7 de jan. de 2015

Câncer Sorte ou Azar, Mas Quem Joga os Dados?




Já havia, praticamente, listado os itens de bons propósitos para este ano que começa. Quando li em algum lugar, com certa estupefação o que virá.. Anos a fio de má conduta, sempre a quebrar as promessas de comportamento exemplar, de fumar com peso na consciência tantos cigarros a mais e de comer furtivamente troncos de salame, na cozinha, escondido, para acabar por descobrir que o desenvolvimento do mal, depende da casualidade e da sorte ou azar, mais que de qualquer outra coisa.
Segundo o informe da Universidade John Hopkins, dos EUA, 65% dos canceres são determinados por fatores ao e de azar. Quer dizer, dois terços dos casos estudados, as mutações cancerígenas têm por origem exclusiva a má sorte, melhor, o azar e não fatores como fumar, beber, sedentarismo ou herança genética. Já suspeitava que certas pautas eram por demais rígidas e que o fator azar sempre jogava um papel na vida de cada um. Mas 65% não é qualquer coisa e sempre será um fator a ter em conta, antes de tomar determinadas decisões.
Digo, do estudo, não se pode ignorar, e nem ser displicente, como mais um de tantos outros que se publicam pelo mundo afora, em busca de notoriedade.
No entanto, se o que diz é certo, não será hora de viver sem inculcar-se, sem normas e autocensura?
A moral e os hábitos de conduta herdados, não são de todo saudáveis, é necessário dominar a besta que todos temos dentro, mas dito isso faria bem de revisar aquela moral e pensamentos modernos que geram novos hábitos e práticas vitais como se fossem dogmas incontestáveis e passaporte para a imortalidade.
Claro que fumar não é um hábito bom e beber muito, tampouco.
Eu, e imagino que muitos de vocês também, passei bom tempo e bons tempos com os amigos fumando e bebendo,  o que não está escrito. Em contrapartida, se é que me entendem, fazendo esporte, correndo, não passei tão bem.
As pessoas, em geral, valorizam as mudanças dramáticas inesperadas, em situações sem aparente saída a propor, proposta pela providência como este estudo.
Suponho que é uma necessidade humana ter tudo sob controle, como que se seguindo uma determinada pauta, bula, tudo irá bem. Mas ao final, sempre acaba sendo determinante ter aquele tiquinho de sorte ou não ter azar.





a ciência está aqui:


O Tempo Do Tempo



A medida do tempo na mecânica clássica distingue o passado, o futuro e o que não é nem passado e nem futuro. Na relativista, a duração do processo depende do sistema de referência que utiliza o observador e o seu estado de movimento, que, mais ou menos, na literatura e na retórica se tem por perspectiva. A mecânica quântica o embaralhamento temporal é ainda maior, porque ai a as barreiras são fulminadas.
Para o meu propósito, interessa é a percepção do tempo, quer dizer, a concepção subjetiva do passar do tempo. Os sentimentos, as emoções, condicionam imensamente a duração do período e do processo. Tudo dependente da formação recebida, da cultura que se criou e se modelou.
Quando estou contente, como hoje, e me divirto enormemente, o tempo passa voando. Quando estou entendiado, coisa rara, mais lento é o passar do tempo, isso advém da minha experiência com o tempo do tempo. Sentido comum, quanto mais velho, mais rapidamente tudo passa, porque não faz falta nenhum esforço cognitivo diante daquilo que já se tornou um conhecido, um amigo ou inimigo, de tanto repeteco.
Enfim, um mundo interessante que explica como se conformam os sentidos das coisas. Produzem efeito sobre mim as repetições da história. Quando jovem tudo é novo, melhor, para o conhecimento e os sentidos.

Agora, imagine um jovem ter que esperar a próxima reencarnação para ter as mesmas oportunidades! Quanto tempo é isso para ele?



PS. as definições quanto a mecânica clássica, relativista e quântica têm as arestas e o conteúdo corroídos pelo tempo que passaram expostas em mim.

5 de jan. de 2015

Esperança: presente para todos, é presente de Zeus.



