16 de fev. de 2012

Igreja Ateísta. 1° Mandamento: Amar a si mesmo sobretudo.



O ateísmo é uma prática religiosa. E tão só como prática negadora da existência de deus se torna religiosidade. Isso é fácil ver, mesmo nas assertivas mais populares como: Fulano vai ao bar religiosamente; em não se tratando do dono do boteco, Fulano é um barista, discípulo do mé, um alcoólatra, ainda que não convicto. Assim quem nega é afirmador da inexistência. É dificílimo enxergar a inexistência, talvez ainda mais que crer na existência. Crer é muito mais fácil, afinal todo mundo crê, e ninguém se sente um basbaque por isso, enfim não há impedimento, muito embora comece a existir um certo Status quo. Não me interessa tanto esse tema da classicização da crença. Coisa que não é mais que a etiquetarização. Algo como marcas, logos, mais ou menos chiques, famosos, caros etc. Mas, as há, e não é nada difícil vê-las. Isso não me interessa, posto que a sociedade brasileira é talvez a mais estratificada que há, assim que mesmo na zona sul, há a zona norte da zona sul e naquela a zona sul da zona norte da zona sul. Enfim, até os cães ajudam na dificílima tarefa de estratificar. A religiosidade também. Porque? Resposta: não há, absolutamente, crença sem igreja. Salvo um e outro, mas um e outro são traços de existência, quase significando a inexistência. Baseado nesses pressupostos e não em outros, mas também neles, caso venham a corroborar com a ideia é que considero fundada a IGREJA ATEÍSTA.
Os mandamentos do ateísmo são:

  1. Amar a si próprio sobretudo.
    Somente aquele que se ama, por conseguinte, ama a vida, a própria existência, deseja o melhor para si. Isso implica diretamente no seu entorno, material e espiritual. Note que espiritual nada tem a ver com o espirito apartado do corpo, no caso em questão o espiritual é tudo aquilo que não é material, muito embora advenha da vida material. Este ponto é de fundamental importância. É o calcanhar de Aquiles, é a diferença fundamental entre um ateu e um não ateu. O não ateu tem o espiritual apartado da vida material, da produção da vida material. Um exemplo do cotidiano é esse ser no trânsito, há outras circunstâncias mais jocosas, mas no trânsito pode-se perceber que a parte boa do espirito do ser, em havendo, está junto com a hóstia consagrada dentro do sacrário, trancada e a chave está na mão de deus representado. Assim que, depois de causar todo tipo de traquinagens, já ele próprio, inoculado do mesmo veneno, qual há borrifado pelas vias públicas, corre ao sacrário e das mãos do santíssimo, ou do alopata, ou da florista de Bach, num banho de ofurô de teca e então com o espírito em mãos, levará a cabo com tais tentativas, diga-se desesperadas, de alcançar a comunhão, ou seja, unir seu corpo e ao espírito.
    O ateu por seu turno mantem a unidade. É corpo e alma, carne espiritual. Isso quer dizer que há uma relação, se fosse possível abstrair matéria e espectro, material-espiritual-circunstancial – o que implica em geografia e por conseguinte, clima, demografia etc – dialética. Seja uma luta de afirmações\negações\conclusões entre o corpo\mente\espírito\razão\sentimento\desejo\ e o outro. E o meio. E os animais. E as rochas. E o lixo. E tudo quanto esteja fora efetivamente dele e enseje a que tudo que se aloje fora dele venha a lhe fazer o bem, por que ele se ama a si mesmo acima de tudo. Tudo isso só para dizer que não dá para avançar o sinal vermelho, por que é você, e depois exigir que o outro pare no amarelo. Note como a vida é matéria-espiritual. Para enriquecer o tema eu proponho que se leia esse pequeno excerto do livro O Príncipe de Nicolau Maquiável:


    “Todos os Estados, todas as dominações que exerceram ou exercem soberania sobre os homens, tem sido e são repúblicas ou principados. Os principados são, ou hereditários, quando uma mesma família reina ou reinou por grandes períodos de tempo, ou novos. Os novos, ou são de todo novos, como o foi Milão sob Francisco Sforza, ou são como membros agregados ao Estado hereditário do príncipe que os adquire, como é o reino de Nápoles para o rei de Espanha. Os domínios (dominados) assim adquiridos estão acostumados a viver sob um príncipe ou a ser livres; e se adquirem (liberdades) pelas próprias armas ou pelas alheias, por sorte ou por virtude.”

