23 de out. de 2014

Um Viva à Guerra!

Estamos de parabéns! Sim todos nós. Que nos metemos nesses dias todos – meses – a discutir a eleição, chegamos – alguns – a guerrear. Houve casos de guerrilha, de um lado e outro, um amigo de um amigo, comentou meu post, de pronto ofendendo, e sumiu na selva virtual nunca mais apareceu aqui. Um que mudou de nome umas 7 vezes, e bloquei-o todas as vezes, e ele jurava estar mais tranquilo. Kakakak
Aproveito para parabenizar a todos os meus contrincantes, rivais, antagonistas, adversários, tiradores de sarro, ofendedores e ofendidos ( porque a via é de mão dupla).
Se a coisa polarizou, é porque há diferenças brutais, beira ao antagonismo, entre uma proposta e outra. Porque há sim propostas, ainda que alguns não as veem.
Ontem vi bacanérrimos nas esquinas militando, achei divino, claro, tomara que percam! Mas gostei de vê-los defendendo o outro projeto, porque há projeto, ainda que seja frontalmente contra meus interesses, pessoais e ideológicos, porque em tudo está a ideologia, até no Mickey mouse. Viva a democracia.
O vencedor, seja ele qual for, não terá vida fácil. Tomara! Só assim melhoraremos nossos políticos e nós mesmo. 
Não sei quem disse, mas disse bem: ''um governo fraco é fruto de uma oposição também fraca"

Viva a guerra, porque a paz só nos deu perdedores.
 

20 de out. de 2014

Política.

Política.
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É mais que ter que gostar. Nada é mais incompreensível que esta frase: “Não discuto Política”. Qualquer discussão é política, discutir religião é política, discutir futebol é política, toda discussão política mesma a que acaba em facada, que além de política é visceral; e é visceral por falta de argumentação; e falta argumentação porque falta repertório para expressar o que pensa; e o pensamento exige informação, sentimento, conhecimento e razão civilizatória ( noutras palavras, já ser um bom selvagem), para que as contendas não acabem em facadas.
Se o ódio permeia as redes sociais, só faz eloquente nosso despreparo, político. A política já foi praticada com músculos, vide ditaduras; pelos deuses, na Grécia antiga; pela democracia grega; religiosa vide Moisés e sua constituição outorgada por Deus no Sinai, sem a qual não cruzaria nem quinta avenida; pela crendice, vide pajés; e por uma mistura de crendice e religião, vide os primeiros Papas, e depois os Reis, até o absolutismo decepado.
Das cabeças decepadas até agora, muita água rolou debaixo dessa ponte, e nunca águas calmas, pasmaceiras. Não, sempre é renhido, no mínimo, chegando à truculência muitas vezes. Dos últimos cem anos, este já é o mais longevo entre nós, em termos democráticos, seja qual for nossa democracia. Louvemos.
A democracia é o poder na mão do humano, seja qual for o humano, a democracia é uma regra entre humanos, mas o poder nem sempre esteve nas mãos humanas como já disse acima. Tudo em função de acomodar as tensões de milhões de interesses ímpares.
Há quem pense, que poderíamos viver sem os políticos. Das utopias esta é a menos possível, pois implicaria num grau de emancipação humana quase de paraíso, sem cobras, ou alguém consegue ver uma situação aonde todas as pessoas que abalroam – inclusive você e sempre – um outro carro, parar ligar o pisca alerta, pedir desculpas, dizer : ''pago tudo'', porque estou completamente errado”. Só nesta topada de dois carros , se não existisse o estado e por conseguinte: o político, ou o pajé, ou o papa, ou o rei coroado, ou adolf, para que todas as instituições políticas fossem ser criadas naquele momento, a pena de ocorrer uma morte ou mais. Mas as instituições estão presentes – ainda que ausentes segundo o ponto de vista –.

Tudo deve melhorar? Pardelhas! Se devem. Se discutirmos mais e melhor. 

14 de out. de 2014

Jabberwocky. Lewis Carroll.

Tudo isso é só para dizer, que foi daí que veio a ideia de praticar etimologias, próprias.

