31 de jan. de 2010

JOYCEANEASE.


JOYCIANEASE.

Mamãe, tudo indica, está com sintomas do mal de Alzheimer. Cido Galvão tem sintomas de Joycianease, mas agora digo de mamãe. Mamãe tem três celulares. O seu queridinho é o da Claro. Sempre a mostrar-me ou a pedir-me que consulte quanto ela tem de saldo. De Claro para Claro uma hora e trinta e seis minutos, de Claro para fixo, quarenta e três minutos e vinte cinco torpedos. Mamãe não manda torpedos. Às vezes os sinto pela casa. Pobre mamãe com sua flatulência. Mamãe já tem pequenas dificuldades motoras. Mamãe às vezes perde pela casa seu queridinho. Ela corre para o fixo qual trata com mais desenvoltura devido suas teclas grandes e visíveis. Disca o número da Claro e tenta pelo som da campainha encontrá-lo, e soe consegui-lo. Se mamãe me tem dado algum trabalho é por culpa do seu Claro. Ela usa bastante o fixo, mas “precisas gastar os créditos que tem no Claro” lhe digo. Mamãe o exibia orgulhosa pelos seus creditamentos, mas do dia 31 de dezembro ao dia primeiro de 2010 ela viu todos seus créditos se esvaírem. Agora mamãe já os gasta com constância.
Há duas semanas quando tentou ligar para uma amiga, a Terezinha, se equivocou. Melhor dito havia se equivocado ao anotar o telefone em seus contatos. Como dizia ligou para a Terezinha às cinco da manhã. São madrugadoras, mas do outro lado da linha quem atendeu foi o Artur. Artur melhor, Arthur. Pois o Artur, era Artur, agora é Arthuro (descendente de italianos), assim seja. Arthuro as cinco da matinada sendo acordado por mamãe. Ficou puto. Mamãe disse que “ele berrava mais que a vizinha que deve de ser casada com um jumento”. Mamãe sabe da vida de todo mundo. Arthuro a chamou de galinha rural. Mamãe não entendeu. Tampouco ficou chateada. Só quando se lembrou do fato, me perguntou que significava aquilo. Cido Galvão pensava. Concluiu: as galinhas urbanas não acordam a tal hora. Naquele mesmo dia ela tentou chamar à amiga e a ligação caiu outra vez no número de Arthuro. “Querida, reconheço sua voz, você me despertou de madrugada, estou com umas olheiras por tua causa”. Mamãe se desculpou e lhe explicou o que acontecera. “Meu bem!”.
Mamãe e Terezinha se mantinham ligadas pelo fixo. Mas mamãe queria gastar os créditos do Claro. Foi quando interveio o Cido Galvão, cadastrando o telefone da Terezinha na discagem rápida. Toda contente mamãe pressionou o número um. Aguardava ansiosa para gastar os créditos. Antes que o interlocutor houvesse dito algo, mamãe já havia dito Tére, vou gastar os créditos. “ Queriiida! Que bom que você me ligou” “Teu número ficou gravado, mas não tive coragem de te chamar” “Precisava mesmo falar com alguém”. Arthuro lhe contou que Stéfano lhe havia deixado e que não havia dormido nada aquela noite. Ficaram amigas. Tanto que hoje o tenho como comensal. Mamãe lhe disse: Venha almoçar, meu filho o Cido Galvão é um grande Chef de cozinha espanhola e nos fará uma Fideuà. Cá estou com a Fideuà, mamã e ArTh. “Ah! Soa tão inglês!”

30 de jan. de 2010

A ver se nos entendemos.

Sexa feliz, antes de que este mundo se acabe, que entón non haberá outro. Eu creo en min e nos homens.Bons ou malos. Somos nós no mundo. Eu como os bichos e ti comes a paisaxe. Hai persoas que son tolas de osíxeno. É a vida escoita o que eu che digo. non sexa parvo.

Essere felici, prima che questo mondo è finito, che poi ci sarà un altro. Io credo in me stesso e homens.Bons o cattivo. Siamo nel mondo. Mi piacciono gli animali e si mangia il paesaggio. Ci sono persone che sono pazzi di ossigeno. È la vita ascoltare quello che dico. Non essere sciocca.

Soyez heureux, avant que ce monde est finie, alors il y aura un autre. Je crois en moi-même et homens.Bons ou mauvais. Sommes-nous dans le monde. J'aime les animaux et que vous mangez le paysage. Il ya des gens qui sont fous de l'oxygène. La vie est-écouter ce que je dis. Ne sois pas stupide.

Fii fericit, este înainte de a se termină lumea, va fi ca toţi ceilalţi. Eu cred în mine însumi şi homens.Bons sau rău. Suntem în lume. Eu iubesc animalele şi mănâncă pe scena. Unii oameni sunt de oxigen nebun. Este viaţa de ascultare la ceea ce spun eu. Nu fi prostuta.

Be happy, on enne maailma lõppu, on nagu kõik teisedki. Ma usun mina ja homens.Bons või halb. Me oleme maailmas. Ma armastan loomi ja süüa etapp. Mõned inimesed on hulluks hapnikku. Kas elus kuulata, mida ma ütlen. Ära ole rumal.

