27 de out. de 2015

Inteligência Emocional.

Inteligência Emocional.

Se tenho um problema, tendo a me calar, a respeito. Por ecologismo, seja não poluir ainda mais o ambiente, e o meio. Ao passo que o que vejo, em meio a tanto palavrório inteligente-emocionalista é uma incontinência emocional, uma inteligência emocionalmente infantil, os Fala-barato, tipo de fofoca com cara de indignação, como diz certo Inspetor ao ouvir  certo Sr K:  menos  Sr K, se tudo o que diz pode estragar a imagem que seu corpo, seu gestual já nos informou.
Há que se ter, isso sim, sentido de pudor, discrição, vergonha própria e alheia. 

26 de out. de 2015

Blair pede perdão!

Blair pede Perdão.

Tony Blair pede perdão, há destempo. Deixou passar muitos anos para reconhecer as mentiras que desembocaram na decisão de intervir no Iraque. Ele, que era o Primeiro Ministro Britânico, e um dos sócios daquela triste coalizão do Ocidente contra o Império do Mal, teve que reconhecer, muito tarde, talvez tarde demais, que tinha informações “errôneas” e com elas tomou-se a decisão, então equivocada. Faltam ainda a Bush e Aznar - seus outros sócios -  fazer o mesmo, aceitar o erro que se supõe tal intervenção no Iraque. Cujas consequências ainda vigem.
É possível, sem medo de ser leviano, que tais informações “ errôneas “, como a existência de armas de destruição massiva em mãos de Saddam Hussein não fossem mais que motivadas pelo interesse em dominar um dos países mais importantes na produção mundial de petróleo.
Nem tudo se pode atribuir a uma reação aos atentados do WTC, em NY, aonde nada ou quase nada se pode atribuir ao Iraque, melhor dito ao Regime Iraquiano de então. E cada vez mais, com o passar dos anos, parece que foram as razões geoestratégicas que impulsionaram aquela intervenção, e que tem muito a ver com a focalização na estabilidade, ou criar a sua ausência em todo o Oriente Médio. No mais um erro que se está a ponto de cometer na Síria, aonde a busca por aliados contra Bashar Al-Assad torna a provocar a instabilidade na região, ao tempo que gera uma força política e militar como o Estado Islâmico, a razão do qual já condiciona o equilíbrio mundial. Desgraçadamente, Blair falou tarde, o que já se supunha, o que só agrava sua culpa. 

24 de out. de 2015

Cargo em Comissão.

Inda pouco lia uma coluna do Estadão, que a miúde expunha a quantidade de cargos em comissão do governo petista. Conclamava o jornalismo a tratar mais intensamente tal descalabro. Quando o PT assume o governo federal, tais cargos, seu número, rondava a casa de 30.000. Excessivos me parecia, me parece. Porém, aumentaram, um excesso do excessivo. Deveríamos discutir isso. Particularmente, não sei qual o número razoável, enfim necessário. Mas há o excesso. Há o excesso por toda  parte. Em Rincão, Guatapará, Bonfim, em Ribeirão, Campinas, São Paulo capital, São Paulo estado, Brasil.
Tive um colega que chamarei de Ulísses C., que formava parte do governo FHC, em Brasília, num tempo que ainda se podia dialogar. Me disse Ulisses, que muitos dos quase 30.000 cargos em comissão que como ele deixavam Brasília, não tinham para aonde ir. Como ele, muitos professores universitários, haveriam de voltar à
cátedra, depois de longos anos ausentes. Não durou dois meses essa inquietação do matreiro Ulisses, pois logo elaborou um projeto que foi encampado pela ALESP, e com a verba disponível, não teve que voltar aos sofrimentos de lecionar na Unicamp. Assim muitos foram se encaixando pelo estado paulista e mineiro afora, já que lá governava Aécio. E que com a derrota em MG, também tiveram que buscar o que fazer em governos da sigla. E de.fato isso acontece, são profissionais dos partidos, que perambulam pelos municípios, estados dando um pitaco aqui outro ali e se forrando. Quanto dessa gente prescinde um governo, não saberei dizer. Aqui em Bonfim conheço um engenheiro, amigo da infância, dizemque “trabalha” no DAERP, e que teria sido “colocado” lá pelo João G. Sampaio, e de lá nunca mais saiu. E nunca o viram na  na lida e logo se aposentará. Como um outro que, também, “trabalhou” na autarquia e já se aposentou, e a boca miúda tem a  vã glória de dizer jamais haver trabalhado. Diz que ia, sim, “ picar o ponto “ tomar um café e de lá ia para o café Única, vender uns lotes. 

