6 de set. de 2011

Uma manhã não anunciada: A Queda. 11\9.



 De todas as estações: A Queda.

Vivo num país,livre, de estações bem definidas. De outro modo: vivo num país, falto, de estações bem definidas. São duas maneiras de ler nosso clima. Uma: indígena. Esta alienígena, forasteira, e trocando em miúdos a botar palavras chãs: imperialista. E a propósito de minha tão dileta estação, nela vi o muro, ao mesmo tempo em que caiam as folhas no Tiergarten, ruir. Não há porque não curtir os minutos vãos dos desvãos da glória, pouca. Tudo é pouco, curto, dentro dessa efêmera biologia. Mas sem ir longe, à porta de casa a sete copas e suas folhas forram a praça. Árvore que arvora sua própria estação, pois uma quadra acima a sete copas já está novinha em folha. Falta alegria nas folhas caídas, por isso admiro a queda, que me faz esbarrar à própria majestade, o devir. Com a queda só aprendi a cair, e nada mais que amar a queda e amar-me e ser amado nela. Afinal, vivi na queda. Caí. Um sem fim. Um parafuso espanado. Poço. Profundo. Assim é a folha da sete copas, dado momento se desprende e flutua, sem rumo, na queda só há sentido, a direção é desobrigada. Um esperneio, birrento, mas raso chão é acontecimento inexorável. Sem ser historiador, posso apropositar a entendedor de queda, que a queda do império ou a inflexão se deu naquele ponto, onde a abelha botou seu ferrão. Se o zangão morre em pleno voo, o império não morre antes da hora. Muito se agitará, por gigantismo, qualquer movimento dele é, e o será, perigoso. O movimento completo durará um monotônico mil e um compassos, allegro ma non troppo. Claro, dependerá muito das forças ascendentes - desconheço solidariedade entre países - e dentre estas forças está o Brasil. Mas o ocaso americano, ainda pode assemelhar-se ao solar. Desaparecido, brilha imenso vermelho alaranjado, para algo, nos iluminar.         

5 de set. de 2011

Das manhãs de setembro: 11.


  

Fui eu quem se fechou no muro
E se guardou lá fora
Fui eu quem num esforço
Se guardou na indiferença
Fui eu que numa tarde
Se fez tarde de tristezas
Fui eu que consegui
Ficar e ir embora...
E fui esquecida
Fui eu!
Fui eu que em noite fria
Se sentia bem
E na solidão
Sem ter ninguém
Fui eu!
Fui eu que em primavera
Só não viu as flores
E o sol
Nas Manhãs de Setembro... Vanusa.




Vivian sempre acordava mais cedo, para ficar zanzando por casa e em pelo pelo quintal. Vestia-se de Eva. Ligava o radio na radio que só tocava as mais tocadas. Naquela manhã, que ainda não era a manhã não esperada, não foi diferente. Eu teimava em dormir e metia o travesseiro nos ouvidos, sempre voltava a dormir. Naquela manhã mesma não foi diferente. Diferente foi o fato de Vivian vir me despertar, ela jamais me despertava, assim: Ô. Acorda Ô, ela me chamou pelo nome tão-só uma vez. E não foi naquela manhã que me despertou. Nua aos pés da cama, mordendo uma maçã, cheguei a me excitar com a visão do paraíso. Tive vontade de perguntar de que árvore era aquele pomo divino. Na verdade eu perguntei, mas ela não entendeu a piada. Então Vivian me disse: Ô, Mataram o Toninho do PT! Não! Vivian jamais diria dessa maneira. Ela disse foi: Ô, Mataram o Prefeito. Eu é que sabia que o prefeito era o Toninho do PT. E diante de minha incredulidade, me disse que estava passando na TV. Corri à TV. E lá estava a EPTV Campinas repercutindo o acontecido naquela madrugada, quando o Prefeito de Campinas fora alvejado por não se sabe, até os dias de hoje, por quem. Ocorre que o primeiro avião já havia encetado a uma das torres do WTC, e a repercussão da morte do prefeito foi interrompida para mostrar o que havia ocorrido em NY, e quando pensava que fosse um replay, era não, era outro avião varando a outra torre como uma frecha. Anos a ver cinema, anos a ver cenas de estética e técnica duvidosa. Ali estava a perfeição da realidade. A crueza da realidade, sem rococós, banal, a mais pura simplicidade, nem mais ou menos luzes. Concebi ali a crítica do que antes era só o meu tédio para aquele tipo de cinema, que sempre me tanto fez mimética kinéctica, cinética. Não houve tempo para tanta especulação, e as torres vieram abaixo. Especulavam supostos outros ataques, que de fato houveram, mas não pude vê-los ao vivo, eu tinha que levar Viviam, a “pegava” no Largo do Pará, mas com a tratativa de portá-la a sua casa na manhã seguinte, e aquela era a manhã seguinte.   