Tunnen jälestust märja puidu panna ahju
Аз чувствам отвращение от мокри дърва за поставени в пещта.
Mă simt dezgust de lemn umede pentru a pune în cuptor.
Ek voel afkeer van nat hout te plaas in die oond.
أشعر بالاشمئزاز من الخشب الرطب إلى وضعها في الفرن.
Αισθάνομαι αηδία της υγρής ξύλο να θέσει στο φούρνο.
אני מרגיש גועל של העץ הרטוב לשים בתנור.
Ich fühle mich angewidert von nassem Holz in den Ofen geschoben.
I feel disgust of wet wood to put in the oven.
Sento fàstic de la fusta humida per posar al forn.
Siento asco de la madera húmeda para poner en el horno.
jetoni Wanderley.
Вы жывяце Wanderley.
אתה חי Wanderley.
كنت تعيش اندرلي.
غالفاو حمض يحب نفسه فوق كل شيء.
Säure Galvao vor allem sich selbst liebt.
acid galvao loves himself above all.
Galvao àcid estima a si mateix per sobre de tot.
Galvao ácido ama a sí mismo por encima de todo.
οξύ Galvão αγαπά τον εαυτό του πάνω απ 'όλα.
τι να κάνω
ماذا تفعل
何をするか?
ce să fac?
was tun?
Что делать?
what to do?
I'll cry.
Я буду плакать.
أنا أبكي.
والله ما هو الله.
The God what is God's.

Der Gott, was Gottes ist.
Von cidoGalvao, was ihm gehört.
By cidoGalvao what belongs to him.
Per cidoGalvao el que li pertany.
és tot per ara.
ist alles für heute.
Auf Wiedersehen.
Tschüss.
Bye.
Adéu
बाय
Sampai jumpa.

28 de jan. de 2010

A pia pende.

O barulho da pia.

Gosto muito de cozinhar. Qualquer coisa. Transformar qualquer ingrediente ou uma série deles em algo verdadeiramente diferente do que parti. Eu fiz, digamos, um estágio ( em castelhano: una Pasantia, gosto da palavra pois me remete a uma passagem e não um ponto final, pois passei também por isto.) no restaurante Alqueria no ElBulli Hotel em Sevilha. Trata-se de um restaurante duas estrelas Michelin, ligado a Ferran Adrià. Estive raros e curtíssimos minutos com Ferran. Ferran tem a língua-presa como o Lula e o Palocci. Disse-me ele, que o importante, se isso fosse importante para mim, é a filosofia ElBulli, mais que a técnica. A técnica caso eu fosse minimamente criativo, interessado e suasse o bastante, desenvolveria a minha. Bom por se acaso, aprendi a cortar, fatiar, limpar, tempos, tipos e formas de cozimento. Adestrei-me com a faca e a faquinha. Faço hoje sem pestanejar cubinhos de legumes, quais sejam, de 1 mm de aresta. A filosofia é obter das matérias primas, primeiras tudo o que elas podem oferecer, seja o id, ego e superego. O que ela é, o que pensa que é e o que esconde. Cozinho a cada dia. A cada dia faço o almoço para mim e dona Lucinda minha mãe e comensais esperados ou não. A tal filosofia implica também em concentrar sabores. Noutras palavras sujar panelas. Logo; lavar panelas e coisas e tais e tantas ou nem. Deveria estar contente. Mas sentia antes algo que me irritava. Não sabia o busilis. Já havia tomado umas providências, tais como; comprar um rodinho de pia que me ajudaria a manter-la ademais de limpa, seca, enquanto dura o processo, limpar, secar, queimar, adicionar, deglaçar, fritar, adicionar, trocar de panela... Secar a pia. A pia pende. A água escorre sempre para aquele canto embaixo do escorredor de pratos. Removo os utensílios, removo o escorredor de utensílios, removo a água com o rodinho de 1 real. Mamãe me diz que já teve um rodinho, se cansou, chamara um pedreiro para colocar a pia no nível. O pedreiro veio e disse: Dona Lucinda! Quem foi o meia-colher (é assim que se chamam os maus pedreiros) que fez isso? Depois de maldizer tanto o meia-colher, removeu a pia e fez os ajustes e por fim a recolocou.
- Não dona Lucinda, ainda não está seca. Temos que esperar secar para depois jogar.
- Que mal fará, se a água fica na pia e não no cimento que está sob a pia? Teimosa como qualquer espanhol, deixou correr ali um copinho d’água.
A pia ainda pendia. Dona Lucinda travou uma batalha com o pedreiro, tudo para mostrar-lhe o ululante fato. Pende a pia.
Dona Lucinda arranjou um namorado. Pedreiro. Pedro, pedreiro, garboso. Pedro olhou a pia e de debaixo de seu bigodinho fino disse zombeteiro: Quem foi o meia-colher que colocou essa pia Lu?
- O primeiro foi o... A Lucinda não queria falar, pois se tratava de um antigo namorado, também ele pedreiro. Pensou e pensou.
- Foi o Vicente meu irmão que... Mediu o Pedro, a pia pensa. E soltou “ pedreiro é tudo igual”.
A água não corre para o ralo.