Quando Alice atravessa o espelho, um dos primeiros objetos que encontra é um livro escrito num alfabeto incompreensível. Ao menos até o encarar ao espelho e ai descobre um poema de título 'Jabberwocky'. Carrol havia consultado o impressor sobre a possibilidade de reproduzir textos em simetria especular; este disse que não havia problema, só sairia mais caro. Alice então, descobre que o livro é legível diante do espelho, quer dizer, mais compreensível, já que o texto é cheio de palavras que se desconhece o significado. Porque muitas delas foram inventadas por Carroll.
Fiquei sabendo disso, pois uma vez de posse do poema, tentei lê-lo, tirante meu inglês anêmico, encontrei palavras que não tinham significado. Então fui em busca de informações e encontrei estas.
O nome do monstro é Jabberwock, e não Jabberwocky, porque Carrol declinou, como Eneias da Eneida, ou melhor a Eneida de Eneias. Como a Odisseia de Odisseu. A Jabberwocky de Jabberwocky. Carrol - formalmente – parodia uma balada épica medieval, mas suas palavras que soam arcaicas não têm relação com as antigas línguas anglo-saxônicas.
Pela etmologia e significado de certas palavras do próprio Carroll, por exemplo, Tove é um tipo de texugo (badger) com a pele lisa e branca, com chifres como dos veados e que come basicamente: queijo.
Outro tipo de invenção que Carrol usa é a junção de palavras como em The frumious Bandersnatch!
Onde 'frumious' – para Carroll – é a maneira equilibrada de dizer ao mesmo tempo 'furious' e 'fuming' este ruminando e aquele raivoso o que dá para mim 'ruimivoso'.
Curiosamente, alguns destes híbridos engendrados pela imaginação de Carroll, foram incorporados à língua inglesa. Como o verbo Chortle, que é 'chuckle' risinho e 'snort' que é bufar. Seria o mesmo que botar um risinho no Dunga, ou Felipão, eles bufam mas com enfado, sem risinhos. Acho que só a Fernanda Montenegro poderia expressar tal coisa.
Ou uma criança, desavisada.



'Jabberwocky'
'Twas brillig, and the slithy toves
Did gyre and gimblein the wabe;
All mimsy were the borogoves,
And the mome raths outgrabe.

"Beware the Jabberwock, my son!
The jaws that bite, the claws that catch!
Beware the Jubjub bird, and shun
The frumious Bandersnatch!"

He took his vorpal sword in hand:
Long time the manxome foe he sought—
So rested he by the Tumtum tree,
And stood awhile in thought.

And as in uffish thought he stood,
The Jabberwock, with eyes of flame,
Came whiffling through the tulgey wood,
And burbled as it came!

One, two! One, two! and through and through
The vorpal blade went snicker-snack!
He left it dead, and with its head
He went galumphing back.

"And hast thou slain the Jabberwock?
Come to my arms, my beamish boy!
O frabjous day! Callooh! Callay!"
He chortled in his joy.

'Twas brillig, and the slithy toves
Did gyre and gimble in the wabe;
All mimsy were the borogoves,
And the mome raths outgrabe.

12 de out. de 2014

O Banquete.

O Banquete ou O Churrasco.
''agradecimentos especiais à Fafá, Cláudio, Donato, Silvana e Gil Gil."

Quem nunca ouviu falar do amor platônico? E ainda mais, quem não teve um? Aquela professora de Geografia! Virgem mãe santíssima, e a de português, então, de biquíni lá em Miguelópolis? Tem gente que amou Thatcher envolvida em papel celofane. Sempre acreditei que o amor platônico se referia ao amor impossível, eterno desejo jamais satisfeito. Sonho sonhado desperto de quem aspira e jamais obtém, e sabe que isso é assim e assim será.
Mas, no diálogo 'O Banquete' (tem até filme francês), Platão, que se diga, não é o autor, desenvolve uma teoria do amor que nada mais tangencia, e se ajusta ao que atribuímos, hoje, à expressão. Ele fala de amor desejo, que não tem nada a ver com a carne sexual. Fala de uma aspiração ao saber que começa pelos corpos, e vai além deles. Entre nós isso parece, em muitos círculos, sem sentido, mas para ele, o desejo de saber, a aspiração à verdade e à beleza eram o verdadeiro e último objetivo da paixão amorosa.
O Banquete, eram reuniões entre comensais, para comer e beber, muito comum entre os gregos e entre nós, poderíamos chamar de O Churrasco. E pelos mesmos motivos pelos quais metemos fogo num monte de carvão. Depois de comer, e durante, se metiam a conversar, era a sobremesa, regadas com vinho, nós regamos com cerveja, com certeza.
Hoje, pude experimentar um pouco disso no mundo virtual. Travamos um Diálogo, aonde o banquete acontecia a léguas de distância. Foi um começo. Trocamos fotos dos nossos pratos, sentimos o cheiro, deu água na boca, etc...