Bild: Jean Cousin d. Ä. - Eva Prima Pandora
Não há motivos porque diga, todos podem ir à Wikipédia e encontrar informação, mas vou dizer, não é uma pulseira, sim, um presente para todos. Pan: todos, e Doro, presente. Pandora foi uma mulher criada por Zeus, com a ajuda de todos os outros deuses do Olimpo, dai vem o nome. Pandora era bela, cativadora e volúvel. Zeus a oferece a Epimeteu, este como representante dos homens, e Pandora como um bombom envenenado, com a qual Zeus queria castigar a insensatez humana. Na noite de nupcias, Pandora abriu uma ânfora, que Epimeteu havia recebido de presente dos deuses. Seu irmão já o avisara: “não receba presentes dos deuses”, mas.... Pandora ao abrir a ânfora, saem todos os males destinados aos humanos, doença, trabalho, dor... Entretanto ficou um, porque a tampa da ânfora fechou antes que tivesse tempo de sair. Se tratava da esperança.
Se discute se a esperança é um bem, negado aos humanos, mas se fosse bem não estaria junto com os males, não é? No entanto, se fosse um mal, por que lhe negaram que saísse? Seja o que for, a esperança joga um papel importante na nossa vida. A começos de ano então, se tem todas as esperanças; se imagina, com efeito, que tudo aquilo que se espera chegará, e expressa todos os desejos que vem ao caso: a justiça social, qualquer justiça Alguns creem, iludidos, que aquilo que sonhamos despertos, se fará realidade pelo simples fato de se sonhar. Somos como os que sonham utopias arroz com feijão, que os justos somente a alcançarão depois da reencarnação. Essa é a consistência da esperança danosa, que provoca a inação resignada, que permite eternizar-se em qualquer mal, porque nos tira a força de lutar para extirpá-lo.
Se faz necessário abolir a esperança, banir a ilusão, pois não são mais que as formas espirituais da miséria real. Parafraseando quem vocês sabem e não nomearei, porque mudarei um pouco a frase: “A esperança e a ilusão são o suspiro da inação resignada, o ópio dos desgraçados, o coração dos que não o tem”. A minha exigência de que abandonemos as ilusões é a exigência para que abandonemos a situação que necessita de ilusão, estas são falsas. A única esperança que deve permanecer é aquela que não fica a espera e que nos caia do céu, senão a que se está disposto a fazer tudo o que for necessário para se conquistar.

PS:  Há duas versões, uma diz da caixa de Pandora, mas a primeira versão é ânfora, optei por gosto meu, a ânfora. 
a foto foi retirada de http://www.kunstkopie.de


29 de dez. de 2014

Ladrão que rouba ladrão...



Dizem que eles entraram no banco armados e gritando: “ Ninguém se mexa, o dinheiro não é de vocês, mas a vida...”. Todos obedeceram, e se deitaram de barriga pra baixo (isso é uma “mudança de hábitos'', dizem os marqueteiros) enquanto os ladrões iam enchendo as mochilas. Limparam os cofres e quando já se mandavam, o ladrão mais moço ( que tinha curso superior e um MBA em Administração de Empresas) disse ao ladrão analfabeto: “ E se a gente contasse o dinheiro?”, o atracador mais velho lhe respondeu: “Não seja idiota, não é hora de contar, e já saberemos a quantidade pelo noticiário da TV” ( Isso tem nome, é a ''‘experiência’'', mais importante hoje em dia que qualquer título acadêmico).
Quando os ladrões haviam se mandado, e o chefe da segurança queria chamar imediatamente a polícia, o gerente disse: “ Espera ai, vamos com calma.... antes devo contabilizar os milhões que faltam do desfalque do mês passado, assim o denunciaremos junto, como se os ladrões os tivessem levado hoje”; (em economia moderna isso tem nome: “tirar vantagem de uma situação desfavorável”). Logo depois, nos telejornais do meio dia, já informavam que os ladrões haviam levado 5 milhões do banco, quando na realidade os dois paspalhos haviam levado 20 mil reais. O assaltante estudado, ficou indignado, ao se dar conta que havia arriscado a vida para ganhar 20 mil e o gerente sem mover uma palha levava 4 milhões e novecentos e oitenta mil. Logo se lembrou do lhe ensinaram na MBI : ''O conhecimento é mais valioso que ouro”. O gerente, ao contrário, se sentia muito feliz, sabendo que contando, ainda mais, com o seguro, havia feito um negócio vantajoso, isso devem dizer em cursos de Bolsa e Mercado de Valores, e repetem a toda hora nos telejornais de economia: “Correr risco para aproveitar as oportunidades” .

Concluo: um homem com uma arma pode roubar um banco, mas dê um banco a um homem que ele rouba todo mundo.     

26 de dez. de 2014

Um desconto de Natal



Quem não conhece o argumento do: Um conto de Natal de Dickens? Ebenezer Scrooge, o ávaro, que na noite de natal recebe a visita de fantasmas: o do Passado, que o obriga a recordar com afeto a sua infância; o do Presente, que lhe mostra como o amor reina na casa do seus empregados, e o do Futuro que lhe faz ver como morrerá, só como José Serra, se não mudar suas atitudes. No conto o final é feliz.
Apesar das desilusões, os abusos da comercialização, não tenho muita queda por narrativas mais ou menos ingênuas, que pretendem recordar o que havia de belo no espírito natalino de antigamente. Mas um dia li um conto em que Jesus, que voltava à terra a cada cem anos, por ocasião do Natal, vinha para assistir à missa do Galo, em alguma igreja pequenina de algum cafundó. Pelo caminho foram se juntando a Ele o canário ( o pássaro predileto de Deus), a angola, a lebre, a raposa, a cotia, o tatu e outros silvícolas. É assim que chegam a uma capela e se somam, sem serem vistos, ao coro dos homens e das mulheres que cantam, e aqueles que para os quais a vida é “uma luta incessante” ali encontram a paz e o amor. Na manhã seguinte, um moleque de olhos sonhadores, encontra a dormir junto ao altar o canário, ele a pega e o solta na porta da capela. E então dizem, e desde lá, cada Natal, nos cafundó, há alguém, entre os homens, querendo saber se vive deveras ou tão só sonha o Natal dos silvícolas. 