    No próximo encontro, se houver, tratarei ainda do primeiro mandamento. Buscarei um enfoque menos politico e mais humano. O que posso adiantar é que será basicamente fundado na seguinte frase: UN COUPE DE DÉS JAMAIS N'ABOLIRA LE HASARD.
    Como 'trabalho' ouçam a canção de Caetano Veloso: Oração ao Tempo.   

31 de jan. de 2012

Deus Morreu. Nietzsche. Nietzsche Morreu. Deus.


Bases para a Igreja do Humano.


A vontade de poder não pode ter fim, ou seja, não deve ser somente conservadora, necessita de novas conquistas. Adolf Hitler encarnou a vontade de poder nietzschiana no limite. Quando Adolf Hitler nasce politicamente, primeiro se faz fotografar com Elisabeth, irmã de Friedrich e o próprio busto do filosofo de A Vontade de Poder. O fueher surgia belicosamente, ao exigir o espaço vital: Eu sou Alemanha e conquanto Alemanha exijo o espaço vital para Alemanha, claro que nenhum espaço seria suficiente para tanta vontade de poder. Mas a grande sacada de Nietzsche é que a vontade de poder deve antes de mais nada querer-se a si mesma, é um ir além constante, isso está em Hegel, na dialética do Senhor e do Escravo. Como está em Sartre na intencionalidade da consciência, seja consciência fenomenológica atirada no mundo, que sempre vai além de si mesma. Se quiséssemos, a história da sacolinha é uma vitória da vontade de poder de quem não quer mais dar sacolinha, assim aos derrotados cabe comprá-la, o que é uma conquista do capital e não do meio ambientalismo, que não é consciência, pelo simples motivo que não se gera consciência, se esta não está já lançada, porque a vontade de poder é intencionalidade e está jogada no mundo.
A vida é vontade de poder, o mundo é vontade de poder. Sarkozy é vontade de poder, Merckel é vontade de poder, Dilma é vontade de poder, intencional, e ademais não deve somente conservar, deve crescer, aumentar, pois que senão se afunda e morre. Por esse simples fato, Serra não pode se retirar, pois seria ignominioso. Por isso também o Império Bélico-Comunicacional norte-americano deve seguir crescendo, e se sair do Oriente médio, em outra geografia buscará espaço vital.
Da mesma forma a vida tem porvir pela vontade de poder. Em A Gaia Ciência, Deus Morreu. E todos os valores supra sensíveis, conquanto valores de Deus, da imagem de Deus, nisso instância suprema e fundadora, acima do homem, porque Deus é fundamento do pensamento daquele que o aceita. Portanto quando Nietzsche diz que deus morreu, diz que seu pensamento não se baseia no fundamento divino, e seu pensamento seguirá dizendo da vida, que a vida é porvir, é potência, e a vida é verdade, e a verdade é aquilo que a vontade de poder conquista, e note, meu caro, que frase disse Friedrich Nietzsche:
Não há fatos, há só ou tão somente interpretações.
É descomunal. Onde está a verdade? E ai, o vai seguir Foucault: 'A verdade é uma conquista da vontade de poder'. Se você duvida disso, faça se já não faz, ligue o rádio, leia os jornais, o Datena e verá a quantidade de interpretações de cada fato no começo do dia, uma interpretação não é a verdade, mas aquela que se impor no final da jornada, se imporá pela vontade de poder. A verdade é filha do poder. Claro que eu também tenho minha verdade que colide, inclusive, com outras verdades, pequenas com certeza, brigam entre elas as verdades, mas a que seguirá, será aquela emitida pela maior fonte de poder, e que prevalecerá sobre as demais. Nietzsche é assim, belicoso, e concebe a verdade como luta, como enfrentamento, e como expressão poderosa de quem precisa continuar conquistando. É nisso que nasce o Nihilismo nietzschiano, que ao ver que as verdades supremas, divinas, os ideais platônicos, nihilizaram a vida, ele então nihiliza o próprio deus. E nihilizar é negar, e Nietzsche nega a Deus, e este pensamento reduz deus a cinzas. Porque o que põe como sua meta é a verdade da vida, a verdade do porvir, a verdade da conservação do poder, a verdade da conquista da vontade de poder e conquista da verdade pela vontade de conquistar da vontade de poder. Ou seja, quanto mais poderosos somos, mais donos da verdade vamos ser.
Hegel era um otimista, Marx era outro otimista, que achava que uma classe social viria a botar ordem na história, desalojando o poder dos homens, mas para Nietzsche não há ordem na história, a história é caos: verdades se colidindo: é a luta para impor meu poder ao poder do outro e a medida que meu poder se impõe, impõe a minha verdade e minha verdade é conquista da minha vontade de poder. Todo esse furação esse redemoinho é Dionisíaco. 'É o esplendor da embriaguez, onde cada membro se entrega a embriaguez' (Hegel). Não a racionalidade de Apolo, pois o pressuposto é que o 'eu' se perca, e ao se perder, perder a individualidade. Mas perder o 'eu' é acercar-se da loucura. E viver é, no fundo isso, perder o 'eu' e embriagado não saber nem sequer quem sou. É uma concepção sanguínea, barbárica, rapinica.
Um ser apolíneo não perde a razão, não perde o centro do 'eu'. Mas, o ego se perde na festa dionisíaca e entrega-se aos instintos.
'Todo desejo contido engendra a peste.' William Blake.
E Nietzsche disse: Todos os instintos que o homem mantem contido em si, por meio da cultura apolíneo burguesa, por meio da piedade, compaixão, e o ascetismo cristão, que censura, que lacera aos instintos mais autênticos, selvagens, brutais e descontrolados do homem: tudo isso é peste.
Há que se entregar desaforadamente aos instintos dionisíacos e perder-se e recuperar-se como besta, como ave de rapina, como guerreiro bárbaro e gozar, gozar por si e fazer gozar aos outros homens em meio a uma orgia interminável.
Para tudo aquilo que Hegel disse: o real é racional e o racional é real, nada disso, tem valor para Nietzsche, em vez disso:
Instinto, Dionisismo e Loucura.

