É óbvio que o
entupimento de bueiros causam inundações locais, impedindo a livre
condução das águas pluviais às zonas mais baixas da cidade. De
qualquer modo a água sempre chega ao ribeirão, ao rio, ao mar,
menos aquela que for absorvida pela terra não encapada, por casas,
cimentos, asfalto etc. Reconhecer o esforço público na baixada é
devido. Mas o problema é que, o mesmo poder dá uma no cravo e outra
na ferradura. Pena pensar que toda a obra realizada e as que por
ventura vierem a se realizar nessas regiões, de nada valerão, se
continuarem a aprovar extensas áreas de condomínios, ou
urbanizações, ou ocupações nas cabeceiras dos vales que alimentam
os ribeirões. Há que se notar que não é a riqueza dos que
ocuparão o solo - onde antes havia plantações, curvas de níveis,
que absorviam quantidades de água, inclusive para repor ao famoso
aquífero – que produzem a catástrofe, mas sim a falta de estudos
técnicos e implementação nesses locais de formas de captação
das águas das chuvas, que não deveriam correr tão livremente para
os ribeirões. Claro que custará mais lotear, mas custará menos
urbanizar toda a extensão de córregos da cidade. Mas o poder
político municipal pensando, quiçá – não aposto nisso - em
aumentar a arrecadação de IPTU, por exemplo, aprova condomínios e
loteamentos, em geral, no atacado. É um tiro no pé político, cabeça não existe. Administração menos que planejamento. Assim restará sempre um problema para resolver, pelo qual se elegeram tantos quantos aparecerem com suas propostas mirabolantes.
9 de jan. de 2012
8 de jan. de 2012
Amor Canino.
Li um artigo, escrito por pessoa de grande apresso, e não vem ao caso citá-la, não é a questão, do artigo que foi veiculado no Caderno C do jornal A Cidade desse domingo 8\1\12 me chamou atenção a frase: 'Não confie em quem não gosta de cães.' Mas ao ler atentamente o artigo, o cambio se faz necessário: 'gostar' x 'amar'. Cães? Pessoalmente os tolero. “Sofro o que não deveria permitir ou o que não me atrevo a impedir.” Tolerância gera tolerância. Compreensão, consentimento. Sem amor nem ódio eu desconfio de tudo, um Nixon, pós Watergate.
A questão é o Amor Canino. Amor ao Cão. Com tranquilidade digo:
não desejaria ser cão amado da maioria daqueles que os amam. Nem
por um dia. Facilmente se pode transitar de 'amar' para 'possuir'.
Para quem sentir dificuldade nesse trânsito, pouco posso fazer.
Apesar de não amá-los, me esforço em compreender e não
constrangê-los, por viver em meio a muitos. Soltos e encoleirados.
Básico é que, 'Eles' gostam de latir, ladrar, cavoucar a terra, "roer" pernas de cadeiras, sofás, jardins, vasos, gostam da rua, mas não
entendem os 'carros' bêbados, apressados, perigosos, mesmo ao
humano talhado nesse vai e vem das avenidas se faz perigoso,
imagine você para seres sem malicia, como os cães. Se eu tivesse
um cão – vejam o verbo que há de se usar: Ter. - haveria de
impedi-lo, por querê-lo vivo, que transitasse em concorrência com
os carros. Posto que conheço os condutores, que em sua maioria se
dizem amantes dos animais, e talvez por isso os atropelem. Sem
embargo de que mantê-los trancafiados queira dizer: tratamento
digno, a Ele. Na breve biografia de uma amadora dos cães, houve,
se sei contar, três atropelamentos e uma morte, Napoleão, por
sensibilidades excessivas da raça. Freei e jamais atropelei um
cachorro, e por não 'amá-los| possuí-los' não tive um dos meus
atropelados. O gosto é um exercício que deve ser precedido da
ética. Materialmente “posso” ter um cão. 10x no cartão. Mas
é viável? Eticamente!