20 de out. de 2015

Flores Baldias.

Flores baldias.
O mal da política é o mal do indivíduo, incertamente. A nossa consciência se situa e se crê, rapidamente, proprietária do seu eu, de tudo que rodeia, e um pouco mais além. Possuímos por natureza, instintivamente,  como com afã defende seu território, os animais, as vezes a custa da própria vida. Animais que somos, o sujeito tem o que tem e inerte tende ao imobilismo.
Não vou mostrar como, mas por esse caminho, chegamos à Direita e à Esquerda. À Política.
Uma arte de mudar fachadas, porque no fundo não muda nada.
Se nos lembrarmos dos discursos dos principais candidatos da última ( pode ser da próxima) eleição, estava e estará lá este imobilismo, este mal. Uns reclamam a reforma da constituição, que não se produziu, e nem se produzirá, outros querem a volta das boas maneiras, seus símbolos, se tanto, mas é isso, outros querem que as vaquinhas desgarradas voltem ao rebanho. Há claro, os que querem dinamitar o poder, a velha política, evidente, desde os parâmetros tradicionais. Pode se ver que desde a velha hierarquia partidária, e idéias liberais - econômicas - do século XIX em pleno XXI. Outros sempre terão a Marina, esse Paris tropical.
O discurso contra a corrupção é corrupto per si. Prevarica só em pensar. Mecanismo anquilosante de plagiar e se repetir até a insana insaciedade. Fazendo força vejo aparecer um  líder novo, que é clone de um velho, conclui pela ignorância que é a perna longa do silogismo. 

15 de out. de 2015

Desdicionário:

Patetismo: comportamento de quem vê pela primeira vez um belo par de seios.
Microchip, o resto de um saquinho de Elma chips
divulgar, expressar-se de forma grosseira.
Analógico, pensa de forma anal,
Analogia, confundir o cu com as calças.
Bons propósitos. Tem vida bem mais curta que os maus, a propósito
Ácaros, que por incrível que pareça, são de graça, deveriam se chamar Ádados.
Milagre, Em Aparecida do Norte não tem farmácias.
Arizona, Casa da luz vermelha do Ari.
Cuscus, isso mesmo, com eles, mas cada um com o seu
Funcionário. Ao contrário do que possa parecer não funciona.
Taquicardia, batimentos acelerados do coração diante de visões do paraíso.
Tutu. EuEu!
Diagnostico, agnóstico de pai e mãe.
Perder a vida, sem nunca perder a chave.
Arbitrariedade. Tática do Corinthians.
Livre arbítrio, apita ou não apita, se quiser.
Biodiversidade, quanto mais diminui na natureza, mais aumenta no supermercado.
Parênteses, interromper a tese de um parente.
Saudita, sal já comentada,.
Persiana, enrolação tipica dos iraquianos.
Reciprocidade. Duas pessoas insolentes a falar mal um da cidade do outro.
Trompa de Falópio. Diz-se do nariz do Aécinho.
Errata. Onde se lê cagada.
Euforia, estado de ânimo patológico caracterizado por uma sensação de potência, alegria exagerada, e tendência injustificada de certos brazucas de se sentirem norte-americanos por estarem na Disney.
Diversionismo. Ser favorável a versos sionistas.
Apoucalipse. Fim de tudo apoucado.
Mortificar: vexar um morto que está dentro do caixão
Aclimatar, matar com mudanças climáticas ou com golpes de climatizador
Chimpanzé, macaco se parece perigosamente ao zé
Antena parabólica. Decodificadora das parábolas da bíblia.
SOGRA, vem de sua Ogra, s'ogra = sogra. . Feminino de seu Ogro. S'ogro. Sogro
Curiosidade. Vulgo fase anal.
PIB, produto interno bruto, quando ainda está no intestino .
A posteriori, o mesmo que: vá tomar no cu
Poli-patetismo, assombrosamente patético, da cabeça aos pés..
Cornometro, medir o tempo que leva para crescer o corno a um cornudo.
Castração. Privação de órgãos de representação popular e oposição em Cuba.

