25 de set. de 2012
24 de set. de 2012
Democracia. Redes Sociais x Velha Mídia.
De modo raso,
democracia é a escolha dentre 'elites' disponíveis. Acho que é
Schumpeter, na dimensão eleitoral, minimamente. Se é de fato só
isso, e é talvez o âmbito que alcanço, ou alcançamos, a
democracia se torna uma loucura. Devo, todavia, alcançar mais, ir
mais fundo, porque senão, acabo por entender que sem mais
instrumentos cognitivos, nós a massa, o povo, não conseguimos
atingir as diferenças entre tais disponibilidades.
Profundamente, é
difícil entender a coexistência, a compatibilidade da democracia
com a pobreza e a desigualdade, apesar de não se tratar de uma
promessa escancarada dela, sequer obrigação, mas está nela desde o
nascimento, com a revolução francesa e outras revoluções, etc. Se
a politica está a serviço do desenvolvimento humano, e isso foi
transposto quase que literalmente para a nossa constituição de
1988, e estar lá ainda não é suficiente, mas talvez seja gerador
de certa tranquilidade de nossos eleitos. O que quero dizer é que se
requer, isso sim, a nossa participação, ainda que tenhamos que
delegar a soberania individual nesse voto. Para tanto discutir é
necessário.
Com o advento das redes
sociais, nos deparamos com um modo novo de discussão em
contrapartida ao da velha Grande Mídia e seu modo velho de
discussão, qual seja, da democracia schumpeteriana de viés
'brasileiro' mas sempre da escolha de elites disponíveis. Que por
razões de massiva alienação nos levou sempre à mais
aprofundamento de discrepâncias preexistentes.
A situação é nova, e
modernizadora, a Internet, mas ainda tem como fonte de argumentação
para o debate a velha mídia, porque esta ainda é autoridade, e a
autoridade requer altos níveis de confiança, ou comodidade,
preguiça.
Ainda estamos citando
frases, que mal sabemos a real origem, descontextualizadas, profundas
por vezes, que supõe sempre, ou deixa no ar o verdadeiro
entendimento daquilo que foi dito, continuamos a postar cachorrinhos
com lacinhos, mas tudo passará porque tudo passa – é a única
verdade – e deveremos passar a âmbitos mais complexos, dos
interesses particulares ao interesse público, afinal estamos no
mesmo barco, e tudo isso está baseado mais que na força, na
confiança.
Entretanto, vejo que
nesse primeiro momento está em disputa não só a liderança de
elites regionais, mas, também em questão a autoridade dessas
autoridades 'julgadoras' 'denunciadoras' e 'formadoras de opinião'
que no seu conjunto fazem a 'grande mídia' regional.
Um fato singular a
pensar é que, se além de delegar minha soberania de poder a
representantes desse meu poder delegado, devo delegar minha
capacidade de pensar, discutir, averiguar, avaliar, julgar valores,
atribuir valores, às velhas raposas.
Na democracia clássica
a eleição já se deu por sorteio....
12 de set. de 2012
Viver é equilibrar desejos. Alimentar instintos. Sem Aixopluc*!
Tudo que escrevo –
com esperanças ou com medo, de gozação ou a sério – me
mortifica.
Assim, o que sinto é
desagradável. Faz tempo que sei do alcance funesto de meus atos,
quais insisto frívolo e obstinadamente.
Tais atos poderiam ter
se dado em sonhos, ou que fossem numa minha loucura... ou depois
deste prosseco de 16,90 no sono que ele me trouxe, mas foi antes,
longe apareceu este comentário simbólico, antecipado à sesta já
reclamada, mas é nesse sonho que não dormi que: jogava uma partida
de bilhar no bar do Zebrinha, na esquina de frente de casa.
Preferiria em lugar do bar ter a Sartre na vereda de frente, mas
enquanto jogava bilhar, soube que aquela tacada, bola oito no canto,
estava matando um homem. Depois vim a saber que aquele homem era,
irremediavelmente, eu.
Assim que o sonho não
é improvisado, é de uma satisfação pulcra. Não posso cumprir meu
projeto.
Mas a razão de
escrever há de estar nos nervos, não noutra utilidade, como
pensava, cooperar na produção de um futuro mais conveniente.
Do contrário tenho
sido uma fraude, e me envergonho, ou como já disse acima: me
mortifico.