29 de ago. de 2011

José Dirceu, Maria dos Santos, Veja e Eu “ à nível de Veja”





Sábado o Luiz Fernando Juncal postou no Facebook uma postagem do Blog de Luis Nassif. Onde Nassif descreveu a metodologia empregada pela revista semanal, para capturar\bisbilhotar José Dirceu. Não sou legalista – questões intestinais – ou moralista – a hóstia sempre grudava no céu da boca, apesar de sempre haver confessado, o cristianismo não se dissolve com amilase, baba, perdigoto, cuspe.

Neste ponto você deve ouvir esta CANÇÃO.. Para continuar a ler. Ou ler enquanto faz a audição.



Na época do mensalão não me espantaram, os métodos dirceunianos de “cooptar” o congresso via papel moeda, pois a intenção subjacente, era minha conhecida, ainda que literariamente, ou da “praxis” certos grupelhos do movimento estudantil, a citar: MR 8.
As dificuldades de qualquer governo com esse arremedo de partidos sempre serão grandes, uma coisa é ter uma oposição, por exemplo o PSDB nesse caso, ou o PT oposição no governo FHC, por quaisquer posições minimamente programáticas, partidárias. Outra é não ter oposição fixa. Oposição nuvem. Fisiológicos que todos até então enfrentavam, sempre, de maneira não declarada, ou as claras. Só um mal dizer, ou outro, de FHC, por ainda andar lá pelas bandas da literatura pastoril.
Talvez o Zé Dirceu, no mundo real ( no mundo real a fome não é estatística, a estatística não é fome, e como diria Tim Maia, me de motivo). Zé Dirceu que andou por ele ( o mundo real) fazendo filhos, disfarçado, outro nome, sabia que ao montar no cavalo do poder, não se lhe oporiam posturas - minimamente - políticas, ideológicas, como as que Lenin se deparou nos salões da bailarina amante do Czar, e do balcão do mesmo palácio soltou discursos, como labaredas saídas da boca de um dragão, a queimarem a gordura daqueles cérebros estupefatos, principalmente dos seus Bolcheviques, mas também de Mencheviques.
José Dirceu sabia que ali, naquela Brasília nada de Mencheviques, mas sim os próprios heraclitianos porcos a se lavarem na lama e bois, e seus chacareiros, palhaços e outros ruminantes, radialistas, médicos com ternos de risquinhas (não é comum dos médicos esse hábito, não aos médicos médicos), médicos ex-prefeitos, ex-prefeitos guindados pelos votos de cidades de 80, 100, 200... mil habitantes com suas necessidades fisiológicas, ambulâncias, pontes, asfalto para estradas vicinais, segundas mulheres, segundos filhos, maridos das filhas, etc. Tudo a ser saciado a cada votação, guiada por “lideranças” partidárias ( imagino o asco sentido pelo Zé diante destas lideranças, a preencherem bilhete de mega sena na antessala).
O que se deu foi relação de uso, como aquela que se dá com um prostituta, ( eu pergunte
a Maria dos Anos, quanto custa pra se ver?), na qual não há a minima necessidade de que unhas postiças e esmaltadas te percorram o peito peludo a desenhar geografias dissimuladas, enquanto a fumaça do cigarro vaga como a mente e como a vagabunda.
A solução foi a compra por atacado. Uma espécie de Paredón. Um auditório SS: quem quer dinheiro? Hahai Lombardi. Um escarro de fumo mascado clinteastwoodiano nos escorpiões. Uma inversão de valores, ou melhor, inversão de papéis, a esquerda ideológica a comprar a moralidade cristã, rural vestida de cravo na lapela e os próprios confessores em seus confessionários. Gozo. Folga. Sim folguei com aqueles dias.