14 de out. de 2015

Todas as cores: O Preto.





Incertamente sempre há sido assim, mas me concedo perceber que cada vez mais, tendemos a nos situarmos em determinada cor e ai se permanece imóvel. Uns são brancos, os outros negros, os outros vermelhos.... apesar de que, em todo caso, contemplemos as exceções, os há quem se atreve a mudar de tonalidade. Não tenho certeza se a escolha da cor se faz a partir de um processo de reflexão pessoal, ou por inercias variadas; tampouco é que tenha importância, pouca ou muita, é mais preocupante que uma vez situados em uma cor somos relativamente cegos à existência dos outros. Ainda que este caso, último, não pareça insólito. O verdadeiramente inexplicável é que exista gentes que sofram desta imobilidade toda a vida e que nem tão só tenham tentações de experimentar outras cores. Eu, por exemplo, sempre estou na zona cinza puxando para o preto, admiro o amarelo, e alguma vez mergulho no verde, no laranja e tropeço no azul e caio de boca no lilás, me levanto somente pelas cores que ainda me faltam experimentar. Assim não sofro.  

12 de out. de 2015

Do Amor e do Luto. O Fim Nasce Com o Começo.

Como em cada vez que me apaixonava, sentia naquele exato instante, o gosto do temor de perde-la, da angustia, o sabor do luto que nascia exuberante dentro do encantamento. Voltemos para a Canastra, disse, já afogado nas lágrimas e moco que escorreriam e já se formavam em suas fábricas em mim. Vá para o hotel que já venho, tenho que passar no bar e comprar um cigarro. Liguei a televisão e a estranhei, olhava pra mim e tentava me encorajar. Desliguei. Deitei olhando o teto com seu ventilador parado. Peguei um livro, já não sei a quanto tempo o tenho aberto diante dos olhos. O silencio do hotel expõe suas entranhas ruidosas, uma descarga, um salto perfurando o teto que olho, e o salto o vara e se crava no meu peito, a lâmpada idiota que ascende e apaga e não traz ninguém, noticia, nunca tinha pensado que os moveis pudessem ser solitários, mas estes são, um criado de cabeceira vazio, abro a janela e a avenida é uma foto, aonde não corre o tempo, nenhuma luz pisca, não pode haver movimento, nada mais passará por ela, e acordo sentindo o frio de um velório. O bar se fecha, saio pela avenida rumo ao hotel, posso ver minha janela aberta, para que entrasse a fresca da madrugada, sem ter que ligar o barulhento ventilador, pego um livro, adormeço e desperto com o gosto de uma coroa de flores de velório, é o fim da viagem. Fazer a barba, maquinalmente, juntar os cacos e comprar uma coroa de flores.    

Les vacances de monsieur Hulot.

Les vacances de monsieur Hulot.

O sol é de arrebentar mamonas, o corpo exige menos roupas, uma havaiana, uma camiseta cavada, um velho calção de banho, e seguindo, com mais poesia, os ipês já floriram em todas as cores, e latitudes, ouço um latejar, um pum-bum baticundum procurundum, em meio essa primavera verdamarelo sibipirunico, é verão. Os derrotados ainda não aceitaram a derrota, e nem vão. Não querem novas urnas, querem puxar o tapete, não querem concorrência, para o bem e o mal. Isso já me cansa, tento pensar uma filosofia das proximidades. Atento aos que vivem acerca. O ar que respiro, a casa donde vivo. O pedaço de céu que vejo de minha janela, o prato à mesa, o azeite, o pão e o café. O trabalho, ainda que não seja nada de outro mundo. O cotidiano repetitivo, não anódino, por certo, o recolhimento, o resguardo, e no entanto a identificação com tudo que está próximo, ainda que existam fatores dissolventes elementares, as doenças, e o ruído, e hostil  como a violência em todos os âmbitos, ambiental, social banalizados. A banalização é o império que nos governa. Um dia o candidato haverá de dançar: na boquinha da garrafa.
Atrás desta contabilidade ficam os dias de férias. A beira mar, ao pé da Canastra. Potentes e vitais. De todos os aromas e sinestesias. 

