26 de ago. de 2014

Bofa. Bank of American, ou UsAmericano!

USAmericanos!

O imaginário político da esquerda, ao menos da que conheço, sempre demonizou os EUA, com um entusiasmo ensandecido, indizível, por vezes.
Folgo, (acho lindo usar este verbo) que o acima dito, tenha convivido com a sedução gerada no cinema e televisão pelo american way of life, uma contradição menor, justificada pelo poderoso encanto do soft power ianque.
Estava em Berlim dá caída do muro, e vi com meus próprios olhos, que Berlim ocidental era a expressão mais verdadeira do paraíso socialista, com o genuíno nome de Bem-estar Social, com seu sistema nacional de saúde, aposentadoria, educação pública... Já Berlim oriental....
Veio a crise de 2008, mas agora nos EUA, os bancos subitamente aceitaram pagar uns 45 bilhões de doláres de penalização para compensar suas más práticas hipotecárias ao governo, e também aos clientes. Agora leio que o Bank of America aceitou pagar 16,6 bilhões de dolares (globo.com), e segundo The Wall Street Journal, é a maior multa paga por uma empresa nos EUA. Em julho o Citigroup aceitou pagar outros 7 bilhões em litígio similar.
Destes, uns 8 bilhões iram diretamente para o bolso das pessoas afetadas.

Pessoalmente, penso que só me sobra ler estas coisas com os olhos lotados e lacrimejantes da mais insana inveja. Que o deus da nova e da velha esquerda me perdoem!

É desumano o olhar sobre o Islã.


Nos países muçulmanos a democracia sequer se aproxima da nossa, que não tem nada de grandiosa.
No entanto, felizes,  jogam seus braços para o alto e sorriem,  cheios de esperanças diante dos avanços do Marrocos, que tem um rei que mais se parece a um deus na terra.
Da Tunísia, que desfrutaram da ''primavera''
política, não tive mais notícias. 
A Líbia é um caso a parte. Era dirigida por um sátrapa com muitos amigos no Ocidente, o Brasil, os EUA, França, Espanha, Itália,  a rainha inglesa o recebeu com chuva de rosas, Muammar deu um magnífico cavalo árabe a Nicolas Sarkozy, um verdadeiro caudilho, é para ser ambíguo,sim. Não creio que entre os políticos ocidentais, e mesmo em meio aos meios de comunicação, houvesse quem sentia vergonha em tratar sem escrúpulos como o ditador, que faceiro tinha uma indumentária para cada dia. Por quê? Porque convinha ao ocidente, pois ele impedia que islamismo radical passasse por ali, e se expandisse. Mas de repente, o sátrapa Muammar al-Gaddafi foi entregue à turba selvagem em plena rua. Não é difícil entender, a Líbia, hoje, praticamente não tem estado, tem tribos que repartem entre si, e governam o território em suas partes. As petroleiras, internacionais, pagam pela segurança de suas instalações à tribo dominante donde se encontram e seus poços de petróleo. 
Mais? Pois o território líbio se tornou o centro de recrutamento de combatentes, que desde ali, vindos da Europa, são enviados a lutar contra o regime sírio e se infiltram pelo norte do Iraque para constituir o califado que semeia o terror por onde passa e é ''o'' problema de Obama.
Parece que as provocações do Hamas não são tão gratuitas, e a brutalidade da resposta do estado israelense e a matança em Gaza, é um entreposto de Jihadistas de outros países muçulmanos.

Obama que se opôs, em algum lugar do passado, à invasão do Iraque, ordenou bombardeios, lá, e agora anda cheio de dúvidas sobre intervir na Síria, que eles armaram, junto com países europeus, para instigar a revolta e a guerra civil.

25 de ago. de 2014

Ódio.

Ódio!