25 de dez. de 2014

O deus do Sol.




Sabem o quê? Neste natal desapareceram as guerras, as ignomínias e já podemos falar: nois fumo! Há muitos feitos extraordinários vinculados ao Natal, como o da Virgem Maria e de José, e a contundência do malvado Herodes, o Grande. No natal de 1642 nasceu Isaac Newton. Pura gravidade. Em 2014 no lombo de um meteoro, pouco grave, cavalga uma sonda espacial, que espera pelo sol para nos enviar notícias e fotos! Hoje foi o grande dia de fazer bondades. Como se fosse o dia internacional dedicado a humanidade latente em nós, no momento que atingimos um pico de bestialidade, mais que nunca, se mata no atacado, e muito perto de nós, gentaradas inocentes, rarefeitas de dignidade, mas hoje à mesa, o choro do menino não se ouviu.
Curioso esse mundão. Resulta que o que acontece no natal, é ter frequentemente um extra de excepcionalidade ( como esta palavra que tem x e p mudo). E sendo, que o que lhe dá essa categoria excepcional, o nascimento do Messias, é muito duvidado por antropólogos e historiadores. Afirmam que foi uma data manipulada, uma contrarresposta ao paganismo e conflitos de interesse do estilo. No Concílio de Nice 325 d.C foi quando se fixou o 25 de dezembro como a data do nascimento de Jesus. Naqueles tempos e neste dia, na antiga Roma, se celebrava a festa da Mitra, do Amigo, um deus solar proveniente do Oriente Médio, ou Próximo, da Pérsia, o deus do Sol nascido também numa gruta. Como a festa tinha repercussão, os cristãos eram espevitados, disseram: cristianizemo-la!

Se tratava e se trata de uma data carregada de simbolismos, mas de um especial simbolismo: A festa coincidia com o solstício de inverno no hemisfério norte. E como sabemos, com o solstício o dia começa a ficar comprido, de modo que representava e representa que a luz vencendo as trevas. 

22 de dez. de 2014

Teatro Comunal.

O teatro comunal.
Os papéis já distribuídos. Não existia sequer a moda essa da reinvenção de si. Repaginar-se, não havia. Todos assumiam seu personagem com a profissionalidade apaixonada do circense. Paulin, lhe chamaremos, Paulin ainda que o diminutivo fosse outro, havia sorteado o bêbado. Era muito esforçado. Andava sempre a beber, e então bêbado. Secundário, com poucos diálogos, e alguma cena memorável: “Você não viu o sinal de pare? “ E lá estava o par de policiais da baratinha afiando sua caneta para lhe tascar uma multa, e ele não se deixava impressionar. De fato, Paulin sempre se deparava com essa gente, eram velhos conhecidos. Assim que foi sincero: “ O Pare! Putz! Como não o vi... Porra! Amigos! Se nem vocês os vi! As noites de festa, os “home” não se afastavam da motoca barulhenta de poucas cilindradas do Paulin, sempre estrategicamente estacionada. Ele botava a cabeça para fora do bar, os via, e saia andando para outra direção, já se cansarão. Gostava de inventar ditos populares, se bem que alguns tinham a autoria muito disputada, como esse: se dá pra três, em dois comemos como reis. Não importa quem morreu, eu quero é chorar! E pedia um fernet. Era de uma vila duma época, onde se forjavam personalidades feitas da mistura de barro do realismo mágico e sopro dos sonsos Trapalhões. “Não fui batizado, cai no ribeirão”. Uma benzedeira calada, discreta, fazia o sinal da cruz. Sempre pareceu velha, porque lhe mataram o homem na revolução, o Galego anarquista, dizia, e enlutara desde então. Da fazenda Pau d'Alho ela vinha sempre àquela vila. Andava uns quilômetros a pé, para levar uns trocados para casa, tinha um filho pequeno. “Sim, sei que logo ganhei má fama, mas vou ali benzer e...” Iludida. Alguém se apiedou de sua ignorância. Faz tempo que é a pomba gira. Pomba gira? Não entendia. Trocava os sapatos para chegar em casa, e esconder o da estrada. Isso pensava. A intimidade é muito relativa, quando se vive numa vila. Mas muito. As pessoas sabem coisas de você que nem você sabe.