11 de out. de 2015

Sapato Velho, Chihara Shiota.


Sapato Velho, Chihara Shiota.

Umas botas com ponteiras metálicas. Um sapato de salto. Umas alpercatas. Andava convencido com cada um desses sapatos. Aquela fé indestrutível de adolescente nas canções que ouvia. Absurda bota com absurdo cinto afivelado. Necessidade patológica de expressão daquela rebeldia. Vestir uniforme para se sentir único. Não conservei nenhum desses sapatos que usava para arejar meu mundo interior. Me aferro a quase nada, senão que às memórias, e os recordo, não sem indulgência. Me aferrei mais a um brinco de argola em ouro que à maioria das bandeiras. E caminhei pelo mundo com a altivez de espantar medos paralisantes. Um dia, sem aviso, me dei conta do ridículo daqueles disfarces, que já não precisava e era eu apesar de tudo. Era visível sem eles. Mas houve sim um pequeno e portentoso ritual de passagem. Um dia num bar, disfarçado de sedutor, se acercou de minha companhia, um homem vestido de homem, careta. E todo mundo viu a minha insegurança, que brilhava mais que mil punhais de prata, eram as alpercatas, foi ali, em nenhuma outra parte do corpo, que senti fraquejar. A obra de Chihara Shiota, reclamou sapatos usados com história, não as tinha para enviar. A instalação de Shiota é uma teia de recordações, exibidos impudicamente, sapatos acompanhados de histórias como essa. Não fui ver, mas se fosse não leria as histórias, um tipo de pudor.  Talvez, pelos sapatos que não guardei, mas com certeza, por saber dessa minha história, aonde já era o homem que queria ser, descalço, inclusive, nem por isso deixarei de seguir caminhando a gastar solas de sapatos.

7 de out. de 2015

Da Midia - Asfixiante Penitencia Imposta ao Livre Pensar.