Claro que a coisa não iria longe, afinal o que se comprava era a parte mais podre do cachorro morto em decomposição, da aparente saudável sociedade brasileira dos cães de raça.
Dirceu bandido banido ora vestido de domador de vanidades caninas mumificadas. Eu havia lido Was tun? Oder, Lenin gesagt habe: was tun? Respondeu: Rumo a estação Finlândia: Lenin gesagt habe, e a questão do iceberg submerso, a parte ilegal do partido, era o Zé, praticando, funcionando, adaptando no calor da luta, dentro dela no seu decorrer. Eu gostava, cúmplice, batia também com minha cultura cinematográfica de “velho oeste”. O sempre Clint que partiu bandido agora volta e vira mocinho, para salvar a prostituta francesa que virou donzela, o barbeiro, o coveiro e o taberneiro.
É o mesmo Lenin espremido, dentro de um vagão, pelos que andavam ávidos por ouvi-lo. O próprio jogo, o filme, o livro e a camiseta eram de bandidos, e nisto não há nem havia bem que pudesse ser bom. Mas, eu gostava. Desfrutei. Zé Dirceu era o traficante que “fez fiado” a viciados empedernidos. Afinal que ideologia, que discurso, que retórica poderia tocar aquela gente, senão que a migalha da qual sempre foram escravos, a manutenção de uma chácara com piscina na triste e seca Palestina, a beira do rio Turvo e o jet sky arrastado pela camionete até o Guarujá. Tudo tem sua graça, até mesmo isso. Eu provei e prefiro uma canoa com branca vela velha, mas tem que ter espirito, algo de fantasia interior, para o tempo\trajeto e se não for inventivo, que é o meu caso, busca-se num O Velho e o Mar.
Mas o que fazer quando a aparência é o que importa? Então vem o Zé Dirceu, e diz para o cara de peixe: o ranho da vossa constipação se lhe escapa sobre o bigode!
Para Roberto Jefferson foi demasiado, isto somado a 4 milhões de reais a lhe esfregarem na fuça.
Toma verme.
Toma carniça.
Tome seu bosta.
Como, quem recebe como parte sólida do menosprezo, alem do dinheiro, um bolo de merengue de clara mal formada, na cara .
Mas um pouco de brio tinha o homem, um brio de verme, de lombriga, de taenia. Muitos da dita elite tem nas profundezas da mente o que é comum os flagelados terem no intestino.
Pois o que os vermes não aceitaram foi o vulto refletido da própria vulgaridade vermiforme, banalizada.
No fundo, no princípio também sonharam em ser políticos. Com seu lado romântico. Claro que sim. Mas isso se havia corroído pela fragilidade da composição de seus próprios princípios.
Anteriormente o cara apresentava um projeto. Passo a passo: do projeto a propina. Ou seja, projetava a propina , mediante obtenção, sanção de um projeto em favor da gentalha de sua terra natal. Duas cadeiras de rodas, um berçário, por exemplo, para atender as empregadas domésticas que lhe escutavam pelo rádio, e do cabo eleitoral que perdeu a perna na moenda, ou com a diabetes pelo excesso de cana. Afinal só bêbado e mamado.
Naquele momento não!
Ouviam: Não, nem precisa de projeto Excelência, tó, toma, pegue é seu o pacote, e a mala ofensiva e ostensiva à mesa, que o convocava ao plenário, à militância, uma militância de puta, sem direito a discurso, um rebanho ruminando, que por vezes errou o voto. O mesmo método que eles aplicavam ao seus eleitores.
Doravante eles eram os descalços, descamisados. No sentido que isso possa ter em relação a carência de qualquer minimo que calce-o de valor humano. Camisetas, bolas, chinelos etc.
Resumo da ópera: compra de voto.
E compra de voto é abusar da fragilidade do eleitor. O mundo sempre coloca a boca no mundo, ainda que da boca para fora.