29 de jan. de 2012

Segunda-feira.


Soa o despertador. Desperto, não é a palavra, mas enfim, desperto. A água fria na pia na cara, de pele ainda quente, fará sua parte, que depois do estalido do despertador será a segunda coisa desagradável do dia. Gosto da noite, da alta noite. Jamais iria dormir, se pudesse, só para curtir o silêncio dessas horas, aonde os celulares não chamam, não clamam, as saveiros não passeiam seus sons horripilantes e até os cães não ladram. Tudo ruídos artificiais, mesmo os cães, deslocados para sempre, como a cada manhã de domingo um testemunha de Jeová a bater a porta, para ouvir um rosnar deselegante que o deixa, haja masoquismo, feliz. O despertador, a água fria e o crente são bofetadas imerecidas. Mesmo em meio a esse protocolo diário de hostilidades, sempre, começo o dia em busca de um grão de felicidade, antes de entrar na engrenagem perfeita, e a primeira boa noticia são duas: uma entra pelo nariz, é o cheiro do café, outra é o barulho da pressão da cafeteira e logo a palatável, o café do jeito que gosto, sem bolachinhas de chocolate, sem biscoitinhos de polvilho com zest de limão, sem canela em rama, sem qualquer aditivo, sem ideologia, mascava ou orgânica: café e um tiquinho de açúcar, a gosto. Abandonado nessa letargia, me ocupo de um segundo café matizado agora com um cigarro, lá na rua, na calçada, olhando Marte ou Vênus. Ambos. Tudo é simples tentativa de aliviar o peso das horas subsequentes. Como se fosse ganhando força, que logo, logo a porei em prova.
Olho e volto a olhar. De relance tudo sei de memória, a gradação da luz, dos ruídos em crescente, mas cabe sembre perguntar qual será o próximo dessabor, uma pessoa, um e-mail, um telefonema, uma frase ou palavra que tem como objetivo, consciente ou não, como uma flecha, transpassar do mundo externo ao mais íntimo do meu ser, e cravar lá a semente de seu veneno, e de quebra deixar o seu cheiro amargo invadir o já irrespirável ar.
Apesar de tudo, dessa eterna repetição de tragédia em gotas, saio a procura de doçura e calor, de cumplicidade, de um riso que faça crível o amanhã.     

