Ganhar do Brasil como Paraguai, como joga desde sempre o mesmo Paraguai, dentro da própria trincheira. Aliás o estilo de jogo paraguaio nasceu antes do futebol. Aprendeu a se defender com a tristeza que só o amor tem. Assim como o Paraguai defende em lágrimas, o Brasil sempre atacou, de alegre, inconscientemente, excetuando Pelé, Didi, Tostão, Zico, Romário e Ronaldo. Mesmo Sócrates, Rivelino, acreditavam que atacávamos por direito adquirido, pela exigência mediática autóctone e mundial. Desde a tríplice aliança foi assim: os atacamos sem saber o porquê, já o quê deles... só lhes falta o Cisplatino.
19 de jul. de 2011
13 de jul. de 2011
A BOLA. Como se previa é redonda.
Se procurarmos pelos esportes de público massivo e apaixonado, encontraremos que todos se baseiam em alguma coisa que roda ou é redondo, a bola o pneu. Não sem espanto nos assalta o relâmpago da percepção: o corpo não é o bicho. A olimpíada tem de certo modo grande apelo, já os esportes olímpicos fora da Olimpíada, Não. Ao que parece, a obsessão básica está no sistema de jogo: velocidade regulada em certa geografia. O espaço de jogo é, de maneira elementar, o espaço\ tempo infinito e continuo: o vazio. Como bem disse Joan Farrè. Nesse vazio é que se dá de forma ritualizada a reconstituição de um passado. Acontece que o passado continua constituído e aparentemente o jogo deveria substituir um ponto traumático dele. Desse modo, no jogo o que vemos é o passado reconstituir-se. A derrota é o ponto do passado cujo não queremos ver reapresentado, mas é comum esta reprodução, como um sonho a reiterar o trauma. A vitória, essa, é um salto sobre este ponto do passado, um desvio que produz excitação e alegria, mas também não cura. No mundo destituído de herói ou deus, o mito ainda sobrevive pela extensão, mas dado o seu caráter mundano, ele treme, treme a olhos vistos anteriormente a nós, diante da possibilidade do fracasso. Dai este sentimento: sabia que ia perder. Claro, a vitória não consegue substituir traumaticamente a derrota no mundo inconsciente. Quer dizer a vitória não traumatiza. Dai que em muitos casos nossa tristeza é um tipo de piedade para com o desportista, por não nos representar, mas na maioria das vezes é nosso o fracasso, da sua derrota. É justamente onde começa o nosso jogo, terminado o do mito, vem a hora e a vez do traumatizado torcedor, com a derrota do nosso mito estendido, nos encontramos com àquele a quem descarregar culpabilidades, podemos analisar o outro, coisa que fazemos com maestria, posto que falamos de nós, mas principalmente do eu que não se põe a prova, podemos reescalar, trocar os culpados, ou minimamente discutir uma melhor tática ou estratégia, para o melhor desempenho dele, muito embora saibamos que cada jogo é uma martelada no prego, uma volta no parafuso.
12 de jul. de 2011
URUBU!
Urubu, rejeitam-te, como se mais não fosse, ave tão esplêndida! O vejo no céu em pleno gozo, a voar. Um ás! Tens um fraco, assumido, pela carniça, é que sim! Dizemque: agora competes com os aviões. Houve quem dissesse que: lutaremos com unhas e dentes pela internacionalização, mas se o céu é teu e de outros, Urubus! Outros podem ser Cômicos. Oh, Urubu! Tu és Cósmico, quando algo se dissolve no ar, tu sabes meu amigo! Se fede! Pura práxis. Houve aquela ameaça de levar os discos do Pixinguinha, por fim, foi só birrinha, ficou a ler, não o Neruda de Anaconda Cooper and Co, ou de Matilde, justo ela, a desfalecer nos braços de outro, nem aquele que sentiu - em si - o porrete, comendo solto no lombo do velho, da velha, cansados, curtidos e exauridos, desinfelizes. Algo fede nessa terra, Onde reinam brucutus. Onde nós homens já somos fantasmas, antes de virarmos carniça. Contudo, diga-me, será o contrário? Quem fede? Se o que há no ar é só tu! Urubu.
9 de jul. de 2011
ÁPORO. Uma Leitura.
ÁPORO
Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?
Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.
Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?
Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.
Carlos Drummond de Andrade em:
In Reunião (10 livros de poesia). 5ª. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, p. 92.
ÁPORO
1- Um inseto cava
ÁPORO
1- Um inseto cava
2- cava sem alarme
3- perfurando a terra
4- sem achar escape.
5- Que fazer, exausto,
5- Que fazer, exausto,
6- em país bloqueado,
7 - enlace de noite
8 - raiz e minério?
9 - Eis que o labirinto
9 - Eis que o labirinto
10 - (oh razão, mistério)
11 - presto se desata:
12 - em verde, sozinha,
12 - em verde, sozinha,
13 - antieuclidiana,
14 - uma orquídea forma-se.