26 de ago. de 2011

Muralha da China.


 De tudo há. Assim há uns que pertencem a deus. Outros que são fantasmas. Os mumificados. Domésticos. Porcos. Sereias. Fabulosos. Libertos. Todos os anteriores. Os que se agitam como loucos. Os pintados com pelo de camelo. Há os que não são os anteriores e nem os a seguir nomeados. Os que acabam de quebrar o rabo. Os que de longe parecem moscas. Lista livremente adaptada desde Borges, el outro, que cita enciclopédia chinesa. Os animais. A lista interdita qualquer possibilidade de pensar ausências. Cada elemento taxonômico é universo de semelhanças e fronteiriço de universos de diversidades. É geografia estranha, entrelaçada, sem todavia permitir intersecções. Onde, mesmo o ranho é um ciclope quando em cavernoso nariz. Esses seres que são todos, nós incluídos, nos vem facilitar o pensamento, acomodá-lo no seu puf ideológico ou simplesmente caótico, desatento, casual e provável, se fosse possível impedir o acaso num jogo de dados. Nada mais terrível que incomodar o acomodado. Com isso esta taxonomia geral e irrestrita assossega a todos. Para que cada um se acomode, no seu balanço. E não se meta em universos outros e desconhecidos, inacessíveis por interditos. Dai que o melhor a fazer é a cara patética do universo de iguais, ao qual devíamos nos manter restritos. Mas mesmo isso não nos atura, ainda quando esbarramos em verdadeiras muralhas de desconhecimento, teimosamente apomos as nossas, feitas de quadrados tijolos, da massapê endurecida pelo pisoteio de ignorâncias, para não ver assimetrias outras. Assim estanques entre amuradas, o discurso que deveria pairar por sobre o universo de singularidades, incerto como uma nuvem, para ver, sentir, aperceber o universo de diversidades dentro do universo das semelhanças, se torna interdito, rarefeito a criar guetos inacessíveis às diferenças, diversidades, e nem sequer chega-se a segunda lei da termodinâmica. Desse modo o esparramo caótico do céu estrelado, que é só uma das possibilidades, acaba por ser ferozmente vindicado como único e imutável, como a própria muralha da China.  

22 de ago. de 2011

Futebol.




Desde sempre gosto de futebol. De menino, aproveitava cada intervalo de outras atividades para meter ai no meio um bola. De pano. De meia. De plástico. De capotão. N° 3, N°4 e 5. No hora do recreio, na horta com os repolhos, quando o Vicente atirava o repolho e então, eu “fazia a ponte” e gritava enquanto caia com o repolho-bola: Mazuuuuuurkiewcs, grande porteiro cisplatino da copa de 70, aquele que Pelé, a coisa quântica: ora Pelé, ora bola. Diante de tamanho obstáculo, Mazurkiewcs, se separou em bola e Pelé, cada um sendo o mesmo, cindido “passou” cada qual por um lado do goalkeeper. Puro encantamento, poesia quântica EΨ = ḢΨ. Diferente de Maradona e Messi sendo que ambos os argentinos, aquele não conseguiu, este ainda não pode ser dual. Pelé\Bola. Pelé o Rei. Este também desconheceu o barroquismo praticado pelo Gaúcho, Neymar. Nomeio-os para estabelecer paralelo de retas, que contra a regra matemática se afastam, apesar de um certo paralelismo inicial. Note que não os boto na mesma frase. Não são dignos, nem sou louco de tal desrespeito. Nem sei tampouco se é gramaticamente possível ter um sujeito como Pelé junto a outros sujeitos de ordens inferiores. Enfim o sujeito não se matiza.
Jogava, ia ao estádio Alfredo Comacchio em Bonfim Paulista assistir o Bonfinense. Ia à Joia de Cimento Armado. Ao Santa Cruz fui ver o adeus Dele, Zé Mário e um Sócrates primevo. Ouvia os jogos do Bafo, do Corinthians e tudo em seguida os comentários das partidas. Na segunda-feira lia o jornal por mais comentários e análises.
Já adulto li as crônicas de Nélson Rodrigues sobre futebol.
Depois me desinteressou pouco a pouco qualquer comentário ou narração a respeito. Creio, que o primeiro passo foi justo terminar a Copa de 1982, em Espanha e então completamente antes da copa qual Zagallo foi guindado a treinador pela enésima oportunidade. A gota d´água foi vê-lo no Jô Onze e meia, dizer que desconhecia a partida beneficente pró Garrincha, em notória trajetória de choque com o Absurdo: Garrincha.
A crônica esportiva começara a ganhar toques de Contigo, bastidores, batom e blusch. Um que outro jornalista esportivo se ocupou das mazelas do futebol, tentando aparentemente dar-lhes caráter político, mas cujo viés, até hoje, não ultrapassa o moralismo de vigário pedófilo. Sendo que ainda que a este moralismo; estes tipos que dele se afanam e afamam, nas três formas de pretérito e presente do indicativo, sequer o tangenciaram apesar de tsunâmica azafama.
Isso que vou dizer merece nova postagem: A queda do futebol é concomitante à baixa qualidade da crônica esportiva. 

