que há algo e não
mais bem nada? Faço-me essa pergunta e me enche a angustia, porque,
quiças, não tenha resposta.
Porque
tampouco haverá resposta se a pergunta for: qual o sentido do
universo? Um universo em expansão. Wood Allen, em algum filme dele,
um garoto não quer ir mais a escola, e diz que não adianta estudar
se o universo está em expansão, para que estudar se ele nunca o
alcançará, porque ele segue expandindo. Wood Allen gosta disso, em
outro momento, quando lhe dizem que Einsten disse que Deus não joga
dados, então Wood Allen diz que Deus não joga dados, mas sim a
escondidas. E isso podemos tomar como o silêncio de Deus. O que Wood
Allen pode ter querido dizer é que Deus está pavorosamente ausente
de nossos queixumes.
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