Talvez consiga,
partindo dessa primeira blocada, construir coerência que me leve a
'uma' resposta, que não seja qualquer, para esta pergunta: Se há
um sexismo na linguagem, ele gera uma invisibilidade feminina?
Me parece que há mais perguntas subjacentes. E como é moda ser
construtivista, vou tentar de tudo um pouco, como se fosse Marina
Silva, vender madeira nobre centenar e defender a árvore.
Me deparei com duas
questões logo nas primeiras leituras. A língua tem gênero?
E Sexo?
Fui ler.
Gênero - no sentido de
'gender' da língua inglesa – conjunto de representações, crenças
e comportamentos prescritos aos membros da sociedade em função da
diferença anatômica.
Neste sentido é de
construção social e não uma separação de papeis natural e
inerente ao sujeito ou aos sujeitos ou o que se espera deles em
termos de masculinidade e feminilidade.
A classificação dos
sujeitos, em função da categoria de gênero, produziu em todas as
sociedades uma divisão dos espaços, do trabalho, do poder e
consequente subordinação e orientou e orienta ( sou principiante
nisso e declinei o convite que me faz, ainda, “determinou” e
“determina” por orientar) as relações entre tais gêneros.
Já aqui, e sem poder
ir adiante, porque se instaura outra pergunta: Se gênero é
construção social, por que tão somente dois?
Bipolaridade?
Estou
diante da Ideologia de Gênero?
Os
proponentes desta ideologia afirmam que as diferenças entre o macho
e a fêmea não correspondem, tirante as óbvias diferenças
anatômicas, a uma natureza fixa, que faça uns homens e outros
mulheres. Porque as diferenças de maneira de pensar, fazer e
julgar-se a si mesmo, o faz como produto da cultura de um país e
duma época determinada, e que a cada grupo de pessoas uma série de
características são conferidas por conveniências das estruturas
sociais!
Deste
modo cria-se a liberdade de escolha de “gênero” que se possa
querer pertencer, e todos igualmente válidos e simplesmente modos de
comportamento sexual, produto da eleição de cada pessoa. Noutras
palavras: Inventar-se a si mesmo!
Diz
assim Judith Butler no seu “Gender Trouble: Feminism and the
Subversion of Identity”: “ O Gênero é uma construção
cultural, por conseguinte não é nem resultado causal do sexo nem
tão aparentemente fixo como ele. Ao teorizar que o gênero é uma
construção radicalmente independente do sexo, o gênero mesmo vem a
ser um artificio livre de ataduras; em consequência homem e
masculino poderiam significar tanto um corpo feminino como um
masculino; mulher e feminino, tanto um corpo masculino como um
feminino”.
Antes
de continuar veja a piada: No passado os ingleses passaram a utilizar
“Gender” para serem corteses e evitar o sentido secundário que
sexo tem em inglês. Já faz algum tempo que o termo “gender” se
abriu a estas novas perspectivas, papeis socialmente construídos.
A
IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Mulher, em Pequim
1995, foi cenário de lançamento da campanha de difusão da nova
perspectiva que definiu: “ O sentido do termo Gênero evoluiu,
diferenciando-se da palavra sexo para expressar a realidade de que a
situação e os papéis da mulher e o homem são construções
sociais sujeitas a variações, mudanças”.
Noutras
palavras: Não há um homem ou uma mulher natural, e que não há
conjunções de características ou de uma conduta exclusiva de
determinado sexo, nem sequer na vida psíquica. Assim a inexistência
de uma essência feminina ou masculina nos permite rebater a suposta
superioridade entre um e outro sexo, e questionar no limite do
possível se existe uma forma natural de sexualidade humana.
Muitos
países membros das Nações Unidas, tentavam abolir o uso da palavra
“gênero” e substituí-lo por “sexo”, no que foi prontamente
rechaçado pelas 'feministas de gênero', porque viram nesta
tentativa de revogar conquistas das mulheres e bloquear progressos
futuros.
O
termo “feminismo de Gênero” foi cunhado por Christina Hoff
Sommers no livro “Who Stole Feminism?” (Quem roubou o Feminismo?)
e o fez para distinguir do movimento feminista pela igualdade: “ O
feminismo da equidade é sensivelmente a crença na igualdade legal e
moral entre os sexos. Uma feminista de equidade quer para a mulher o
que quer para todos: tratamento justo, ausência de discriminação.
Pelo contrário, o feminismo de gênero é a ideologia que pretende
abarcar o todo, segundo a qual a mulher está presa em um sistema
patriarcal opressivo. A feminista da equidade opina que as coisas tem
melhorado muito para a mulher, a feminista de gênero frequentemente
pensa que tem piorado. Vêm sinais do patriarcado por todo lado e
pensam que a situação piorará. Porem isso carece de base na
realidade. As coisas nunca estiveram melhores para a mulher que hoje
é grande parte do estudantado universitário, e a diferença
salarial continua diminuindo”.