21 de ago. de 2011

Ceci n´est pas un loup. Ou nem te ligo vitiligo.




Talvez morrer de fome seja tão angustiante quanto comer uma ostra seguida de Prosseco bem gelado, como antepasto a parrilhada de frutos do mar. Mas pelo fato de culturalmente, ao longo de todo o processo civilizatório, termos carregado de valores e fetiches: a ostra, o Prosseco, a trufa. a picanha com alho então morrer de fome é ruim. E assim e só assim posso compreender como vitória, a pasmaceira gandhiana, ou a passividade permissiva brasileira, a paz dalai lamista do Tibete.
O mundo nos oferece alguns discursos em condições bastante objetivas que podem balizar nossos comportamentos de tal modo conseguirmos uma boa correlação de forças entre os pares. Tirante obviamente, seculares e eternos ditos sofistas e não casuisticamente conservadores, como: “oferecer a outra face”, “nem te ligo vitiligo”, a resignação e o silenciar-se como fonte de superioridade e sabedoria, como quis Lao Tsé no seu “quem sabe não fala”, que nos tem derrotado desde sempre, senão que no silêncio do réu, para fintar os óbices da lei e obstar do incriminar-se, onde diga-se de passagem, talvez fosse a grande, única e pedagógica punição possível, justamente narrar a malfeitoria até sangrar-se, como forma de encontrar-se consigo mesmo, na raiz e na flor da maldade. Ou seja toda essa não atividade, não reação diante dos fatos, seguem sendo anunciados pelas governantas e mordomos como: o melhor dos mundos possíveis, a oferecer na bandeja como canapês a maneira “sofisticada” de comportar-se. Dê a outra face, e agradeça a deus. Mas não é isso, e nem só isso, pois trata-se a olhos vistos de um sofisma.
O inconsciente – se instinto - nos faz iguais, não a essência que nenhuns sabemos sequer do que é feita e sequer se é feita, tal igualdade quando muito é DNA de uma origem comum, que não nos remete ao barro bíblico.
Porque e enquanto isso, no mundo real, no meio da praça a personagem, Corrupção, se esgoela numa grita infernal, pedindo e clamando por um inquisidor, uma fogueira que a queime ali, catarticamente.
Não podemos nos silenciar. O silêncio só serve ao réu. Mas todo aquele que prega o silêncio como forma de grandeza e sabedoria, o faz grandiloquentemente de Lao Tsé, passando por Jesus, Gandhi, Dalai Lama até chegar aos contemporâneos manuais de autoajuda. As gritas, as acusações, o silenciar-se etc, são formas de exercício ou abdicação do poder, no caso: abdicação