Drummond é, o, poeta da modernidade. Por vezes esse poeta responde às questões políticas que o envolvem, e vai ser gauche na vida, noutras se afunda no interior do indivíduo drum mond, zabumba du monde do umbigo vasto ruidoso do ruinoso mundo. Em Áporo, estes mundos se entrelaçam neste druso mundo mudo, é quase Raimundo, insectiforme, criminalizado, por ignorância. Carlos grampeia o individual ao político. O politico é todo Raimundo que rime ou não com inseto. Queredor sem querência, por tanto, cava mudo, por não cavar para construir, mas cavar a escapar, cava em fuga, e a fuga é silenciosa, e o produto de sua escavação é labiríntico, feito às escuras, as escondidas, sem projeto, só desejo, sem saída. Em 1, 2, 3, 4 s s s ch x s, zune insssseto desordenado construtor de dedáleo país que exaure seu arquiteto sulcador, que em lugar de firmamento: raiz e minério.
O inseto cava e cavava antes que o poeta o botasse em marcha, assim o poeta é extrator por meio desse cavar, imbrica-se poeta no inseto, e mesmos, nessa metamorfose que se complica, que impede solução fácil, pois não há escape dentro da lógica. Mas misteriosamente o áporo, poeta insectiforme ou inseto poetificado, problema insuperável, pois aporia, só encontra solução em si, Euclides é inútil, como a geometria. Dessa maneira o poeta-inseto-problema é orquideáceo, e o é solitariamente, pois não encontra solução no mundo fora do intrincado labirinto escuro, mineral e tuberoso. O poeta, inseto, problema, orquideácea solução, é poema, Áporo, e como tal não é solução nem rima, nem problema, mas o poema como antessalas de si mesmo, com corredores que saem e voltam para si. Creio que Áporo é o concreto entendimento de comer luz – em Chico Buarque -.
A palavra "áporo" é nome de inseto, de orquídea e é um termo utilizado em filosofia e matemática para designar um problema difícil, algo de complicada solução.
Aporia é uma dificuldade lógica insuperável.
É também uma hesitação calculada.
Aporema: arrazoado sem saída lógica, porque inclui duas proposições contraditórias.
Euclides da Alexandria é o criador da geometria, ou melhor dito de suas leis.
Euclides da Alexandria é o criador da geometria, ou melhor dito de suas leis.
Em 11. Presto se desata. Júlio Prestes. País bloqueado na Era Vargas.
8 de jul. de 2011
Tengo Miedo explica Karl Marx.
Disse que conheci a Vívia de La Rua y Perra no exato dia que experimentou um texto de Tengo. Mama, era assim que ele se dirigia a ela, por causa da origem. Mama Seva ascendes, pulsata, brulans, kitzelans, dementissima. Hanc nisi mors mihi adimet nemo! Juncea puellula, jo pensavo fondissime, nobserva nihil quidquam, Mauris tempus eros, et vade invicum bracchia.aperta pilam volvens, frui mele, tegeret,lac, lambent libet amor. Quisque ac lorem, naturalmente ela não sabia, apenas leu o bilhete sob o imã da geladeira, e de subto veio-lhe o desejo irrefreável de saciar essa coisa insaciável. Justo neste momento apareço com minha volupia azulada. Ela tinha munição e eu drágueas azuis e algum dinheiro. Ela ficou para o desjejum, almoço, jantar e novamente café-da-manhã a cuidar carinhosamente do meu priapismo inconsequente da tensão dos engonços do títere. Quando a levei a sua casa, por peças interiores, numa profissão cuja idumentária reduz-se a essa sumariedade, lhe fazia falta, limpas. Ela voltou para a rua, enquanto me entendia com Tengo Miedo. Tengo Miedo sentado exatamente nesse mesmo lugar, estava e permaneceu. Donde, parecia um personagem cujo destino o todo-poderoso se olvidara de escrever, e ele fazia de tudo para deixar a margem e se afogar no caudaloso lento, em cujo fundo rolam os seixos.
Como pretendia ele?
Escrever textos que atuassem sobre a profundeza dos seres e estabelecer neste seres comportamentos, apesar do caráter ou da sua falta.
Era possível?
Sim. Sua grande cobaia, Mama, ignorava, mas já a fizera sentir, além da ardência, uma pequena diarreia.
Algo para além de manifestações fisiológicas, por exemplo ideológicas?
Ainda improvável, pois os comportamentos sociais, culturais estão em círculos menos profundos, e são amiúde potencializados por manifestações intestinais. Mas sem poder provar - pois para tanto teria que acreditar no que disse Vivia como verdadeiro - crê que tenha influenciado diretamente no voto que Vivia depositou em Marina Silva para presidenta.
Como Tengo Miedo explicava Karl Marx?
