Fui tomado de imensa
alegria ao me deparar com uma nota de cem reais dentro da biografia
de Joyce. O que não esperava é que Mariana -a República
- com seu barrete frígio e seus olhos baços e ela toda
verde-azulada-cinzenta parcimoniosa girasse a cabeça e me
olhasse fixamente, mostrando um sorriso cruel, com dentes afiados,
que parecem gritar impacientes. De repente a nota salta para meu
pescoço. Arregalo os olhos desmedidamente, enquanto meu
cérebro tenta processar o ataque. Agarro a nota de cem, e a arranco de meu pescoço, e meu sangue jorra na parede. Saio
para a rua, entro no bar do Toba, peço uma porção,
e com o palito de dentes espeto a República bem no coração,
transpassando-a. A nota faz um ruído como um furo de pneu e
desaparece. Tomo uma cerveja, e logo outra e outra. A mesa parece um
tabuleiro de xadrez aonde as peças são o meu consumo. Num copo vejo o reflexo de meus olhos vermelhos e as veias prestes a
explodir. O Tobias e os clientes estão aterrorizados, então
eu digo: Um Campari, por favor.
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