Muitas vezes percebo nas criticas, não só no antiPetismo, uma asfixiante penitencia auto-imposta, da mesma forma que no passado se usou uma estrelinha vermelha para se diferenciar no rebanho, hoje usa esbravejar contra, já sendo o bastante, e como penitente não percebe que a história do fetiche da estrelinha é que nos trouxe ao de hoje, pelo vazio de quem a usava nesses termos. Da critica de hoje asfixiante ao endeusamento da estrela fetichística no passado, entre um e outro corre e correu um rio, que para navegar ou nadar, há que se libertar dessa camisa de força e ampliar as margens.
Há uma expressão terrível que é a tal massa de manobra. Nunca gostei delas, mas ela persiste apesar do meu paladar. E por incrível que possa parecer, a massa de manobra não é a grande massa popular, porque o povão é paquidérmico, difícil de manobrar, e como o elefante dentro da lojinha com qualquer movimento pode causar muito estrago. Portanto a massa manobrável deve ser mais leve, é a vaca com sininho, aquela que possa conduzir mansamente o rebanho, sem grandes movimentos que possam criar problemas maiores do que os que se quer resolver.
A esquerda pré PT e Petista, antes do poder, bem que tentaram trazer para o palco tal paquiderme, afinal, nada se tinha a perder. No entanto, mesmo o PT lulista, e é o que entrou no poder, soube se livrar da grande massa, no que diz respeito aos movimentos. Um exemplo de massa de manobra é aquela das diretas, que com duas ou três palavras de ordem volta para casa cabisbaixa. O exemplo quase oposto é a massa enfurecida dos movimentos de 2013, disse quase, pois ao final viu-se que eram comandadas eletronicamente, e bastou clicar em algum botão e ela também se escafedeu, mas já demorava-se mais do que quem a planejara esperava que demorasse. Outro exemplo de massa de manobra é a do Fora Collor, aonde se inventou a grife dos caras pintadas, repercutindo sobre ela mesmas, as imagens televisivas ajudavam a se auto-encher como um balão, um certo tipo de patrocínio.
O “Fora Collor” foi bem mais do que isso, foi o balão de ensaio dos Mídias no exercício de Bloco Oposicionista. O que não é novo, se historicamente existe o senhor Lacerda. Temos tradição de políticos que nasceram nestes meios. O rádio já forneceu uma dezena de candidatos a prefeitos em cidades grandes do estado de São Paulo, só para constar, o prefeito atual de Campinas Jonas Donizete, e a prefeita em segundo mandato de Ribeirão Preto Darcy Vera nasceram nas ondas medias e curtas. Você se lembrará de tantos outros com certeza. É notória, a força das mídias faladas e televisivas por toda parte, creio, mas sem precedentes como em nosso país.
Penso que juridicamente, o PT não tem defesa. Como não têm qualquer outra agremiação partidária que tenha assumido o poder ou está nele como o PSDB em São Paulo. O caixa dois é fundamental, até agora, para a sobrevivência dos partidos, tal como é nossa lei eleitoral hoje. Mudar essa lei drasticamente é impossível, democraticamente, e mesmo uma pequena Constituinte para isso não a mudaria tanto, porque é certo que deveria apear do poder muita gente em todos os partidos. Que ao fim e ao cabo não são partidos, a maioria, não têm qualquer ideologia, a não ser a de se chegar ao poder. Há vários exemplos de eleições aonde o regime é parlamentarista, que o um partido obtém certa vantagem nas urnas, mas não consegue formar um governo, não consegue que outros partidos o apoiem, por diferenças ideológico-partidárias. No âmbito partidário o que temos é esse posicionismo, não importa quem é ou venha ser o governo, estarei com ele.

No governo FHC os bancos houveram-se com a globalização rapidamente, foram os primeiros a crescer ou desaparecerem, FHC fez o PROER , no entanto abriu a porteira para o capital externo, quem pode cresceu, quem não pode foi engolido.
Outras áreas privadas de produção nacionais também sofreram com a globalização, empresas familiares foram engolidas vivas, como a Metal Leve, para que conste um exemplo. Assim como tantas empresas públicas foram entregues ao capital externo. Sem tecer juízo de valor ao fato.
Mesmo o futebol passou por isso e ainda sofre. O setor calçadista, que hora se recupera.

A bola da vez é a Mídia. Ou cresce ou desaparece. Os capitais globais mediáticos a reclamam. E havemos de convir que são muito poderosos frente aos capitais mediáticos nacionais, mesmo a Globo é café pequeno, frente aos gigantes das comunicações. É o que está em jogo. Num momento em que o PT acena com uma regulamentação. E como defesa ela pretende um governo que a proteja desse ataque externo. Ainda que custe a nossa recente democracia.       

6 de out. de 2015

Manual do Sexo Manual. parte x.

Manual do Sexo Manual.