12 de jan. de 2010

A BOLA É UMA BOLHA DE ILUDIR.


GEOMETRIA DAS GEOMETRIAS.
Geo, bola.
bolha,
rola,
qual rola voa
a bola nem lado tem,
é um ser absoluto,
em hemisférica é dividida
divertida quando inteira,
parteira de ilusórias realidades,
de todos os seus,
o círculo,
a circunferência,
a bolha de sabonete,
o furo da bala,
têm em comum a ausência,
a bola enche os vazios,
do gol,
do goleiro,
do artilheiro,

11 de jan. de 2010

BREVIDADES GENEROSAS.





Alberto e Matilde haviam passado toda a noite com três amigos dela, bebiam outra saideira. Matilde onde você mulher encontrou essa raridade, disse Roberto adjetivando o você. Eu sou uma mulher de sorte. Respondeu Matilde automaticamente ajuntando a cabeleira. Alberto, confiado em palavras, cresceu na cadeira e ficou imenso e seus braços abraçavam toda a mesa, querendo assim agradecer a todos a incerta cumplicidade. Contou uma piada de salão, o quê não era o seu forte. Teve sorte e todos explodiram em risos. Roberto, Gilberto tampouco é qualquer uma disse Marilda a fotógrafa ( quase como o a). Ufa! Eu é que não sei querida; disse Roberto, equivocando-se. Alberto que não tinha a conquista assegurada fez um brinde aos amigos quando percebeu que eles partiriam. Matilde delicadamente segurou o queixo de Alberto com a pinça da mão e disse-lhe felinamente, que sim que era sim um homem interessante. À saída do bar Alberto a carregava, poeticamente, nos seus braços. Nisso passava Marilda de carona com Roberto e Gilberto. O carro parou e Matilde foi ter com Marilda que a chamara. Matilde disse-lhe ao mesmo tempo em que batia a porta: me liga tá! Sentou no banco traseiro junto com Marilda. Com o carro já em movimento, pela abertura da janela Marilda perguntou a Alberto: que você fará amanhã à noite? Alberto, com a cara de cu dos desamparados, descuidadamente cruzava seu olhar com Gilberto.

10 de jan. de 2010

Rodin a Salvador. O pensador.


Eu estava em Salvador, passeava pelo mercado Modelo no que me deparei com uma equipe de filmagens. Salvador acolhia a Rodin. É tudo que sei. Então comecei a filmar a filmagem. Estas coisas. Quando temos à mão certos objetos cometemos a ação. Este é meu medo. Tinha à mão uma máquina, filmei. Não sei se infrinjo alguma lei, regra ou uma mera ética. Num país onde a lei tem uma banda larguíssima para uns quantos, sempre me acaba pegando para bode. Gostaria de haver filmado mais a filmagem do filme, mas fui impedido. Quando estou filmando me ocupa uma timidez notória. Creio que o quê de minha filmagem ganha áureas de divindade, de poético, e se faz tão grande que me intimida. Filmar se transforma assim num escarafunchar o que é belo e não devia, ou por ter medo de não ser capaz de registrar o sentimento estético, que diante de mim se plasma. Desculpei-me à moça, pelos seus direitos adquiridos sobre o quê que todos que por ali íamos víamos. Publico. Faço público.

9 de jan. de 2010

Nota para um homem.

- Perdoa se não me levanto.


                                                                    Epitáfio para João Meufriend.



Sempre admirei muito os Seixianos, em especial o João. Suas frases curtas. Uma vez escritas fariam um livro de aforismos inapelavelmente concisos sem conscienciosidades. “ Toda a literatura do Paulo Coelho, se é que podemos a tratar assim, vale menos que um aforismo do Groucho Marx. Então João morreu. Morreu o João que um dia me disse que tudo passa. João passou. Comigo quedará esta verdade. Disseram que pediu para que o deixassem só. João nunca esteve só, não sabia sequer o quê disso, dizemque. João não inventava palavras, diziaque já as há em demasia, faltam gestos.

-... E isso não é ruim. Disse João. Com seus cotovelos já calejados e cravados na tábua do balcão, enquanto seus olhos vítreos fartos do quê dele ainda não havia bebido dele (o copo) à sua frente.

- Mas, se escasseiam os gestos... Balbuciei.

- Claro, se fosse o contrário mancariam as palavras. Rebatia João. Mal podendo pronunciar as tais palavras, pois seu queixo suportava todo o peso da cabeça, pousado na concha das duas mãos, esse natural prolongamento do punho, seguida dos naturais dedos que batiam em seu ritmo lento, tais dedos na bochecha avermelhada.

Quando eu desocupei o tamborete outro interlocutor dele se apossou. João não ficara só. Mas João já estava cansado de representar João. Eu ao contrário nunca me cansei de João... Por isso seguirei inventando palavras, nem que seja somente para irritar a João. Pensava nesta homennota, enquanto perpetrava uma feijoada que era o prato do João, quando o João comia alguma coisa.