A leitura do artigo da escritora Ely Vieitiz. O silêncio dos Lobos no Caderno C do Jornal A Cidade 21\06, num primeiro momento me deixou intrigado. Reli-o. E não se aclarava; atentamente frase por frase; parágrafo traz parágrafo; nenhuma incongruência na conotação metafórica (lobo em pele de cordeiro): silêncio\sabedoria em oposição a respostas ásperas, pareceu-me tão só estética a diferença, onde subjaz mais o caráter chá das cinco, (sofisma\sofisticado) que qualquer razão mais positiva ou civilizatória do instinto entre elas, das diferenças: a sabedoria. Pensei então tratar-se de uma personagem, que os via malogrados, a explicar os tais silêncios, superiores. E talvez nisso estivesse a contradição. A resposta áspera na elucidação: a publicação. A Metalinguagem. Como a frase de Magritte sob o cachimbo desenhado: Ceci n´est pas une pipe.

Ajuntado os fatos. Outro dia circulou por Ribeirão Preto a primeira edição da revista Revide que anunciava as 100 pessoas mais influentes no município. Adoro as listas de 10 melhores ou 100 melhores para quaisquer atividades. Tanto que outro dia comecei uma lista das 10 canções que mais gosto da MPB, mas logo lembrei do Luiz Melodia que havia ficado fora Salve linda canção sem esperança, logo supus 15, 20 e fácil fácil chegava a 100. Então entendi a ausência de Júlio Chiavenato.          

20 de ago. de 2011

CORRUPÇÃO: Quanto mais leis, mais vícios, ou possibilidades deles.

Entendendo a corrupção.


,A corrupção é no mínimo subjacente, se tratamos da humanidade, não de panapaná. Os homens têm interesses outros aos das borboletas. A Globo imortalizou dois tipos de caçadores: o de corruptos - marajás – via Collor e o de borboletas em Odorico Paraguaçu, Dirceu Borboletas. Ambos bastante diversos. Este a fuga da realidade, cômico; o outro, a tragédia digna dos clássicos Gregos, que numa leitura de média apneia - mergulho nem tão profundo que exija tambor de oxigênio, tampouco superficial, que se faça sem escafandro - aproxima Collor a Édipo ou a Coração Satânico de Allan Parker, aonde Harry Angel busca-se, já que o assassino é o próprio. Collor quanto Harry Angel (Mikey Rourke) revivem o fato, na repetição sob o prisma do outro, seja, com culpa. Assim devemos buscar o Corrupto, até o fim. Sem medo de nos encontrarmo-nos.


Nesse sentido não posso esquecer a Jackson do Pandeiro, mas quem disse o que direi é Aldir Blanc … pois quem vende saúde\ possivelmente é doente. Para que citei a Globo? Porque exerceu\exerce o papel junto à população, que os EUA exerceram\exercem no Brasil. Um no Brasil pessoa jurídica e aquela no Brasil sentimental. Por nenhuns tenho interesse aqui. Tão-só olho por este buraco de chave, donde tento ver o todo, deslocando o olhar, ou a simples e dissimulada atenção a coisas de cariz público.
Tivemos dois estilos de governos desde Harry Angel Collor de Mello. Um que vendeu o que tínhamos, e, o mais lucrativo: o que havia por construir. O outro, o direito de execução da possibilidade do se fazer. Lá subjetiva. Agora objetiva. Antes a concessão. Aqui o equipamento. Antes o estudo sobre a enchente. Agora a obra. Então os intelectuais. Doravante os capatazes.
O problema central ainda é o fato de as elites econômicas não legislarem diretamente, mas via representantes elegidos pela massa. Seja há o político que aceita esse perfil. Defender a propriedade de outrem. O exerce. Mas há o político que cobra parcelas da propriedade, seja ela, valor mobiliário, móvel, imóvel ou subjetivas tais como direitos, dignidades... Pois o que funda nossa sociedade é a propriedade, pequena, ínfima ou imensa. O estado é o juiz e a polícia e gerador da lei que rege, vigia e pune a expropriação. Me parece uma boa frase: Quanto mais leis, mais vícios, ou possibilidades deles.