Para ele e para mim! Se pensar na dignidade humana (minha) e na
dignidade animal (dele), animal cão, gato ou elefante. Chega-se
facilmente a: a intenção é amar, mas o produto é pelo que se
vê: o desrespeito mútuo. Indignidade.
5 de jan. de 2012
Liberdade de expressão.
A liberdade de pensar,
criar e escrever é constitucionalmente restringida, no artigo quinto
inciso X. A sintaxe coage o ato, condicionando o texto, condicionará
a noticia. E o texto receberá dos olhos do leitor uma derradeira
mirada critica. A lei, a gramática e o outro. Antes destes a
ideologia já aplicara seu código.
Os manuais de redação
“proíbem” o uso de determinadas palavras, algumas construções,
coisa que quer parecer tão-só uma cura do estilo. Normalmente não
fazemos mossa. Mas, vai longe, e, sim, faz juízo de valores. Não é
meramente cuidado estético. É também impedimento ao livre
exercício da escrita, digamos, em nome da clareza, da economia.
Que dizer do tempo
conselheiro da urgência e sincronicidade? Falo da urgência do texto, sem esquecer da nossa. E acabamos por sapecar qualquer coisa no papel, papel
virtual, que nem é possível amassar, como se o mundo virtual fosse o cesto.
Mal começamos a
escrever, e estamos rodeados de empecilhos roendo nossos melhores
substantivos.
Quando venço, se
venço, esses obstáculos ir-me-hei de encontro ao poder de policia da
hierarquia funcional. Um jornal, ou revista, têm sua missão muito
bem estabelecida, sua cultura empresarial, suas metas e objetivos a
serem auferidos, e suas estratégias de suporte às táticas de
negócio. Ao contrário do que desejamos, o jornal tem uma unidade
ligada a um centro de massa. A pluralidade está suspensa, por
canalhices, várias, dentre tantas mais perniciosas, está também a
democracia. Fatos anedóticos só confirmam, como o politicamente
correto, que é coisa das mais democráticas.
A tudo o que antecede o
ato criador e enquanto ele perdura, como fazer e seus suores, chamo de
censura: intrínseca, interna e externa.
A gramática. A ideologia. A empresa. O consumidor.
O normal, o
corriqueiro é que o produto seja controlado em todas as suas fases.
O controle de qualidade é a normalidade. Uma incerta Censura, que por incerta, é esquiva. O fato de não
haver mais demissões, nas empresas de jornalismo, revela o justo casamento do texto produzido com
as necessidades da empresa e seu produto. Não sendo a demissão que
aponta para a censura. Mas sim a não demissão apontando para a
conformidade.
3 de jan. de 2012
Cronopios e Famas. Sem esquecer das Esperanças.
Cronópio desenhado uma andorinha sobre a tartaruga.
copiei daqui.
O ponto é: todo o sistema só consegue, efetivamente, garantir o direito à propriedade. O direito à liberdade de ideias, é uma mutação, uma liberdade de proprietários. E liberdade de ideias quer dizer variedades de ideias de cada indivíduo que queira produzir ideias, e as ideias quase sempre se contrapõe. Assim que a liberdade de ideias implica em conflitos. Conflitos que devem se resolver no âmbito da democracia. Como as crianças e em casa. Assim, liberdade de ideias, no âmbito do mercado, é o que de mais oco e vazio existe. Nem sequer se pode dizer que exista. De verdade é uma abstração, uma aberração, não grito só com mais força digo: um aleijão. Me lembro dos Cronopios que ao chegar a uma cidade perseguem a baba do diabo. Enquanto os Famas foram ao cartório declarar seus pertences tão logo chegaram ao destino de turismo; antes já haviam reservado hotéis e não sei se conseguiram uma cadeira na praia. Provavelmente, não gostaram do lugar, pois chovia, mas os Cronopios, estes disseram: é uma bela cidade. E provavelmente dançaram, coisa que alegrou as Esperanças. Trégua, Catala.
copiei daqui.