O ódio jamais construiu qualquer coisa positiva. Ainda que seja tão antigo quanto a humanidade e tão destrutivo quanto boa parte de nós, ontem, hoje e sempre. Alguém disse que o ódio é a cólera dos fracos, mas tampouco os fortes se desvencilham deste terrível sentimento.
O assassinato do jornalista Foley é o símbolo de como o ódio destrói tudo e provoca mais ódio. Certo é, que não se sabe quem foi o primeiro, Foley não foi.
No Império Mediático, a imagem é fundamental, assim não só se mata, mas se exibe indecentemente e impudicamente em vídeo. Terrível. Eu não vi. Suponho.
O arcebispo egípcio de Bagdá disse, e tem parte de razão, que Washington chegou, destruiu o Iraque e aplainou o caminho para os jihadistas.
Os EUA fizeram guerras em demasia, que tão só serviram para aumentar o ódio... mas isso é só metade dos problemas... penso...
Na Síria já não entram jornalistas... porque ambos os bandos cometem atrocidades. Assim sem testemunhas o terror não aparece... dizem que usam armas químicas...
''Não tenho medo da morte, me aterra ficar amputado...” disse um sírio...
A guerra interminável na Palestina matou milhares, pior no entanto, é que o ódio foi adubado e viceja de ambos os lados... e os frutos serão ódios em penca...
A Ucrânia... idem...
Em Ferguson (USA) os negros voltam a ser carne de canhão....
Nada diferente das periferias brasileiras, de modo contumaz... e nós habituados, e alguns de nós gritam ao pelotón: Fogo!
Na África, a guerrilha de Boko Haram se descampa, sequestrando meninas, matando indefesos e rindo-se de todos.

O ódio é intolerância pura. Os motivos, banais. Não se trata de um homem odiar outro, o ódio é o sangue que vai percorrendo as veias da humanidade. Que já não é humanidade...

18 de ago. de 2014

Poldy!

Me identifico com Leopold Bloom, Bloom é um homem sem atributos. Um vendedor de anúncios de jornal. Um chifrudo da marca pasmada, manso. Da sua mulher de muitos atributos carnais, prefere as nádegas. Mas ela é mais que isso, antes que me censurem, ela é uma soprano de quinta categoria. Leopold, ou Poldinho para os íntimos, também gosta de miúdos de animais, gosta é para os fracos, se lambuza com um rim fresco de cordeiro no café da manhã, pelo cheiro da urina que exala, diz de si para sua gata. Miau! Sua carnuda, branca e libidinosa mulher, diante do café da manhã que lhe serve Poldeto, ela rola na cama, deixando efluir todos os olores de uma noite que se finda. Bloom florido, percorre suas coxas até sentir uma umidade não sua. Vai a casinha com um jornal velho, e antes de usá-lo se entretém lendo notícias velhas. Sai, como um saco de despistes. Finge escolher uns legumes, para enfiar a mão entre as cochas da quitandeira, que por certo se banhará amanhã, que é sábado e lavará roupas nas pedras da margem do rio. Ele próprio antecipou seu banho semanal para ir ao velório do amigo, Digno! 

17 de ago. de 2014

Correndo com Haruki.



Vamos correr com Haruki!