Para Tengo, como se lê acima, a cultura, a ideologia, etc dependem mais da flora intestinal que das profundezas espirituais ou da psique. Tengo Miedo sabia que isso não refutava Marx, afirma e ultrapassa. Por isso Tengo Miedo afirma que, o começo do Manifesto Comunista é bastante dinâmico, alegre, vibrante e pra cima, uma verdadeira ode à burguesia e do meio para o final a coisa azeda. Azeda pelas simples manifestações hemorroidais, cujas Karl as tinha cronicamente. Pensando bem é o pior mal que havia de padecer um sujeito que vivia numa biblioteca. Para Tengo Miedo, Karl Marx sem hemorroidas estaria esquecido, e muito mais lido, e faríamos mais e melhores ( esteticamente) criticas e mais inteligentes ao sistema capitalista, sendo que estas não ncarregariam a subjacência do mal vermelho.
6 de jul. de 2011
Tengo Miedo de La Muerte y Epitafio. A Teoria.
Uma síntese de como pensava Tengo Miedo, numa redução acachapante, é que o corpo – o que inclui todo o sistema nervoso – é o chassi do humano, que não vê diferença entre o bom e o ruim, o bem e o mal. Tengo Miedo lia Nietzsche. Esse chassi humano não cruza o rio, por não nadar e não haver uma ponte. A memoria – esquecimento e lembranças – é um decalque sobre essa base. A memória não sabe se já cruzou o rio. Se sonhou. Se inventou o sonho. Se ouviu de outro. É o social. O leão não se recorda de nada. O leão se apaixona pela mesma leoa - entre tantas - a cada novo dia. O leão não vacila, luta. O leão não recorda se já lutou, se venceu ou foi derrotado. Vale o mesmo para a leoa. Seu sistema é algorítimo, sem juízo de valor. Como o Google. O humano por não ter os sentidos tão infalíveis, ou aguçados como outros animais, fez valer a memória, mas a memória é falta. Assim acabou por conseguir resultados diferentes para a mesma ação, quais não soube valorar, pois isso envolve ter certeza se fez, inventou que fez, viu fazer, sonhou, inventou o sonho, leu em algum lugar ou se tinham mesmo a mesma cor. Por essas e outras que o humano enlouquece. O chassi não enlouquece, mas deixa de levar em conta a interface. Esta desconectada do referencial fica desnorteada. Para Tengo Miedo, havendo uma saudável relação entre social – memória - e o instintivo – chassi – um intervem no outro com algum desequilíbrio favorável ao instinto. Para Tengo, a tristeza humana é fruto da constante derrota do instintivo, do leão, da leoa se quer em favor da memória traiçoeira. Ora vamos, se isso não é somatizar. Seja, incrustar algo - vindo de fora – no instinto, no sistema nervoso. Tengo Miedo via nessa brecha a possibilidade de atuar com suas errantes palavras.
CASTRO ALVES. morreu a 6 de julho de 1871. Pequena homenagem.
(Tradução do espanhol, de LOZANO) |
Águia das solidões!... Ninho atrevido
Foram-te as borrascosas tempestades,
Flamígero cometa suspendido
Sobre o céu infinito das idades.
Tu que, no lago intérmino do olvido,
Lançaste tuas régias claridades...
Deus caído do trono dos mais deuses
Quem recebeu teus últimos adeuses?
Não foram as Pirâmides, que ouviram
De teus passos o som e se inclinaram...
Nem as águas do Nilo, que te viram,
E co'as ondas teu nome murmuraram...
Não foram as cidades, que brandiram
As torres como facho... te aclararam...
Quem foi? Silêncio!.. trêmulo de medo
Vejo apenas — um mar... vejo — um rochedo...
A terra, o mar, os céus... espaço estreito
Eram p'ra tua planta de gigante,
Para tecto dos paços teus foi feito
O firmamento colossal, flutuante
Como diadema — os sóis... E como leito
O antártico pólo de diamante...
Teu féretro qual foi?... Titão do Sena,
O penhasco fatal de Santa Helena...
Assassina do Encélado da guerra
Só tu foste, Albion... do mar senhora...
Por quê? Porque um pedaço aí de terra
Foi pedir-te o gigante em negra hora...
E lhe deste um penhasco... Oh! Lá s'encerra
Tua lenda mais hórrida... Traidora!
Lá seu espectro envolto, na mortalha
Aos quatro céus a maldição espalha...
Ao leão, que temias, enjaulaste;
E de longe escutando seu rugido,
Tu, senhora do mar... tu desmaiaste!
Pelo punhal traidor ele ferido
Caiu-te aos pés... Então tu respiraste,
Cobarde vencedora do vencido...
Nem mesmo todo o oceano poderia
Lavar este padrão de covardia...
Tu não és tão culpada!... Aonde estava
A França tão potente e tão temida?...
Oh! por que o não salvou?... se o contemplava
Lá dos gelos dos Alpes — soerguida!?...
E ele que a fez tão grande?... Ela folgava!...
Enquanto ao longe do colosso a vida,
Como um vulcão antigo e moribundo
Lento expirava nesse mar profundo.
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