23 de jan. de 2012

O Cachorro mais feliz do bairro.


Meu vizinho de frente, gosta de cavoucar no vaso que tem uma palmeira plantada. Apanha de jornal. As vezes escapa, apanha. Sua mulher também uma Basset se parece com ele, ou sou eu quem se confunde, pois minhas vistas já estão cansadas, eu já estou cansado. Meu dono, sim ele é meu dono, pois sempre está a dizer: Tu pra lá, Tu pra cá. É! me chamo Tu. Sou uma espécie de eu canino do meu dono. Depois de haver descoberto que seu eu feminino, já não rendia frutos, ele se afogar em muita pinga, e vem sempre a se desabafar comigo, pega nas minhas orelhas e diz ' tá vendo Tu !', ' Tá vendo! Que barca furada, aquela de que a mulher não é objeto, tá vendo Tu, tudo mulher objeto, só reconhecem os machos sem eu feminino' Não é má pessoa, meu dono, sempre fico calado, murcho as orelhas, agora anda com essa do eu canino, e me leva para passear, e me passarem a mão pelos pelos. Ele não percebe a tristeza que vivemos, falo por mim, e pelos os que vejo aqui e e ali, São mais felizes os que passam correndo, cão sem dono, mijando em tudo que é pneu, poste e qualquer coisa que se pareça um obelisco. Por rosnar dos que passam pela rua, entre eles está aquele que penso ser o cachorro mais feliz do bairro. Ele mora na casa do motoqueiro, que entrega lanches. Toda noite fico aqui na grade do jardim e vejo o motoqueiro descer correndo, e logo atrás o vira-latas, de dorso creme e barriga branca, orelhas grandes caídas, pois é, passam os dois na maior velocidade, logo o vira-latas volta sozinho, deve ter se cansado, mas com certeza conhece tudo que tem para alem daquele jardim que só diviso e faz divisa com um mundo que desconheço, ele conhece. As vezes ele fica perambulando, cheira a Basset do meu vizinho de frente que gosta de cavoucar o vaso de palmeirinhas, de apanhar, é que ele deve de gostar, pois, apanha e continua a fazer igual, deve querer que lhe abram o portão e que se lhe digam: rua, seu cachorro. Mas eu dizia que o vira-latas, depois vem cheirar a minha vizinha de baixo, coitada, rasparam o seu pelo, ela tá parecendo um saruê, pra quem não sabe, saruê é gambá, mas o vira-latas nem tá ligando para isso, vem e cheira, eu já perdi o meu olfato, aquele que fazia saber qual delas estava no ponto, ficou esse, já viciado em ração, e dos ossos de costela da vaca atolada de toda santa semana. Hoje ele, o vira-latas, parou aqui perto, me rosnou de suas conquistas do último agosto, me disse que não teve outro igual a esse, rosnou que teve uma que pegou através da grade, rosnou nas minhas orelhas que tem antepassados Beagle e Bull Terrier, eu ri muito, pois meu dono também valoriza muito seus antepassados, uma mistura de ingleses e italianos, depende da hora, por vezes um Lord outras um carcamano, é um vira-latas igual. Mas você é feliz? Perguntei, para esticar o au au au, ele disse que tem dissabores, como qualquer um, e disse que gostaria de experimentar uma dessas guias que apertam o pescoço...

20 de jan. de 2012

Candidato, cândido ou cândido eleitor, aquele que pensa saber votar?