10 de out. de 2014

Cidão na cidade das maravilhas. El Pulgatório

Ficaria feliz de ser velho
numa cidade com poucos policiais,

onde a música boa soasse nos beirais,
onde a pintura fosse admirada,
as orquídeas, e os bonsais,
os ipês amados como as cerejeiras,
no japão.
Onde ser criança ou operário,
nada tivessem que ver com tristeza.
Uns dentro de casa, outros na janela fumando
conversas, hospitalidades, como se fossem flores a queimar,
nos dias, poucos, de muita geada.
Uma feirinha de velhos objetos de interesses
inúteis, como restos de um naufrágio
bananas de todos os tipos,
tudo muito e para todos.
Por ela vagaria, sem melancolia, ou melhor
por amor a melancolia,
onde uma velharia,
grande novidade
ainda outro dia encontrada,
como um relógio de pulso,
não fizesse sentido.
Sábios muitos de muitas maneiras,
com guarda-sóis coloridos,

ainda que as casas aninhassem sombras.

8 de out. de 2014

Ão.

Tenho um rabo travesso.
E o pelo ouro mosqueado
o parapeito meu lugar
por parente o jaguar.

Dizem que sou anacoreta.
Não é bem isso, arte minha
é bastante, o rebuliço.
Frita, sim frita a sardinha.

Com a pata no mosquito.
Desenrolo o novelo.
Finjo que não me vês.
Salto ao teu joelho.

Já me agrada esta vida,
preguiça, saltos, preguiça
e queixar-se é de mau gosto.

Mas as vezes querias
ter um gato sem manias
que te desse algum desgosto.


Brisa.



Paciência, paciente leitor. É paciente, porque sabe olhar para isso e gastar o teu tempo lendo estas linhas, palavras vãs de um anônimo que o vento nético leva para olhos anônimos como os teus, que tudo veem, paciente leitor.
Deixe que te fale de paciência, de lentidão, de ofícios feitos das gotas que caem, pouco a pouco, na borra das horas. Deixe que te fale dos últimos discos, quaisquer dos últimos discos, que deixamos passar despercebidos, ocupados que estamos com tantos ruídos.
Não pelo que são em si estes álbuns ou outros, compostos por temas suaves, alma pura, peças curtas, quase ínfimas, imperceptíveis. Mas sim, pelo que representam, se é que as miudezas representem, e portanto engrandecem, conectam a novos ritmos mais amplos e mais altos, neste mudo doente. A música, qualquer música é uma brisa, leve, sem parar, pelas ruas da clave, rua acima, rua abaixo para aonde a leve o tempo meteorológico. A música, qualquer música, essa brisa que é quase silêncio, sem deixar de murmurar. Não importa se vozes, guitarras, tamborins, cavacos, agogôs, um surdo afogado, tum, desde que nos faça, que nos faça não, que nos tente, uma tentação de acreditar nas amizades, ou mesmo, de voltar a crer na bondade dos seres... música, lenta, brisa, murmurando, inoculando harmonia, elegância por dentro da etiqueta, música e dignidade de fazer
passado e presente, paciência, paciência, como a tua que chegou até aqui, que combateu cada linha com silêncio, suspendido na tua sensibilidade, na transparência do teu tempo, diante da turbulência do tempo lá de fora, que te procura, e te procurará sempre, mas mantenha-se intacto, com teus amigos, para ser melhor, e nos fará a todos melhor.

Isso foi escrito ouvindo Breeze Eric Clapton & Amigos. se clicar em Breeze vai direto ao youtube.