Que devo fazer depois
de haver escrito tantas coisas de mal gosto?
Condenar-me?
Serei justo ou não ?
Creio
entretanto e sem rebeldia, que o feito não me põe a perder, porque
posso, sim, criticar o já feito, depois olhar para tudo que fiz e
dizer, Eu fiz. E fiz sabendo dos perigos de se criar algo, e
ao mesmo tempo equilibrar diversas consciências. É perigoso viver.
É equilibrar desejos. Alimentar instintos. Afiar unhas. Vestir
máscara.
Mas pra que?
De uma coisa sei, viver não é buscar consolo ou aixopluc*
* aixopluc em catalão é refúgio.
* aixopluc em catalão é refúgio.
11 de set. de 2012
Li Monteiro Lobato.
Era
época de doenças infecciosas de quem ia descalço pela vida, nem
totalmente rural, ou urbana. Em Rusti certa urbanidade, mas em Urbe
só rusticidade. Não sei se a obra é racista ou não, é preciso
ser negro para sentir, sou branco, e como menino branco e pobre me
sentia um espantalho ao lê-lo, a obra é agressiva. Se sei, é que
como literatura, jamais li nada tão ruim. Sei que nem Fernão
Capelo Gaivota, o Menino do Dedo Verde ou Meu Pé de Laranja Lima
tiveram necessidade de tamanhas grosserias para, nem serem tão ruins
quão.
Antes
de ser racista, se for, não posso saber, posto que não posso
verificar com a minha ciência da sensibilidade, mas Monteiro Lobato,
a obra Monteiro Lobato é grosseira. Li uma ficção 'cientifica' de
Monteiro Lobato que foi uma canseira Monteiro Lobato só aceita uma
leitura, a linear, e dessa linearidade não há outra coisa que seu
sempiterno deboche a 'seres tidos como inferiores', dada a voz à
boneca, então Emília.
Mas
como cachorro pelado por água quente tem medo de água fria, Paulo
Coelho não li, não leio, não lerei, sabe por que não leio, li ou
lerei? Só por birra, só de sarro, aliás quando a coisa é nula se
pode dar a esse luxo, e permanecer ignorante.
Jovem.
O que é juventude?
Se
natural, a maturação sexual, se cultural, produto das condições
históricas e dos discursos?
Por
natural entende-se o
fenômeno programado geneticamente e dependente de certa maturação.
Se
cultural estará dependente de influências do contexto cultural,
fruto das relações culturais, econômicas e políticas. Alem dos
discursos que circulam, são as “vozes” que dizem a esse jovem o
quê ele é, influenciando aquilo que iria ser, e efetivamente irá
ou não ser.
Assim
mais que uma etapa de maturação dos órgãos sexuais, podemos
acompanhar pessoas de mesma idade, locais diferentes e épocas
diferentes e comportamento diversos.
Pessoas
com doze anos de idade no início do séc. XXI e outras no séc. XIX.
As pessoas de doze anos no séc. XIX estavam trabalhando e muitas
casadas e com filhos. Hoje elas estão na escola, com maior tempo de
ócio, lazer em grupos de iguais.
O
que temos contemporaneamente de cultura\condição juvenis surge a
partir da década de 50, pois na Grécia antiga, eram grupos de
homens, que tinham direito ao ócio mais prolongado, desde que
houvesse trabalhadores a fazerem o seus trabalhos. Era a elite que
viria a governar, no devido momento. A juventude podia chegar até os
quarenta anos de idade. Esse tempo de ócio era para se preparar para
os cargos de comando.
No
séc. XVII é dado o primeiro passo para a concepção atual de
juventude.
Melhoram
as condições higiênicas, reduz de mortalidade infantil e
inventa-se a imprensa e a publicação de livros. A arquitetura das
casas se modifica um pouco. Começa-se a se fazer o isolamento do
mundo das crianças do dos adultos. Poque até então as crianças
viviam todas as práticas da família junto com os adultos. Inclusive
o sexo. Esse isolamento é que cria a infância.
Mais
adiante essa condição foi reforçada pelas revoluções
industriais. No séc. XVIII e no XIX.
Nesse
momento passa a ser necessário mais que aprender a ler, escrever e
contar;
são
as necessidades para o mundo do trabalho. Para preparar e suprir as
necessidades do mercado de trabalho é estendida a infância.