O ponto é: todo o sistema só consegue, efetivamente, garantir o direito à propriedade. O direito à liberdade de ideias, é uma mutação, uma liberdade de proprietários. E liberdade de ideias quer dizer variedades de ideias de cada indivíduo que queira produzir ideias, e as ideias quase sempre se contrapõe. Assim que a liberdade de ideias implica em conflitos. Conflitos que devem se resolver no âmbito da democracia. Como as crianças e em casa. Assim, liberdade de ideias, no âmbito do mercado, é o que de mais oco e vazio existe. Nem sequer se pode dizer que exista. De verdade é uma abstração, uma aberração, não grito só com mais força digo: um aleijão. Me lembro dos Cronopios que ao chegar a uma cidade perseguem a baba do diabo. Enquanto os Famas foram ao cartório declarar seus pertences tão logo chegaram ao destino de turismo; antes já haviam reservado hotéis e não sei se conseguiram uma cadeira na praia. Provavelmente, não gostaram do lugar, pois chovia, mas os Cronopios, estes disseram: é uma bela cidade. E provavelmente dançaram, coisa que alegrou as Esperanças. Trégua, Catala.
2 de jan. de 2012
Castelo de areia.
Absolutamente tudo comparado ao tempo universal é Efêmero. O é: a
terra, o sol, a lua e por consequência a muralha da china.
Que dizer de meu
amor, de qualquer paixão que tive, paixão que às vezes dura menos
que uma cigarra.
Qual e quanto de
meus amores e paixões se criaram isentos de vínculos fetichistas.
... que era
andaluza, e se dizia Lole, ou ainda que todo mundo queria, era a
mais bonita( do bar, da rua, da solidão) ou se parecia a grande mãe
junguiana, era o meu espelho, onde eu narciso me afoguei ao cruzar a
minha imagem, ou ainda por embriaguez de todo o anterior, ou por um
par de copos, por ser um tipo ( eu ) de macho, pela música que
sonava, para contar amanhã, pois estava tanto mais ébrio que tão-só
de cachaça.
Enfim quando fui
um ser centrado, sabedor e sensível do que podia ser para oferecer,
das minhas qualidades humanas de haver nascido depois de suposto
dilúvio, seja 10.000 anos de cultura humana.
Não estou
querendo um poeta, que por verdadeiro é Poeta e cuja poesia é
sensual. Quais poderia citar? Muitos. Um? Drummond.
Mas estou falando
de ser Poesia. Viver poesia e como atos desta, verbos, adjetivos,
rimas...
se não posso ser
uma estrofe, que direi, uma poesia.
O sujeito.
O verbo.
O pronome.
O adjunto.
Ser.
Pleno.
29 de dez. de 2011
Antônio Niterói encontra pegadas do Proletário.
O espírito absoluto
O sol entrou pela
janela, Maiara espreguiçou, Antônio Niterói confundia o perfume
deixado no travesseiro. Você não vai trabalhar, hein Terói?
Hum!? Homem se alevanta e vá buscar aonde é. Você já fez café?
Só-o-que-me-faltava! arrumar, marido preguiçoso, nem um nem outro
eu quero, chispa, corra trecho, vou tomar uma ducha e quando voltar
quero sentir nem seu cheiro, alui, abale, home! Ai se eu te pego... O
ruido da água caindo uma canção que foi se afastando e alonge
embalava Antônio Niterói, sobre seu cavalo dialético, ia e
voltava, afirmava e empacava, e era outro ele e o cavalo, que sonho
mais doido, cavalo com nome de Histórico, eia Histórico, e lhe
chegava a espora na virilha, refugava, mas chegava a lugar incerto.
