7 de set. de 2011

O preconceito é um desmaio diante de insuportável dor. Thelma and Louise!!


Fui comunista quando não sabia o quê, do comunismo. Ou então, pensava que os comunistas odiavam Romanée Conti, Jamon de Bellota,  Alcachofra e Granapadano, ou deviam odiar, ou seja da mesma forma que todos hoje são anticomunistas. Está sublinhado nas artes, na retórica, na prática, no medo, e na própria noção intuitiva de prazer do indivíduo consumidor de espaguetes, sem vê-los platelmintos:  a classe operária tem o paraíso interditado.  Houve quem pensasse que os comunistas comiam crianças, mas ambos os grupos: os que espalharam a noticia e os que creram nela, eram aleijões humanos.
 Tinha por crença a coisa estoica tardia, que a virtude fosse bastante para a felicidade. Pura bobagem, pré-juízo, de quem nunca havia lido William Reich no escuro:
...a vida...
 a vida  não aceita ser expressa por frases tediosas, e só aceita ações transparentes... .
 O preconceito é como o desmaio diante de insuportável dor,  é o limite da resistência sensível do cognoscitivo, é o medo de avançar  e se fazer pura transparência, e se manter alheio aos ossos, da sólida ignorância calcificada, naquilo que não reflete na branca tela da escura sala, a pura carne.
Busquei nos axiomas os conceitos com respeito ao comunismo, e da mesma forma aconteceu quando refinei os entendimentos teológicos, tudo virou fumaça: axiomas e conceitos.
 Os conceitos também rarefazem a liberdade. A interditam.Talvez em menor grau que o preconceito.
 Mas, liberdade é não margem, como quer Guimarães Rosa: em A Terceira Margem, a coisa em si, o rio correndo, a narrativa, o destemor quando:
 Viver é perigoso.
 Dai que comecei a desfrutar, sem deus e sem mundo melhor.
Do que restou, o desgraçado, o  melhor dos mundos: o penitente purgatório, coisa infantil, adolescente, por isso embirrei, e do-contra,  comecei a velar pelo o inferno, não como concretude, por impossível, mas como possibilidade de inquietação, de ladino sofismar, que por sabedoria extraída da experiência, sei, a mera possibilidade de algo, um nenúfar infernal, se raro isótopo de curtíssima vida, sei que se me esbarrará. Não deixo de ter esperança. Não vou desmaiar. Treino. Oro. Não prego. Oro para não desfalecer, se alguma luz assombrar minha ignorância e para que ela se mantenha calada em obséquio de meu prazer.

Não pense que sou um idiota, à beira do abismo, desafiando a gravidade e os limites de minha carcaça. Não! Não mesmo! Meu interesse está antes da morte. Está na vida em vida. Depois dela nada me interessa. Nada a ver com o cristianismo punitivo de Thelma and Louise, que saltaram no vazio em busca de penitência, auto-julgamento sem precedentes, a  rememorar o próprio filho que se anunciou pelo anjo, anunciando-se em suores e sangue, no horto das oliveiras.   

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