De
1945 e 1970, época auge do capitalismo, hemisfério norte, em pleno
estado de bem-estar social os pobres começam a ingressar nas
escolas, no Brasil quem ingressava em massa nas escolas era a classe
média. Assim que o fenômeno de aceder em massa aos bancos escolares
é muito recente, constitucionalmente desde 1988 que indivíduos tem
'direito' de acesso pleno às escolas, até os 16 anos.
São
simultâneos ainda o crescimento econômico e o das mídias. São
essas mídias que vão começar a discursar, principalmente por meio
da TV e do Cinema – Hollywood – formas de ver o que é ser jovem.
Nasce a ideia de jovem universal – rebelde, usar drogas, desejar e
fazer sexo, gostar de Rock e de determinado tipo de roupa. É a
representação tipica de James Dean no filme Juventude Transviada.
Acontece
que com isso o isolamento do mundo do adulto e o mundo da criança
vai pouco a pouco se rompendo. Porque as crianças começam a ter
acesso aos segredos. Que estavam em livros para faixas etárias
diferentes. Que estavam em livros diferentes para cada faixa etária,
em compartimentos diferentes da casa. Sexo. Guerras. Violência.
Corrupção. Dinheiro. Problemas no trabalho etc.
Dizem
que a mídia é a vilã, porque influencia e altera comportamentos,
mas a mídia só divulga aquilo, que já é prática de alguns
grupos sociais, e ao os divulgar as crianças e os jovens podem se
identificar, por conta do que já vivem nas suas culturas, e a partir
disso desenvolver novos comportamentos.
Não
é a TV, por exemplo, que determina comportamento, o que há é um
processo de identificação. O jovem vê o que há de comum nesse
discurso e naquele que já viveu. Então se posiciona, não
necessariamente a favor. Podendo construir uma identidade contrária
àquilo.
Entretanto
não há um padrão universal de cultura juvenil. Músicas, roupas,
comportamentos diferentes, não havendo um formato: odo “todo
'jovem' é assim”. São diferentes o jovem do campo ou da
cidade, de regiões mais distantes da metrópole e os mais próximos,
com mais ou menos acesso aos meios de comunicação, de um país
central ou de um periférico, ocidente ou oriente, de comunidades com
maior o menor grau de fidelidade à ancestralidade, com maior ou
menor poder aquisitivo, condição de moradia.
Alguns
desses grupos terão suas 'identidades' ligados ao padrão dominante
divulgado pelas mídias –marcadas como valorizadas-.
Outras
'identidades' terão padrões de vestimentas etc que têm menor valor
– desvalorizados e “marcados” como inferiores – a isso se
chama “diferença”.
Hoje
o padrão de jovens que é valorizado é o de jovem feliz, seguro,
que participa de muitas festas, que é popular, geralmente, são
rapazes cercados de mulheres, etc sempre divulgados com associação
de imagens a determinados artistas, políticos, homens de negócios
etc. Esta é a identidade dominante, e não ser assim é a
diferença.
As
mídias não conseguem, como já vimos, influenciar diretamente com
seus programas, elas encomendam pesquisas para saber quais são os
interesses, as práticas culturais dos jovens, e partindo desses
dados realizam seus programas, a mídia não inventa padrão ela
encontra 'tendências', mapeando as características existentes em
grupos de jovens.
O
que se percebe é que há muitos fatores que estabelecem a juventude,
entretanto ser jovem é uma questão sociocultural.
A
tecno cultura, é o ambiente dos jovens. A MTV em 1999 encomendou um
dossiê\pesquisa para saber, que importância têm os aparelhos na
vida dos jovens.
Em
1999 dos jovens entre 12 e 30 anos, 15% deles utilizavam e tinha
celular e internet.
Em
2010 a faixa é maior que 90%.
Os
aparelhos, para os jovens, tem funções especificas, assim que sabem
qual é melhor usar em determinada circunstância, um e-mail, um
blog, um foto-log etc, por exemplo, o celular evita um terceiro na
conversa.
Alem
de ter função especifica de cada tecnologia\aparelho, há
linguagens diferentes, vídeos, músicas, fotos, isto é, muito mais
que só a fala.
As
culturas juvenis são pós figurativas, pois no passado, o jovem
lutava muito para conseguir pequenas mudanças, que nem eram
determinadas por eles, mas hoje não, hoje a cultura da geração
anterior não ser para o presente ou o futuro do jovem, e é o jovem
quem determina a mudança que quer e quanto quer.
