27 de jul. de 2015

Barulhos sem pentagramas ou eita povo incívil.




Um produto para irritar o cérebro para ser favas contadas, fadado ao sucesso comercial  deve ter como pressupostos o calor e o barulho da incivilidade de nossa terra.
Já é um clássico apelar ao nosso DNA latino como desculpa, ou para dar ares positivos à contaminação acústica que nos invade por todos os lados.
A tal da qualidade de vida, a saúde comunitária se ressentem...mas somos assim, falamos aos gritos, com a buzina para saudar aos amigos, o som no último, porque afinal estamos em festa, como me disse a gazela vizinha.
Em seu ensaio O Cântico no templo, de Cidno Galvão,  Cidno lamenta ao nos dizer que como lhe agradaria que a nossa terra fosse como umas terras do Equador além, onde dizem que, a gente é limpa, nobre, culta, rica, livre, despreocupada e feliz.
Mas olhe, a felicidade tem muito a ver com o descanso, com os passeios tranquilos e.pausados.e a hora da sesta deve ser silenciosa.
A Vila de Cantrone, no sul da Itália,tem claro que o silêncio e o descanso são importantes. Há poucos dias aprovaram normas que punem os cães, quer dizer, seus proprietários, se aqueles latem a hora da sesta e à noite.
Parece uma boa medida para nos darmos conta que vivemos em comunidade, e por isso, devemos estabelecer lindes de convivência, que não se pode varar.
A música que em princípio é um som agradável, se converte na autêntica tortura, quando está em mãos tão incíveis passeando seus veículos contaminando as redondezas. O barulho é a fonte principal dos conflitos entre vizinhos.
Outro dia no bar do Zebra, que não permite barulho, (na verdade o vizinho, que é uma casa de família sem alvará pra coisa noturna que inferniza a vida boêmia) tínhamos à mesa um advogado ( que vive disso) e um outro que perguntou-lhe se poderia tomar alguma providência  respeito a paixão pelo barulho sem pentagramas dos seus vizinhos?  Impossível, não há lei e quando há não há aparelho para medir os decibéis, e para botar um pouco de  humor nessa chalaça, disse que mora no condomínio Turmalina, e as casas são paredes-meias, disse que os gritos, gemidos orgásmicos, acompanhados pelo  tum-tum de compassos 6/8 da cabeceira da cama na parede, lhe convertiam as noites em pesadelos, como medir os decibéis dos atos sexuais? Todos rimos, mas o outro falava sério, a ponto estava de emitir a famosa frase; Vendo tudo e vou pra Miami.

26 de jul. de 2015

Felicidade.


Para Renato Andrade. 
Felicidade é uma palavra/conceito muito, grandiloqüente. Prefiro pensar que felicidade é se levantar cedo no domingo, dar uma pedalada até a biquinha da Invernada, ler o jornal da cidade, aproveitar esse calor invernal sentado numa cadeira espreguiçadeira à calçada, tomando um arábica da Alta Mogiana, enquanto uma menina de não mais que sete anos com um bebê de colo, organiza a brincadeira de outras tantas, que discutem quem deve procurar quem!
Depois sair para comprar ingredientes faltosos e ter em mente todos. Mas, aí, sair do super e dar de cara com um amigo, que ao ver bananas na caixa de compras, te passa a receita de uma farofa que as incluí, e de súbito e seduzido,  ter que alterar o menu, para a incluir. Pimenta biquinho, a tenho num vaso, pensei. Uma farinha em flocos que me chapam o côco, idem. É só dar uma enviesada e mantenho a vagem com bacon.
Por que penso essas coisas?  Enquanto frito o bacon, depois a cebola, e um noroeste agradável passa pela cozinha, cozinho os ovos, ao mesmo tempo em que penso nos fracassos bem intencionados, os olhares de superioridade que me possam ter sido endereçados, o medo de  ciomprometerem-se, tão boas pessoas, a viagem da esquerda ao status quo, o sabor acre-doce da política a todo momento, na força destruidora que o poder esconde, e como sua visão se desfoca. Então me dou um conselho, que por sinal não o aplicarei, querer estar em tudo é uma fraqueza, pior ainda, é ridículo. 

24 de jul. de 2015

Poder tripartido.

Legislativo, Executivo e Judiciário.

Democracia é, antes de mais nada, a garantia de proteção que todos os cidadãos têm, igualmente, por intermédio da lei, e que estes mesmos cidadãos possam eleger seus representantes, entretanto, sabemos que há regimes, não democráticos, que celebram eleições com make up democrático.
Sabemos todavia, que uma democracia sã, requer a formação de opinião independente,que permite aos cidadãos saberem o que acontece no poder, e assim formarem opinião livremente sobre os assuntos públicos.
Então, leis, eleições, informação independente, são meios e partes de uma maneira que possibilitam à cidadania estar protegida, e que se cumpram as leis em todos os casos, ser informados livremente e escolherem seus representantes sem condicionantes.
Há contudo, meios, que podem tirar a democracia de seus loopings, entre eles o direito de expressão, de manifestação. Maiorias parlamentares é outro meio.
Um governo, municipal, estadual ou federal não pode passar por cima da lei, ainda que para fazer bem à cidadania.
Então, para se superar uma situação, aonde a maioria a pensa injusta, não é o bastante botar os tribunais à frente, carece-se também da política, muita política e sabedoria jurídica, posto que se os políticos não podem passar nos desvãos das leis, o mesmo acontece com o Judiciário.