Na Roma antiga o candidato a  cargo no Fórum Romano; que era um centro comunal ademais de um centro comercial – há fóruns Romanos por toda a Europa, inclusive há um – nada mais que o piso, magnifico diga-se de passagem – em Conimbriga que foi a origem de Coimbra. Pois retomando, o 'candidatus' usava branco, como simbolo da pureza, vê-se que a coisa é velha, dai vem cândido, Voltaire poderia dizer mais com um simples nome?
Não é fácil encontrar a candura, a candidez em nossos candidatos, mas seguramente a devem ter. Ninguém, absolutamente, é absolutamente malvado. O absoluto não existe, nem esta frase, em absoluto. O grande problema é que falta algo, que conforme, que de forma às deformidades; por exemplo, um determinado indivíduo é aguerrido. Tem certos seus quereres e aplica-se, com afinco, garra, ainda que intuitivamente, para atingir o que deseja. Trata-se de qualidade particular, na sociedade que vivemos, qual deposita toda a importância e honrarias àquele que abre caminho em meio à massa disforme, diga-se de passagem: uma grande qualidade. Porem, e a vida é cheia de poréns, esse indivíduo, uma vez, investido de um mandato - talvez antes, na filiação - deveria conformar-se a ele, adquirir sua forma, e ser balizado por interesses do eleitor do seu partido, de ideologia própria, o quê permitisse ao eleitor certa, pequena que fosse, garantia das margens de atuação, 'aguerrida', em defesa de posições do programa, do estatuto e da ideologia partidária.

Ocorre algo interessante nesse sentido. Nossos partidos políticos são formados, quase que absolutamente, não mais que por políticos. Políticos no sentido de candidatos, e no âmbito municipal a coisa se restringe a candidatos e seus cabos eleitorais, estes em geral são em número e grau parelhos àqueles cargos, que tendo o candidato conseguido o mandato, disporá. Número finito de cargos, sempre, seja assessores ou um que outro cargo na máquina administrativa municipal, dependendo de seu coeficiente eleitoral e sua força dentro do grupo, dito partido, este sim, sempre, quase absolutamente é  propriedade particular, regionalmente sempre, e muitos nacionalmente, cacicados, cujos programas, como diria Eça, sem eira nem beira, tudo o que existe dentro dos limites da extrema direita neo liberal à extrema esquerda maoista estão no bojo de seus programas. Quase absolutamente tudo inexequível, restando a seu eleitor o cândido interesse daquele particular, e ao eleitor (dele) sair pelo mundo acusando os outros, eleitores, de não saberem votar. Deus que candura!       

15 de jan. de 2012

Professor da falta de ética.


É certo que o conceito de cidadania é complexo, assim como é básico exigir participação na vida politica da sociedade que se faz parte. Antes disso a ética deve permear o tecido social. Que é a ética na prática? Vou contar uma historinha que nos mostra a falta de ética: Um certo candidato a vereador, derrotado, no último pleito, 'adesivou' seu carro, salientando seu nome e profissão. Não há lei para o impedir de assim 'adesivar' . Porém todos sabemos que se trata de propaganda eleitoral 'marotamente' escancarada. Se fosse uma propaganda eleitoral explicita, estaria fora da lei eleitoral, fora do tempo, o juiz eleitoral poderia agir, como ocorreu com outro apressado, mas no caso do incerto candidato, não está explicitado o quesito: Candidato a vereador. Não sou jurista, mas não sou tonto. Assim nosso incerto candidato, num rico exemplo de aplicação da lei de Gerson, circulará pela cidade por mais tempo que os demais, com seu carro e os dos seus, a veicular a mais absoluta falta de ética, claro que isso tem nome próprio. Isso também nos mostra que: não basta a profissão ser nobre: professor, mestre, ou mero analfabeto palhaço para que possamos caracterizar o malandro. Que podemos esperar do possível mandato desse 'cara' ? Nada ou seguramente menos que de um palhaço.


12 de jan. de 2012

Anotações para um Livro, que se livrou de mim.



A farsa de Inês.