Não
é a tecnologia que faz a diferença, mas é a vida em si na
cibercultura que é outra, com as trocas de informações das
variações culturais em todo o globo, no ciberespaço se vive na
tecno cultura, se cria, se produz, ainda que não seja trabalho, mas
é como se fosse, é uma formatação possível.
Não
se trata de usar aparelhos, mas de tecnologia embarcada no próprio
corpo. Se hoje vemos os jovens com seus aparelhos celulares, ipod,
etc pendurados junto ao corpo, não é mero exibicionismo, aquilo faz
parte do corpo do jovem, como os seios, a genitália, etc. Porque
esses aparelhos dão ao jovem um poder extra, que os permite ir alem
daquilo que seu corpo humano pode.
Como
a vida se dá efetivamente no ciberespaço, lá o jovem não precisa
se apresentar com seu corpo real, pode fazer montagens,
desnaturalizando o próprio corpo, com descrições diferentes
montadas desde contextos diferentes sobre si mesmo, o tempo também é
diferente, pode-se falar com uma pessoa em tempo real, mandar uma
mensagem para ser recebida e respondida noutro momento, enquanto
acessa um outro site, vê fotos em outro etc.
Os
jovens usam outras formas de leitura, e se são outras formas de
leitura, são outras formas de pensamento.
Tudo
isso aumenta os poderes do jovem dentro do ciberespaço, mas também
espelha os seu limites reais, com isso aumenta a sua insegurança.
Dai os simulacros do corpo. Inseguros com a relação social,
preterido o real ao virtual, medo da violência, preferindo o
Shopping, o chat aos espaços públicos, inseguros quanto a outras
formas de intervenção ( dai a extrema dificuldade de atuar no
espaço democrático que é a escola, bares, boates etc)
10 de set. de 2012
A Consciência. em A Ideologia Alemã. por Karl Marx.
A
produção da consciência está direta e intimamente ligada à atividade material e às relações
materiais entre os homens; é a linguagem da vida real. As
representações, o pensamento, o comércio intelectual dos homens
surge aqui como emanação direta do seu comportamento material. São
os homens que produzem as suas representações, as suas ideias.
Homens reais, atuantes e como foram condicionados por um determinado
desenvolvimento das suas forças
produtivas e do modo de relações que lhe corresponde, incluindo até as
formas mais amplas que estas possam tomar, a consciência não pode ser
mais do que o Ser consciente e o Ser dos homens é o seu processo da vida
real.
Na
ideologia os homens e as suas relações nos surgem invertidos, tal
como acontece numa câmara escura. Isto é apenas o resultado do seu
processo de vida histórico, do mesmo modo que a imagem invertida dos
objetos que se forma na retina, é uma consequência do seu processo
de vida diretamente físico. Isto
significa que não se parte daquilo que os homens
dizem, imaginam e pensam, nem daquilo que são nas palavras, no
pensamento, na imaginação e na representação de outrem para se chegar
aos homens em carne e osso. Parte-se dos homens, da sua atividade
real. É a partir do seu processo de vida real, que representa o
desenvolvimento dos reflexos, e das repercussões ideológicas deste
processo vital. Mesmo os fantasmas correspondem, no cérebro humano,
a sublimações necessariamente resultantes do processo da sua vida
material, que pode ser observado empiricamente e que repousa em bases
materiais.
8 de set. de 2012
Nada.
O neto foi convidado pela avó a morar com ela no casarão, logo depois da morte do avô. Eles se gostavam muito. A avó era metódica
e passou-lhe as normas da casa, que por acaso nem eram tantas. Em
especial mostrou ao neto o molho de chaves das portas que
davam a dependências já sem uso porque os filhos pouco a pouco
foram se casando e saindo da casa. No molho só não tinha chave para uma porta, que a avó
disse nada haver depois dela. O neto insistiu pela chave, ela dizia
que não tinha a chave. Ele insistia no que havia depois daquela porta: Nada, ela dizia. O neto se angustiava a cada dia mais e mais. Começou procurar a chave às escondidas. Procurou em cada canto do casarão e
por fim a descobriu. Quando abriu a porta se deparou com o absoluto nada. Enlouquecido matou a avó com muitas facadas.
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