23 de jul. de 2015

Tonto.

Tonto.

Fora dia agitado, rever parentes, ouvir crepitar a fogueira da herança, cinzas de um fogão de lenha, num tempo de salvar árvores... e que Skol é a melhor cerveja. Já estava deitado, enquanto o cérebro ainda fazia a faxina e a arrumação, o que guardar desse dia? Só fez lixo! Acesa a luz, novamente,  abro o livro Imponente, o gordinho Buck Mulligan vem andando com a cabeça no mundo da lua
tendo a mão uma tigela de gosmenta espuma, um espelho e uma navalha cruzada entre os dedos, por que será que não posso dormir sem ter lido um bocado? Isso de literatura ser soporífera! —Come up, Kinch! Come up, you fearful jesuit! Execrável ter abandonado hábitos mundanos, bares, boates, cinemas...talvez o pior de tudo tenha sido abandonar o sexo antes de dormir. Em todo caso, o que se chama prazer, só nos tonteia e nos amolece para o sono. É o turno do livro, esse, esse é interminável, por sorte! 

22 de jul. de 2015

Umas linhas.

Umas linhas.

Um amigo, Ricardo,  fez questão de publicitar e vindicar coisas que escrevi neste blog. Normalmente os elogios me catatonizam, então resolvi acabar com isso e não sem  esforço escrevo estas linhas, para que não vá este dia vão em vão. Almocei em casa dos Clementes em Cravinhos. Fizemos um passeio comprido, até a fazenda Buenópolis, a que meu avô galego passou uma uma vida. Solidão. Passo mentalmente revista parentes, outros, disponíveis. Não há nenhum que me apetece ver. Volto para fazer a sesta em casa. Leio, o que me muda o ânimo. Curto e compartilho tolices. Então saio com Luiz Mequetrefe, não há como me interessar na conversa, mudo de cerveja e o papo continuava acidificando meu humor, não tenho mais prazer em explicar meus gostos, confrontá-los? Muito menos. Espero que amanhã seja melhor que hoje, tão tedioso que nem merece despedidas, nem um até amanhã! 

21 de jul. de 2015

De gole em gole.

De gole em gole.

Íamos de Bonfim a Dumont, de quermesse em quermesse, de gole em gole, de Dumont a Pradópolis, atrás do chapéu mexicano, das quase músicas de altifalantes estridentes, de Pradópolis a Rincão, de Rincão a Cravinhos de cacharrel em cacharrel, e a proto música, parece que sabia...  de mocassim e anarruga, de Cajuru a Brodósqui de baile do Havaí a Debutes, entre a multidão, festa da Manga, de Brodósqui a Jardinópolis, o Tema de Lara, quando a juventude era um glorioso clamor do nada. Do nada ao nada, pelo caminho, pelos caminhos, celebrávamos a pura inconsciência ou a consciência de sermos  vivos. Na superfície vibrante de todas as coisas, da luz sem luz, da música quase sem música, um eu quase sem eu, e não obstante tão cheio de mim. A procura tão só do quê, afinal, já tem, e se o polir desaparece. Pelos caminhos, cantando aquelas quase músicas, que de tanto, eram antes hinos, tão músicas quanto aos hinos de agora, que já lá estavam prefigurados. Enteléquias que de tanto impostadas ardiam como ferro quente.  No meio do meu caminho, sempre haverá uma pedra. Memorável. Para ser memorável tem que ser assim. Ir além da inteligência, coroar a emoção tonta e absurda.  As vezes ouço uma canção, sim aquela  quase música virou canção, e a pele quase ressuscita àquela da juventude, os ideais, aquelas quimeras, que de tão estúpidas, só podem ser tuas. 

19 de jul. de 2015

Ada, ou o ardor. A crônica de uma família.

Nada de Ada ou o ardor, mas Cunha ou o condor, e o caracter rapinador do nobre flamante deputado. Com a palmada nasce o espírito de porco do tempo, Nabokov trata sempre de temas espinhosos, mais complica que soluciona. A tal palmada espanta funestos presságios. Um amigo o reivindica, pela Realpolitik, seja,  pelo mal que possa fazer ao PT.
Abordar a atualidade política não é fácil, e fazendo e dizer tudo que se pensa, ficaria muito mal com todo mundo, e estou sem vontade, ainda mais com um churrasco por vir.
A candura de Cunha mal suportou seus cem dias, reclamará no travesseiro não haver usufruído melhor da temporada, porque nem a direita da terra lhe dá suporte, feroz, não deixa passar uma, e se não a tem, a inventa.  Ao PT  crucificaram  sem dó nem piedade. E ainda o fazem, no caso de aparecer algum de boa fé, e se estabeleça comparações com o vivido e se conclua que não está tão mau assim como pintavam umas vozes mais interessadas, que objetivas. Agora quanto a candura de Ada, opa, o condor rapinador de Cunha, não se esqueça de Diógenes, que ia pelo mundo com sua túnica, e não havia que procurar mictório, não se lhe podia pedir polidez, santos inocentes. Como a santa ingenuidade dos que não gastam sinapses com política.