31 de mai. de 2012

Eu não tenho a bomba.



As vezes – sempre, mais vezes, recorrentes nesses tempos bicudos – penso como é, e tem sido lastimosa a fragmentação em tantos campos do conhecimento – poderia se dizer cultura, mas me parece que há sempre que se definir ou redefinir tal sintagma – ou da informação e o fato de que muitos se salvaguardem em multiplicidades de interesses e perspectivas com as quais nos vemos e vemos o mundo; a miúde, nada mais que inevitáveis modos de sobreviver à hostilidade externa e por que não à própria, interna, coisa que nos têm conduzido a uma atomização pessoal e social, com a qual nos tornamos incapazes de ter prioridades, em quaisquer dos campos da nossa curta história individual e coletiva.

Releio o parágrafo anterior. Convicto, comigo, sei que nem os mais ferrenhos seguidores da crônica humanista se perdoariam do uso de tanta subordinação sem conclusão. Faço uma pausa. Me despenalizo sem fazer juízo de mim, para dizer pouco. No mais como acontece – e como se justificam políticos, a “alta” elite, responsáveis de todas as cores, sejam nacionais, internacionais ou dos arredores - àqueles que se têm permitido cantar este império do absurdo e que feliz ou infelizmente nem existente...
Pergunto: por que não eu?


Me suspendo na suspensão do parágrafo anterior, porque sei da inutilidade de continuar e ainda mais diversificá-lo. Ao mesmo tempo, começo a me envergonhar por compartilhar com outras pessoas esta inutilidade, que tem sido apontar caminhos diferentes às rotas inevitáveis das reações coletivas e talvez definitivas, porque amanhã continuarei incapaz de qualquer ação também não inercial. Falarei da ditadura encoberta da mídia, da falácia própria da democracia, da arte ditatorial da arte, da música tornada verme, das palavras obrigatórias ou da dualidade partícula-onda, dos orbitais sp, dos entrelaçamentos de nuvens eletrônicas, irei mais fundo no spin como momento angular intrínseco, mas não terei definitivamente o artefato explosivo.


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