O choro foi embora com os músicos do Choro Bandido, fazendo desaparecer seus fiéis, como desaparecem os gênios e as lâmpadas em filmes antigos numa explosão que gera uma nuvem de fumaça que vem do solo. Isabelle foi-se com o Ente, Ledório e Hermítio saíram como entraram envoltos em papel jornal agora um tanto úmido dado o merejar dos copos de cerveja e chope, Wirto desapareceu com uma loira, a bonita foi-se com a Negra dormirem para que uma o demônio acorde. De Mércia resta uma certa umidade no assento da cadeira. Edmilson saiu com a crônica pronta. O genro quase pediu em casamento. Seu Pavão ainda mais feliz. O serviço agora anda apressado juntado cadeiras e mesas dobráveis e dispondo-as a cada quatro cadeiras uma mesa. Luis ainda na mesa um anda às voltas com uma nuvem de soluções rondando e zumbindo aos ouvidos. Feia parece ter problemas com a conta e reconta o que falta. Fiado. Amanhã eu pago. Daí fiado só amanhã. Antoine não aceita, mas do gasto já feito leva o balão. Luis pagou e pediu o chope saideira, que resta inteiro, só o creme abaixou.
Luis arranca a cabeça dentre as mãos, arranca as raízes dos cotovelos do tampo da mesa, traça as pernas e balança o pé da perna que está por cima. Pergunta-se 'onde estou?' Feia acende um cigarro. O som ambiente toca.
...Pipoca aqui, pipoca ali...






Elena é velha e Inês é morta.

Feia se levanta, não há mais comensais no bar, exceto Luis e Feia e ela caminha para a mesa um, com a blusa numa labuta para que despoje os ombros, uma Lucíola ilustrada num livro do passado, caminha insistindo que o fumo vá para cima, para diante da mesa um com a perna direita à frente da esquerda sustentada pelo pé em ponta de pé. Luis a olha de baixo para cima.
Elena vidi, per cui nto reo tempo si volse...e mais passa que volta pensa Luis. Milhares de anos. Milhares de historias. E sempre restaremos, nós outros, os mesmos com a gravidade da repetição, fazendo a tragédia não ser mais que a dupla ligação de oxigênio nalgum carbono do ácido. Feia abaixa a mão, de cigarro entre dedos, afastando a do corpo, enquanto o cotovelo cola-lhe à cintura a outra mão afofa o cabelo, com um requebro mole que subiu das pernas até a cabeça e esta ficou tombada sobre seu ombro despojado, disse:
Hei você! Eu? Disse Luis surpreendido. Sim você que gosta de dançar. Gosto, mas não sei. Ninguém sabe, todo mundo imita todo mundo. Sim? Sim! Claro. Se não precisa saber é comigo mesmo. Mas, essa música não é para dançar. Deixe de ser tolo, música é para se ouvir, nós é que dançamos.
É verdade, agora pensando bem acho que a música enquanto se dança é para não ficar se perdendo em diálogos inúteis. Estou pronto para o uso. Parece que você está... Chega de conversa, embora dançar! Vem!
...Porém parece que há golpes de p de pé de pão... Como é teu nome? Inês! Inês? Sim. Inês! Porque do espanto?Nada não! Como não? Ficou até pálido! Eu pálido? Quem mais? Você mesmo! Sabe o que é? Quê? Estou escrevendo um livro, e lá tem uma personagem que se diz Inês. É mesmo! E como se chama o mocinho? Luis. Igual a mim, Luis! Se meu malsim não tenha mudado de rumos e de nomes por não ter ele conseguido até aqui penetrar na minha alma no que me olha raso sem razão meu nem riso no liso desvão que rês desfaz.
...De parece poder... Então ela sou eu e ele é você? Acho que não! Como não? É uma história que inventei, e tampouco sou eu o Luis. Eu também não sou Inês, na verdade adotei este nome, porque não gosto de Ariadne.
O meu é Luis mesmo. Estou cansada de dançar, vamos embora Luis!
Para onde Inês? Para casa oras bolas! Então vamos. Espere aí! Esquecia minhas anotações, mas não as vejo sobre a mesa um. Deixe isso para lá! Está na hora de começar outra. E se eles copiarem? Você não copiou? Você está certa, para onde mesmo que vamos. Dá cá o braço Luis e chega de lorota. Como os de antigamente! Isso! Meu lindo! Fintemos o malsim.
...E era nem de nego não... Quando chegar a ponte você me leva de cavalinho na cacunda Luis? Sim Inês! Mas onde é sua casa?
...E era n de nunca mais... A minha casa e a sua J.J é o Candinho, e deixe de onda que quero ver você virar os olhinhos, e morder a minha mão, meu lindo! Sim Inês.