A Humbert Humbert não passava pela cabeça ser um criminoso. Muito menos por aquilo que mais lhe dava prazer. O sexo. Estudante de uma faculdade periférica de um curso idem, do campus da Medicina da USP. No busão lotado de juventude e libido os olhares se cruzavam, se procuravam e se encontravam, se desviando de outros, de soslaio, e os corpos se chamavam, se buscavam se encostavam, as curvas, as formas arredondadas, pontiagudas, se sentiam, se ajeitavam. Humbert se acasalava. De fato haviam se escolhido. Tudo começou por um olhar, estavam distantes e foram se aproximando. Era muito fácil avançar, mas Humbert Humberto esperava. Ela, por fim, se desvencilhara de uma amiga, fazia o mesmo com a bolsa tiracolo, um meneio de cabelos e estavam colados. O percurso não era longo, e em todo ele atados. Por fim ela descia. Nem um olhar. Nada. Em outras situações parecidas, Humberto Humb havia sussurrado algo ao ouvido, e tudo ruía. Então com Lole, é assim que a chamava de si para consigo, Lole, seria diferente. Mudava a momento de entrar no ônibus, para se assegurar do desejo dela, e se punha adiante dela, e ela vinha sorrateira, e de repente, estavam lá. No refeitório, a buscava, mas ela não o via. Os olhos dela o varavam e não o viam. Certa vez, a encontrou numa festa. Pensou em falar-lhe. Desistiu. Esperava ao menos um sinal, e nada. No dia seguinte, já um tanto entediado, resolveu entrar a tempo de conseguir um lugar sentado e acabar com aquilo. E lá foi, fez isso, sentou. Passado uns minutos o ônibus parou no ponto em que ela subia. Ela subiu. E não tardou muito para ela estar esfregando no ombro dele o objeto desejado. Era uma nova posição. Naquele dia ela levava jeans. No dia seguinte ela vestia minissaia. Humb Humberto passava sua mão por dentro de sua camisa, até alcançar o ombro, e com a mão invisíveis tocava-lhe com suavidade.

Do Futebol.


Do Futebol.
A filosofia do futebol é a dialética.
A tese é de Parmènides. O que é, é.
A antítese é de Heráclito: O porco se alegra com a lama.
A síntese é tripla:
Um a de Tim Maia: Futebol é futebol, outra coisa é outra coisa.
Dois autor desconhecido: mas parmenídica: O ser é redondo.


Três (como também desconheço autor) digo que é minha: A verdade é esférica.

Aos Mestres Com Carinho.

Já olhou os olhos de um grupo de 30 a 40 crianças ou adolescentes por quase uma hora, seguidamente? Se não é o caso, nunca foi professor. Mas, imagina o que deve ser um mestre?
Pense que você é um médico, advogado, um vendedor, um balconista, e que tenha o consultório, o escritório, o balcão cheio, vazando pacientes, compradores, usuários, clientes, cada um com suas necessidades, capacidades e interesses... diferentes. É de bom augúrio lembrar que alguns não têm a minima intensão, vontade de estar ali e que ainda uns tantos façam um certo rebuliço, e você está só, sem nenhuma assistência e os tem de atender a todos e ao mesmo tempo, e com profissionalismo, e até certo ponto com algum grau de excelência. Tudo juntado com mais essa: cinco dias por semana e nove meses do ano, e muita das vezes oito vezes ao dia. Como seria um médico tratando dessa maneira, ou o advogado, o balconista, o vendedor? Pois assim seria o exercício aparente da docência em classe.
Disse aparente, porque a tudo isso tem que se somar, que um professor, seja qual for o âmbito educacional do seu exercício, há que preparar aula. Não é como o ser pedreiro, que uma vez que se saiba levantar paredes e todas sobem da mesma maneira. Cada grupo de alunos é diferente. Cada aluno individualmente tem um ritmo e necessidade particular. Preparar o material escolar, manter o consenso nos critérios de avaliação com os colegas de trabalho, as adaptações curriculares, a metodologia especifica que cada grupo requer, ainda pensar nos casos individuais. E no fim, à noite e durante os fins de semana, preparar as aulas – já que não há tempo de se fazer durante o horário de trabalho, já que nestes momentos há que se dar aulas - corrigir exercícios, preparar exercícios, preparar e corrigir provas. E também fora do horário de trabalho – já que os país não querem perder um dia de trabalho para falar dos seus filhos – atender as famílias...
Quem não é capaz de imaginar tudo isso, também não se dá conta da responsabilidade que se põe, aos professores, saber que os proprietários dos olhos que os olham não se fixam apenas nas palavras, signos, equações da lição. É que se trata de um mestre ele inteiro, uma lição cada um dos seus gestos, cada olhar seu. Ensina com o que diz e exemplifica com o que é, como uma vela que se consome enquanto ilumina o caminho dos outros. É justa compensação que têm? ...
O que posso dizer-lhes é que, os olhos que os olham, um dia e outro mais, enquanto vocês, os mestres, envelhecem, renovavam-se a cada ano na  sua juventude.