Antes dizíamos correr, agora, que se botou de moda, é running. Há quem assegure que cada vez há mais gente correndo, porque é uma prática esportiva que não exige despesas, e há ao contrário, quem se põe na moda, porque permite luzir um amplo leque de símbolos de status de corredor como deus manda: roupa especializada, quedis, penduricalhos eletrônicos, software, câmeras fotográficas, fones de ouvido, bebidas tonificantes e geis... O que é inegável é que ninguém sai atualmente para correr com uma camiseta qualquer, ou com um boné da empresa, nem com um quedis barato, Calma, quedis em Bonfim, mas tênis por toda parte.
Deste modo o melhor é correr pelos canaviais, quando muito uma capivara cruzará teu caminho, ela com a mesma roupa de sempre e igual a você. Porque nas rotas atuais, ou te olham pelo brilho, ou pela opacidade da velha camiseta surrada.
Se é um runners ou se está pensando em começar, é recomendável “ferventemente” que leia Do que eu falo quando falo de corrida, de Haruki Murakami, um livro aonde se explica o processo que o levou a correr, e como esta atividade o influenciou na sua maneira de trabalhar e viver.
De todas as reflexões de Murakami com o leitor, fico com aquelas que fazem referência ao passar do tempo, à constatação que em cada maratona que se participa, se faz uma marca pior, mas que continuará a correr, ainda que lhe digam que está na hora de parar.
Runners ou corredor ou não, me parece que a última conclusão de Murakami é digníssima, magnífica. É uma divisa. E dependendo pode dar sentido a toda uma vida: “Um dos privilégios que temos, os que evitam morrer jovens, é o de nos fazer velhos. Nos espera a honra do declínio físico. O único que podemos fazer é o aceitar e nisso aprender a conviver”
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P.S. Murakami correu só o percurso de Atenas a Maratona. Costuma ouvir Lovin Spoonful


16 de ago. de 2014

O gato Ão!

Aulas do gato Ão.
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Caminante, no hay camino
se hace camino al andar...
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São estes os versos mais conhecidos de Antonio Machado, poeta andaluz. Trazem uma verdade geral. O caminho não existe, senão que se faz, e se faz pela ação do caminhante.
Entretanto, é notória a necessidade de se saber para aonde ir. Ainda que isso dê no famigerado fim.
Os fins tão questionados, a ponto de a bondade se tornar maldade, se o fim for ser um homem bom, e não praticar o bem sem ver a que! Se entrei no reino da utopia, rodo a maçaneta e retorno ao mundo real, o mundo maravilhoso de Alice. Alice perguntava ao gato de Cheshire: “Para aonde posso ir desde aqui?. O gato lhe respondia: “Isso depende, depende para onde quer ir!”. Alice retornava: “Ah, isso tanto faz!”. E o gato repõe: “Bom, se é assim, dá na mesma, tome qualquer caminho!”.
Quando digo que aprendo com o Ão, você ri, mas se não se tem objetivo ou destino, dá na mesma a direção que se empregue, não se vai a lugar algum de todas as formas. Tem muito a ver com política e é metáfora de fácil entender. E é um poema para não esquecer se é um poema inteiro, então nada como terminar com ele:
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.
E sem querer ensinar mas mostrando o fim deste tecido saliento estes versos:
y al volver la vista atrás\
se ve la senda que nunca\

se ha de volver a pisar.

15 de ago. de 2014

Infâmia.

Infâmia.
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Pierre Laval foi primeiro-ministro francês, nos anos 40-42, do famoso regime colaboracionista de Vichy, foi condenado à morte em 1945. Símbolo da infâmia, permitiu que milhares de pessoas que residiam na França fossem deportadas e exterminadas. Laval que fora socialista, a começos do séc XX, aos poucos foi se convertendo ao conservadorismo, e nos anos trinta do mesmo século já respondia chamada na extrema direita, foi então se fez nazista. No seu julgamento, argumentou que havia permitido deportar as crianças, por razões humanitárias, não quis separar os pais dos filhos. E porque também havia espaço suficiente nos vagões dos trens, normalmente usados para animais. Então, bastava parecer, tão só parecer diferente, cor, religião, língua, crença origem, ideias, comportamento, doenças... este século tinha tudo para pôr fim à barbárie, e nos entendermos. Mas não é assim. Assistimos conflitos em que os generais são executivos nos escritórios e as vítimas cidadãos, que de um dia para o outro se vêm expulsos do que pensavam ser o paraíso. Tratados pior que animais, são espetáculo por uns dias nas TVs do mundo.

Em qualquer conflito sempre há os que pensam que têm mais razão que os outros. Pobre ilusão, a razão o tem aquele que provoca o enfrentamento para viver dessa miséria.