10 de set. de 2011

11\9. O dono do livro, a dona do Spitz Baby e o dono do mundo

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Eu tive um Antero de Quental que separei as páginas com um estilete a medida que lia. Era coisa fake, comemorativa. Amava-o por suas alvas margens largas a distanciar a poesia de qualquer impureza. Me o furtaram. Pouco pude. Como pouco pode a dona do spitz alemão, furtado. Ela ficou com a foto, eu com alguma memória da poesia. Cão e poesia valem muito pelo significante. Agora os imagino tristes a olharem, para quem os cuida. Diante da tristeza do meu Antero negaceando à sua nova dona, do peludo caro cão a enfrentar com tristeza a mirada do ladrão, devemos liberá-los para que signifiquem plenamente ainda que aos gatunos.
Os donos do mundo também devem alforriar o sentimento do mundo, para que este seja em plenitude a bela cesta de verdades variadas, com celofane de estrelinhas douradas. Umas ridículas, outras raras, outras estonteantes e algumas violentas. Adeus Antero, adeus Baby, e descanse em paz WTC.

2 comentários:

Regina Baptista disse...

Hoje em dia talvez haja uma consciência maior sobre essa cesta. Mas a grande cobiça de todas as "verdades" é a Massa. É ela que de alguma forma acaba legitimando as coisas.

cidoGalvao disse...

a massa é a única coisa sólida, mas como tanto - massa - é amorfa, e mesmo as verdades mais bizarras têm forma, portanto e por isso, a massa é questão de estomago e gosto. e ao gosto da massa, legítimo tanto é bin laden quanto bush, só depende do narrador e o narrador tem interesses.