Incerta é essa vez, que só existe o que se pensa, mas o famigerado
exige uma definição, acossado Antônio Niterói brada sua espada,
surgiu um novo sujeito! Aquele que não pergunta: o que é?
Açambarcou o todo, não há nada que não se possa conhecer, não
depois do espirito absoluto a cavalo haver passeado pela Europa
central, consolidando, botando as aspas e o inviolável ex nunc. Não
há nada fora do cognitivo. O famigerado é o que faz, e a substância
que faz é sujeito pois é feita de sujeito e pelo sujeito ao mesmo
tempo que o famigerado é substância. Napoleão é a torre simbólica
da apropriação do todo pela burguesia. Antônio Niterói sente
certo refluxo ao pensar essa palavra, mas na fome come-se o que
existe. Estão unidos o sujeito e a matéria ligados pela razão e
todo o racional é real, é história é racional, voando no Pégaso
dialético até pousar diante de Guilherme III. Absoluto.
'O
touro mouro dos meus dias,Troa na praça o tumulto', Antônio Niterói
vai despertar, mas Maiara adoça a voz, eis que aparecem os piratas,
os campos africanos transformados em campos de caça de negros,
jorros de sangue, fora daqui Niterói gritava Maiara com a única
parte do corpo vestida sendo a cabeleira.
28 de dez. de 2011
Antônio Niterói numa cama rangedora com Maiara e as consciências enfrentadas. A Dialética.
No cafofo, a cama
rangeu, o silêncio desmaiado substituiu de golpe o abalo, e ainda
não aconteceu nada, somente consciências enfrentadas, começando, a
História e o materialismo. Maiara pousa sua cabeça sobre o peito de
Antônio Niterói, e apesar do calor canicular, assim fica ela
encavalada sobre a coxa esquerda dele, babando sobre a casa do
coração. A consciência negada, submetida à outra. Dormem. A
História nina. Porem, a consciência negada, agora recolhe todas
suas armas, as guariba e volta ao ataque e nega a outra. O Escravo
nega ao Senhor, quando trabalha a matéria, criando a cultura. A
cultura dá razão ao Escravo e este passa a se sentir produtor de
razão e de história, sendo mesmo ela, ela sendo ele, se misturam a
ponto de serem o mesmo, estão dentro um do outro, ao mesmo tempo que
são dois em um transformados. O Senhor fica ocioso, se coisifica,
desejoso de matéria e de natureza, se transforma em coisa, natural,
naturalmente animal, a desejar como animal. Coisas.. Antônio Niterói
esboça sonâmbulo sorriso, que logo substitui por um suspiro. Maiara
limpa com as costas das mãos a baba que depositava na caixa torácica
do nosso herói. Uma consciência nega a outra e se torna Senhor. O
outro, Escravo constrói, na manipulação da pedra, a Cultura.
Parece que a paz reina e reinará como algo, absoluto, inescapável,
o triunfo do espirito absoluto. E Napoleão passeia a cavalo. Mas
Antônio Niterói agora sonha com um filme, The Servant ( O Monge e o
Executivo- O Criado) de Joseph Losey, acha que é Dirk Bogarde que
está rondando sua Maiara que é a cara de Sarah Miles, o criado vai
entrando em seu corpo e acaba por desocupá-lo de si, e nem ele
dorme, e tampouco Sarah Miles ou Maiara babam no seu mamilo esquerdo
e toda umidade que lhe queimava a coxa esquerda desaparece. Antônio
Niterói fica confusamente sonhando, não há linearidade, em
balbucios, o espirito absoluto a cavalo, pisoteia, esmaga sob suas
ferraduras, a timidez do cogito, que se envergonha diante da coisa em
si, dando coices no obscurantismo da coisa por si mesma, galopam
aferrados um ao outro até a cisão que os aparta e os faz carregarem
das partes de que são o fundamento, para se juntarem na calma de uma
cama que range, um lençol que não os alcança e uma mosca que por
isso, abusa.
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